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falar-vos hoje, ó suaves d'um poeta que passou dos maravilhosos sonhos primeiros, não fizeram ainda mir- sagrada da illusão que Deus plan-

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S\.° anno

EDITOR RESPONSÁVEL Luix Acirn.<to de Amorim

HIGH-LIFE

Suas Magestades e Sua Alteza o Senhor Infante D. Alfonso passea- ram hontem na Avenida.

Suas Majestades e Sua Alteza o Senhor Infante D. Affonso assisti- ram hontem ao espectáculo do thea- tro de 8. Carlos.

Fazem amanha annos, as sr.":

Conde de Castro e Solla. Condessa de Lumbrales. Baroneza de Basto.

D. Maria Libania d'Almeida Fer- reira (Landal|.

D. Constança Telles da Gama. D. Anna Victoria d'Almeida Cor- reia Pimenta.

D. Eulalia Wan-Zeller.

D. Maria Mathilde Nunes de Car- valho da Cunba.

D. Palmyra Lacueva e Sonsa. D. Maria Emilia Marques dos Santos.

D. Maria Eugenia d'Araujo.

D. Maria José da Matta Pedroso Barata.

D. Julia Gomes d'Amorim. D. Gabriella Guimarães.

D. Maria Luiza Pereira de Mello. D. Hersília da Conceição Pinto. D. Adelaide Feluer Rollin.

D. Maria JoaqninaTavares Proen- ça Garrett.

D. Leonor Bettencourt.

E os srs.:

D. Carlos Pereira Coutinho.

Miguel Augusto da Rocha Rodri- gues Bastos.

Joaquim Pedro da Costa.

AKNignaturaN eci LínKioo

1 mez 300 réis. Annuncios, linha 20 réis. 3 mezes 900 • Annuncios mundanos li- AtuIso 10 • nha 40 réis.

Communicados e outros artigos, contractam-ae na administração.

FUNDADOR' PEDRO CORREIA DA SILVA

Quinta feira 13 de marro de 1902

Aanignaturan nan província*! 3 mezes, pagamento adiantado 10150 A correspondência sobre a administração, ao director da EMPREZA EDITORA, travessa da Queimada, 35, 1.' andar e rua da Barroca, 130.—Telephone n.° 117.

N. 10:

TYPOQRAPHIA EIMPRESSÃO 35 —Travessa da Queimada —37

norte do pniz, devendo regressar | Lisboa em meados do proximo mez.

Iilustre8 senhoras que assistiram hontem ao concerto no salão do Conservatório:

Viscondessa de Camarate e filha, D. Leonor de Noronha (Atalaya), D. Sara Motta Marques, D. Erme- linda Bon de Sousa, mad. Marie Rose Obapuy, D. Helena Folqne Possollo, D. Sara Sauvinet, D. Ma- ria Antónia Carrilho, D. Margarida de Vasconcellos, D. Amelia de Len- castre (Louzã). D. Maria Auialia de Sousa Larcher, D. Maria Luiza Pery de Linde Furtado, D. Laura Sauvinet Bandeira, D. Julietta Maya, D. Amelia Costa, etc.

SPORT

José Diogo Zucbelli. Pedro Folque.

Victor Leopoldo Machado da Ca- mara e Silva,

Alberto Campos de Oliveira.

Chega no sabbado a Lisboa o sr. D. José de Siqueira (S. Martinho). —Está em Braga o sr. dr. Au- gusto da Cunba Pimentel.

—Partiu nara Agueda o sr. con- de da Borralha.

—Com seus filhos é esperada hoje em Lisboa a sr.* D. Anna Francis- ca de Carvalho Mesquita.

—Regressou a Coimbra o sr. dr. Pereira da Costa, governador civil d'aquelle districto.

—Regressou de Barcellos ao Por- to o sr. D. Antonio Barroso, bispo d'aquella diocese.

—Regressou do Porto o sr. D. Fernando de Noronha (Angeja).

—Regressou da_ sna casa de Ca- beceiras o sr. barão de Basto.

—Esteve em Paço d'Arcos, acom- panhado por sua esposa, o sr. D. Miguel Vaz d'Almada.

—Regressou de Setúbal o sr. Jo- sé de Carvalho Daun e Lorena (Pombal).

—Regressou da mesma cidade a sr.* D. Maria da Conceição Pereira da Cunha.

Na egreja parochial dos Anjos realisou-se hontem o enlace matri- monial da sr.* D. Bertha Quares- ma, gentilissima filha do distincto general de divisão, sr. Julio Qua- resma e de D. Anna da Guerra Quaresma, «om o sr. Manoel Qua- resma.

Da noiva foram padrinhos seus paes, e do noivo o capitão sr. Fer- reira Quaresma.

Finda a cerimonia, foi offerecido aos numerosos convidados, em casa do sr. general Quaresma, um deli- cado «lunch», fornecido pela casa Rosa Araujo.

A noiva trajava uma riqnissima "toilette» de setim branco, que mui- to bem fazia realçar a sua peregri- na formosura.

Ao consorcio assistiram as sr.":

D. Maria Olga Moraes Sarmento da Silveira (Alorna), D. Julia Mo- raes Sarmento (Mangualde), m.elle Monchet, D. Elisa Loureiro. mad. Teixeira de Sonsa, D. Emilia Lei- te, mad. Castro e filha, D. -Adelai- de Costa, D. Maria de Faria e fi- lha, D. Virginia Quaresma, etc.

E os srs.:

General Faria e seus fil&os Alva- ro e Joaquim Faria, dr. Manoel João da Silveira, Teixeira de Sou- sa, Antonio de Sonsa e Castro, ca- pitão Ferreira Quaresma/, Possido- nio de Castro, Alfredo Gtierra, ma- jor, Miceno da Camará e Silva,

Carlos Guerra Quaresm^, etc.

Assistência elegante, hontem, em S. Carlos:

Marqueza da Praia e Monforte, condessa de Figueiró, condessa das Alcáçovas, condessa de Tarouca e filhas, condessa de Almedina, con- dessa de Caba, condessa do Sabro- sa, condessa de Tattenbach, con- dessa d'Azevedo e Silva, condessa de Jimenez e Molina, viscondessa de Ferreira Lima e filhas, D. An- drelina dos Santos Moreira, D. Ma- ria Burnay de Venla, secretaria da Allemanhá, D. Maria Helena Fer- reira Pereira Pinto (Varzea do Douro), Andrades Bastos, D. Ma- ria Luiza Schwalbach Ribeiro da Silva, D. Rachel Potier Monteiro, D. Emma Moreira, D. Marianna Pacheco e filha, D. Marianna Men- des Monteiro de Almeida, D. Theo- dolinda Ferreira Tavares.

Condessa das Galveias, condessa da Guarda e filhas, condessa de Monsaraz, condessa de Cunha Mat- tos e filha, D. Maria Waddington. D. Amelia Ulrich da Maya Cardo- so, D. Joanna Horta Ennes, D. Alice Ferreira Pinto, D. Carolina Correia de Sá (Asseca), Lady Mac- Donnell, D. Marianna de Lencastre e Araujo (Barcellinhos), D. Maria E. Calheiros de Lencastre, D. Car- lota Serpa Pinto Moreira, mad. Barros e hlha, D. Julia de Moraes, D. Maria Thereza Pinto da Cunha, mad. Block e filha, D. Genoveva Cyrillo Machado, D. Ermelinda o D. Leopoldina Cordeiro, D. Leonor Marques da Costa, mad. Queriol, mad. Oliveira Soares, m.elles Luz (Coruche), D. Amalia Gil, etc.

Accentuam-se as melhoras do sr. dr. Francisco da Silveira Vianna.

—Continua doente com um forte ataque de «grinpe» a sr.* D. Mar- garida Chaves aos Santos Silva.

—Tem obtido algumas melhoras a sr.* Hedwiges da Matta e Silva. —Continua doente o sr. Tito de Carvalho.

—Aggravaram-8e os padecimen- tos de sr. commendador Ferreira Fresco, deão da Sé de Coimbra.

—O sr. conde de Ficalho, que tem estado doente, parte hoje para Paris, acompanhado do sr. Mello Breyner. Vae alli submetter-se a uma operação.

—Está com sarampo a sr.^D. Maria Domingas da Gama Berqnó. —Está restabelecida a sr.* D. Thereza Manoel de Vilhena e Mel- lo.

—Tem passado incommodado com rheumatÍ8mo o sr. marquez do Fun- chal.

—Continua melhor a sr.* viscon- dessa de Gniães.

New-York, li, n.

Partiu com destino á Allemanha o Principe Henrique da Prussia.

(Havai.)

