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Segurança do Trabalho em Relação à Ventilação na Mina Subterrânea.

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Segurança do Trabalho em Relação à Ventilação na Mina Subterrânea.

Occupational safety concerning Ventilation in underground mine.

Geisa Samara Santos Fernandes 1 Esp.Ricardo Antônio Pereira da Silva2

RESUMO

Alguns fatores como os estados físicos (temperatura, sólidos em suspensão, líquidos,etc.), químicos (gases,etc.), biológico (fungos,etc.), difere a atmosfera exterior da atmosfera da mina. Se não forem tratados corretamente, por um conveniente afluxo de ar natural, de alguma maneira, pode afetar as condições higiênicas fundamentais para os colaboradores ou adquirir pela presença de diversos gases existentes em proporções suficientes, a propriedade de se tornar inflamáveis, tóxicos e/ou explosivas.

Palavra Chave: Ventilação, Conforto térmico, Risco Ocupacional.

ABSTRACT

Some factors such as physical states (temperature, suspended solids, liquids, etc.), chemicals (gases, etc.), biological (fungi, etc.) differ from the outer atmosphere, the mine atmosphere. If they are not treated properly by a suitable influx of natural air, it can in some way, affect the essential hygienic conditions for the employees or acquire by the presence of various existing gases in sufficient proportions, the property of becoming flammable, toxic and / or explosive .

Keywords: TailingsVentilation, Thermal comfort, Occupational risk.

1

Graduando em Engenharia de Minas das Faculdades Kennedy, geisasamara@hotmail.com; 2

Engenheiro Metalurgista e Segurança do Trabalho.Professor do Curso de Engenharia de Minas das Faculdades Kennedy. Rua José Dias Vieira, 46 - Rio Branco, Belo Horizonte, ricardo.silva@kennedy.br.

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1 Introdução

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), definição de saúde é o estado de total bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de enfermidade.

As principais doenças ocupacionais estão ligadas as diversas profissões, e são decorrentes de exposição dos trabalhadores aos riscos ambientais, ergonômicos, físicos, químicos e biológicos. O profissional de engenharia, de um modo geral, tem o dever de zelar pela saúde e integridade do colaborador, buscando através de medidas preventivas meios que reduzem ou eliminem o risco de doenças e acidentes.

Com alto índice de acidentes graves ou fatais o trabalho em campo da mineração é um dos mais arriscados no setor industrial. Na lavra subterrânea o conforto termocorporal e a qualidade do ar natural são questões primordiais a serem gerenciadas pelas companhias de mineração, além disso a ventilação do ambiente depende de instalações mecânicas e equipamentos de controle que devem assegurar uma quantidade suficiente de ar natural, que garanta a renovação do ar a níveis aceitáveis pela (OMS) por colaborador, a fim de evitar doenças ocupacionais e acidentes.

O trabalho seja ele coletivo ou individual sempre fez e vai fazer parte do cotidiano do indivíduo na sociedade. A preocupação com a saúde e segurança do trabalhador no setor mineral tem crescido muito, com tudo há muito tempo a mineração tem sido responsável por inúmeros acidentes e doenças ocupacionais muitas das vezes fatais. Sendo até chamada pelos mineiros de “Comedores de Homens”.

Sendo assim, surgiu a necessidade de apresentar um estudo do conforto térmico, de poeiras e a qualidade do ar nas minas subterrâneas, que são fatores extremamente importantes a serem gerenciados pela companhia de mineração. Lembrando que atuar na prevenção de ricos, medidas de controle e reconhecimentos dos mesmos faz parte do exercício profissional do engenheiro.

E o objetivo desse estudo é levantar questões quanto ao conforto térmico, poeiras (sólidos em suspensão), a qualidade do ar no interior das minas subterrâneas, análise das normas técnicas e suas aplicações.Têm-se como objetivos específicos: estudar as normas técnicas, respectivas atualizações e suas aplicações em relação à ventilação.

2 Referencial Teórico

2.1 Característica da Mineração

O Brasil, no seu registro geológico, apresenta ambientes férteis de bens materiais, e parte da reserva tem um valor expressivo quando relacionada mundialmente.

