www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Francisco Mariotti Olá!
Nesta primeira aula serão abordados os seguintes itens do conteúdo programático:
Contas nacionais, balanço de pagamentos.
Vamos à aula.
Um abraço,
1. Introdução
A Macroeconomia, base de análise das contas nacionais, trata da evolução da economia como um todo, verificando o comportamento dos grandes agregados econômicos como a renda (o que nós trabalhadores ganhamos no fim do mês), o produto interno (total de bens e serviços produzidos dentro das fronteiras do país), investimento (realizado pelas empresas), poupança (dos consumidores) e consumo agregados, nível geral de preços, emprego e desemprego, estoque de moeda e taxas de juros, balanço de pagamentos e taxas de câmbio.
O desenvolvimento da Macroeconomia exigiu o acompanhamento desses agregados para aferição do desempenho geral da economia do país. Todos os dados obtidos são disponibilizados em valores monetários, por incluírem diversos produtos e serviços que não podem ser simplesmente somados, como é o caso de automóveis, casas, etc.. Devido a alguns aspectos que serão analisados oportunamente, se constatará que estes valores de bens e serviços são apresentados a preços correntes (nominais) ou a preços constantes (reais).
No estudo da Economia são desenvolvidas diversas ferramentas, tais como os índices estatísticos e os deflatores, que representam medidas de cálculo de variação dos preços dos bens e serviços para cima e para baixo.
Em relação à teoria macroeconômica, pode-se dizer que ela se preocupa com as questões conjunturais, de curto prazo. Dentre estas, cita-se em especial o desemprego, entendido como a diferença entre a produção efetivamente realizada e a produção potencial da economia, situação na qual todos os recursos econômicos estejam totalmente empregados. Junto com o desemprego, cita-se a inflação, responsável pelo aumento contínuo do nível
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Assim, diante desta pequena explanação, pode-se definir as seguintes metas da política macroeconômica:
Pleno emprego dos recursos (máquinas das fábricas trabalhando na capacidade máxima);
Estabilidade dos preços;
Distribuição da renda socialmente justa; e Crescimento e Desenvolvimento Econômico.
O pleno emprego de recursos refere-se ao fato de que todos os recursos produtivos estão sendo utilizados da forma mais eficiente possível, o que significa tanto uma maior produção de bens e serviços como também uma minimização do nível de desemprego.
A estabilidade de preços garante calmaria ao ambiente econômico, sendo um dos pilares para o crescimento sustentado sem a necessidade de aumento generalizado dos preços.
A distribuição da renda socialmente justa refere-se à capacidade do país de evitar a concentração da maior parte da riqueza nas mãos de poucas pessoas.
Finalmente, temos o crescimento com o devido desenvolvimento econômico, voltado à ampliação da capacidade produtiva do país e a melhoria do bem-estar econômico e social da população.
Uma vez abordados as definições e os conceitos iniciais da macroeconomia, passemos agora à análise das variáveis utilizadas para mensurar os resultados da economia de um país, seja em termos de geração
de renda e despesa, seja em termos de nível de produto da economia, denominado de Produto Interno Bruto – PIB.
2. Contas nacionais, balanço de pagamentos
Iniciamos os estudos referentes aos agregados macroeconômicos abordando os conceitos que demonstram as chamadas “óticas” de mensuração da atividade econômica, que nada mais representam do que a forma de apuração da riqueza gerada no país durante determinado período de tempo, envolvendo a produção e comercialização de bens e serviços.
2.1 A ótica do produto
O produto da economia é representado pelo somatório dos bens e serviços finais produzidos no país durante um determinado período de tempo, sendo comumente considerado o período anual. O seu cálculo deve evitar o problema de dupla contagem, ou seja, devem fazer parte deste somatório somente os bens e serviços finais, até porque não faz sentido somar bens e serviços que são insumos1 para fabricação de novos bens e serviços.
Exemplo: Na produção de um pneu são utilizados diversos insumos, tais como: borracha, malha de aço e mão-de-obra (estágio 1 de produção). Imaginemos que são gastos com estas matérias-primas um total de R$ 100,00 e que o pneu seja produzido e vendido por R$ 150,00 (estágio 2 de produção). O resultado do produto calculado corretamente é dado pelo o que foi produzido por outras empresas em termos de matérias-primas (borracha, malha de aço e mão-de-obra), que é igual a R$ 100,00, mais o que foi gerado de produto, em termos monetários, com a produção e venda do pneu, sendo representado pelo valor de R$ 150,00, reduzido do custo de produção, igual a R$ 100,00, num total de R$ 50,00.
Veja que o valor encontrado em termos de produto da economia (R$ 150) é simplesmente o valor obtido com a produção e venda do pneu, motivo
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pelo qual foi dito anteriormente que o cálculo do produto se dá a partir dos bens e serviços finais produzidos na economia.
A fórmula para o cálculo do produto é representada pelo somatório de todos os bens finais produzidos na economia, multiplicado pelo valor monetário de cada bem ou serviço.
Produto =
n i i ixQ P 1 )(
,
(somatório dos preços x somatório dos bens e serviços finais).Pode-se ainda calcular o produto através do conceito de valor
adicionado, que é a diferença entre o valor bruto da produção de cada
unidade produtiva menos o custo intermediário para a produção destes bens. Como exemplo, temos que o valor agregado (ou adicionado) na produção de pneus é igual ao valor da produção dos próprios pneus menos o consumo de borracha e fios de aço utilizados na sua fabricação.
A Renda é o somatório das remunerações dos fatores de produção2, tais como salários, juros, aluguéis e lucros.
Para que uma economia funcione é necessário que tenhamos no mínimo
dois agentes econômicos. As empresas, que são responsáveis pela
produção de bens e serviços e as famílias, que são responsáveis por consumir os bens e serviços produzidos pelas empresas.
2 Os salários remuneram o fator de produção mão-de-obra. Os juros remuneram o fator de produção “dinheiro”
empregado no processo produtivo. Os aluguéis representam o pagamento do fator de produção “espaço” utilizado na produção. Os lucros representam a própria remuneração da atividade produtiva privada.
Valor adicionado = Valor bruto da produção - Compra de bens e serviços intermediários (receita total das vendas) (custo dos bens intermediários)
Deve-se compreender que, para que as empresas possam produzir, estas necessitam de uma série de insumos, tais como mão-de-obra, espaço, dinheiro para usar na compra de bens intermediários e, de forma imprescindível, serem remuneradas pela sua atividade produtiva, chamada de lucro.
Todos estes insumos são obtidos no mercado de fatores de produção, que representa o mercado onde se encontram os insumos utilizados no processo produtivo.
Por meio da referência teórica denominada de fluxo circular de renda, ocorre a interação entre o mercado de fatores de produção e o mercado de bens e serviços, onde famílias e empresas realizam suas trocas, promovendo o atendimento às necessidades das famílias e a rentabilidade do processo produtivo das empresas.
2.2.1 O fluxo circular de renda
O estudo macroeconômico trata da formação e distribuição do produto e da renda gerados pela atividade econômica, tendo como base o fluxo contínuo que se estabelece entre os agentes econômicos. Este fluxo (Fluxo Circular de Renda) precisa ser periodicamente mensurado (quantificado), para que se possa avaliar o desempenho da economia no período. Esta mensuração pode ser feita tanto pelo lado da produção e venda de bens e serviços finais na economia (ótica do produto e da despesa), como também pela renda gerada no processo produtivo (ótica de renda), que é a remuneração dos fatores de produção (salários (w), juros (j), aluguéis (a) e lucros(l)).
