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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA INSTITUTO DE LETRAS E LINGUÍSTICA PROJETO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

INSTITUTO DE LETRAS E LINGUÍSTICA PROJETO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

A função de Orientação na organização do discurso em Libras: uma comparação entre a Libras e a Língua Portuguesa

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Uberlândia-MG 2016

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO –---3

HIPÓTESE E PROBLEMÁTICA DE TRABALHO ---3

OBJETIVOS ---6

JUSTIFICATIVA ---7

METODOLOGIA ---7

CRONOGRAMA ---8

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INTRODUÇÃO

Durante o ano de 2016, estamos desenvolvendo o projeto de pesquisa “A função de Orientação na organização do discurso em Libras”, com bolsa da FAPEMIG/PIBIC/2016, que tem relação com o projeto maior do orientador “A organização do discurso sob o ponto de vista do Funcionalismo: os Marcadores de Fronteira, a Orientação e o Antitema em Língua Portuguesa e Libras”.

Durante a vigência desta bolsa, fomos apresentados à função de Orientação por meio de vários textos sobre o assunto, dentre os quais, destacamos: Eunice Pontes (1987); Erotilde Pezatti (1992); Vasco Leitão (1999); e, Denise Gasparini-Bastos (2005). Importante esclarecer que muitos dos autores lidos tratam a Orientação como Construções de Tópico, apesar disso, estas divergências teóricas nos acrescentaram ainda mais conhecimentos sobre as características da Orientação nas línguas naturais.

O plano de trabalho ora proposto para pesquisa na bolsa da FAPEMIG/PIBIC/2017 é uma continuação do projeto anterior. Assim, para o ano de 2017, a pesquisa será em torno do plano de trabalho “A função de Orientação na organização do discurso: uma comparação entre a Libras e a Língua Portuguesa”, procurando fazer uma comparação da Orientação na Língua Portuguesa com o que estamos encontrando na LIBRAS, por meio de vídeos (reportagens, entrevistas, documentários), em LIBRAS, sendo transcritos para o português, verificando a existência ou não de Orientação na LIBRAS.

O material em Libras que estamos utilizando para a pesquisa, como dito anteriormente, são programas retirados do site: “http://tvines.com.br/”. Já o material em Língua Portuguesa refere-se ao Projeto NURC, que pode ser acessado por meio do site http://www.letras.ufrj.br/nurc-rj/.

HIPÓTESE E PROBLEMÁTICA DE TRABALHO

Para Dik(1997), algumas expressões linguísticas podem ser classificadas como Constituintes Extra-Oracionais (CEOs), que se caracterizam pelas seguintes propriedades:

a) podem aparecer sozinhos ou são tipicamente separados da oração por quebra ou pausa no contorno entonacional, ou seja, são separados da oração por traços prosódicos;

b) nunca são essenciais à estrutura interna da oração com a qual estão associados, quando são retirados, a oração conserva sua integridade estrutural e gramatical;

c) não são sensíveis a regras que operam dentro dos limites da oração, embora possam estar relacionados à oração por meio de regras de correferência, paralelismo ou antíteses, que também caracterizam relações entre orações e processamento discursivo.

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Neste plano de trabalho que apresentamos aqui, daremos importância aos CEOs de Organização Discursiva, que pertencem à organização, estruturação e apresentação do conteúdo discursivo e podem ser divididos de acordo com três funções pragmáticas: marcar fronteiras, orientar o ouvinte ou adicionar esclarecimentos sobre alguma informação contida na oração.

Um constituinte extra-oracional com a função de Orientação contém informações que orientam o destinatário sobre como será apresentado o conteúdo de informação a que o CEO se associa. Assim, a função de Orientação (cf. Dik, 1997) auxilia o destinatário a identificar as coordenadas essenciais para dar coerência aos objetivos da proposição em relação à pessoa, tempo, espaço ou outras circunstâncias.