ROCHEIRA

Com a imponência que vae ser dada á festa que a benemerita associação «Real Club Velocipe- dista de Portugal» realisa a favor da Assistência Nacional a Tuber- culosos, ha muito que em Lisboa não tem logar um sarau. Tudo se prepara para que a festa corres- ponda á espectativa, e seja digna de quem a promove e da institui- ção a favor de quem ella reverte. A vasta sala do Coliseo dos Re- creios ostentará n'essa noite uma ornamentação especial, pois que para isso contam os directores do Club com elementos valiosissimos. O programma está sendo elabo- rado com o maior cuidado, e in- cluirá números de velocipedia, alta gymuastica, equitação, es- grima, jogo de pau e athletica desempenhados a primor por so- cios do Club, alguns dos quaes já firmaram os seus créditos no sa- rau que esta mesma collectivida- de realisou em 31 de dezembro findo, e cujo êxito brilhante está ainda na mente de todos aquelles que dão valor aos bons trabalhos possuindo conhecimentos nicos, reconhecem quão cui- e que,

:hi

Na «corbeilles da noiva viam-se ricos e preciosos brindes^

piem deseja

de que áão dignos, oimbra Bio comboio e meia e d'alli seguem para Os noivos, a quem desejamos to- das as venturas de que jjào dignos, partiram para Coimbra Bio comboio

das 4

Cosinhas Económicas A acreditada firma commercial Bensaude & C.*, offereceu 10 eos- taes de magnifico bacalhau, que será servido nas cosinhas.

JOSE DA COSTA

ARMAZÉM DE VIVERES

Eftpecialidnden. Prezuntos de Melgaço v^iho. azeite de M ura das propriedades do sr. viscoade de Abas Móras. Finíssimos lombos fumados. Peixes e mariscos de to- das as qualidades em latas prom- ptos e ao natural.

73, Rua do Carmo, 73 Telephone 1005

Lopes de Sequeira—MODAS

tec

dado é o desenvolvimento physi- co no Real Club Velocipedista de Portugal.

E' na verdade sensacional a fórma com que este Club está as- sentando o seu pedestal de gloria, e como em tão pouco tempo se elevou e creou elementos para vir a publico organisando uma festa da maior responsabilidade, basta ser dedicada a uma asso- ciação que se ligou ao nome bem- dito de Sua Magestado a Rainha Senhora Dona Amelia.

Estamos convictos que a Direc- ção do Club, que se não poupa a esforços para que o sarau tenha o melhor resultado possível, não se arrependerá de ter mettido hombros á empreza de tão gran- de monta; e Sua Magestade a Rainha acceitando para a sua obra, a cooperação do Real Club Velocipedista de Portugal, dá oc- casiâo a que se aprecie o resul- tado da tenacidade de um grupo de enthusiasta8 que cultivam com amor os diversos ramos de «sport», e dão aos seus trabalhos o melhor emprego possivel, qual é o de au- xiliarem uma instituição tão be- nemerita como a Assistência Na- cional a Tuberculosos.

Na Semana Santa vários ama- dores cyclistas tencionam ir a Évora em passeio velocipedico.

# # #

Começa o movimento de bar- cos de recreio e cada dia aug- ments o gosto pelo sport náutico entre nós.

Entraram mais para socios d'es- te Club os srs.:

Dr. Francisco de AssÍ9, viscon- de de Reguengos (Jorge), dr. Ma- rio do Nascimento, José de Paiva Raposo, João Veiga, João Pinto, João Iglezias, José Pinto da Sil- va e James Graham.

O sr. dr. Manoel de Castro Guimarães vendeu a sua bella chalupa «Idalia» ao sr. Hugo O'Neill e vae adquirir um grande palhabote de corridas; o sr. Char- les Bleck comprou a canoa do sr. Adolpho Mayer; o sr. Jayme de Vasconcellos Thompson um lindo barco de vela, a que deu o nome de «Andorinha».

O sr. dr. Assis, que reside em Alhandra, mandou vir de Ingla- terra uma bella lancha a gazoli- na, com a força precisa para ven- cer as correntes do nosso Tejo.

Os srs. conde de Almeida Arau- jo, Jorge de Mendonça e José de Paiva Raposo vão adquirir: o primeiro um «pic-nic boat», o se- gundo uma chalupa e o terceiro uma canoa.

I

Gomes Leal

Transcrevemos do «Primeiro de Janeiro» o magnifico artigo «O Poeta das Claridades», de Justi- no de Montalvão, um dos mais fi- nos e intensos prosadores moder- nos.

E fazemos esta transcripção por dois motivos de contentamen- to: prestar mais uma vez home- nagem ao grande poeta que é Gomes Leal, e dar aos nossos lei- tores o prazer d'esse bello e clarò pedaço defprosa.

I 0 Poda das - Claridades» * Venho falar-vos hoje, ó suaves mulheres! d'um poeta que passou a vida a amar, e a quem as de- cepções dos maravilhosos sonhos primeiros, não fizeram ainda mir- rar, ao envelhecer, aquella flor sagrada da illusão que Deus plan- tou, ao nascer, nas almas desses eleitos a que Wagner chamou os «Sábios do Inconsciente».

E' preciso crer, para amar. E' preciso crer a amar, para ser poe- ta- N'este paiz de lendas e sau- dades, onde os poetas nascem como as arvores, d'um .beijo do sol no humus dos montes; n'esta terra incomparável de sonhadores enamorados, aquelle de que hoje [vos falo, é um dos maiores, pelo 'commovido encanto do seu sonho de belleza e pela alta aspiração de infinito que, tal um eterno cla- rão irradiaute, na sua obra reful- ge, como n'uma via-lactea suspen- sa sobre a terra.

A Poesia é uma das revelações de Deus. Aauelle que nasceu do- tado da faculdade sublime de aba- lar os duros corações dos homens, fazendo-os momentaneamente es- quecer da sua materia e do seu egoismo, pelo mysterioso poder do ritmo e da emoção, revela a eternidade da alma, e faz vibrar no nosso ser o presentimento trans- cendente d uma vida mais nobre e mais perfeita, para alem dos estreitos horisontes da terra.

N'estes tempos de anciedade e desalento, em que as antigas crenças batidas por um grande vento de incerteza, vacilam e bru- xoleiam como luzes que fossem extinguir-se, ardendo já sem alu- miar, na cerrada névoa que as en- | volve, os Poetas são os únicos prophetas que, com sua voz de crystal, repetem os eccos d'aquel- le divino verbo d'amor e de ver- dade que os seus contemporâneos mudos não sabem exprimir,—mas ue os eleva e purifica, porque os "az sonhar ou chorar.

A Amor, essa força obscura e augusta «que move o sol e as ou- tras estrella9», como já dizia aquelle velho e sombrio Floren- tino que divinisou Beatriz, é a ra- zão suprema da existência. Só pelo Amor o espirito ephemero dos homens pode conceber a eter- nidade da vida e a harmonia do universo. Desde os grandes astros que descrevem nos ceus a sua or- bita de luz, até aos insectos hu- mildes que moram debaixo d'uma pedra, tudo obedece a essa força incessante e mysteriosa.

Os que não amam não vivem. Amar é aspirar á redempção da materia pelo desdem de si mes- mo, e pela absorpção absoluta da propria alma na alma .uni- versal. Por isso os poetas, por amarem mais intensamente que os outros homens, são também aquelles que mais vivem e mais fundo ponetram a essencia da Natureza, desvendando ás nossas almas auciosas o transcendente mistério do seu destino.

Cantar os segredes das e9trel- las e das plantas, das pedras e das raizes, das urzes que a Pri- mavera eslrella de flor por esses montes, e das aguas vagabundas que soluçando vão, por entre as hervas sequiosas e rasteiras! Can- tar tudo o que vive, tudo o que soffre, tudo o que aspira e é humilde, pobres, descalços va- gabundos, creancinhas sem lar e andorinhas sem ninho, as la- grimas das abandonadas e 09 prantos das viuvas! Mas cantar com a fé de quem em tudo, até nas coisas mudas e inertes, sente palpitar essa irradiação de vida immortal que anima e transfigura o mundo, em torno de nós, quando a parte espiritual que em nós existe se liberta e as- cende, n'um grande sonho de

amor e de bondade! #

Pelo profundo sentimento do mistério e do amor, Gomes Leal, o estranho e commovido lirico das «Claridades do Sul» e da «Historia de Jesu9», revela-se, irrefragavelmente, um dos mais mobres profetas d'essa religião da Arte, que faz de cada verso uma oração eterna.

Espontânea, impetuosa, des- igual e confusa por vezes, como um poente de tempestade lis- trado de clarões de relâmpagos, a sua obra é sem duvida a d um altíssimo Poeta — ainda mesmo nas próprias incorrecções de

fórma dos seus versos, que em certos pontos, dir-se-ia gague- jarem, tal uma grande voz que de repente fosse emmudecer n'uma reticencia atónita.

A inspiração que vertigino- samente corre por todas essas paginas, lembra-me o vortilhão d'um rio immenso, que escachoan- do contra todos os obstáculos, arrastando na sua torrente en- novelada, arvores e flores, de- trictos, areias d'oiro e lodo, se precipitasse do alto d'uma mon- tanha, com reflexos d'estrellas e babugens de espuma, n'um tu- multo sonoroso e formidável, — como esse poema de gritos e prantos que se chama o «Anti- Christo», e ainda em certas es- trofes revoltas e frementes da

«Canalha» e do «Ilereje».