As Jazidas com concentrações de minerais úteis são compostas por uma rocha (minério), de onde é extraído os minerais e metais de valor e outras rochas estéreis (encaixantes). Já o minério, é composto por alguns minerais que são recuperados e podem ser aproveitados economicamente (minerais de minério) e os outros sem nenhum valor comercial (minerais de ganga).

A mina é designada como uma jazida em lavra, onde é um conjunto de operações necessárias a extração industrial de substâncias minerais. Existem dois modos mais comuns de lavra:

- Céu aberto: quando a operação é realizada na superfície. -Subterrânea: quando a lavra é realizada abaixo da superfície.

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Com a escassez de jazidas de maior teor econômico, tornou-se comum a predominância de jazidas com alto teor de ganga, para a exploração desses minérios, é utilizada os métodos químicos e/ou físicos para separar os materiais valiosos dos materiais sem interesse econômico algum. Sendo assim o processo de concentração é denominado beneficiamento.

3.2Lavra Subterrânea

Lavra subterrânea é o conjunto de operações necessárias a extração de substâncias minerais que são realizadas abaixo da superfície. A vantagem deste tipo de lavra é o menor impacto ambiental na superfície. Ela é menos susceptível de provocar impacto visual, principalmente se utilizadas as cavas e galerias como alternativas para deposição do material estéril, assim como parte do rejeito proveniente do beneficiamento. Os efluentes líquidos que surgem das minas subterrâneas são pontuais; o que torna seu controle mais fácil (Eston,2004).

Mas se tratando de operação, as minas subterrâneas apresentam grandes dificuldades operacionais e uma maior probabilidade de acidentes, além do custo de lavra ser mais elevado que a lavra a céu aberto. Um fator que é bem preocupante nesse tipo de lavra, é a poeira em suspensão e os gases, não apenas pelo confinamento de sua ocorrência, como pelos efeitos mais comprometedores à saúde dos colaboradores. Existem também as altas temperaturas e certas substâncias minerais como a sílica e o amianto que geram doenças crônicas. A subsidência é, também, um problema potencial e se não controlada pode gerar um dano superficial, principalmente quando do seu abandono. Em se tratando da alta temperatura, é necessário garantir o conforto térmico. A ventilação consiste na circulação de ar de forma natural ou por meios mecânicos para retirada dos gases no local de trabalho, que se encontram contaminado e/ou recompor as condições físicas ambientais a níveis aceitáveis aos colaboradores. Um bom sistema de ventilação deve consistir em reduzir o nível de poeiras, gases, visando a melhoria da salubridade e segurança, realizando o controle de fogo (desmonte) e da temperatura do ambiente. A norma NR 22 relata que a ventilação tem que adequar a temperatura do ambiente à condições confortáveis para o trabalho humano (resfriamento em lugares quentes e aquecimento em lugares frios).

3.3Característica do Ar no Interior da Mina

O ar da mina é normalmente seco, contendo 20,93% de O2, 79,04% de N2 e 0,03% de CO2, em volume. O total de outros gases soma menos que 0,01% (HARTMAN, 1982). Além desses gases, a atmosfera subterrânea contém pequenas quantidades de outros gases como metano (CH4), monóxido de carbono (CO), óxidos de nitrogênio (Nox), hidrocarbonetos não oxidados e parcialmente oxidados, amônia (NH3), sulfeto de hidrogênio (H2S) e dióxido de enxofre (SO2), mesmo sob condições normais. As características de alguns destes gases aparecem na tabela abaixo (VUTUKURI; LAMA, 1986).

Os gases que encontram presentes na atmosfera da mina podem ser provenientes dos motores a combustão, das detonações do maciço, reações químicas entre sólidos, líquidos e gasosos, principalmente em minérios sulfetados, entre outros. E são divididos em: gases tóxicos, inflamáveis e explosivos.