Na organização do discurso, as extraoracionais são responsáveis pela organização, estruturação e apresentação do conteúdo do discurso, compreendendo três subgrupos de funções pragmáticas: os marcadores de fronteira, os marcadores de orientação e o Antitema.

Na versão da Gramática Funcional (Dik, 1997), os marcadores de Orientação fornecem coordenadas que precisam ser fixadas a um enunciado a fim de que este forneça uma contribuição coerente ao discurso. Assim, expressões com papel de Tema, Condição e Cenário são tipos de elementos que precedem a frase, orientando um suposto ouvinte para a interpretação do conteúdo enunciado. Salientamos, no entanto, que, na versão da Gramática Discursivo-Funcional a Orientação equivale apenas ao Tema, ficando o Cenário e a Condição com funções outras na teoria.

Orientação, segundo Dik, (1981, 1989, 1997), é frequentemente referido na literatura como tópico. Mas ele separa tema (extraoracional) de tema (intraoracional), considerando que um constituinte com função pragmática tópico apresenta uma entidade sobre a qual a predicação diz algo no cenário dado.

É de grande relevância, destacar no âmbito da gramática, o estudo do tópico, nesse caso, o tópico sentencial, (ou tópico marcado, na terminologia de Mateus et alii, 2003), definido como o sintagma nominal ou preposicional, externo à sentença, normalmente já ativado no contexto discursivo, sobre o qual se faz uma proposição por meio de um comentário.

As construções de tópico, estruturas sintaticamente diversas das construções sujeito-verbo-objeto (SVO), uma vez que apresentam um tópico marcado seguido de um comentário, constituído de uma sentença com sujeito e predicado.

A descrição e confronto de quatro estratégias distintas de construções de tópico: anacoluto, topicalização, deslocamento à esquerda e tópico-sujeito, de acordo com a tipologia apresentada por Pontes (1987), com análise de Mônica Tavares Orsini e Sérgio Leitão Vasco. Para estes autores estas estratégias podem ser descritas da seguinte forma:

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(i) Anacoluto, quando o tópico não estabelece nenhuma relação argumental com o verbo, ou seja, não está vinculado a qualquer função sintática na sentença-comentário. Tem-se, tão-somente, uma relação semântica: o locutor anuncia o tópico sobre o qual vai falar para depois fazer um comentário por meio de uma sentença completa (‘Doce eu gosto de gelatina, gosto de pudim.’);

(ii) na Topicalização, o tópico está vinculado a uma categoria vazia, no interior da sentença-comentário, exercendo, pois, uma função na oração (‘Lago também acho __bonito..’); (iii) Deslocamento à esquerda define-se pela presença na sentença-comentário de um

pronome-cópia ou de outro constituinte vinculado ao tópico(‘As praias do Nordeste, elas, são todas muito lindas..’);

(iv) em Tópico-sujeito o tópico é reanalisado como sujeito, instaurando-se inclusive a concordância verbal. Nessas estruturas, não se pode falar exatamente em construção de tópico marcado, uma vez que o tópico ocupa a posição de sujeito.’).

As características de língua de tópico, presentes no Português Brasileiro sugerem que essa variedade seja descrita como estando mais próxima das línguas orientadas para o tópico, diferentemente do Português Europeu, classificado por Mateus et alii (2003) como língua do tipo sujeito-verbo-objeto (SVO). Por outro lado, não se podem desconsiderar as características de língua de sujeito, bastante significativas no Português Brasileiro. Assim, os fatos apontam para sua inclusão no grupo das línguas mistas, isto é, com proeminência de sujeito e de tópico.

A problemática deste plano de trabalho se volta especificamente sobre os tipos de construções de tópico, uma vez que a Orientação a que nos referimos neste trabalho diz respeito exatamente ao estudo destas construções. Dessa forma, nos perguntamos exatamente se estes tipos de construções acontecem em Libras e que diferenças podem existir entre essa língua sinalizada pela comunidade surda brasileira e o português falado no Brasil.