Por vezes, n'uma enseada, esse grande rio de súbito alastra e repousa, espelhando as azas das aves e as velas dos moinhos: e nas verdes sombras um mo- monto murmura, com harmonias calmas de regato, entre os sal- gueiros. E nognosso espirito pas- sam então, n'um ritmo claro e puríssimo de cântico ou bailada, esses versos d'uma mão Candida ternura de parabola, em que jdi- riam08 ouvir, redivivo e sublime, o eco d'aquellas suaves palavras do Rabbi falando junto ás cis- ternas, sob as palmeiras, ás creancinhas e aos mendigos, nas bíblicas tardes tranquillas da Galilea, a essa hora mística em que os cravos concebem, e os jasmins e em que «do azul sa-

grado parece que cáem lirios!» Além d'essa quasi evangélica Historia de Jesus que todas vós, senhoras, deveis dar a vossos filhos, para aprenderem a amar a Bondade e a Candura acima de todas as coisas, —bastariam as Claridades do Sul, para' que o nome de Gomes Leal fique assignalado entre os dos maiores poetas líricos do nosso tempo.

N'este livro amado dos vinte annos que por estes dias vai reapparecer n'uma segunda edi- ção, com algumas novas poesias ainda .inéditas), o bizarro tro- vador do sonho e do mistério que é Gomes Leal, affirmar-se magnificamente.

Certos d'esses versos, nunca mais se esquecem e ficam can- tando na nossa alma, com o ac- cento penetrante e nostálgico d'aquella Tília de Schuberí que recorda a toada do vento nas fo- lhagens d'outomno, e o ultimo canto dos pássaros que resam antes de dormir, ao cair da

noite.

Só uma intensa percepção de mistério da Natureza poderia, com effeito, ter inspirado tantos d'esses cânticos, em que, no en- cantamento imponderável das pai- sagens lunares, passam, tremen- do, soluços do vento nos arvo- redos e prantos d'aguas somnam- bulas, sob a longiqua pualha d'es- trellas do ceu nocturno—assim como n'aquella divisa Sinfonia Pastoral de Beethoven, o genial revelador dos segredos das coisas silenciosas.

JCSTCÍO DE MONTALVÃO.

Consultas medicas O Dr. Nuno Gusmão dá todos os dias, das 11 horas até ao meio dia, consultas gratis na pharma- cia Almeida, rua da Magdalena, 134, onde pôde ser chamado a bualquer hora.

Cabelleireira (Penteados nos domieilios)

Arco do Bandeira, 180,5.° D.

A 23 do corrente reapparece a «Arena», jornal destinado a as- sumptos tauromachicos, e do qual é director o sr. Santos Junior

(Santonillo).

Na rua de S. José, 152, acaba de abrir um armazém de azeite, propriedade dos srs. Antonio Mi- guel Vaz Junior & Irmão. O azei- te e vinho que ali se encontra são verdadeiras especialidades.

RETROZARIA ANCORA.— E' na elegante retrozaria da rua do Ouro, 260, que as senhoras da nossa sociedade, dão rendez-vous todas as tardes. Ao acreditado estabelecimento acaba de chegar as ultimas novidades para a pró- xima estação,

Aviso ás nossas gentis leitoras.

V L.' '-<■■■■ >- t.i. : > V. y * M t 9 'It fL Agradecimento

Luiz Augusto de Amorim, vem por este meio agradecer ao ex.™0 sr. dr. Carlos Garcia, a maneira carinhosa, affavel e desvelada com que esse distincto ornamen- to da classe medica cuidou de seu filho, o qual, atacado d'uma he- patite, esteve a braços com a mor- te.

Quem calcula bem os transes porque passa, nesses momentos angustiosos que parecem séculos, o coração d'um pae, imagina qual a alegria sentida ao ver que a innocente creatura se encontra- va de novo restituída á vida.

Após, a sua gratidão voltou se para o dr. Garcia, medico tão dis- tincto quanto despretencioso, que com todo o seu saber, toda a sua pertinácia, boa vontade, resolu- ção rapida, conseguiu o que se pôde denominar um verdadeiro milagre.

E se a sua modéstia se sentir melindrada por este reconheci- mento publico, seja relevado áquelle que não encontrou outro meio mais adequado de lhe ex- primir o seu profundo reconheci- mento.

Lisboa, 12 março, 1902.

Ai que forma tão galharda Como rege o Rigoletto

Taborda o mestre da guarda! Disse a D. Leonarda

Na loja do GATO PRETO. Rua da Victoria.

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da 8*000 Ditos 9*000 Ditos 10*000 Ditos 11*000 Ditos 12*000 Todas estas sedas são damas- sés e de primeira qualidade, e confrontadas com as que por ahi vendem, facilmente se reconhece a superioridade. Casa Africana 41, R. da Victoria, 47 R. Augur (a, 132 a 136 ■ w /\ Especialista em IP I !• "'oençasda boc- UI • "ijLíll ca e collocaç io de dentes arti- fleiaes por todos os preços e sys themas.

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Empresta-se sobre oiro e pra- ta Rua do Oiro, entrada pela rua da Victoria 94, 1.° andar.

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32—CHIADO—34

Carlos Lopes Medico-cirurgião Consultas das 9 ás 10 da manhã

e das 2 ás 5 da tarde Rua de S. José. 211, 1.° Centro de Publicações DE Arnaldo Soares Porto

Distribuição e venda perma- nente de todos os jornaes de.Lis boa. Das 10 horas da manhã ás 10 da noite na casa do largo do Car- mo, 60. Das 10 da noite ás 10 da manhã na casa da rua do Alma- da, 341.

Adelaide Sophia Ghaves Parteira effectiva do Hospital de

S. José, approvada com louvor pela Eschola Medico-Cirúrgica

de Lisboa.

Mudou a sua residência para a rua Anthero do Quental, 18, 3.°, ao Intendente. Telephone n.° IO Adelino de Gamboa Advogado Rua do Cruxifixo, n.°87.1.°D Vinhos de Gharnixe

Chamamos a attenção dos nos- sos leitores para o annuncio que na secção competente faz o sr. A. Belford fornecedor da Casa Real.

(2)

BIAKIO ILLIKTBADO

No

Parlamento

contos nos serviços llorestaes, porque deixa de inscrever os en- cargos d'esses serviços, que, to- davia, se continuam pagando, es- cripturando-08 por fora do orça- mento.

Conta como diminuição de des- peza a importância de 19 contos com o pessoal do Mercado Cen- tral de Productos Agrícolas, mas Na segunda parte do seu dia- ^ ^ confronto á verba curso o sr. Mello e Sousa analy- de ^ que de8Creve> em sou especialmente o orçamento j ^ para a despeza do mesm0 demonstraudo que as receitas es- mercado

(Sophisnias orçamentaes)

tavam exaggeradamente calcula-

das, contra as disposições do re- [ # #

gulamento de contabilidade pu- . _ _ , • - x i • « No Ministério da Fazenda blica, e em opposiçao á lei, e ate

ao bom 9enso.

dá como realisada a economia de 238

Assim, o" imposto do sello era ' contos com a diminuição da guar- calculado por verba superior á da fiscal, quando tal economia arrecadada no ultimo anuo eco- nâ° ez,8te- porf e 0 numer0 de

nomico: a contribuição indus- praças continuará por muito tem-

de bolsas, que não figura no orça- mento, porque três ministérios a dÍ8penderão, como entenderem, sem fiscalisação de especie algu- ma, sendo por esta receita que são pagos os celebres e nunca as- saz cantados commissarios. Para fora do orçamento sahe também a receita de 41 contos, rendimen- to das mattas, e agrícolas, para serem applicados como

aprouver.

ares. E assim continuaremos, em- quanto os que mais teem contri-

imposto, predial, tão querido pa- ra elle o anno passado, que não buido para a decadência do par- duvidou, pelas divergências que lamento continuarem a lamentar, se manifestaram ao discutil-o, abrir uma gravíssima scisão no partido regenerador. Como era, então, tão apegado a esse proje- por desfastio, essa decadência e

a cultivar com esmero e carinho os germens que a provocam e dia a dia a vão accentuando.

A decadência do parlamento é filha dilecta da decadência dos costumes políticos, que desceram em Portugal á ultima e definitiva lu . degradação. Restabeleça-se o im- meínoi - erio da honestidade, da sinceri-

I ade e da verdade; faça-se da nistros.

cto e agora o abandona descaroa- velmente? Que coherencia é es- ta? O que valem as convicções dos actuaes ministros?

O illustre deputado e opaiz in- teiro sabem muito bem o que va- lem as convicções dos actuaes mi-

quelle benemérito nos tribunaes judiciaes, uma vez que nos deem o direito de lhe contestar o papel de espectador, muito principal- mente se, com a sua presença, pretender incutir respeito ou me-

do a quem quer que seja.

De que não estamos em erro teve elle esmagadora prova na

trial, os emolumentos consulares, a contribuição de registo e o ren-

po quasi o mesmo, e aos ofiiciaes qne passam para o Ministério da dimento dos correios computados 1 Guerra n5° foram alli <=aIculad°f- em centos de contos mais do que Por a"Smento. 08 respectivos sol- dá o calculo da média dos últimos ^°8,

tres annos, conforme determina a ver^as lei. Finalmente até se faz resur-

gir a verba do subsidio pelos ren- dimentos dos conventos supprimi- dos, verba que desapparecera no anno ultimo, segundo dizia a no- ta respectiva n'esse orçamento «porque o § único do art. 2.° da lei de 29 de julho de 1899 não permittia que esses fundos tives- sem applicação diversa da que lhe é designada pela mencionada lei.» Pois, apesar de o não per- mittir, no orçamento actual revi- ve a verba pela somma de 60 contos, só para avolumar ficticia- mente as receitas.