3.4 Gases Tóxicos

Os gases tóxicos são aqueles que ao respirarmos em concentrações e determinados tempos de exposição, podem causar danos sérios à saúde podendo levar até a

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morte, com ou sem deficiência de oxigênio. Alguns são classificados, de acordo com a ação no corpo humano, em:

-Asfixiantes: dois tipos: simples: não tem efeito tóxico especifico, atuando na expulsão do oxigênio do pulmão. O metano e o dióxido de carbono são exemplos desse tipo. Os efeitos desses gases crescem à medida que eles fazem decrescer a concentração de oxigênio no ar. Até 2/3 pode decrescer o oxigênio, sem causar nenhum sintoma. A partir de 10% de concentração do gás asfixiante, sintomas já são produzidos, sendo que aos 75% já é fatal em minutos. Os sintomas são vários como: respiração rápida, falta de ar, fadiga, náuseas, vômito, prostração, perda da consciência, convulsão, coma profundo e finalmente a morte.

- Químico: o monóxido de carbono é um exemplo de gás asfixiante químico. A afinidade com a hemoglobina é 210 vezes maior que a do oxigênio. E quando combinado com a hemoglobina, o monóxido de carbono diminui a capacidade do sangue de transporte do oxigênio, causando assim asfixia. Com a elevação dos índices de CO pode resultar em altos níveis de carboxihemoglobina no sangue, podendo afetar a capacidade de trabalho e condições físicas dos colaboradores. Tendo também efeitos cardiovasculares. Os sintomas são: desconforto físico, náuseas, dor de cabeça, tontura, perda de concentração e dependendo da exposição pode levar a morte.

- Gases Irritantes: são aqueles que geram alguma inflamação na pele, membrana da pele e nos tratos respiratórios. Podem causar lesões na mucosa através de reações de desnaturação ou oxidação. Os locais de ação dos gases irritantes dependem em grande parte de sua solubilidade em água. Amônia e o dióxido de enxofre que são gases mais solúveis geralmente provocam reações nas vias aéreas superiores. Os gases irritantes mais comuns são os óxidos de nitrogênio, gás sulfídrico, aldeídos e dióxido de enxofre.

- Gases Venenosos: ao entrarem em contato com a pele destroem todo o tecido. São eles: gás sulfídrico, monóxido de nitrogênio e dióxido de enxofre, além de serem venenosos, é também irritante.

3.5 Gases Explosivos

Para que possa acontecer uma explosão é necessário que os gases existentes estejam em uma dada faixa de porcentagem na atmosfera, e também que haja uma fonte de ignição. Um bom exemplo é a mistura de metano-ar, que gera uma atmosfera explosiva quando a concentração de metano no ar está entre 5% e 15%, sendo uma das grandes preocupações em minas de evaporitos e carvão mineral. Gases como gás sulfídrico e monóxido de carbono também são explosivos.

3.6 Monitoramento dos Gases

O monitoramento das concentrações de gases é um item de extrema importância para a segurança de todos, valido para qualquer tipo de ambiente, e locais que existam equipamentos que gerem gases perigosos. As normas da ABNT regem tanto o manuseio emissão de gases tóxicos, como precauções e procedimentos. Dentro das normas constam alguns pontos de extrema importância:

- Sugestões de medidas para prevenir ou controlar os riscos; - Análise dos riscos à saúde e que precaução devem ser tomadas;

-Monitoramento quanto a exposição de trabalhadores e vigiar o estado de saúde; -Treinamentos dos colaboradores sobre os riscos e indicar precauções;

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Os equipamentos que são utilizados para o monitoramento de gases tóxicos podem apresentar diferentes tipos de funcionamento. A escolha do método de detecção, deve ser feita em função das características de cada processo e de condições especificas da aplicação. Através dos dados obtidos pelo instrumento de detecção é possível indicar uma área para um trabalho seguro, e/ou mesmo interdição e evacuação imediata do local. Os métodos que são mais utilizados incluem o PID (PhotoIonization Detector: Detector por Foto Ionização), FID (Flame Ionization Detector: Detector por Ionização de Chama), ambos os métodos (FID e PID) conseguem detectar as moléculas de hidrocarbonetos no ar através da quebra das mesmas (na verdade quebram a ligação dos átomos de Carbono com os de Hidrogênio), gerando assim íons que, por ter carga, são atraídos a eletrodos com carga oposta. Ou ainda, os Sensores Catalíticos de Compensação ou Sensores Eletroquímicos.