Em relação às línguas de sinais, Brito (apud VAL, 1995) afirma que a organização sintática básica dos sinais, dentro de uma oração em LIBRAS, segue a mesma ordem das línguas orais: Sujeito - Verbo – Objeto que são princípios universais de ordem das palavras. Outros autores já têm defendido a ordem Objeto – Sujeito – Verbo, argumentando ser esta a ordem mais natural da Língua de Sinais “nativa” e que devemos respeitar sua construção cultural natural.

Na educação dos alunos surdos, infelizmente, ocorre a imposição das línguas orais, Sujeito – Verbo – Objeto, no ensino fundamental o uso da Libras nesta plataforma sintática, construindo assim, uma nova geração de surdos que naturalmente farão uso deste sistema sintático, em

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detrimento do sistema sintático nativo, natural, ignorando a origem cultural educacional desses alunos.

Outras características que alguns estudiosos da Libras assinalam é que as línguas de sinais apresentam pouco uso, ou nenhum, de artigos, preposições e conjunções, e também ocorre omissão dos verbos de ligação como ser, estar, ficar, ter, haver e demais verbos que estejam cumprindo com a função de verbo auxiliar ou de ligação.

Mas isso não justifica que a Língua Portuguesa, com suas regras venha sobrepor à gramática da Língua de Sinais. O reconhecimento e padronização da gramática da Língua de Sinais, ainda está em fase de construção e aprimoramento, pois apesar da Língua de Sinais ser utilizada por comunidades surdas há anos, só foi considerada língua oficial no Brasil em 2002. A partir de então, esforços estão sendo envidados para a organização dos sinais, e a construção de uma gramática mais consistente e efetiva.

Em relação à ordem das palavras ou constituinte, há diferenças porque o português é uma língua de base sujeito-predicado (S-V-O) enquanto que a LIBRAS é uma língua do tipo tópico-comentário (O-S-V).

OBJETIVOS

Objetivo geral

O objetivo geral deste trabalho é descrever comparativamente as características da Orientação em dados reais na Libras e na Língua Portuguesa falada no Brasil.

Objetivos específicos

1) verificar que tipos de Orientação (ou Construções de Tópico) ocorrem na Língua Portuguesa e em Libras;

2) identificar a relação que há entre a Orientação e a gramática dessas línguas, principalmente no tocante à ordenação de palavras na sentença.

JUSTIFICATIVA

A principal justificativa para este estudo é o fato de ainda existirem poucos estudos no campo da descrição linguística no que se refere à Libras. Os estudos iniciais na área de descrição da

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Gramática dessa língua são em sua maioria sob o ponto de vista da Gramática Gerativa, não tendo bibliografia sob o ponto de vista funcionalista. Um real motivo pode ser o de que na visão

funcionalista, sendo a comunicação uma função essencial da linguagem, determinando o modo como a língua é estruturada, a análise da língua considera tanto o falante quanto o ouvinte e também as necessidades da comunidade linguística. Os poucos autores que já publicaram material sobre a estruturação da língua de sinais brasileira, olham para a Libras de um ponto de vista formal procurando, a partir do estudo de sentenças dela – e este é um conceito que deverá ser retomado –, estabelecer quais são os constituintes desta língua e como eles se organizam.

Além disso, uma comparação da função de Orientação entre a Língua Portuguesa e a Libras nos ajudaria a compreender as diferenças e semelhanças na organização do discurso nessas duas línguas.

Por fim, um estudo das propriedades discursivo-gramaticais da Libras possibilitaria reverter determinados preconceitos sociais relacionados a esta língua usada pela comunidade surda brasileira como um meio de expressão e interação social tão eficaz e sistemático quanto a Língua Portuguesa.