A receita proveniente do im- posto de entrada sobre os cereaes figura pela quantia de 1:823 con- tos, quando todos sabem que o desenvolvimento da cultura do

variáveis que me- lhor se podem dispender sem ve- rificação, eram na guarda fiscal de 213 contos, e ficam sendo ago- ra para a mesma guarda, e para o corpo de fiscalisação de impos-

tos, de 306 contos.

Inscreve-se a verba do auditor para a inspecção geral dos bens nacionaes, mas, percorrendo o or- çamento, não se encoutra descri-

pto o pessoal d'essa inspecção.

No ministério da marinha para fazer face á quantia de 64 contos que esquecera descrever para pret e ração de 408 praças, redu- zem-s o as verbas de reparações de navios de 25 a 17 contos, quan- do já se haviam reduzido primei- trigo, no paiz, tem sido tal, que ramente Qe 42 C0,lt0S' e n0 pr°~ não houve necessidade de o im- P"° orçamento se pede auctori- portar este anno, e tudo leva a sa?5° Para aPPl,car 88 de8Pczas crer que o mesmo succeda no de reparações as sobras de outros capítulos. Para o mesmo fim re- que

anno proximo.

Estando, como realmente estão* decrescendo os rendimentos adua- neiros, ainda a commissão do or- çamento eleva o calculo da recei- ta d'esta origem em 285 contos. Serve-se além d'isso do rendi- mento dos direitos de mercê n'um trimestre, para o confrontar com outro trimestre do anno de 1900- 1901 e concluir por utn augmento de 50 contos na avaliação d'esta receita! Onde está determinado tão extravagante processo de cal- cular as receitas?!

duz-se de 12 a 6 contos a quantia para material e sobresalente para os navios armados, etc.

Para não avolumar as despezas o governo esquece até providen- cias que decretou em dictadura. Decretou pagar um bonus de 1£000 réis por pipa, na exporta- ção do vinho licoroso, mas não inscreve no orçamento a verba precisa para satisfazer este en- cargo, que não será inferior a 57 contos.

No ministério das obras publi- cas finge a redueção de 310 con- tos para estradas, mas pede au- ctorisação para realisar um em- préstimo de 1:600 contos para ap- plicar a estradas.

Figura uma economia de 40

No ministério do reino figura- se uma diminuição de despeza de 19 contos; para se chegar, porém, a esse extraordinário resultado conta-se, no confronto com as verbas do orçamento anterior, com a diminuição de 98 contos de despeza extraordinária, que só alli tinha sido descripta para ha- bilitar o hospital de S. José a pa- gar á Caixa Geral de Depósitos uma antiga divida.

A verdade é que o augmento de despeza no ministério do reino proveniente das reformas foi de

Feitas as correcções da verba de estradas, de serviços flores- taes, da guarda fiscal, que só a fingir são economias,

augmento feito no ministério da guerra pela commissão, e pondo de parte a redueção de 64 contos na marinha, que é inexequível, o augmento da despeza será de 1:105 contos, resultante das fa- mosas reformas.

Diminuída a valorisação de re- ceita em confronto com o orça- mento anterior, ou sejam 1643 contos, abatidos os direitos dos cereaes, o falso augmento nos direitos de importação e de mer- cê, e computado o recurso ao em- préstimo na somma de 1:600 con- tos para estradas, e eliminando também a fingida diminuição de encargos com a guarda fiscal, o desequilíbrio orçamental seria de 6:719 contos.

Ficaríamos assim com um or- çamento egual ao anterior.

Mas, se n'esta base, a divida fluctuante augmentou só n'um an- no 9:705 contos, não será exag- gero calcular que o mesmo dese- quilíbrio se manterá, accrescidas como 9ão as despezas com os en- cargos de novos empréstimos, e d'este modo o deficit não será in- ferior a 15:000 contos!

Estes são, a traços largos, os pontos capitaes da argumentação do sr. Mello e Sousa, que desen- volveu e apoiou no testemunho insuspeito e minucioso dos alga- rismos todas as suas aifirmações. Ficou bem demonstrada a si- tuação tristíssima em que o paiz se encontra, levado pela mão de um chefe de governo que na op- posição condemnou solemnemente todos os erros, desvarios e crimes em que posteriormente tem rein- cicido, sem escrúpulos

politica a preoccupacão honrada e leal pelo bem publico, em vez de a prostituir infamemente ao egoísmo dos interesses pessoaes desaforados; penitenciem-se por | uma vez os politicantes sem cons- ciência c sem caracter, lavem-se «n *111 11emfim com sabão e potassa as ca- contado o vallariças de Augias,-e a politi- ca levantar-8C-ha de per si, e com ella o parlamento, a administra- ção e tudo mais.

Em resumo: joeirem-se com ri- gor 09 caracteres, que logo sè tornará inútil o tartufismo de pe-

E' ver o sr. Hintze Ribeiro: expulsa do parlamento e monteia como a lobos damnados o sr. João Franco e os deputados que o se- guiram, por terem achado mau esse projecto da contribuição pre- dial e elle proprio aclia-o tão bom que o retira e abandona para to- do o sempre. O sr. Hintze Ribei- ro, procedendo assim, e transfor- mando o seu partido n'um al- albergue indecoroso de todas as sofFreguidÕes e de todos os alei- jões morae8 da politica portugue- za, deu a justa medida das suas neirar as palavras e os gestos. convicções.

Está definido e está julgado.

Uoçambique

Foi hontem recebido no minis- tério da marinha o seguinte agra- dável telegramma:

Moçambique, 19 de março, ás i 1 b. da m.

Foram libertados 725 escravos; 12 pangaios negreiros, aprisiona- dos. Ainda não se fez um tiro. O S. Raphael entrou no porto de Simuco, pilotando navios da di- visão naval; por magnifico, até agora só explorado por negreiros. Conservar navios em Simuco até completar aprisionamento negrei- |

ros.

(a) Almeida Lima.

O orgão do governo, referindo- se ao lÍ8ongeiro acontecimento, que muito honra o zelo e energia dos nossos ofiiciaes, chama-lhe em parangona Victoria das armas portuguezas.

Como o proprio telegramma consigna que não se fez um só tiro} concluímos que a victoria das ar- mas é uma innocente figura de rhetoriea, de que o sr. Hintze Ri- beiro não deixará de tomar a res- ponsabilidade inteira, completa e precípua.

Ficam lhe muito bem esses sen- timentos.

E digam lá que a Tarde não está patarouca de todo!

No seu numero de hontem apre- senta como companheiro de Ro- berto Ivens na travessia d'Africa o sr. Guilherme Capello!

Em questões ultramarinas e de marinha orça pela força do sr. Soisa dos tres estados (solido nos tabacos, liquido na marinha e ga- zoso em Vidago).

—♦

Oliveira do Hos-

pital

blica e que ás suas sempre res- peitadas qualidades de homem e de funccionario, exclusivamente a

ellas, deve o que é.

Attentem os srs. dr. Alfredo Brandão e o seu primeiro cabo de guerra, Luiz Portugal, ao que ul- timamente se tem passado n'este concelho, digno de bem melhor sentença que ouviu ler e a que , sorte, acabem com a politica de já acima nos referimos.

Esse veridictum, que

i encruzilhada, que aqui introduzi- assenta ram certos meliantes, varram d'el- ?ue

ei, applica-! le para fóra a immundicie que o veis ao caso, e que denota, por impesta e terão o applauso de to- parte de quem o firmou, austero da a gente séria e, da parte dos desempenho dos melindrosos de- I franquistas, tenaz e persistente veres inherentes ao alto cargo, opposição, é certo, mas sempre que exerce, veio também demons modelada na correcção e lealdade trar evidentemente, que o magis- [ de que alguns d'estes lhe teem trado superior da comarca de dado inequívocas provas.

Oliveira do Hospital não está no Cumprida assim a nossa pro- bolso de certos maltrapilhos, que, messa, ficaremos hoje por aqui, sem pudor algum, sem a mais li- pedindo desculpa do azedume, geira noção do que é o espinhoso que nos invade, ao termos que fa- carco de julgador e aquilatando lar das scenas de Oliveira do Hos-

a i

DIA

A D!A

O incidente

Toda a imprensa de Lisboa ■■■■■■■ occupando-se do incidente parla- mentar de terça-feira, na camara dos deputados, e a grande maio- ria dos jornaes refere-se ao nosso 126:421 £000 réis, não contando a amigo sr. Mello e Sousa em ter- de in9trucção primaria que tem mos

fundo especial. Só a despeza com o Curso Superior de Lettras, que era de 8:922£000 réis, soffreu um augmento de 3:976£000 réis para servir os afilhados. Foi inscripto um 9ub9Ídio para Alijó por sim-

ples despacho ministerial.

de consideração e cortezia,

Orçamento

O sr. dr. Arthur Montenegro, que, apezar de muito novo, é já hoje uma das mais brilhantes e prestigiosas -figuras parlamenta-

res do partido progressista, con- cluiu hontem, escutado respeito- samente por toda a camara, o seu

10-3—902.

