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SEMENTES DA PAIXÃO: IMPORTÂNCIA SOCIAL, ECONÔMICA E CULTURAL PARA ATORES SOCIAIS ENVOLVIDOS.

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Academic year: 2021

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SEMENTES DA PAIXÃO: IMPORTÂNCIA SOCIAL, ECONÔMICA E CULTURAL PARA

ATORES SOCIAIS ENVOLVIDOS.

Flávia Jaiane Mendes

1

, Anuska Batista da Silva

2

, Paula Lopes Gomes

3

,

Raiany

Albuquerque

4

, Romulo José de Sousa

5.

1

Universidade Estadual da Paraíba / Serviço Social, R. José do Patrocínio, Ap B nº 453. Campina Grande-PB, flavia.jm@hotmail.com.

2

Universidade Estadual da Paraíba / Serviço Social, R. João Francisco de Araújo, nº 266. Campina Grande-PB, anuska.silva@hotmail.com.

3

Universidade Estadual da Paraíba / Serviço Social, R. Jõao Alves Diniz nº 05. Campina Grande-PB, paulagomes20@msn.com

4

Universidade Estadual da Paraíba / Serviço Social, R.. Campina Grande-PB, raianyalbu@gmail.com 5

Universidade Federal de Campina Grande/Medicina, R. Emiliano Rosendo da Silva, Ap.103 Bloco D Campina Grande-PB, romulo-sousa@hotmail.com

Resumo- Este artigo tem como foco refletir sobre a importância socioeconômico, ambiental e cultural

que as “Sementes da Paixão” representam no cenário da agricultura no Brasil e no Estado da Paraíba. Objetivando ressaltar a grande significância dada à prática da agricultura familiar, pois é por meio desta que os camponeses produzem alimentos saudáveis e de qualidade. Esta pesquisa foi embasada em revistas, análise de artigos, vídeos referentes à agricultura familiar. Contudo, concluimos que apesar das inúmeras dificuldades encontradas pelos agricultores, tem sido através da luta e da resistência às imposições pré-determinadas de cima para baixo, que os camponeses têm conseguido um espaço para se mostrar como sujeitos sociais, seres humanos por excelência, que precisam ter os seus direitos assegurados.

Palavras-chave:Sementes da paixão. Agricultura familiar. Camponeses.

Área do Conhecimento: Ciências Sociais Aplicadas Introdução

A agricultura brasileira tem, no passado, no presente e terá, certamente no futuro, relevantes contribuições a dar ao desenvolvimento econômico e social do Brasil. No passado, contribuiu decisivamente, por meio das funções clássicas, para prover de alimentos baratos as populações urbanas, liberarem mão-de-obra para a indústria crescente, gerar divisas, via exportação de excedentes, e ainda capital para o processo de industrialização.

O processo de modernização da agricultura provocou mudanças radicais no sistema interno de produção e no seu relacionamento com os setores industriais. Esse enfoque de agronegócio tem implicações profundas na organização econômica do Brasil, pois, por meio dele, revela-se a real dimensão estratégica da agricultura brasileira, que não pode ser mais vista como uma atividade estanque, cujo valor adicionado representa uma pequena e decrescente parcela do Produto Interno Bruto (PIB), com o avanço do desenvolvimento econômico, mas, sim, como centro dinâmico de um conjunto de atividades econômicas, capazes de gerar riqueza, emprego e divisas.

Partindo para uma discussão mais ampla, o que poucos sabem é que são os produtos da agricultura familiar camponesa que, segundo o Censo Agropecuário 2006, divulgado pelo IBGE em 2009, garantem mais 70% da alimentação diária dos brasileiros.

Este artigo tem como foco esclarecer os procedimentos desenvolvidos em caso de agricultura familiar, objetivando disponibilizar os resultados da pesquisa para contribuir com a formulação de propostas de políticas públicas de sementes voltadas para os agricultores / camponeses socializando intercâmbio e a articulação entre as diferentes experiências de valorização, conservação e aumento da biodiversidade. É uma proposta bem aceita e que tem uma grande significância para o desenvolvimento da agricultura familiar, que é parte importante para a produção de alimentos no nosso país. E também objetiva mostrar a importância quanto a preservação das “Sementes da Paixão” no contexto socioeconômico brasileiro e paraibano.