3.7 Controle de Gases

Os gases tóxicos na mina subterrânea são ocasionados por algumas situações como:

- Utilização de máquinas à diesel; - Detonação de explosivos; - Mineração de carvão mineral;

- Oxidação de materiais orgânicos, carvão, pirita, etc; - Perfuração em água parada;

- Reações químicas; - Bolsões de gases; - Riscos Biológicos.

A tabela abaixo, demonstra os limites de concentraçôes de diversos gases de acordo com a NR 22.

Tabela 1: Características dos gases encontrados no interior da mina (VUTUKURI; LAMA, 1986).

NOME SIMBOLO PESO

ESPECIFICO (Kg/m3) PROPRIEDADES FÍSICAS EFEITOS DANOSOS ORIGEM CONCENTRAÇÃO MAXIMA (%) PONTO FATAL Oxigênio O 1,1056 Inodoro, Incolor, Insípido.

Não tóxico. Ar norma. 19 (MINIMO) 6,0

Nitrogênio N 0.9673 Inodoro, Incolor, Insipido. Asfixiante. Ar normal, Extrato. Respiração, Estrato, Explosão, Máquinas a diesel, Combustão. -

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Dióxido de Carbono CO2 1,5291 Inodoro, Incolor, Sabor levemente ácido. Asfixiante. Respiração, Estrato, Explosão, Máquinas a diesel, Combustão. 1,0 - 1,25 18 Metano CH4 0.5545 Inodoro, Incolor, Insípido. Asfixiante Explosivo. Estrato, Detonação, Máquinas a diesel, Decaimento Orgânico. TLV-TWA 0,005 TLV-STEL 0,04 0,03 12,5-7,4 (Explosivo) Monóxido de Carbono CO 0.9672 Inodoro, Incolor, Insípido. Asfixiante Explosivo. Detonação, Maquina a diesel, Fogo, Qualquer combustão incompleta. TLV-TWA 0,005 TLV-STEL 0,04 0,03 12,5-7,4 (Explosivo) Oxido de Nitrogênio N02 1,5985 Cheiro difícil de perceber, Incolor Relativamente insolúvel em água. Irritante. Detonação, Maquina a diesel, Fogo, Qualquer combustão incompleta. TLV-C 0,005 0,005 Oxido de Nitrogênio NO 1,0400 Cheiro difícil de perceber, Incolor Relativamente insolúvel em água. Irritante, Venenoso. Detonação, Maquina a diesel, Fogo, Qualquer combustão incompleta. TLV-TWA 0,0025 TLV-C 0,0035 0,005 Gás Sulfídrico H2 S 1,1912 Odor de ovo estragado, Incolor, Sabor ácido. Irritante, Venoso, Explosivo. Água De extrato, Gás de extrato, Detonação. TVL-TWA 0,001 TLV 0,0035 0,1 4-44 (Explosivo) Dióxido de Enxofre S2 O 2,2636 Odor irritante, Incolor, Sabor ácido. Irritante, Venoso. Máquina a diesel, Detonação e Combustão de certos minérios, Fogo. TLV 0,0005 0,1

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Gás sulfídrico H2S 1,1912 Odor de ovo estragado, Incolor, Sabor ácido. Irritante, Venoso, Explosivo. Água De extrato, Gás de extrato, Detonação. TVL-TWA 0,001 TLV 0,0035 0,1 4-44 (Explosivo) Dióxido de Enxofre S2O 2,2636 Odor irritante, Incolor, Sabor ácido. Irritante, Venoso. Máquina a diesel, Detonação e Combustão de certos minérios, Fogo. TLV 0,0005 0,1

Algumas técnicas são utilizadas para que os gases possam permanecer em níveis aceitáveis, e isso, depende do tipo de gás e de sua ocorrência. Algumas são mais utilizadas para prevenir a exposição das pessoas aos gases tóxicos são:

- Prevenção da formação de gases; - Prevenção da exposição de pessoas; - Diluição dos gases;

- Remoção dos gases.