Lembram-se decerto os leitores da saloia esperteza do adminis- trador d'este concelho, por virtu- de da qual tratava afastar da ur- na, na ultima eleição de deputa- dos, extraordinário numero de franquistas, nomeando-os cabos de policia e obrigando-09, no dia da eleição, a fazer serviço longe da assembléa, onde poderiam exercer 09 seus direitos políti- cos.

Era esta a medida de salvação a que o charlatão por vezes se referia e que, envolvida nos mais ridículos mystcrios, apresentava como o mais fundo golpe de mi- sericórdia que poderia dar-se nos seus adversários e que os dei- xaria irremediavelmente perdi- dos!!

Que susto, oh mana!...

Também se recordam ainda, os que se interessam pelas coisas po- liticas d'este concelho, de que foi notável discurso sobre o orça- Penalva d'Alva a primeira fregue-

Creou-se a receita do imposto

mento.

A inanidade da gerencia do sr. Mattoso, que aqui temos posto em relevo em successivos artigos, te- ve no discurso do sr. Montene- gro uma nova e irrefutável de- monstração. Mais uma vez ficou provada, com números e factos, a sem-ceremonia com que esse mi- nistro, qde seria grotesco se não fosse funesto, deixou esbanjar á larga os seus collegas, collaborou amplamente nos esbanjamentos e depois de tudo isto não apresen- ta uma única proposta fazenda- ria... que não traga diminuição de receita! Parece mentira, como os liespanhoes; mas é a que muito gostosamente agrade-

cemos.

Como era natural, o incidente dizem

serviu também de ponto de par- verdade puríssima. E' tão verda- tida para commentarios genéricos de como é certo estar este malfa- acerca do prestigio ou despres- dado paiz sendo governado, nas tigio das instituições parlamen- circumstancia9 afíiictivas em que tares. se encontra, pela mais crassa in-

Esta questão do prestigio do capacidade,

parlamento tem sido sufficiente- O sr. dr. Montenegro disse com mente ventilada nos últimos tem- razão que o governo abandonou fios, sem que no emtanto se tenha por completo a questão de fazen- ucrado, com toda essa ventila- da. Abandonou-a, a ponto de nem ção, uma salutar mudança de i sequer renovar a iniciativa do

zia, em que tentou por-se em pra- tica tão genial idéa, sendo por este facto envolvido em processo crime o respectivo regedor, que, afiual, se encontrou, sob a acção da justiça, completamente aban- donado por aquelles que, em calão de caserna, com cara pati- bular e bem alimentados, á custa alheia, teem por habito arrotar avinhadas fanfarronadas e pior divisa a cobardia com que se es- condem atraz dos inconscientes auctores dos mais vis e traiçoeiros feitos!

Pois, este processo teve, ha dias por epilogo a condemnaeão dò referido regedor em 50£000 réis de multa, na suspensão de direitos políticos por 4 annos e nos 8ello8 e custas respectivos, assistindo ao julgamento o admi- nistrador d'este concelho, acoli- tado por esse enxame de fiscaes do sello, ou que são, que para ahi vão roendo os magros vinténs com que o Zé pagante é obrigado a entrar nos cofres do Estado.

gnidade dos outros pela sua, espalharam por todo este conce- lho, que o juiz lhes estava nas mãos e que d'elle dispunham ab- solutamente para tudo quanto po- desse aproveitar aos ruins, bai- xos e sujos fins a que miram!

A tal ponto havia chegado o impudor de taes sucios} que fre- quentemente se negociavam por aqui notas, offerecendo-se em tro- ca as resoluções a tomar pelo po- der judicial, as quaes seriam como mais conviesse aos eleitores, se estes se chegassem ao rego!!!

A este repugnante facto se re- feriu4 verdadeira e justamente magoado e não menos indignado, o magistrado superior d'esta co- marca, por occasião e no decurso do julgamento do regedor de Pe- nalva.

E, se não fora isso, não falaría- mos agora d'elle, seguindo assim o exemplar procedimento dos franquistas d'este concelho, que, embora prejudicados, politicamen- te, com tão torpe mascambilha, se abstiveram sempre de a tornar conhecida do magistrado em ques- tão.

Propalam agora os postilhões de recados cá da terra, que, se o regedor de Penalva d'Alva foi infeliz, egual sorte espera o se- cretario da camara d'este conce- lho, que brevemente vae ser jul-

gado.

Não sabemos se terá ou não de sentar-se no banco dos reus este distincto, honrado e digníssimo funccionario.

Aguardamos serenamente, quan- to ao processo que contra elle se instaurou, o veridictum do tribu- nal superior a que se acha afte- to.

No emtanto, sendo este proces- so accentuadamente politico, e sem uma única disposição de lei em que se fórma, parece-nos que o digno juiz d'esta comarca, que se não presta a cobrir com a sua toga a villanagem que d'elle pre- tendia fazer arma politica, não transformará a penna do magis- trado integro no punhal com que os abocannadores da reputação alheia pretendem ferir um dos empregados mais distinctos que o concelho d'Oliveira do Hospital tem destacado para a vida pu-

scenas de Oliveira do Hos- pital, nos últimos tempos, embora não nos achemos matriculados em qualquer dos grupos políticos, que n'ellas teem figurado, uns como algozes e outros como victi-

mas.

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tiO —Folhetim do Diário lllustrado—13-3-902

DANIEL LESUEUR

ODIO DE AMOR

XIV

Provas do crime

Roberto parou novamente junto da exeavação, medindo com o olhar aquelle sdto audaciosa, que elle nâo se atre- via a dar Mais impressionado ficava, quando dispersan- do-se as verduras, despiam o rochedo.

«Uma mulher...» pensou elle «Que ousadia! Effecti- vamente só as mulheres podem ter t&o insensatas resolu- ções ...»

Distinguiu na outra margem o sitio onle ellaíirmáraos pés. 0 magro arbusto, nascido n'uma fenda, a que elle devia tei^se agarrado para não cahir no vacuo...

N'aquelle momento a brisa fez estremecer o arbusto que Roberto examinava. As folhas voaram. Descobriu-se um novo pedaço de rocha. E alli, n'aquelJa superfície arida..? .

0 homem curvou-se mais. Não era uma quebra do ro- chedo que tinha tão alvar brilho... Parecia uma pequena medalha de prata, ou fragmento de porcelana. Olhou em ào, com a longitude não poude perceber que era aquelle T- musculo objecto que lhe prendera a attenção.

«Ora!» disse elle de si para si, «é uma pedrinha chata sem importância. Em todo o caso vou pelo oatro lado afim da examinar de perto...

Voltou para traz, quasi decidido a ir para o palacio. Mas depois sentiu o remorso.

«Não devo poupar cousa alguma», pensou elle.

Voltou pois ao Salão das Fadas e tomou o caminho que subia mais directamente. Depois orientou-se e dirigiu-se para o lado, por onde o assassino, na sua fuga, alcançara o plato. Teve que descer um pouco para ir ter á margem opposta áquelle em que estivera momentos antes-

Gomo o ponto de vista era differente, custou-lhe a en- contrar o arbusto.

Depois de encontral-o ainda procurou bastante entre as irregularidades da rocha, o Ínfimo objecto que lhe pren- dera a attenção. 0 raio de sol que momentos antes batia de chapa n'aquelle objecto, illiminára-se. Nada brilhava n'aquella superfície de pedra cinzenta.

Dalgrand ia a renunciar á busca quando subitamente o olhar se fixou no que lbe parecera uma pedrinha sem va- lor. Apanhou o objecto, pol-o na palma da mão e vol- tou-o... E subitamente com a rapidez do relâmpago, o verdadeiro vulto daquelle objecto lhe passou pelo cére- bro.

Era a miniatura que elle vira encaixilhada no annel de Sabina... a miniatura despedaçada por uma pancada vio- lenta... aquella miniaiura em que ella tão perturbada- mente fallára e cuja desapparição explicava por uma his-

toria falsa.

Fóra pois ao transpor aquella aspereza da rocha que ella a quebrára!... b tudo fóra passado entre a estada em Dinant e o dia em que se tinham eucontrado ã cabeceira do enfermo...

Mais ainda... 0 sitio em que se encontrava a minia-

tura, era o mesmo onde o assassino devia ter cahido... junto do arbusto a que se devia ter agarrado.

Até alli não tinha podido subjugar Sabina nem fazer ver a Vicente o que ella era Agora que tinha uma prova podia confundir a sr.# Marsan. Sentou se n'uma pedra e contemplou por mais tempo aquelle fragmento de uma joia, aquella pintura microscópica que ia servir de arma terrível. Sentia em si uma especie de orgulho. Saboreava ao mesmo tempo a embriaguez e horror do seu papel.

Roberto foi surprehendido na sua meditação pelas som- bras nocturnas. Levantou-se e depois de pensar onde de- via metter a miniatura para não a quebrar, perder ou mos- trar involuntariamente, resolvem mettel-a entre o vidro e o mostrador do relogio.

No palacio, esperavam por elle cora impaciência. Como Roberto ia alli todos 03 dias, lembrou-se que teria succe- dido algum desastre.