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As empresas produzem bens e serviços usando vários insumos, tais como trabalho, terra e capital (prédios e máquinas). Estes insumos são chamados de fatores de produção. As famílias são as proprietárias destes fatores, os oferecendo para a produção de bens e serviços.
As famílias e as empresas interagem nos dois mercados. No mercado de
bens e serviços as famílias são compradoras e as empresas vendedoras.
Inversamente, nos mercados de fatores de produção as famílias são vendedoras e as empresas compradoras.
2.3 A ótica da despesa
Para se entender o conceito de agregados macroeconômicos supõe-se uma economia em que só existam três empresas. A empresa A produz trigo, sendo que o total de sua produção é vendido para a empresa B, que produz a farinha de trigo. O total de farinha de trigo produzida pela empresa B é vendido a Empresa C, que produz o pão e o vende aos consumidores finais.
QUADRO I – EMPRESA (A) (PRODUTORA DE TRIGO)
Empresas Famílias Mercado de fatores de produção Mercado de bens e serviços Consumo Receita Salários, aluguéis, juros e lucro Renda Venda de bens e
serviços Compra de bens e serviços
Trabalho, terra, capital Insumos de
Despesas de Produção Receitas
Salários 80 Vendas de trigo para
Juros 30 Empresa B 140 Aluguéis 20 Lucro 10 Total 140 140
Do lado esquerdo do quadro encontram-se relacionadas as despesas necessárias para a produção de R$ 140,00 de trigo. Por simplificação e supondo que só existam as três empresas citadas, o setor trigo não tem despesas com a compra de matérias-primas, ou seja, a despesa da empresa
A (R$ 140,00) é apenas o que ela gasta com o pagamento ou remuneração
dos fatores de produção: salário, que é a remuneração do trabalho, (80); juros (30), que remunera o capital emprestado; aluguel da terra (20) e, finalmente, o lucro de (10), que representa a remuneração da capacidade empresarial, obtida pela diferença entre a receita da vendas (140) e o pagamento dos demais fatores de produção (80 + 30 + 20 = 130).
Do exposto até aqui, pode-se verificar a existência de uma identidade ou igualdade entre produto, renda e despesa. Se a economia fosse constituída apenas pela empresa A, teríamos:
Produto = 140 de trigo;
Renda = 140, proveniente dos fatores de produção;
Despesa = 140, pagos pela empresa B na aquisição de trigo que, no caso, representa o consumo total da economia ou também chamada de despesa agregada.
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A empresa B apresenta a seguinte situação com a fabricação da farinha de trigo:
QUADRO II EMPRESA B – PRODUÇÃO DE FARINHA DE TRIGO
Despesa de Produção Receitas
Compra de Trigo da Empresa A 140 Vendas da Farinha de Trigo
Salários 50 para a Empresa C 245
Juros 10 Aluguéis 15 Lucros 30
Total 245 245
Finalmente, para o caso da empresa C, que deseja produzir pães, temos a seguinte formatação das receitas e das despesas.
QUADRO III EMPRESA C - PRODUÇÃO DE PÃES
Despesas de Produção Receitas Compra de Trigo da Empresa B
245 Vendas de pães para os
Salários 60 Consumidores finais 390 Juros 20
Aluguéis 30 Lucros 35
Total 390 390
Com o entendimento do conceito de Demanda Agregada, pode-se derivar a chamada Identidade Macroeconômica Fundamental.
Produto Agregado (valor final da produção de bens e serviços) = Renda Agregada (salários + juros + alugueis + lucros) =
2.4 Um Pouco de Despesa Agregada (ou Demanda Agregada)
Despesa Agregada é o gasto dos agentes econômicos com o Produto Agregado. No exercício anterior, bastante simplificado, a Despesa Agregada é composta apenas pelos gastos das famílias com bens e serviços finais. Esse gasto é conhecido como o consumo das famílias (C).
O Consumo é igual à compra de pão, 390. Verifica-se que ele é idêntico ao Produto Agregado, mas medido pela ótica dos agentes da Despesa.
2.5 Poupança Agregada, Investimento Agregado e Depreciação
A partir de agora se passa a considerar que as famílias não gastam
toda sua renda com a compra de bens de consumo. Na verdade elas também poupam, consumindo menos do que efetivamente ganham. Da mesma forma, as empresas não produzem apenas bens de consumo, mas também bens de capital3 que se incorporam à produção, aumentando a capacidade produtiva da economia.
2.5.1 Poupança Agregada
A Poupança Agregada (S) é a parte da Renda Agregada (RA) que não é gasta em consumo.
3Máquinas e equipamentos.
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Poupança Agregada (S) = Renda Agregada – Consumo Agregado
Diante desta característica, pode-se, afirmar que, pelo lado das famílias, a Renda Agregada será dividida em duas parcelas, uma referente ao consumo de bens e serviços e a outra referente à poupança (Poupança Agregada), gerada pelo total disponível de Renda Agregada menos o consumo (Consumo Agregado).
Renda Agregada (RA) = Consumo Agregado (C) + Poupança Agregada (S)
A equação acima é a simples manipulação da equação anteriormente exposta.
2.5.2 Investimento Agregado e Depreciação
Em sentido econômico pode-se definir investimento como sendo a geração ou ampliação da capacidade produtiva das empresas, de tal forma que, quando uma empresa compra máquinas e equipamentos para ampliar o seu processo produtivo, esta está realizando um investimento em termos econômicos. As aplicações de recursos excedentes no mercado financeiro representam um investimento no sentido financeiro da palavra.
O Investimento agregado (I) é dividido em duas partes: A primeira referente ao que é chamado de acúmulo (variação) de estoques, que nada mais é que o total de bens que foram produzidos em período anterior e que não foram consumidos. A empresa, ao estocar as mercadorias não vendidas (e que não são perecíveis), está realizando um investimento no sentido econômico. A segunda parte do Investimento é formada pelos bens que aumentam a capacidade produtiva da economia, nos moldes da
compra de máquinas, instalações. Estes são comumente conhecidos como bens de capital.
Conclui-se assim que o Investimento (também chamado de Taxa de Acumulação do Capital) é composto pelos bens de capital (máquinas e imóveis), e pela variação de estoques (ΔE). Nas contas nacionais as maquinas e imóveis são também denominados de Formação Bruta de
Capital Fixo ou Investimento em capital Fixo (FBKf ou Ibkf).
A partir destas considerações, pode-se definir a variável investimento a partir da seguinte expressão:
I = FBKf + ΔE
Deve-se observar que o Investimento Agregado é um conceito que envolve produtos físicos, ou seja, "investimento em ações" também não seria considerado investimento no sentido econômico, sendo no entanto um investimento no sentido financeiro.
A parte do Investimento formada pela Formação Bruta de Capital Fixo sofre com o processo da depreciação, que seria o desgaste natural devido a sua utilização no processo produtivo durante um dado período de tempo. Em decorrência da depreciação, pode-se diferenciar os conceitos de Investimento Bruto e Investimento Líquido.
Il (Investimento Liquido) = Ib (Investimento Bruto) - d
(Depreciação)
Os bens produzidos na Economia são em parte demandados pelas famílias, sendo denominados de bens de consumo. De outra parte temos os
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Investimentos4 realizados pelas empresas, que assim poderiam ser chamados de “consumo das empresas”.