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Esta pesquisa foi embasada em revistas, análise de artigos, vídeos referentes à agricultura familiar e outras informações divulgadas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), sendo estes dados considerados relevantes para o esclarecimento do tema abordado.

A pesquisa que se enquadra neste artigo é do tipo bibliográfico, que segundo SEVERINO (2007, p.123) “É aquela que se realiza a partir do registro disponível, decorrente de pesquisas anteriores, em documentos impressos, como livros, artigos, teses etc.” E que muito contribuiu para uma melhor abordagem do tema.

Resultados

É relevante destacar alguns dados estatísticos referente a importância econômica, na qual cerca de 60% dos alimentos consumidos pela população brasileira são produzidos por agricultores familiares. No Brasil, a agricultura familiar é responsável pela produção de 87% da produção nacional de mandioca, 70% da produção de feijão, 46% do milho, 38% do café, 34% do arroz, 21% do trigo e, na pecuária, 58% do leite, 59% do plantel de suínos, 50% das aves e 30% dos bovinos. Segundo dados do Censo Agropecuário de 2006 (ver gráfico 01), 84,4% do total de propriedades rurais do país pertencem a grupos familiares. São aproximadamente 4,4 milhões de unidades produtivas, sendo que a metade delas está na Região Nordeste.

Gráfico 01: Evolução da área plantada

Fonte: Censo Agropecuário 2006, Fonte: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA

A paixão pelas sementes tradicionais é motivo de festa na PB e é retratada num evento organizado pelas entidades que compõem a Articulação do Semiárido Paraibano (ASA-PB) reunindo agricultores e agricultoras de todas as microrregiões da Paraíba: Alto e Médio Sertão, Curimataú, Cariri, Agreste e Litoral. A ocasião é de resgate e valorização da importante contribuição das famílias camponesas para a diversidade das

sementes, moedas de um patrimônio genético que por séculos foi cultivado, selecionado, aprimorado e ajustado às realidades ecológicas locais e às preferências culturais. A festa é o momento de reverenciar esse incessante processo de estudo e seleção, que sem dúvida concede autonomia às famílias no uso de suas sementes, na produção de alimentos e na geração de riquezas. A realização da festa é ainda de enorme relevância em função da atual conjuntura, em que os riscos de contaminação e de erosão genética desse patrimônio aumentam, seja pela liberação de variedades comerciais de milho e de algodão transgênico ou pela distribuição de poucas variedades de sementes pelos programas governamentais, o que gera a indesejável homogeneização.

Contudo a semente crioula adaptada ao clima regional poderá ser no futuro a única forma de garantir a sustentabilidade da agricultura orgânica em um cenário em que as empresas apenas oferecem sementes transgênicas. As associações rurais e os órgãos governamentais devem garantir a pesquisa direcionada aos agricultores e não aos interesses de grandes corporações.

Estas variedades são à base da agricultura camponesa que constituem uma importante fonte genética de tolerância e resistência para diferentes tipos de estresses e de adaptação aos diferentes ambientes e manejos locais, e, dessa forma possuem um inestimável valor para a humanidade constituindo a base de sua soberania.

Discussão

Nessa perspectiva de valorização das sementes em 2006, o Governo Federal lançou o

Programa de Sementes para a Agricultura Familiar. Conduzido pela Secretaria de Agricultura Familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrário (SAF/MDA), em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o programa originalmente previa ações que contribuíssem para a revalorização das sementes crioulas nos territórios rurais, além de se fundamentar na produção local de sementes. Nesse sentido, os objetivos se mostravam em sintonia com o enfoque agroecológico de manejo e conservação da agrobiodiversidade.