E para determinar a quantidade de ar fresco necessário para diluir um gás contaminante ao seu limite de tolerância legal, é utilizado a seguinte expressão:

Onde:

Q(ar) = vazão necessária de ar fresco em m³/s; q(gás) = vazão do fluido poluente em m³/s;

Cgi = concentração de gás puro no volume de fluido sendo colocado na atmosfera da mina, em fração (entre 0 e 1 ou Cgi x 100 = %);

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CLT = concentração limite de tolerância legal, em fração ou CLT x 100 = %;

CQar = concentração do poluente no ar fresco diluidor, em fração ou CQar x 100 = %;

Muitas minas possuem alguns detectores de gases tóxicos, inflamáveis e explosivos espalhados no subsolo. Esses detectores estão conectados a um computador central, que passam a controlar as vazões do sistema de ventilação para o interior da mina. Quando alguma determinada área alcança níveis de concentrações de gases tóxicos elevados, esse sistema automaticamente detecta a ocorrência e direciona para aquela área uma porcentagem maior do ar insuflado no interior da mina, alterando assim a abertura e o fechamento de ‘’dumpers’’ ou portas de distribuição do ar.

3.8 Material Particulado

A faixa granulométrica é cerca de 100 micrometros para o material articulado de interesse na lavra em subsolo. A poeira gerada é emitida na atmosfera, a distância de transporte (Dt) é função da velocidade do ar e da taxa de deposição (TD). Essa taxa de deposição por sua vez, é função do tamanho das partículas, da forma, da massa especifica, das condições psicométricas do ar, dentre outros fatores. Para diminuição de poeira algumas medidas podem ser adotadas como:

- Aspersão de água; - Umedecimento de pisos; - Injeção de água na perfuração;

- Borrifamento de água no minério desmontado; - Uso de sistema de decantação e filtragem;

- Uso de material particulado inerte no caso de poeiras explosivas. 3.9 Enfermidade Relacionada à Qualidade do Ar

Doença ocupacional é a designação de várias doenças que causem algum tipo de alterações na saúde do colaborador e que são provocadas pela exposição ocupacional instantânea ou contínua no ambiente de trabalho.

Existem muitos tipos de agentes que podem causar reações adversas ao organismo. Pode ser um agente mecânico, poeiras, exposição a aerodispersoides de rochas amiantiferas, agentes químicos, vapor asfixiante, ou ainda um agente combinado como uma fumaça de queimas de combustíveis.

As doenças pulmonares ocupacionais são causadas pela inalação de partículas, névoas, vapores ou gases nocivos. O local exato das vias aéreas e/ou dos pulmões onde a substância inalada irá se depositar e o tipo de doença pulmonar (respiratórias) que irá ocorrer dependerão do tamanho, forma e da composição química das partículas inaladas. Sendo que as partículas maiores podem ficar retidas nas narinas ou nas vias aéreas, mas as menores atingem os pulmões. Alguns exemplos:

-Silicose (sílica);

-Pulmão Negro (carvão); - Asbestose (amianto); - Siderose (ferro); - Pneumoconiose.

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A ventilação em mina subterrânea tem como principal objetivo fornecer um fluxo de ar fresco (limpo), natural ou artificial, a todos os locais de trabalho em subsolo, em quantidades suficientes para manter as condições necessárias de higiene e de segurança dos trabalhadores. Uma ventilação inadequada torna as condições ambientais da mina precárias para os operários e equipamentos, representando para a empresa uma perda de produtividade. De uma maneira simplificada, pode-se resumir o papel da ventilação em (VUTUKURI; LAMA, 1986):

- Permitir a manutenção de uma quantidade adequada de oxigênio aos operários; - Suprimir os gases oriundos do desmonte de rochas;

- Evitar a formação de misturas explosivas gás-ar;

- Diminuir concentrações de poeiras em suspensão a níveis aceitáveis; - Diluir os gases oriundos da combustão de motores;

- Adequar a temperatura e a umidade a níveis aceitáveis.

Existem mais dois tipos de ventilação nas minas, são elas: Ventilação Principal e a Ventilação Secundária.

Esse circuito principal usa ventiladores direcionados a forçar o ar através do próprio circuito. É composto por galerias de entrada do ar e de retorno de ar impuro, além de outros reguladores como paredes, pontes, portas e tapumes. Tem objetivo de conduzir e levar ar, em boa quantidade, até o local de trabalho, amenizando as resistências existente ao deslocamento.