Com a inclusão do Investimento feito pelas empresas, pode-se novamente compor a distribuição da Demanda Agregada:
Demanda Agregada (DA) =
Consumo Agregado (C) + Investimento Agregado (I)
2.6 A Identidade Macroeconômica Poupança Agregada igual à Despesa Agregada
Se for levada em consideração a Identidade Macroeconômica Fundamental de que Produto Agregado (PA) = Renda Agregada =
Demanda Agregada, pode-se concluir que a Poupança Agregada da
Economia (S) é igual ao Investimento Agregado (I).
Se Renda Agregada (RA) = Demanda Agregada (DA), logo:
Consumo Agregado (C) + Poupança Agregada (S) = Consumo Agregado (C) + Investimento Agregado (I)
Poupança Agregada (S) = Investimento Agregado (I)
A conclusão de que a Poupança Agregada da Economia é igual ao Investimento Agregado parte do pressuposto de as empresas se utilizam da parcela da Renda Agregada não consumida, a Poupança, financiando os seus novos projetos através de empréstimos e financiamentos junto ao
4
Mais a frente, faremos, dentro do tópico das contas nacionais no Brasil, a distinção entre o chamados investimentos privados e os investimentos públicos.
sistema financeiro, que é o responsável pela captação da poupança das famílias.
2.7 O Governo como participante do Processo Econômico
Nas relações negociais entre famílias e empresas, existe uma figura categórica, o governo, agente este que exerce a função tanto de ofertante de bens e serviços, na forma da justiça, segurança pública, como também demandante de outros bens e serviços (energia, telefonia, etc.), essenciais ao funcionamento do Estado.
O fluxo circular de renda abaixo inclui agora o governo, servindo à sociedade com os chamados bens públicos e, de outra forma, mantendo o funcionamento da máquina pública através da cobrança de diversos tributos.
Com a presença do governo a Renda Agregada passa a ser destinada não somente para Consumo (C) e Poupança (S), mas também para pagamento de Tributos5 (T).
5
Por mera simplificação passaremos a utilizar a palavra impostos como sinônima da palavra tributo.
Empresas Famílias Mercado de fatores de produção Mercado de bens e serviços Consumo Receita Salários, aluguéis,
juros e lucro Renda
Venda de bens e
serviços Compra de bens e serviços
Trabalho, terra, capital Insumos de produção Governo impostos impostos
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Francisco Mariotti Sendo assim, tem-se:
Renda = Consumo(C) + Poupança (S) +Impostos (T)
Observação: A partir de agora utilizaremos os termos sem o complemento agregado, mesmo se tratando do conjunto da Economia, Ok?
Da mesma forma que o governo cobra impostos para financiar suas atividades, este realiza gastos para suprir as demandas por consumo de bens e serviços públicos por parte das famílias e empresas.
Com a inclusão do governo no processo econômico, a Demanda Agregada passa a ser composta da seguinte forma:
DA = Consumo (C) + Investimento (I) + Gastos do Governo (G)
Sendo válida a Igualdade Macroeconômica Fundamental de que a Renda Agregada = Demanda Agregada, tem-se que:
C + S + T = C + I + G
Rearranjado os termos, chega-se a seguinte equação:
I = S + (T – G), sendo (T – G) a expressão que caracteriza a
poupança ou despoupança do governo. Esta representa a forma pela qual o governo administra o orçamento público. Quando ele gasta mais do que arrecada, necessita realizar operações de empréstimos (crédito) com o setor privado, para cobrir o déficit incorrido.
Adicionalmente, pode-se tirar outras conclusões a partir do resultado da equação I = S + (T – G). O investimento agregado (I) ou também FBKf
(Formação bruta de Capital Fixo) + ΔE (variação de estoques) é financiado pela Poupança das Famílias (Poupança Privada) mais a Poupança ou Despoupança do governo.
2.8 Algumas conclusões iniciais
Iniciou-se a abordagem do assunto Contas Nacionais - Identidades Macroeconômicas abordando a interação entre empresas e famílias no mercado de bens e serviços e no mercado de fatores de produção. No primeiro deles, verificou-se que os ofertantes são as empresas e os demandantes as famílias. Diferentemente, no segundo, os demandantes são as empresas e os ofertantes as famílias. Com a inclusão do governo, este passa a interagir com famílias e empresas, ofertando bens e serviços públicos e demandando bens e serviços para a manutenção de suas atividades.
Os três agentes econômicos em conjunto denominam a chamada
economia fechada, situação na qual o país não realiza trocas (compra e
venda de bens e serviços) com o resto do mundo.
A partir do próximo tópico será introduzo o resto do mundo como participante do processo econômico, pelas próprias características de 99% das economias do globo, de forma a ser medida a efetiva participação do resto do mundo no resultado das contas nacionais do país.
Ressalta-se desde já a necessidade de que vocês guardem bem esta
fórmula. Esta afirma que o Investimento em uma economia é derivado do somatório das poupanças privada (ou das famílias) e pública (ou do governo):
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Apenas para fixação da fórmula, uma questão de mais de uma década atrás!
(INSS/AUDITOR – ESAF/2002) Considere os seguintes dados: poupança líquida =100; depreciação = 5; variação de estoques = 50. Com base nessas informações e considerando uma economia fechada e sem governo, a formação bruta de capital fixo e a poupança bruta total são, respectivamente: a) 100 e 105 b) 55 e 105 c) 50 e 100 d) 50 e 105 e) 50 e 50 Comentários:
Algumas questões de concurso informam os dados das variáveis a partir dos seus valores líquidos. A esse respeito devemos nos preocupar em sempre utilizar os dados pelos seus valore brutos. Isto ocorre na questão proposta acima, em que a poupança é dada em termos líquidos. Para que obter o resultado bruto, ao qual utilizaremos para resolver a questão, deve-se adicionar a depreciação, destacada como um dos dados da questão. Aliás, aí vai mais uma dica. Toda vez que existir uma variável líquida, para se chegar ao resultado bruto, deve-se acrescentar a depreciação, sendo válida também a inversão.
Assim sendo, tem-se que a poupança bruta será o resultado da poupança líquida adicionada da depreciação.
Considerando que se trata de uma economia sem governo, para se obter o resultado da Formação Bruta de Capital Fixo (Fbkf), deve ser utilizada a identidade macroeconômica I = S (investimento é igual a poupança).
I = Fbkf + ΔE (variação de estoques)
Fbkf + ΔE = 105; considerando que a variação de estoques desta economia ao longo de um período foi de 50, tem-se que Fbkf é igual a 55;
Fbkf + 50 = 105
Fbkf = 55
Gabarito: “letra b”.
3. Balanço de Pagamentos
Considera-se que o comércio internacional (o comércio entre os países) é benéfico à economia do nosso país, pois este traz vantagens decorrentes da divisão do trabalho (bens e serviços disponíveis) e da especialização (cada país se especializa nos bens e serviços em que possui vantagem comparativa). O chamado princípio das vantagens comparativas, estudado na parte da economia chamada de internacional, baseia-se no fato de que se cada país deve produzir e vender os produtos com os quais possui maior vocação, produzindo a um menor custo, e assim ensejando um acúmulo de divisas (dinheiro) suficientes para adquirir os bens e serviços para os quais tem menor vantagem comparativa6.
6
Podemos dizer que o Brasil possui vantagem comparativa em relação aos Estados Unidos na produção de produtos agropecuários. No caso dos EUA, estes possuem vantagem comparativa na produção de softwares e hardwares. O resultado mais lógico seria a exportação por parte do Brasil de produtos agropecuários para o EUA e a importação de produtos associados à tecnologia da informação.