—Ora até que emfim! disse Vicente ao vel-o. Não faltas dia nenhum, o que, para um bomem occupado como tu, é o maior sacrifício de affeição, é a dedicação «extra su- Kerior»! Meu caro Roberto! Já estou curado. Só falta uma ala do outro lado para ter o prazer de os ver ambos sem- pre ao pé de mim!

No fim d'esta tirada, beijou a mão de Sabina.

—E' verdade que agora vou ser mais desejado. Tenho mais affazeres e não poderei cá vir...

—Mas ficas até ámanbá de manhã? perguntou Vicente. —De certo.

E Roberto accrescentou:

—Não vaes tão cedo para Paris nem a sr.a Marsan? —Antes do Natal talvez nao.

—Mas nota que ainda não estás capaz de andar á caça. —Não é a caça que me detem. W uma formalidade que te anunciaremos, porque presisaremos de ti.

Sorria. Sabina voltou o rosto córando.

Dalgrand comprehendeu eatão que o casamento devia realisar se em Villenoise.

«Gomo poderei eu encontrar-me a sós com esta mulher sem despertar a attenção de Vicente? dizia comsigo Ro- berto.

Antes de findo o jantar, achou um pretexto.

Tinham fallado em pintura. Roberto mostrára desejos de ver os trabalhos da sr.# Marsan. Esta convidára o a vi- sitar o seu atelier da rua da Pompe.

Mas Vicente exclamára:

—Seria melhor mostrar primeiro a Roberto, o quadro que aqui pintou. Nunca a vi tão inspirada. Gostava que elle visse essa paizagem.

—Pois se quizer, disse Sabina, isso é fácil. Antes de ir para o comboio, vae alli ao meu chalet. E' questão de hora e meia.

—Roberto p°nsou logo n'isso para o dia immediato. Uma hora e meia era até demais.

Sabina nâo se mostrou comtudo apressada; desconfiava

de Roberto. . ;

—Bem, decidam lá isso, porque Roberto não volta tal- vez tão cedo.

Sabina levada á parede, decla,rou-se vencida. Sahiriam ás oito horas da manhã e Roberto tinha tempo de chegar ao comboio das dez e quinze. A' tarde, Vicente iria bus- ca-la na victoria. •,

Tomada a resolução, retiraramvse para 03 seus quartos. Roberto não dormiu Receiva que gorasse da parte de Sa- bina o plano combinado. Ella adivinhára lbe o desejo. Se não fallasse com ella no dia segi^inte, tinham que retirar- se sem lhe poder dizer cousa alguma, por causa da pre- sença de Vicente. 7

(3)

DIÁRIO IULUSTRADO

Informações MISCELLANEA

o sr. ministro da Inglaterra.

Deu despacho aos directores jeraes. Recebeu uma commissao le Montemor-o-Novo, e mandou voltar hoje ao ministério uma commissào de manipuladores de tabacos, A qual nao pôde hontcm falar.

—O sr. ministro da marinha deu despacho aos directores ge- raes.

—Reúne hoje a junta de saúde do ultramar.

—Inataliou-se hontem a com- missão dos serviços geologicos, presidida pelo sr. engenheiro Ne- ry Delgado, que deve reunir bre- vemente, a fim de iniciar os seus trabalhos.

—Reuniu hontem o Supremo Tribunal Administrativo, presi- dido pelo sr. conselheiro Cau da Costa.

—O «Diário» publica hoje um !

Na manhã seguinte diz-lhe: —Admira-me que tenhas esse vicio. Eu que te julgava tão com- medido. Entrares n'uma taber-

na!

O sr. conselheiro Mattoso dos Gordon Gumming, tenente-co- —Ai, senhor! replica o rapaz. Santos conferenciou hontem com ronel da guarda escocoza, tendo E que admiração não seria a sua

de rendimento cinco contos an- se me visse sahir!... nuaes, é actualmente réo d'um

Seraes. Recebeu uma commissão crime que se chama... trapacear e Montemor-o-Novo. o mandou ao jogo!

È o peor é que o facto teve lo gar n uma casa particular.

A' noite jogava-se o «bacca- rat» e «sir» Gordon despertou suspeitas. Assim formou-se um plano para o observar no dia se- guinte, compondo-se o tribunal de duas senhoras e três «gentle- men», sendo um d'estes official do regimento a que o supposto culpado pertencia.

A conclusão foi confirmareip-se as suspeitas, resolvendo nomear- se um paisano e um militar de categoria elevada para falarem ao tenente-coronel.

Este respondeu indignadíssimo contra a accusação, e depois de se discutir muito,resolvou-se que elle assign asse um documento pe- aviso declarando infeccionado de lo qual se compromettia a não peste bubonica o porto de Porto- tornar mais a jogar, dando os ou- Alegre (Rio Grande do Sul) a tros a sua palavra em que esquc- partir de 1 de fevereiro ulti- ceriam o assumpto,

uio. Decorreram uns quantos mezcs, —Realisa-se hoje no Paço das mas por fim o segredo transpirou, Necessidades a assignatura re- e o militar, não se contendo, ins- gia. taurou um processo de diffama- —Hontem, pelas 2 horas da tar- çao contra o tal tribunal secreto de, foram recebidos por Sua Ma- inquisitorial,

gestade a Rainha D. Maria Pia Os processados teem a defen os deputados srs. A. Rodrigues del-os o primeiro advogado de Ribeiro, Guilherme Santa Rita, Londres.

Theotonio Belard da Fonseca e Pelo seu lado a officialidade do Augusto Ricca, que solicitaram de regimento não pôde ficar silen- Sua Magestade um donativo para ciosa, porque o regulamento diz as classes trabalhadoras do dis- que quando houver a menor du- tricto de Santarém, que se encon- vida contra a honra d'um official, tram na miséria em consequência este tem de o declarar aos seus da enorme cheia do Tejo. superiores, coisa que se não fez. Sua Magestade dignou-se con- E assim foi resolvido que otenen- versar algum tempo com os depu- te-coronel se demitta.

tados, interessando-9e pelos in- felizes trabalhadores, promecten-

do a sua valiosíssima protecção a Um correio do ministério da L„ , tavor do districto, mandando abo- guerra ha dias, em janeiro, rece- cão. Escrivão, Cunha,

nar pelo cofre dos inundados uma bcu ordem de levar uma carta a Foi confirmada ajseutença ap- 1 Versailles. No caminho encontrou pollada.

um automóvel. O animal dá um —Rara a sessão de 19 do cor- galão formidável,o cavalleiro des- rente foi desiguada parajulga- montado cabe e morre iustanta- mento a seguinte appedlaçao com- _ ncamente. A família do morto in- mercial:

(tup tontrt .io erreno tenta um processo por perdas e João Theotonio de Sousa Tei- ^ ram au8meu ar as damnos ao proprietário do auto- xeira com Francisco Eusébio Pi-

Theatres

—No registo theatral:

Em 1895 morre o actor Trin- dade.

Uma dama distincta, mas que pretende occultar o seu nome co- mo se nós não o imaginássemos já, envia-nos a seguinte adivi-

nhação:

<Te suis le capitainc de 25 sans moi Paris scrait pris.

Agradecendo a honra de tão gentil eollaboração que espera- mos se renovará, ámanhã publi- caremos a engenhosa explicação e bem assim os nomes das pes- soas que, porventura, a decifra- rem.

4,

REGO & OLIVEIRA—Estes dois sympathicos rapazes, muito conhecidos e estimados no com- mercio, antigos empregados do Armazém do Povo, no Rocio, aca- bam de se constituir em socieda- de c abriram na rua da Palma, 151 e 156, um elegante estabele- cimento que denominaram Arma- zém Popular.

Descjamos-lhes mil prosperida- des.

4,

Tribunal da Relação

Na sessão de hontem, a que presidiu o sr. conselheiro Firmi- no João Lopes, foram distribuí- dos 10 processos, sendo 1 appel- lação eivei, 3 commcrciaes, e 2 crimes e 4 aggravos.

—Foi julgada a seguinte ap- pellnção commercial:

Moysés Bento de Faro, com o administrador da massa fallida de Ray mundo Maldonado Pires c credores finaes.:

Relator, conselheiro Poças Fal-

quantia avultada.

Mont'Estoril

bellezas d aquella estancia, de- move] '

vido á gentil cedencia da nobre res.

e « j c i E reunido o tribunal ultima- Relator, dr. Azevedo. Escrivão, Í2S?Si aformosea- achou que a causa não ti_ Garcia Di'niz.

oãft hnlnPAr na oonÁin?.™ «r™ * i ulia rasao de seri porque os ca- —Perante a presidência da re- dem de dia'nara dia vallos de Paris já deviam estar lação, prestaram hontem juramen-

u«..i t • 1 ii- costumados aos automóveis. to, por promoção, os srs. José de 3 a"en" Amorim Vaz do Carvalho, 2." su- 09 8eUS Pr°jeC" l bslituto do juiz de direito da co- de Santarém e Antonio ira Guerra, 4.° subs- e .... (1694-1778) que lhe cortaria d« Foitalegre, e José Au- ha no mundo' as orcll»as, este enviou a seguiu- gusto Gavião Feliz, 2." de Ser-

Expulsando a mais doce do to- . * carU ao duque de Choiscul Pa- ^ das as harmonias pelas suaB ele- l1' , 1 ... ~ •

gantes janellas quando o genial "A Pompignan affei- artista toca, fica-se, comtudo, cm Çoou-se em aemasia As minhas duvida se é melhor a inspiração ' welhas. Um dos irmãos esfola- de Key Collaeo, se a inspiração m as 1,3 ;'° an,nos •« dispoe- de Raul Lino,-o artista que com se a «"tar-m as. Livre-me do cs-

Delineada por elle, a casa de .'Pendo-0 "mão do presidente marca dej

XEMST SKÍ! S SKK5 ! Sw musica

No D. Amelia

Sarau promovido pelos rapa- zes.