Para quem ainda não conhece, aqui na Paraíba, “Sementes da Paixão” foi como ficaram conhecidas às sementes nativas ou crioulas, que vem sendo reproduzidas pelos agricultores familiares desde os seus antepassados e significam a garantia da autonomia e diversidade da produção da agricultura camponesa de base agroecológica na região semiárida. Elas representam os insumos locais, naturais e de

0 5.000.000 10.000.000 15.000.000 20.000.000 25.000.000 30.000.000 35.000.000 monoculturas de exportação arroz, feijão, mandio ca

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qualidade produzidos pelos camponeses nos diversos roçados espalhados pelo estado. Em outras regiões, essas sementes também são conhecidas como sementes crioulas. Estes insumos naturais, além de assegurar as necessidades básicas da família camponesa, também são disponibilizados para a venda nas diversas feiras-livres espalhadas do sertão ao litoral.

Adquirimos mais conhecimento sobre as

“Sementes da Paixão” através do vídeo

organizado por AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia (2004), podemos perceber a importância e valor que estas têm na vida dos agricultores que vivem da agricultura familiar (ver gráfico 02), conceito este que no Brasil, foi assim definida na Lei nº 11.326, de 24 de julho de 2006: Art. 3º Para os efeitos desta Lei considera-se agricultor familiar e empreendedor familiar rural aquele que pratica atividades no meio rural, atendendo, simultaneamente, a requisitos como: dirigir seu estabelecimento ou empreendimento com sua família. Observamos também no vídeo que este retrata a questão da religiosidade que é muito forte no viver dos camponeses. E é em versos como estes citados abaixo, que identificamos por meio do vídeo a tão significância dada as “Sementes da Paixão”.

"Nos tempos dos meus avós Os santos eram Pedro e João Pelas imagens ser ocas Guardavam milho e feijão Em Nossa Senhora era a fava Botava dentro e tapava Era assim que se guardava A Semente da Paixão!"

(Seu Joaquim Santana - agricultor experimentador)

Gráfico 02: Participação da agricultura familiar na produção

Participação da produção da Agricultura Familiar Brasileira na produção total (Censo 2006)

87% 70% 46% 38% 34% 21% 16% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Mandioca Feijão Milho Café Arroz Trigo Soja

Fonte: Censo Agropecuário 2006,

Dados: IPEA instituto de Pesquisa Econômica Aplicada.

O vídeo ainda ressalta o banco de sementes comunitário, no qual toda uma comissão organizada fica responsável pela distribuição e colheita, sendo este assegurado pelo Projeto de Lei Ordinária Nº 399/2011 (Distribuída p/Comissões). A ementa estabelece diretrizes da política estadual de incentivo à preservação, ao cultivo e à difusão de cultivares locais, tradicionais ou crioulas e para a formação de bancos de sementes comunitários. O vídeo deixa claro que a valorização, proteção e amor pelas sementes da paixão ajudaram muitos camponeses da Paraíba a buscar outros meios de resistir ao modelo do agronegócio através da conservação e estocagem natural dos insumos.

Na Paraíba, segundo pesquisas feitas na (EMPRAPA) mais de 220 bancos de sementes comunitárias já se articulam em rede(disseminado em todo estado) para conservar dezenas de variedades locais resgatadas pelas próprias comunidades. Os objetivos destes são recuperar a agrobiodiversidade local, reduzir a dependência de governos e articular os agricultores em torno de sementes nativas e bem adaptadas ao próprio semiárido. Sabemos que o agronegócio, por sua vez, é a produção de larga escala em monocultivo, empregando muito agrotóxico e máquinas, sendo uma produção apadrinhada e protegida pelos capitalistas do campo, aos quais pregam a produção de uma monocultura voltada para a exportação, beneficiando apenas uma minoria abastada da sociedade.

Constata-se que os agricultores participam de todas as etapas do processo e realizam o manejo das sementes sem o emprego de agroquímicos. Como as chuvas variaram de ano para ano e de local para local, foi possível confirmar que o uso da diversidade de variedades sempre afirma maior segurança do que as sementes melhoradas em centros de pesquisa com o uso de adubação química e irrigação. Além da produtividade dos grãos, várias outras características das variedades e que interessam aos agricultores são avaliadas. Entre elas destacam-se: a espessura da planta, a quantidade de palha, a cor, o peso e tamanho das sementes, além da resistência a pragas e secas.

Nesse contexto é relevante destacar que o Brasil é líder mundial de soja convencional. 50% do farelo de soja exportado pelo Brasil são provenientes de soja não transgênica.