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Observação: O Brasil, por exemplo, possui vantagens comparativas na
extração (produção) de minério de ferro e de soja, produtos considerados commodities, que são aqueles produtos que têm o seu preço negociado no âmbito do mercado internacional, ou seja, a definição do seu valor é decorrente das relações entre a oferta e a procura pelo em âmbito global.
3.1 Estrutura do Balanço de Pagamentos
O Balanço de pagamentos é um registro estatístico-contábil de todas as transações econômicas realizadas entre os residentes do país com os residentes dos demais países no mundo, também chamados de não residentes da economia. De outra forma, pode-se dizer que estão registrados no Balanço de Pagamentos todas as exportações e importações de mercadorias e serviços, os fretes de mercadorias, os seguros destas, os empréstimos recebidos e feitos no exterior por empresas e pelo governo nacional, bem como uma série de outros bens, serviços e rendas. Diz-se assim que o Balanço de Pagamentos registra todas as transações com mercadorias, serviços e capitais entre a economia nacional e o resto do mundo.
A estrutura do Balanço de Pagamentos se divide em duas grandes partes, os chamados Balanço de Transações Correntes e o Balanço
Financeiro e de Capital. Na maior parte dos concursos as questões versam
sobre as transações correntes que, conforme verificaremos mais adiante, são responsáveis pelo que chamamos de poupança externa ou despoupança
externa.
A. Balanço Comercial (Mercadorias) . Importações (débito) (FOB - free on board) . Exportações (crédito) (FOB - free on board)
1 J 1 ~ 7 : 4 . ~ . ' ? . ~ a . a s . ~ . .
B. Balanço de Serviços e Rendas Primárias (Resultado Líquido)
Serviços
. Viagens Internacionais (Turismo) . Transportes (Fretes)
. Seguros
. Serviços Diversos
. Serviços Governamentais (Embaixadas) . Royalties.
Rendas Primárias7 (dos fatores de produção)
. Salários e Ordenados . Rendas de Investimentos.
(Lucros, Dividendos e bonificações (ações)) . Juros (títulos da dívida)
C.
Rendas Secundárias8
(Transferências Unilaterais)
. Bens doados
. Moeda (dinheiro doado)
D.
Balanço de Transações Correntes ou
Saldo em Conta Corrente
(Resultado Líquido de A+B+C)
Déficit ou Superávit
E.
Conta de Capital
. Aquisição/cessão de bens não financeiros não produzidos, tais como cessão de marcas e patentes.
. Passes de Atletas
Conta Financeira “Capitais Autônomos”
. Investimento Brasileiro Direto (no exterior) . Investimento Estrangeiro Direto
. Reinvestimentos (Multinacionais) . Empréstimos e financiamentos . Amortizações
. Investimento em Portfólio (ações e outros) . Derivativos Financeiros
. Empréstimos de Regularização (FMI, BIRD) F. Erros e Omissões
G. Saldo do Balanço de Pagamentos Resultado Líquido de D + E + F
7 A conta de renda primária, que no BPM5 era denominada “rendas”, permanece indicando os montantes a pagar ou a receber em troca do uso temporário de recursos financeiros, trabalho ou ativos não financeiros não produzidos.
8 A conta de renda secundária, antes denominada “transferências unilaterais”, tem sua nomenclatura ajustada às contas nacionais, e apresenta a renda gerada em uma economia e distribuída para outra. As transferências pessoais, expansão do conceito anterior de “manutenção de residentes”, permanecem como item mais importante da conta.
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H. Variação das Reservas Internacionais - Var. Saldo do Bal. de Pgtos. Variação das Reservas =
G + H = 0
3.1.1 Balanço Comercial
O Balanço Comercial registra as entradas (importações) e saídas (exportações) de mercadorias sob o conceito FOB (free on board), isto é, incluindo as despesas até o embarque no navio transportador, seja no país, seja no exterior. As despesas com seguros e fretes das mercadorias exportadas e importadas fazem parte do conceito CIF (cost, insurance and
freight), sendo registradas em contas próprias do Balanço de Serviços. As
entradas de recursos provenientes das exportações são registradas com sinal positivo enquanto as importações são registradas com sinal negativo.
Toda vez que o volume financeiro das exportações for maior que o das importações, ocorre um Superávit no Balanço Comercial. Diferentemente, quando as importações forem maiores que as exportações gera-se um Déficit
no Balanço Comercial.
3.1.2 Balanço de Serviços e Rendas Primárias
O segundo componente do Balanço de Pagamentos é o Balanço de
Serviços e Rendas Primárias. São classificados como Serviços não fatores
quando fizerem referência aos bens não tangíveis, tais como viagens interna-cionais, transportes e seguros, sendo estes ainda classificados como não-remunerações dos fatores de produção. As Rendas Primárias, diferentemente dos serviços não fatores, são remunerações dos fatores de produção (juros, lucros e dividendos), tanto é que esta parte do balanço também é chamada de balanço de serviços fatores. Ocorrerá um Superávit
no Balanço de Serviços e Rendas Primárias quando o volume financeiro de
entrada de recursos for maior que o de saída. Caso contrário, teremos um
Déficit no Balanço de Serviços e Rendas Primárias.
A conta de serviços registrou despesas líquidas de US$3,4 bilhões no mês, recuo de 23,1% na comparação com o resultado de maio de 2014. As despesas líquidas com transportes recuaram 42,5%, na mesma base de comparação, atingindo US$489 milhões. O item viagens internacionais registrou despesas líquidas de US$998 milhões, contração de 42,5%, comparativamente ao ocorrido em maio do ano anterior, resultado de reduções de 37,4% e de 20,6%, na ordem, nos gastos de turistas brasileiros em viagens ao exterior, e nas despesas de viajantes estrangeiros ao Brasil. Destacaram-se a elevação na despesa líquida com aluguel de equipamentos, 20,3%, e as contrações em despesas líquidas com serviços de propriedade intelectual, 32,5%, e telecomunicação, computação e informações, 23,7%.
As despesas líquidas de renda primária atingiram US$2,7 bilhões no mês, retração de 34,3% na comparação com maio de 2014. As despesas líquidas de lucros e dividendos somaram US$1,9 bilhão, ante US$3,3 bilhões em mês correspondente do ano anterior, recuo de 41,1%, enquanto as despesas líquidas de juros totalizaram US$796 milhões, 5,9% inferiores ao resultado do período comparativo. As saídas líquidas de renda de investimento direto atingiram US$1,8 bilhão, redução de 35,9%, na comparação com maio de 2014. As despesas líquidas de renda de investimentos em carteira somaram US$868 milhões, compostas por despesas líquidas de lucros e dividendos, US$472 milhões; de juros de títulos negociados no mercado externo, US$323 milhões; e no mercado interno, US$73 milhões. A despesa líquida de renda de outros investimentos recuou para US$306 milhões, 22% abaixo do registrado em maio do ano anterior, enquanto as receitas de reservas atingiram US$214 milhões.
3.1.3 Rendas Secundárias (Antigas Transferências Correntes ou Unilaterais)
As Rendas Secundárias, anteriormente denominadas Transferências Correntes ou Unilaterais, representam as transferências pessoais. Tratam-se de transações unilaterais, pois não há uma contrapartida em bens, serviços ou rendas. Não existe a entrada efetiva de recursos. Como estamos falando de um balanço, que também é estruturado pelo método das partidas dobradas, para todo crédito ou débito sempre haverá um registro contrário em alguma outra rubrica, diferenciando-se em qual será
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em função de se tratar de doações de bens (alimentos, veículos), que têm contrapartida na conta de importações, ou de doações em espécie (dinheiro), contabilizadas no balanço de capitais (conta financeira), conforme veremos mais à frente.