Já o circuito secundário de ventilação, funciona aparado em ventiladores, dutos e exaustores que trabalham no transporte de ar por todos os painéis que passam pelas frentes de trabalho. Esse sistema ajuda na respiração do colaborador e, além disso, dilui gases que são nocivos se aspirados em excesso.

Além disso, as ventilações auxiliares existentes empenham-se em ventilar galerias que ainda estão em processo de desenvolvimento ou, também, assegurar partes do circuito principal que estão recebendo pouca entrada de ar.

3 .11 A Norma Regulamentadora NR 22

A norma que regulamenta os critérios a serem adotados pelo sistema de ventilação da mina é a NR 22 (MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO, 2017).

22.24.1 - As atividades em subsolo devem dispor de sistema de ventilação mecânica que atenda aos seguintes requisitos:

a) suprimento de oxigênio; b) renovação contínua do ar;

c) diluição eficaz de gases inflamáveis ou nocivos e de poeiras do ambiente de trabalho;

d) temperatura e umidade adequada ao trabalho humano e e) ser mantido e operado de forma regular e contínua.

A norma também estabelece que a mina deve implantar e elaborar projeto de ventilação com fluxograma sempre atualizado, contendo, no mínimo, os seguintes dados:

22.24.2- Para cada mina deve ser elaborado e implantado um projeto de ventilação com fluxograma atualizado periodicamente, contendo, no mínimo, os seguintes dados:

a) localização, vazão e pressão dos ventiladores principais; b) direção e sentido do fluxo de ar e

c) localização e função de todas as portas, barricadas, cortinas, diques, tapumes e outros dispositivos de controle do fluxo de ventilação.

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3.14 Dimensionamento do Ventilador

Para atender os requisitos da norma NR 22 é fundamental que o sistema de ventilação seja capaz de fornecer vazões de ar preconizadas pela norma. Para isso é necessário determinar as vazões necessárias conforme a norma, com o diferencial de pressão capaz de vencer as perdas de carga no escoamento do ar pela mina. Para um bom dimensionamento de ventiladores, para uma instalação subterrânea, é utilizado os softwares de simulação como: Ventisim (ventilationsimulation) e o Mivena (mine ventilationanalysis).

3.15 Conforto Termocorporal

O conforto termocorporal é outro problema em destaque. Existem mais de 23 fontes de calor no subsolo, entre eles estão o fluxo geotérmico, motores a combustão, uso de explosivos, rede de iluminação, motores elétricos, reações químicas dos minérios, infiltração de águas termais, movimentação do maciço, materiais orgânicos e também a presença de grandes quantidades de colaboradores na lavra. Esses são alguns fatores geradores de fontes de calor na mina subterrânea.

A produtividade, e ainda associado a acidentes e doenças térmicas como exaustão, cãibras e dentre outras, está diretamente relacionado ao conforto térmico. Cada dia que passa as minas estão ficando mais profundas, sendo fator agravante para preocupação com os sistemas de ventilação e refrigeração.

Na tabela 2 tem-se a queda do rendimento (R) com a temperatura do ar (T) em trabalhos pesados de perfuração, com perfuradores experientes, aclimatados, trabalhando 3 horas consecutivas nas frentes de trabalho (ESTON, 2005).

Tabela 2- Queda do rendimento em função do aumento de temperatura.

Fatores como condições de temperatura, velocidade e umidade do ar, temperatura média do ambiente, distribuições não-uniformes de temperatura, e radiações também afetam a sensação de conforto térmico. E por esse e outros motivos que a temperatura radiante assimétrica deve ser medida, bem como a temperatura do ar e velocidade em vários níveis. E através dessas medições será possível estabelecer se existe o conforto térmico no local, devido à:

- Alta diferença de temperatura ao longo do corpo, por exemplo ar quentes nos pés e ar frio na cabeça;

- Temperatura assimétrica muito alta;

- Correntes de ar podendo causar sensação de frio em algumas regiões.

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1. A exposição ao calor deve ser avaliada através do "Índice de Bulbo Úmido Termômetro de Globo" - IBUTG definido pelas equações que se seguem e que estão na NR 15 (MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO, 2017):

- Ambientes internos ou externos sem carga solar: - IBUTG = 0,7 tbn + 0,3 tg

- Ambientes externos com carga solar: - IBUTG = 0,7tbn + 0,1 tbs + 0,2 tg Onde:

tbn = temperatura de bulbo úmido natural tg = temperatura de globo

tbs = temperatura de bulbo seco.