A Articulação no Semiárido Paraibano vem desde 1993 desenvolvendo ações para a convivência com o semiárido a partir de temas, tais como: a valorização e resgate das variedades de sementes da paixão – que são as sementes locais; a captação, armazenamento e manejo sustentável da água; a segurança e soberania alimentar; a economia solidária e os fundos

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rotativos solidários. A ASA na Paraíba, a partir da sua organização em redes temáticas, vem conseguindo dinamizar um conjunto de iniciativas relacionadas ao trabalho com as sementes da paixão, água, feiras agoroecológicas, criação animal, saúde e alimentação e fundos rotativos solidários. Esse processo tem estimulado o resgate e a produção de mais de 200 variedades de sementes da paixão; a implantação de diversos viveiros comunitários e familiares de mudas nativas e frutíferas usa de plantas forrageiras adaptadas para o aumento da biodiversidade nas terras cultivadas; o aproveitamento e beneficiamento das frutas nativas; comercialização de produtos agroecológicos da agricultura familiar através de 16 feiras regionais e municipais; no manejo da água para a agricultura continuamos o estimulo às inovações tecnológicas adaptadas como as barragens subterrâneas, as mandalas, os tanques de pedra, cisternas adaptadas para produção de alimentos e outras iniciativas que estão aumentando a produção de cultivos alimentares e forrageiros nas unidades de produção familiares

.

As Redes de articulação temáticas da ASA Paraíba, se organizam de forma descentralizada, com dinâmicas próprias nas regiões do Litoral, Brejo, Agreste, Borborema, Cariri, Seridó, Curimataú, Médio Sertão e Alto Sertão no estado da Paraíba. As mesmas possuem um calendário anual de reuniões e formações, onde representantes das dinâmicas microrregionais se encontram para refletir, encaminhar e aprofundar o debate sobre a agrobiobiodiversidade, bem como fomentando a integração entre as dinâmicas

.

Comprova-se que as sementes da paixão ganharam legitimidade científica e reconhecimento histórico. Os ensinamentos deixados pelos antepassados dos camponeses e trabalhadores rurais da Paraíba demonstram que o caminho para a produção autossustentável é sem a utilização de agrotóxicos que destrói a terra e produzem efeitos graves nos trabalhadores que utilizam esses produtos.

Conclusão

Este artigo é apenas um resumo do que podemos conhecer das vivências dos camponeses e da diversidade de saberes e culturas que estes têm a nos mostrar e a ensinar. É preciso valorizar a agricultura familiar, camponesa, que é a única que pode produzir sem venenos e de maneira diversificada.

Contudo, concluimos que apesar das inúmeras dificuldades encontradas pelos agricultores, tem sido através da luta e da resistência às imposições

pré-determinadas de cima para baixo, que os camponeses têm conseguido um espaço para se mostrar como sujeitos sociais, seres humanos por excelência, que precisam ter os seus direitos assegurados.

Referências

-Articulação do semiárido Paraibano (ASA-PB). Acessado dia 17/11/11. Disponível em http://aspta.org.br/2010/05/semente-da-paixao-e-tema-de-pesquisa-participativa.

-BRASIL. Llei Ordinária Nº 399/2011. Acessado em 27/11/11. Disponível em: www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramit acao?idProposicao=491991.

-Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária -EMBRAPA. Acessado em 28/11/11. Disponível em:www.embrapa.br/imprensa/noticias/2010/marc o/3a-semana/agricultores-sao-capacitados-em-selecao-de-sementes-crioulas.

-Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. Acessado em 26/11/11. Disponível em: saude.teresina.pi.gov.br/licitacoes/06406/alimento s_regionais.pdf

-MAHON, André Cortez. Convivendo no

semi-árido com as sementes da paixão: a experiência da rede de sementes da Paraíba. Articulação do

semi-árido paraibano. Revista agricultura

biodinâmica, n.93, p.7-14.

-SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do

Trabalho Científico. 3º Ed.rev. e atualizada- São

Paulo: Cortez (2007, p.123).

-STÉDLE, João Pedro.. Comunicação em saúde. Revista radis, n.95, jul. 2010, p.10-15 e 23.

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Referências

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