A conta de renda secundária apresentou ingressos líquidos de US$165 milhões. A receita de transferências pessoais atingiu US$211 milhões em maio, 28,4% acima do resultado observado em mesmo mês do ano anterior.
3.1.4 O Saldo das Transações Correntes
O saldo ou resultado do BP em Transações Correntes é igual à soma dos saldos do Balanço Comercial, do Balanço de Serviços e Rendas e das Transferências Unilaterais. Se o resultado for positivo, isto é, se as vendas de mercadorias, de serviços e rendas, e as transferências unilaterais superarem as respectivas compras, ou seja, saída de recursos, teremos o que chamamos de Superávit do Balanço de Pagamentos em Transações Correntes. De forma inversa, se as aquisições de mercadorias, de serviços e rendas e de transferências unilaterais superarem as vendas, teremos o chamado Déficit
do Balanço de Pagamentos em Transações Correntes.
Em maio, as transações correntes apresentaram déficit de US$3,4 bilhões, acumulando, nos últimos doze meses, saldo negativo de US$95,7 bilhões, equivalente a 4,39% do PIB.
(Auditor Substituto/TCE-RO – FCC/2010) Dados extraídos da Conta Corrente do Balanço de Pagamentos do Brasil, referentes ao ano calendário de 2009, em milhões de dólares americanos:
Déficit no Balanço de Transações Correntes... 24.302 Superávit em Transferências Unilaterais Correntes... 3.338 Déficit em Rendas e Serviços ... 52.930 Exportação de Mercadorias (FOB) ... 152.995
O valor da Importação de Mercadorias (FOB) naquele ano equivaleu, em milhões de dólares americanos, a
(A) 131.013. (B) 124.397. (C) 152.007. (D) 138.697. (E) 127.705. Comentários:
Essa questão é muito interessante de ser resolvida, uma vez que consolida todos os entendimentos pertinentes ao balanço de pagamentos que abordamos na parte inicial da aula.
Já são disponibilizados na questão informações referentes ao resultado das transações correntes, que neste caso é deficitário, o superávit das transferências unilaterais, o déficit do balanço de rendas e o resultado da conta de exportações.
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Considerando que a questão solicita do candidato o resultado referente á conta de importações, basta apenas substituirmos os valores na fórmula já apresentada, para então chegarmos ao resultado:
TC = (Exp – Imp) + (Balanço de Serv. E Rendas) + (Res. Trans. Unil)
- 24302 = (152.995 – Imp) + (- 52930) + 3338
Imp = 127.705
Viu como fica fácil resolver este tipo de questão por meio da aplicação da fórmula?
Gabarito: letra “e”.
3.2 As contas de Capital e Financeira
A outra parte componente do Balanço de Pagamentos é representada pela Conta Capital e Financeira. Nas suas rubricas incluem-se todos os regis-tros de movimentação financeira de ativos e passivos. Trata-se assim dos “principais9” dos empréstimos e financiamentos, dos investimentos produtivos e especulativos (portfólio), das amortizações de empréstimos e financiamen-tos, das operações com derivativos financeiros (opções, futuros), bem como os reinvestimentos de lucros obtidos por empresas estrangeiras instaladas no país.
Destaque: Em adição ao acima narrado, bem como de forma a não repetir
literalmente a descrição dos itens componentes do Balanço de Pagamentos, reproduzo o link de acesso às informações do Balanço de Pagamentos no
9
Toda dívida contraída é composta do principal, que nada mais é do que o dinheiro tomado emprestado, e dos juros a serem pagos em decorrência do dinheiro tomado emprestado.
Brasil, disponível no sítio do BACEN:
http://www.bcb.gov.br/pec/sdds/port/balpagam_p.htm
O registro contábil das entradas de recursos nas Contas de Capital e Financeira também é feito com sinal positivo, assim como nas contas das transações correntes. Existe, no entanto, uma importante diferença: estes registros representam o aumento dos passivos com o exterior, uma vez que a realização de investimentos no país por estrangeiros constitui uma confissão de dívida, direta ou indireta, além de poder estar suscetível à retirada pelos investidores quando assim entenderem (aplicações em portfólio). Da mesma forma, caso ocorram saídas de recursos, será reduzido o passivo do país com o exterior, destacando-se logicamente que esta redução tende a promover uma piora no resultado da Conta Financeira e de Capital.
O resultado da Conta Financeira e de Capital poderá ser deficitário ou superavitário, em função do total de recursos externos que entrarem ou saírem do país. Esse resultado é apurado mensalmente, sendo sujeito a variações ao longo do ano.
Na conta financeira, as captações líquidas superaram as concessões líquidas em US$3,2 bilhões, destacando-se a elevação dos ingressos líquidos de US$6,6 bilhões em investimento direto no país, e de US$3,1 bilhões em investimento em carteira passivos.
Os investimentos diretos no exterior somaram remessas líquidas de US$857 milhões ao exterior, compreendendo US$867 milhões em participação no capital, incluídos US$311 milhões decorrentes do reinvestimento de lucros, e retornos de US$10 milhões, proveniente de operações intercompanhias.
Os investimentos diretos no país aumentaram US$6,6 bilhões, dos quais US$6 bilhões em participação no capital, incluídos US$675 milhões decorrentes de reinvestimento de lucros, e US$618 milhões em operações intercompanhias. Em doze meses, os ingressos líquidos dos investimentos diretos no país somaram US$83 bilhões, equivalentes a 3,81% do PIB.
Os investimentos em carteira passivos apresentaram ingressos líquidos de US$3,1 bilhões em maio, compostos por ingressos líquidos de U$794 milhões em ações, US$1,3 bilhão em fundos
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de investimento, e US$1,1 bilhão em títulos de renda fixa. Os investimentos em títulos de renda fixa negociados no país somaram ingressos líquidos de US$1,1 bilhão. As operações com títulos soberanos negociados no exterior totalizaram amortizações de US$47 milhões. Os demais títulos de renda fixa de longo prazo negociados no exterior apresentaram amortizações líquidas de US$27 milhões, enquanto os de curto prazo registraram ingressos líquidos de US$63 milhões.
Os outros investimentos ativos elevaram-se US$237 milhões, compreendendo expansão de US$785 milhões em depósitos de propriedade de empresas não financeiras, e redução de US$1,6 bilhão em depósitos mantidos por bancos brasileiros no exterior. Os créditos comerciais e adiantamentos cresceram US$988 milhões em maio.
Os outros investimentos passivos registraram amortizações líquidas de US$250 milhões. Os ingressos líquidos decorrentes de créditos comerciais e adiantamentos atingiram US$915 milhões, concentrados em operações de curto prazo. Os empréstimos totalizaram saídas de US$1 bilhão.
3.3 Erros ou omissões
Erros ou omissões é a rubrica utilizada para “fechar” o Balanço de Pagamentos, uma vez que existem pequenas diferenças entre os saldos constatados nas contas supramencionadas. Considerando a existência de entradas e saídas de produtos na economia que não são contabilizados, resultado de contrabandos e descaminhos, além da existência de discrepâncias temporais em termos das estatísticas de dados, o objetivo da rubrica é a de zerar as diferenças constatadas.
3.4 O resultado (saldo) do Balanço de Pagamentos
O saldo total do Balanço de Pagamentos é representado pelo
batimento do saldo em Transações Correntes adicionado do saldo da Conta Capital e Financeira. Se o resultado for positivo temos um Superávit no Balanço de Pagamentos, também chamado de excesso de entrada de
divisas estrangeiras. Caso o resultado seja negativo temos um Déficit no
Balanço, representando um excesso de saída de moeda estrangeira. Na
ocorrência de um superávit do BP conclui-se que existirá um aumento das Reservas Internacionais do país, uma vez que mais entrou moeda estrangeira
do que saiu. No caso contrário, ocorrerá uma diminuição das Reservas Internacionais.