Alegria em barda.

o ^eu°"tale'nto sup"riTdelineou [ pa^chim, que eu me encarrego .A «tuna» da Eschola Polytech- boceta tão diena de tal musi- do esfolador. Necessito d ellas pa- nica tocou magistralmente vanos co ' ra ouvir as maravilhas que a fa- trechos musicaes.

ma publica d'aqucllc a quem me A peça burlesca «Aventuras na estou dirigindo». Corte», original de Antonio Car- neiro, recebeu uma longa ovação, e tanto mais que tem pilhas de

♦ graça, desempenhando com muita A «coquette» é uma machina ar- graça o seu papel Ressano Gar- í tificial movediça, cheia de pó d1 ar- cia.*

Será denominada Cai Agua.1 roz'de c6r< de ?#"«JS> de fila8> de no sitio junto a este pequeno rio I T ™ 6

e perto da quinta-uma encanta- da " rtilho que lhe faz uma "" — bonita cintura que a tarde desap- parece,com olhos falantes, bocca que não se abre senão para mostrar uns ossinhos de marfim, que se col- locam de manhã e â noite são jíos- Segundo se fala entre os fre-

quentadores da linha dc Cascaes, vae ella brevemente ser enrique-

cida com mais uma estação. Cai

dora e microscópica granja, sem

□ada lhe faltar—que alli está es- tabelecendo a sr." condessa d'E- dla.

Será uma bella idéa da Com- anhia Real

E.. São da...

duas horas da madruga-

As declarações dc Billow

erro, pois é ao

Os joruaes austríacos julgam .«v.- . , .. que o chanceller allemão conde dos Caminhos dc ^ ^ou acertad amente o mesmo tempo um Cabello postiço^ c botas (om saltos. fazcn(j0 n0 reiehstao as saas re- bello expediente para ligar, com e &andolUr?da/' fica C°m

mais brevidade, Parede com ò Es- um 1"arto d a,tura' toril, visto a projectada estação

estar a meia distancia d'estes sí-

tios. O amo vê. o crendo n'uma ta Mister Gold. berna.

dchstag

centes declarações, com as quaes tirou todo o pretexto e descon- fiança intcrnacionaes, traiaquilli- sando a opinião quanto á possibi- : lidade de novas expedições para 1 o ultramar.

Quando logo, á noite, na Trin- dade, lhes pedirem por um cama- rote lOhOUO e por uma cadeira 3&000, talvez sintam uns momen- tos d'hesitação, mas ao olharem para o cartaz e virem em lettras gordas que é a festa ldo José Pi- cardo, faz-se balanço a todas as algibeiras, tira se o anncl do dedo ou a corrente e leva-se à institui- ção nacional—o prego, só para ter o prazer de dar cm sua honra uma boa porção de palmas, d1 essas que fazem um sujeito mais vermelho do que todas as cerejas que durante uma semana podem apparecer na Praça da Figueira.

E é dinheiro que não mais se chora, seja qual for o valor da pe- ça (pie se represente, a qual nos dizem ser engraçadissima e se de- nomina a Aposta de Floriano.

E' porque José Ricardo repre- senta a quinta essência da graça porlugucza, toda natural, eorren- tid, sem ficelles, n'uma exposição clara, porque poucos dizem com tanta propriedade e raros como elle. estudam um papel.

Acreditamos mesmo que José Ri- cardo ignora ainda em muito o seu alto valor.

Os que suppòem que. elle faz um estudo aturado dos personagens que interpreta, ep ganam-se, é es- p on tan to.

A sua actividade, assombrosa, actor dos primeiros, ensaiador, quando elle quer, dos mais distin- ct os, grau gearam-lhe de ha muito a consideração c a admiração de

tantos.

. E comtudo é elle o supplicio de dois artistas na Trindade: o Au- gusto e o Queiroz.

Emquanto estes, uma hora an- tes de principiar o cspectaculs já estão caracterisados, o José minu- tos quasi depois d'elle principiar ainda anda cá fora, no camaro- teiro, no salão, conversando com um amigo, rindo para aquella, sor- rindo a esta, tentando o proprio Satanaz...

Calculc-se o que seria este artis-. ta se, por aeaso, vão tivesse nasci- do cm Portugal, onde quasi é pre- ciso dar ao publico uma peça por quinzena...

E mesmo assim, com justiça, olhem que% lhe chamam o Grande

Actor.

liConilde A em- preza do Coliseo dos Recreios acaba de fechar contracto, para fazer parte da companhia de ope- ra que alli se estreia a 29 do cor- rente, com esta illustre soprano dramático, um dos mais notáveis da actualidade, e irmã da distin- cta cantora Adalgisa Gabbi, que tão bom nomé deixou, ha annos, eutre os «dilettanti» de S. Car- los.

Leonilde acaba de alcançar um êxito enorme, em Milão, cantando a parte de protogonista da «Ai- da», e os jornaes H'alli, aprecian- do esse trabalho, julgam-n'o Ião perfeito quanto completo.

o tenor Cartlca—A em- preza do Coliseo dos Recreios, em vista do enorme êxito que es- te notável artista acaba de al- cançar no Ileal, dc Madrid, can- tando a «Aida» e os «lluguenot- tes», resolveu, immediatamente, offerecer-1 he. contracto, que o il- lustre artista acceitou. E' este um brilhante elemento, a juntar aos outros que figuram na companhia que alli se estreia a 29 do cor- rente.

Apezar dos enormes encargos que traz, sempre, a orgauisaçào d'uma companhia de primeira or- dem, como esta, sabemos que os preços dos logarcs no Coliseo dos Recreios serão os mesmos da transacta temporada lyrica, o que ó caso para felicitar o publico.

—No Ilio de Janeiro estreia-se brevemente a companhia Tom-

ba.

—Foi a Petrópolis dar alguns espectáculos a companhia Cinira Polonio.

¥

&. Carloh—Hoje canta-se a opera «Ilero e Leandro», em 47." recita de assignatura.

—Terminam na semana próxima os espectáculos de assignatura no

theatro de S. Carlos.

Por C9ta razão, e conforme as epoclia8 anteriores, a recita de gala do dia 21 do corrente, anui

versario natalício de Sua Alteza o Principe Real, realisar-se-ba cm espectáculo extraordinário, tendo a preferencia até ao dia 15 do corrente os srs. assiguantes das recitas impares c até ao dia 17 os das pares.

D. Amelia—Tres noites a seguir em que veremos reunidas na elegante sala do D. Amelia as famílias mais distinctas da nossa sociedade.

Iloje assistindo á primorosa re- resentacão da peça o «Amigo 'ritz»; amanhã porque é a festa artística do actor Augusto Rosa com a peça «Sociedade onde a gente se aborrece», em «premie- re» n esta epocha, e no sabbado porque só annuncia uma grande novidade: a primeira em Lisboa da notável peça deBrieux, «Blan- chette».

CyniiiUNio —Mais uma noite de applausos á engraçadissima comedia «Historia de um crime», que, para mais, ainda vae acom- panhada da brilhante comedia

«Por Santa Barbara!»

Principe Heal — Ainda hontem á noite deu uma enchente completa a este theatro a revista de Baptista Diniz, «A' procura do badalo!»

Eram 7 horas da ncrite já se lia por sobre a bilheteira o «pla- card»: «Não ha bilhetes na ca- sa».

Aveisãcln—Hoje o «Tição Negro», a famosa peça, cheia da boa graça portugueza, ornada dc inspirada musica, c com optirno desempenho, em que tantos ap- plausos recebe n todos os inter- jrctes, tendo a insigne actriz \ilmyra Bastos, no delicioso pa- pel da «Padeirinha Cecilia», um dos seus mais brilhantes papeis. E' a ultima semana de repre- sentações, antes da partida da

companhia para o Porto.

—No reportorio da compunhia Taveira, que se estreia na próxi- ma terça feira, figuram, além dc outras, duas peças novas para o

As festas de Maio I

Madrid prepara-se para se tor- nar n'aquelle mez o ponto de re- união dos forasteiros.

E assim o município creará uma agencia de hospedagens, subvencionada por elle, com 1:200£000 réis, 2 contos para o concurso hippieo e 2:600£000 pa- ra as corridas;

Fogos d'artificio, para o que se destina a quantia de 3:200£000 réis;

Feira no parque de Madrid; Illuminações;

Prémios de 1 conto, G00£000 rs. e 400£000 ás tres ruas mais bem decoradas; aos tres edifícios me- lhor enfeitados, 200£000,100£000, e 50£000; a grupos de janellas, 100£000, 50£000 c 30£000; aos tres edifícios illuminados com ar- te, quantias idênticas ás anterio- res;

Concursos photographicos com medalhas d'oiro, prata e bronze, de cães de gado e de carruagens atreladas;

Inauguração de estatuas a Lo- pe de Vega, Goya, Bravo Muril- lo, Arguelles e Quevedo.