METODOLOGIA

A metodologia desse trabalho consistirá em:

1) Levantamento bibliográfico;

2) Participação de encontros do grupo de estudo do orientador para discussão de leituras previamente agendadas;

3) Elaboração de texto, relatórios parciais e apresentações de resultados de pesquisa em seminários;

4) De acordo com a metodologia do trabalho anterior, utilizaríamos o Corpus Libras do Núcleo de Aquisição de Língua de Sinais da UFSC, mas uma mudança foi necessária, pois este corpus se trata apenas de provas de proficiência em Libras, não dando conta dos objetivos de nosso projeto. Adotou-se, então, um novo material, disponível no site http://www.ines.gov.br/. Este material da TV INES contém programas gravados e também ao vivo, documentários, vídeos sobre uma diversidade de assuntos: educação, filmes, informações, música, tecnologia etc. O acervo INES, será de grande valia para esse trabalho. O intuito é procurar e analisar as construções com função de Orientação, que aparecem nos programas gravados.

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5) Além da análise das transcrições que fizemos dos programas gravados, outras leituras, relacionadas ao assunto estudado neste projeto, serão incluídas, verificando as características gramaticais da Libras.

6) Utilização do corpus de Língua Portuguesa: do Projeto de Gramática do Português Falado, extraído do material colhido pelo Projeto da Norma Culta (NURC) a partir de entrevistas com informante adulto de cinco capitais brasileiras;

CRONOGRAMA

Atividades Bimestres

Mar/abril Mai/jun Jul/ago Set/out Nov/dez Jan/fev Revisão bibliográfica e levantamento da bibliografia relacionada à temática X X Participações em reuniões do grupo de pesquisa X X X X X X Leitura e produção de resumos de bibliografia referentes à gramática de Libras e à função de Orientação X X X X X X Redação de relatório parcial X Relatório Final X

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REFERÊNCIAS

CAMACHO, R.G. (1994) Estrutura Argumental e ponto de vista (mimeo.). Trabalho apresentado no VIII Seminário do Projeto da Gramática do Português Falado, Campos de Jordão.

DIK, S.The theory of functional grammar. Part I: The structure of the clause. Dodrecht: Foris, 1989. ___The theory of functional grammar. Part II: Complex and derived constructions. Berlin/New York: Mouton de Gruyter, 1997.

GASPARINI-BASTOS, S.D. The extra-clausal constituents in Dimon Dik’s Funcional Grammar. Alfa, São Paulo, v.49, n.1, p.103-121, 2005.

http://charles-libras.blogspot.com.br/2010/04/sistema-sintatico.html – Aspectos Linguísticos. Sistema sintático. 2010.

MATEUS, Maria Helena et alii. Gramática da língua portuguesa. Lisboa: Editorial Caminho, 2003.

ORSINI, Mônica Tavares. As construções de tópico no Português do Brasil: uma análise sintático-discursiva e prosódica. Tese de Doutorado em Língua Portuguesa, UFRJ, Rio de Janeiro, 2003

PEZATTI, E. G. (1992) A ordem de palavras em português: aspectos tipológicos e funcionais. Tese de Doutorado. Universidade Estadual Paulista. Araraquara.

PONTES, Eunice. O tópico no português do Brasil. Campinas: Pontes, 1987.

VALENTINI, Carla Beatris. A apropriação da Leitura e Escrita e os Mecanismos Cognitivos de Sujeitos Surdos na Interação em Rede Telemática. Porto Alegre, 1995. Dissertação (Mestrado em Psicologia). Pós-Graduação em Psicologia do Desenvolvimento – UFRGS.

VASCO, Sérgio Leitão. Construções de tópico no Português: as falas brasileira e portuguesa. Dissertação de Mestrado em Língua Portuguesa, UFRJ, Rio de Janeiro, 1999. ______. Construções de tópico na fala popular. Tese de Doutorado em Língua Portuguesa, UFRJ, Rio de Janeiro, 2006.

Referências

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