Importante considerar que todo país apresenta naturalmente dívidas com o exterior. Trata-se da conhecida dívida externa. Em situações em que ocorram superávits no balanço de pagamentos, que acaba por aumentar o nível de reservas internacionais em moeda estrangeira do país, diz-se que este mesmo país reduziu o seu endividamento externo líquido, que nada mais é do que a diferença entre o total de dívida que o país possui com o exterior10 e o total de reservas internacionais que este mesmo país possui. As dívidas constituem passivos enquanto as reservas internacionais constituem ativos para com o exterior.
3.5 Os “antigos” Capitais Compensatórios
Conforme dissemos, caso o BP seja superavitário ocorrerá uma variação positiva no volume de reservas internacionais em moeda estrangeira. Já se o resultado for deficitário, ocorrerá uma variação negativa no volume de reservas internacionais do país, uma vez que as contas (dívidas) com o exterior necessitam ser pagas. O fundo responsável por este pagamento é representado pelo total de aplicações em moeda estrangeira em posse da União, administradas pelo Banco Central do Brasil. Caso o estoque de reservas não seja suficiente para fazer frente ao déficit do balanço de pagamentos o Brasil terá que lançar mão dos chamados Empréstimos de Regularização, tal como o recebido pelo Brasil para fazer frente crise internacional ocorrida em 1999.
Destaca-se que, segundo a nova metodologia de apuração do BP, os empréstimos de regularização (FMI) são registrados na Conta Financeira,
10
Destaca-se que a dívida do país que mencionamos não se refere tão somente à dívida pública externa, mas também a toda dívida privada contraída por empresas e por pessoas físicas com pessoas e empresas estrangeiras.
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mesmo sendo utilizados apenas para fechamento do resultado negativo do próprio BP.
A interpretação acima narrada parte do pressuposto de que o Balanço de Pagamentos, assim como um balanço de empresa, deve fechar. Ainda novamente, se o resultado do Balanço de Pagamentos for deficitário, e não existir saldo suficiente de Reservas Internacionais, a necessidade de empréstimos será positiva.
Dessa maneira podemos repetir que um Superávit no BP indica uma variação positiva das Reservas Internacionais (sobra de dinheiro proveniente de superávits do balanço). Vale reforçar novamente que os empréstimos de regularização referem-se às linhas de recursos especiais de organismos internacionais utilizados para financiar o Déficit do BP, tais como os emprésti-mos do FMI, do Banco de Compensações Internacionais, etc. A variação das Reservas Internacionais representa o movimento líquido de entrada e saída de divisas, como Dólares, Euros, Pesos e Ouro Monetário.
Outro ponto importante de ser considerado refere-se ao novo conceito chamado Posição Internacional de Investimento (PII), antes denominado Passivo/Ativo Externo. Conforme foi verificado, na ocorrência de um déficit nas transações correntes, deve existir um consequente superávit da Conta de Capital e Financeira com o objetivo de fechamento do BP sem a necessidade de serem utilizadas as Reservas Internacionais.
Como esse fechamento em equilíbrio se dá apenas em teoria, é comum a variação das Reservas. Ocorre que, em condições em que as Transações Correntes apresentem resultado deficitário, haverá a necessidade natural da ocorrência de resultado superavitário da Conta Capital e Financeira.
A Posição Internacional de Investimentos (PII) é o demonstrativo estatístico que apresenta, em determinado momento, o valor dos ativos financeiros de residentes de uma economia, que compõem direitos contra não residentes, e os passivos de residentes de uma economia, que constituem obrigações junto a não residentes. A diferença entre ativos e passivos é o valor líquido da PII e pode representar tanto um direito líquido quanto uma obrigação líquida com o resto do mundo.
A PII apresenta, portanto, os estoques de ativos e de passivos externos de uma determinada economia. Nesse sentido, constitui versão atualizada e mais abrangente do chamado “Passivo Externo Líquido” de uma economia.
Por fim, é importante considerar que este Passivo Externo Bruto poderá se transformar em Ativo Externo Líquido, desde que o saldo de Reservas Internacionais seja maior do que o próprio Passivo Externo Bruto.
As reservas internacionais no conceito liquidez totalizaram US$371,7 bilhões em maio de 2015, diminuição de US$1,3 bilhão em relação ao mês anterior. Em maio, o estoque de linhas com recompra atingiu US$5,1 bilhões, decréscimo de US$3,5 bilhões em relação à posição do mês anterior. A receita de remuneração das reservas somou US$214 milhões. As variações por preços e paridades reduziram o estoque, na ordem, em US$63 milhões e US$1,5 bilhão. No conceito caixa, o estoque de reservas atingiu US$366,6 bilhões em maio, elevação de US$2,2 bilhões em relação ao mês anterior.
A posição da dívida externa bruta estimada para maio totalizou US$351 bilhões, aumento de US$2,4 bilhões em relação ao montante apurado para março de 2015. A dívida externa estimada de longo prazo atingiu US$290,4 bilhões, elevação de US$123 milhões, enquanto o endividamento de curto prazo somou US$60,6 bilhões, acréscimo de US$2,2 bilhões no mesmo período.
Dentre os determinantes da variação da dívida externa de longo prazo no período, destacaram-se os empréstimos tomados pelo setor não financeiro, US$1,7 bilhão, as amortizações do setor financeiro, US$1,6 bilhão, bem como o aumento decorrente da variação por paridades, US$295 milhões. A variação da dívida externa de curto prazo no período foi explicada, principalmente, por empréstimos de curto prazo tomados pelo setor financeiro e não financeiro,
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Francisco Mariotti US$1,1 bilhão e US$915 milhões, respectivamente.
Box referente às regras de contabilização do Balanço de Pagamentos:
Na nova formatação do BP, segundo as recomendações do Fundo Monetário Internacional, sinais positivos indicam exportações e importações, receitas e despesas de rendas, receitas e despesas de transferências e aumentos em ativos e passivos. Sinais negativos somente serão utilizados para indicar renda negativa (perdas) e reduções de ativos ou passivos (por exemplo, quando investimentos são retornados, os desinvestimentos).
Essa nova convenção busca tornar o BP mais intuitivo, simplificar a interpretação das estatísticas, e manter a coerência entre as transações da conta financeira e as variações correspondentes nas posições de ativos e passivos apresentados na PII. Na conta financeira, fluxos que contribuem liquidamente para elevação (redução) de estoques, tanto para ativos, como para passivos, são representados por sinal positivo (negativo).
O chamado BPM6 recomenda que se registrem apenas as variações líquidas dos ativos e passivos, sem reporte dos fluxos brutos. Por exemplo, para o caso de empréstimos, apenas o ingresso líquido, constituído pela diferença entre contratações e amortizações, seria informado.
No BP do Brasil, no entanto, serão apresentados os valores brutos das rubricas
das contas financeiras (exceto derivativos), ou seja, as transações que aumentam e as que reduzem os ativos e passivos serão informadas separadamente.
3.6 Definição de Renda Liquida Enviada ao Exterior – RLEE
Ao conceituarmos o Balanço de Pagamentos, verificamos que estes recursos se subdividem em:
Rendas Primárias (dos Fatores de Produção) (salários, lucros, dividendos e juros), que recebem este nome por remunerarem os fatores de produção empregados no processo produtivo. (Relembre-se que os lucros são a própria renda da atividade produtiva, os juros são a remuneração ou renda do capital empregado).