2. Os aparelhos que devem ser usados nesta avaliação são: termômetro de bulbo úmido natural, termômetro de globo e termômetro de mercúrio comum.

3. As medições devem ser efetuadas no local onde permanece o trabalhador, à altura da região do corpo mais atingida.

Limites de Tolerância para exposição ao calor, em regime de trabalho intermitente com períodos de descanso no próprio local de prestação de serviço.

4. Em função do índice obtido, o regime de trabalho intermitente será definido na tabela 3.

Tabela 3 - Regime de trabalho em função do IBUTG obtido (NR 15:1978)

6 Conclusões

O desenvolvimento do presente estudo possibilitou um melhor entendimento das normas regulamentadoras, visando o monitoramento do conforto térmico, bem como a qualidade do ar em uma mina subterrânea. As condições do ar no interior das minas variam de acordo com o processo de lavra e da composição química dos minerais. As Normas NR 15 e NR 22 são de extrema importância para todos os pontos que existem colaboradores em exercício de suas atividades.

Os estudos, controles e acompanhamentos das doenças ocupacionais oriundas das inalações, contatos com partículas, nevoas, fumos, vapores e gases são de extrema importância para um bom rendimento operacional. E também das características dos gases tóxicos e explosivos para a escolha de métodos eficientes para detecção dos mesmos, para obter uma área segura de trabalho.

A ventilação é primordial para segurança e saúde em uma mina subterrânea, e em qualquer caso de pane e manutenção no sistema de ventilação, a mina deverá ser paralisada e evacuada imediatamente, até que se restabeleça as condições aceitáveis de trabalho.

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Estudos de equipamentos de controle como: sensores, detectores, analisadores contínuos para aperfeiçoamento do sistema, bem como manutenção preventiva rigorosa dos equipamentos operacionais. Além de estudos aprofundados das normas regulamentadoras NR 15, 17 e 22 e suas atualizações, visando um melhor controle estatístico das informações, com tomadas de decisões rápidas com intuito de melhorias na saúde e integridades física dos colaboradores, bem como, conforto térmico com um maior rendimento operacional.

Referências

DEPARTAMENTO NACIONAL DE PRODUÇÃO MINERAL. Portaria nº 36 de jan. de 2015. Normas Regulamentadoras da Mineração (NRM 06): Ventilação(6.1.3). Brasília, 2015.

ESTON, S. M. Conceitos Básicos de Ventilação na Lavra Subterrânea. São Paulo, Apostila do Departamento de Engenharia de Minas e de Petróleo da Escola Politécnica da USP. 2004.

ESTON, S. M. Problemas de Conforto Termo-Corporal em Minas Subterrâneas. Revista de Higiene Ocupacional, v. 4, n.13, jul./set. São Paulo. 2005. p.15-17.

FERREIRA, G. Avaliação de Condições de Qualidade de Ar em Mina Subterrânea. 2006.11 f. Artigo técnico - Universidade de São Paulo, 2006.

GOMES, M. Gestão de riscos em Mina Subterrânea - Avaliação de Ventilação nas Minas Profundas. 2011.209 f. Dissertação (Mestrado Engenharia Geotécnica). UFOP. Ouro Preto. 2011.

HARTMAN, H. L. Mine Ventilation and Air Conditioning. 2nd ed. New York, Wiley. 1982. 791 p.

MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. Portaria nº 2.037 de dez. 1999. Normas regulamentadoras de segurança e saúde no trabalho (NR-22): segurança e saúde ocupacional na mineração (122.000-4). Brasília, 1999. Acesso em: junho. 2017

MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. Portaria 3.214 de jul. 1978. Normas regulamentadoras de segurança e saúde no trabalho (NR-15): atividades e operações insalubres (115.000-6). Brasília, 1978. Acesso em: junho. 2017.

VUTUKURI, V. S.; LAMA, R. D. Environmental Engineering in Mines. New York, Cambridge University Press. 1986. 504 p.

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