A Renda Liquida (Primária) Enviada ao Exterior - RLEE é exatamente o resultado proveniente do total das rendas enviadas ao exterior menos o total das rendas recebidas do exterior.
RLEE = Rendas (Primárias) Enviadas ao Exterior – Renda (Primárias) Recebidas do Exterior
Denomina-se RLEE por um simples fato: Como a quantidade de empresas estrangeiras instaladas no Brasil é muito superior o número de empresas brasileiras instaladas no exterior, o total de Renda Enviada é maior que o de Renda Recebida.
Destaque: Entenda bem esse conceito, pois ele será bastante necessário no estudo das contas nacionais.
3.7 O Resultado das Transações Correntes como (Des) Poupança Externa
A ocorrência de Déficit ou Superávit no Balanço de Pagamentos em Transações Correntes tem resultados diretos sobre as Identidades
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Macroeconômicas. Considerando que o saldo das Transações Correntes é responsável pela medição das transações com o exterior, caso ocorra déficit, ou seja, o país mais compre do que venda bens, serviços e rendas (primárias e secundárias) do exterior, ocorrerá um aumento da Poupança Externa, também entendida como um Superávit do Resto do Mundo. Diferentemente, caso o país mais venda bens e serviços do que compre, teremos um Déficit do Resto do Mundo, também chamado de Despoupança Externa.
Pode-se traduzir o resultado da poupança ou despoupança externa por meio das equações abaixo, em que “X” representa o somatório, em dinheiro, de bens (exportações) e serviços não fatores; “RRE” são as rendas primárias recebidas do exterior e “TUrec” as rendas secundárias (transferências unilaterais) de entrada. De forma contrária, “M” representa o total de bens e serviços não fatores; “REE” são as rendas primárias enviadas ao exterior e “TUenv” as rendas secundárias (transferências unilaterais) enviadas ao exterior. Dessa forma temos:
Se (X + RRE + TUrec – M – REE - TUenv) > 0, teremos Superávit com o exterior, também chamado de Despoupança Externa ou mesmo de Superávit em Transações Correntes; e
Se (X + RRE + TUrec – M – REE - TUenv) < 0, teremos Déficit com o exterior, chamada de Poupança Externa ou mesmo Déficit em Transações Correntes.
Vale mencionar que em questões de concursos o examinador utiliza o conceito da poupança externa e suas derivações em diversas formas. Vejamos algumas características:
Quando o examinador falar em “Exportações de bens e
serviços não fatores”, ele está fazendo a soma de todas as Exportações de bens e de serviços não fatores de produção, ou seja, serviços que não sejam rendas provenientes dos fatores de produção. Na verdade o examinador está apartando as Rendas Primárias
Recebidas do Exterior, que representam a
remuneração dos fatores de produção presentes no exterior;
Quando o examinador falar de “Importações de bens e
serviços não fatores” ele está fazendo a soma de todas as Importações de bens e de serviços não fatores, ou seja, de serviços que também não sejam rendas provenientes dos fatores de produção. Na verdade, o examinador está apartando as Rendas Primárias Enviadas ao Exterior.
Vamos agora a mais uma questão antiga, mas bastante útil e que aborda a metodologia descrita acima:
(APO/MPOG – ESAF/2003) Considere os seguintes dados para uma economia hipotética: exportações de bens e serviços não-fatores = 100; importações de bens e serviços não fatores = 50; déficit no balanço de pagamentos em transações correntes = 10. Com base nas identidades macroeconômicas básicas para uma economia aberta e com governo, podemos afirmar que essa economia apresentou:
a) renda líquida enviada ao exterior igual a 60. b) renda líquida recebida do exterior igual a 60. c) renda líquida enviada ao exterior igual a 40. d) renda líquida recebida do exterior igual a 40.
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Francisco Mariotti e) renda líquida enviada ao exterior igual a 50.
Perceba que desde o início o examinador já fala em exportações de bens e serviços não-fatores, ou seja, se são não-fatores, deve-se excluir todo o tipo de renda proveniente dos fatores de produção. Segunda coisa, o examinador fala em exportações de bens e serviços, incluindo não só o balanço comercial, mas também o balanço de serviços.
Feita estas considerações passemos a calcular o resultado.
A questão fala do balanço de pagamentos em transações correntes, que é composto pelo balanço comercial, pelo balanço de serviços e rendas e pelas transferências unilaterais. Dessa forma, tem-se:
balanço de transações correntes é deficitário em 10;
exportações de bens e serviços não-fatores = 100;
importações de bens e serviços não fatores = 50
transferências unilaterais (não se fala, logo consideramos = 0) Lembrando que fórmula do balanço de transações correntes =
(X – M) – RLEE + TU
-10 = (100 – 50) – RLEE + 0 - RLEE = - 60
RLEE = 60
Como a Renda é LIQUIDA enviada ao exterior, concluímos que está ocorrendo maior saída de renda proveniente dos fatores de produção do que entrada.
Obs.: Vale lembrar que caso exista valor para as transferências unilaterais, deve-se aplicar o sinal de acordo com o seu resultado.
Para fins de entendimento e consolidação, será mantida a expressão do saldo do balanço de Pagamentos em Transações Correntes na forma já expressa, ou seja, TC = (M – X), não esquecendo de aplicar, é claro, a fórmula pertinente para cada tipo de questão!
Para fixação, tem-se mais uma simples questão a respeito do Balanço de Pagamentos:
(ECONOMISTA/EMATER – FUNDATEC/2008) Observando-se o saldo da conta de transações correntes do balanço de pagamento de um país podemos observar que o país está incorrendo em déficit em relação ao resto do mundo. Tal déficit poderá resultar, em um determinado ano, de:
I – Poupança externa nula.
II – Pagamento de juros da dívida externa superior ao superávit comercial.
III – Importações maiores que as exportações, estando o restante da conta corrente em equilíbrio.
Marque:
a) se apenas a I estiver correta. b) se apenas a II estiverem corretas. c) se apenas a I e a II estiverem corretas. d) se apenas a II, a III estiverem corretas. e) se a I, a II, a III estiverem corretas.
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Comentários:
Conforme descrito na análise do resultado do balanço de pagamentos em transações correntes, toda vez que ocorrer um déficit nesta conta, gera-se, por consequência, uma poupança externa positiva. Sendo assim pode-se
concluir que a alternativa “I” está incorreta.
Analisando a alternativa “II”, verifica-se que quando o pagamento de juros ao exterior é superior ao superávit comercial, existe um grande indicativo de que ocorrerá um déficit das transações correntes e uma consequente geração de poupança externa, já que as transferências unilaterais, mesmo sendo superavitária com o exterior, não será superior ao resultado negativo proveniente do pagamento de juros da dívida externa. De acordo com este
entendimento conclui-se que a assertiva “II” está correta.
Quando os demais itens das transações correntes (balanço de serviços, de rendas e transferências unilaterais) estão em equilíbrio, na ocorrência das importações maiores do que as exportações, o resultado será um déficit nas transações correntes. Com essa conclusão pode-se então afirmar que a
assertiva “III” também está correta.
Gabarito: letra “d”.
3.8 As Transações com Exterior e a sua inclusão na Demanda Agregada
Relembrando que a Demanda (ou Despesa) Agregada é formada pelos bens e serviços consumido das famílias (C), pelos investimentos (I) realizados pelas empresas, pelos gastos do Governo (G), fica possível compreender que as Exportações de bens e serviços não fatores (X) representam o consumo do resto do mundo e que as Importações de bens e serviços não fatores (M) são
exatamente o consumo adicional que nosso país tem além daquele realizado no mercado interno.
Adicionando as exportações e as importações a fórmula da demanda agregada, tem-se:
DA = C + I + G + X – M
As Importações incorporadas à Demanda Agregada são precedidas do sinal negativo simplesmente porque o consumo adicional representa um vazamento para o exterior da renda gerada na economia nacional. Destaca-se que a fórmula da Demanda Agregada acima é conhecida na Economia como
Produto Interno Bruto – PIB.
Caso seja feita a mudança das importações para o lado esquerdo da fórmula, chega-se ao conceito da Oferta Global, que é a representação de todos os bens e serviços disponíveis na economia nacional mais os bens e serviços importados do resto do mundo.
DA + M = C + I + G + X
3.9 Igualdade entre Renda Agregada e Demanda Agregada numa Economia Aberta com a presença do Governo
Numa economia aberta e com governo a Identidade Macroeconômica
Renda = Demanda continua válida. Desta forma, incorporando-se o resto do
mundo à equação chega-se a seguinte expressão:
Renda Agregada = C + S + T
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Francisco Mariotti C + S + T = C + I + G + X – M, rearranjando os termos:
I = S + (T – G) + (M – X)
Relembrando que:
(I) refere-se ao Investimento de uma Economia (valor bruto);
(S) representa a poupança das famílias ou do setor privado (valor bruto);
(T – G) representa a poupança (superávit) do governo; e
(M – X) representa a poupança (déficit das transações correntes) externa ou do resto do mundo.
O que a expressão acima explicita é que o somatório das poupanças privada, do governo e do resto do mundo é responsável pelo financiamento do investimento no país. É a partir desta expressão que se pode resolver se não todas, grande parte das questões que versem sobre as contas nacionais.
Destaca-se que somente na derivação da fórmula acima é que chamamos (M – X) de poupança externa. Seu resultado é igual ao resultado das transações correntes com sinal invertido.
Procure guardar muito bem esta expressão. Ela será primordial na resolução de questões sobre contas nacionais!
Cabe lembrar que as transações correntes são formadas por:
(X – M) + RRE – REE + Transf. Unil. Recebidas – Transf. Unil. Enviadas
3.10 Produção, Produto a Custo de Fatores e a Preços de Mercado
No início do curso definiu-se a expressão do produto (PIB) da
economia, sendo derivado do somatório das quantidades dos bens
multiplicado pelo valor monetário de cada unidade produzida. Considerando no entanto a dificuldade de se estabelecer o valor agregado de cada etapa do processo produtivo, para que se pudesse chegar ao resultado do Produto Interno, adotou-se uma única forma, que é representada pelo resultado de toda riqueza produzida no país diminuída do total do consumo intermediário utilizado na produção. A este resultado atribuímos o nome de valor
adicionado, que nada mais é que o PIB do país em determinado período de
tempo.
Nesse momento a grande novidade desta expressão é derivada da diferença conceitual de que é definido por PIB a custo de fatores e PIB a
preços de mercado.
O PIB calculado pelo método do Valor Adicionado nos informa o resultado da riqueza gerada no país ao custo dos fatores de produção (salários,
juros, aluguéis e lucros) utilizados no processo produtivo (PIBcf).
Para que calcular ao resultado do valor adicionado da economia a preços de mercado, ou melhor, do PIB a preços de mercado (PIBpm), que é o real valor de venda dos produtos, deve-se incluir os impostos indiretos e se excluir os subsídios concedidos.
Valor adicionado = Valor bruto da produção - Consumo de bens e serviços intermediários (receita total das vendas) (custo dos bens intermediários)
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Francisco Mariotti Desta forma temos:
PIB (a preços de mercado) = (Valor Bruto da Produção – Consumo Intermediário) + Impostos Indiretos – Subsídios
Para que seja feita a consolidação desta expressão, a qual poderá se cobrada pela banca em prova, vamos a mais uma fixação de fórmula!
(AFRF/SRF – ESAF/2005) - Considere os seguintes dados, extraídos de um sistema de contas nacionais – conta de bens e serviços – que segue a metodologia adotada atualmente no Brasil (em unidades monetárias): Produção total: 1.323; Importação de bens e serviços: 69; Impostos sobre produtos: 84; Consumo final: 630; Formação bruta de capital fixo: 150; Variação de estoques: 12; Exportações de bens e serviços: 56. Com base nessas informações, o consumo intermediário dessa economia foi
a) 700 b) 600 c) 550 d) 650 e) 628 Comentários:
Veja que a questão fala em Produção total, entendido por nós como o Valor Bruto da Produção (1323); A questão também informa que o valor dos impostos é igual a 84.
Sendo assim, vale aqui uma grande informação, advinda da nova formatação das Contas Nacionais, adota no Brasil a partir de 2001:
Pela ótica dos recursos econômicos a oferta é igual à produção mais as importações enquanto que na ótica dos usos da economia a demanda total é igual ao consumo intermediário, isto é, a parte do produto que se dirige a outros setores da economia para serem transformados, adicionado a demanda final.
Valor Bruto da Produção + Importações (M) = Consumo Intermediário + Demanda Final (C + I + G + X)
Rearranjando os termos:
Valor Bruto da Produção - Consumo Intermediário = Demanda Final (C + I + G + X) – Importações (M).
Relembrando que:
Valor Bruto da Produção - Consumo Intermediário = PIBcf
Sabe-se que para se calcular ao valor do PIBpm necessitamos retirar da produção o consumo intermediário e incluir o valor dos impostos sobre produtos ou indireto.
Com isso tem-se:
PIBpm = Produção – Consumo Intermediário + Impostos sobre produto PIBpm = 1323 – Consumo Intermediário + 84
Na expressão acima não é expresso o valor do Consumo Intermediário, mas, no entanto, sabe-se a expressão do PIBpm sobre os USOS da economia. Lembra-se da expressão PIB pm = C + I + G + X – M?
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Então, na questão só se fala em Consumo final e não em consumo das famílias. Não se fala também dos gastos ou consumo do Governo. Algum problema? Não! Quando a expressão fala em consumo final, esta está fazendo referência ao consumo dos dois agentes econômicos internos, Famílias e Governo! Esta interpretação faz parte da nova metodologia adotada pelo IBGE a partir de 1996.
Finalmente, no caso do Investimento, vemos que ele está bem dividido em FBKf + ΔE.
Vamos então ao resultado!
PIBpm pelo lado dos recursos = PIBpm pelo lado dos usos
1323 – Consumo Intermediário + 84 = 630 + 150 + 12 + 56 – 69
Consumo Intermediário = 628
Gabarito: letra “e”.
Ao se encontra a composição da Demanda Agregada, foi dito que seu resultado era chamado de PIB - Produto Interno Bruto da Economia (Y). A equação do PIB é formada pelo consumo das famílias, pelo investimento das empresas, pelos gastos do governo, pelas exportações de mercadorias e serviços e pelas importações de mercadorias e serviços.
PIB (Y) = C + I + G + X – M
Da expressão do PIB (Y) chegou-se a fórmula da OFERTA GLOBAL, representada por toda produção de bens e serviços da economia nacional voltada ao mercado interno e externo, somada à parte da produção externa destinada ao mercado nacional. Adicionalmente, concluiu-se que o lado direito da equação, em que consta o consumo familiar, o Investimento da economia,