Na praça do Conde Duque ius- tallar-se-na um pharol monumen- tal.

«

ublico da capital: «João das Ve- . . jflp, -igfr ' ' jjp do Schwalbach e D. João da Ca- R has», operetta original de Eduar-

mara, e a «Bola de Neve», tra- ducção de Acácio Antunes, e am- bas com musica original do maes- tro Nicoliuo Milano.

Chalet do Uafo—A ein- preza Alves & Chaga9 dá hoje o seu primeiro beneficio vendido avulso, razão porque interrompe a carreira da revista «Fóra dos eixos».

VINHO VERDE—E' uma ver- dadeira especialidade o vinho que se encontra no acreditado Armazém do Caçador, na rua da Palma, 126.

Academia dos Amadores

dc Musica Foi magnifico o concerto d'hon- tem, realisado por esta institui- ção musical, no salão do Real Conservatório.

O tenor Clement obteve um succcsso no «Si j'étais jardiuicr», de Chaminade, e «II primo arno- re», de Widor.

Henrique Sauviuet, o distincto «virtuose», fez se applaudir en- thusiasticapiente na «Meditation» da opera «Thais», de Massenet, que executou ao violino, com acompanhamento da orchestra.

A orchestra, sob a hábil direc- ção de Goni, interpretou muito bem a conhecida, mas sempre en- cantadora «suite» das «Scènes pittoresques», de Massenet.

Publicações

Recebemos:

O Milagre cio Amor.—O sr. Alcantara Correia, e não é el- le um novo nas lettras, porque já publicou duas obras em verso— Livro d'Alma e Doida Juventu- de—, preparando para breve pe- ríodo uns sonetos Edificando e o romance 1 "ida Eterna, deu agora a lume um dialogo em verso, que foi recitado por dois distinctissi- mos litteratos portuenses os srs. Pedro Bandeira e Raul Caldevilla na «matinée» que em 23 de feve- reiro ultimo se effectuou uo Athe- neu Commercial d'aquella cida-

de.

São uns trechos sentidos por onde perpassa a alma d'um poeta, escriptos d'um folego vê-se, mas onde ha muita inspiração e o que é mais, pertence ao grupo dos poucos que se põem de lado, para os ler de vez em quando.

Delator!o e contas da As- sociação de beneficência da fre- guezia da Encarnação. E' digna dc todo o auxilio, visto que a sua gerência applica as esmolas com o máximo escrúpulo.

Blolelim Commercial e Slariltmo. janeiro a novem- bro de 1901.

dorna! llorlicola-Agrl- cola. n.° 14.

A Snii<ie, revista mensal. Catalogo da SociedadePho- nograpbica Portugueza.

Crito*. semanário d'um re- voltado. .. que é o sr. José Au- gusto de Castro.

Palavras... palavras... c mais palavras...

E ainda o auctor fica com uma enorme collecçao d'ellas.

Moila IHnKtrada— Sum- mar io do n.° 683:

Phantasia da moda—Jornal dc Bordados, illustrado com 11 gra- vuras— Supplemcnto gratuito il- lustrado com 1 gravura e 1 molde cortado—A arte na litteratura in- fantil—Trabalhos manuaes illus- trados com 2 gravuras—Os Figu- rinos, illustrados com 20 gravu- ras—Historia da Civilisação—O suffragio feminino na Nova Ze- lândia—A questão do alcoolismo —Grandeza e decadência da da- ma portugueza—As fivellas granr des—Guitarrilha de Satan—Man- ga, illustrado com 1 gravura e 1 molde cortado—Roinanticismo —

Receitas.

Assigna-se em casa de José Bastos (antiga casa Bertrand), rua Garrett, 73 e 75.

Telegrammas

Crino ministerial Madrid, 12, m.

Não está clara a situação poli- tica.

E' possível que oin presença da doença do sr. Sagasta a Rainha re- geute encarregue o sr. Montero Rios da formação d'um gabinete li- beral.

Madrid, 12, t.

O sr. Sagasta deu hoje conta á Rainha-regente da demissão official do ministro da Fazenda.

A crise devo limitar-se a este o ao ministro do Reino.

O conselho do ministros ha-do reunir-se amanhã em casa do ar. Sagasta para designar as pessoas que substituirão os dois ministros demissionários.

Novos díreifon Paris, 11, ii.

O senado approvou por 166 votos contra 163 o projecto ae lei que es- tabelece para as mistellas estran- geiras: l.o um direito sobre o ál- cool; 2.° ura direito sobre o mosto e as uvas frescas.

Um combale S. Petersburgo, 12, t.

Os russos bateram na Mandchu- ria os bandos de tonguses om ja- neiro e fevereiro.

Os tonguses perderam 13é ho- mens e os russos 13.

Movimento marítimo S. Thomé, 11, t.

Sahiu para o sul o paquete «Por- tugal», da Empreza Nacional de Navegação.

(liavas).

Recommcndamos o Hotel Suis- 80, da rua da Princeza, 278, por ser o tratamento muito bom e os aposentos para hospedes, obdece- rein ás mais rigorosas condições hygienicas.

Ilaliaiios e francezes

O coronel franccz Gilet» acom- panhado do9 seus ajudantes, visi- tou a eschola d'equitação em Ro- ma, onde os ofliciaes italianos fi- zeram aos seus camaradas uin acolhimento affectuoso.

O Rei manifestou na audiência concedida a Gilet que se sentia feliz ao receber a missão enviada a Italia pelo governo franccz.

Hontem devia ter-se eflectuado no palacio Real um banquete etn honra de Gilet.

As congregações

em França

A questão da permanência d'e, tas instituições continua tenc muito divididas as opiniões m conselhos municipaes.

Os de Tarbes, Saiut-Jouin, To chefe Ion, Touruon, Elbcuf e ma

resolveram não conceder as ai ctorisações que lhes tinham sic pedidas.

Os de Chátillon, Pugny, tíenl e Traheo auctorisaram alguma especialmente as consagradas fins benefícios.

E os de Niort, Villcdieu, Coi Ion e outros negaram-se a reso ver, deixando esse cuidado ao gi veruo.

«Greves»

Os operários oceupados u trabalhos do tunnel de bimplon nos caminhos que lhe dão accc so, preparam uma «greve» g ral.

AZEITE GABACHE — Es finíssimo azeite é hoje, sem duv da, o melhor que se eucontra mercado.

Está á venda em todas as bc mercearias e no deposito, rua S. Paulo, 242 e 244.

1:228—Folhetim do Diário lllustrado-13-3-902

ROCAMBOLE

Po imo n ilo Terral!

A HKSSURREIÇÀO DE ROCAMBOLE

REDEMPÇÃO

N'áo sabia nunca nem queria ver ninguém.

—Ah! sr. visconde, disse um antigo creado vendo o entrar, venha depressa.

—0 que ha de novo? perguntou o sr de Morlux

—Nào é tapaz de reconhecer o sr. barão, tão muda lo está elle!

—Visto isso continQa doente?

—Creio que eolou ueceu, murmurou o creado. Não dor- me, não come, tem sonhos horríveis, não quer receber ninguém, probibiu a entrada em casa, excepto ao sr. Àgeoor, mas esse não apparece, e ha um mez que se não sabe d'elle

Karl de Morlux, seguido pelo creado de quarto, parou estupefacto á porta do quarto era que estava seu irmão Filippe.

0 barão tinha os cabellos todos brancos

Vendo entrar o irmão, voltou se„ c disse-lhe com tris- teza:

—Ah! és tu, Karl?

—Siin, sou eu, respondeu o vir,conde estendendo lhe a mão

—Jã le arrependeste? pergunlon o barão. Karl estremeceu ouvindo aquella pergunta.

—Meu amigo, proseguiu o barão, a máo de Deus pesa sobre nós. •' '

—0 que queres dizer, meu irmão?

—0 meu filho foge de tnim e despreza-mc. Karl sentou se ao lado do irmão e disse-lhe:

—Deus ia castigar te, mas os anjos suspcnderam-lbe o braço. . ;!'• }

E como o barão olhava para elle espantado, accrescen- centou:

—Eu lambem me arrependi. —Ah!

—E venho pedir o teu auxilio. —Para quê? 1

—Para resgatarmos os nossos crimes. —Falias verdade?

—E' preciso restituir ás duas orphãs a fortuna que lhes roubámos.

—Consentes n'isso finalmente ? exclamou o barão com alegria.

--Uma d'el'as, proseguiu o visconde, ama o teu filho e será sua mulher.

—0 meu filho! murmurou o barão com voz suave. —A outra...

A voz de Karl de Morlux começou a tremer. —A ouira?. .. disse o barão.

—Essa consente... —Acaba.

—Em ser minha mulher. —Oh! exclamou o barão.

E olhou para o irmão com um ar desvairado. 0 6r. de Morlux abaixou a cabeça e proseguiu:

—Se soubesses que amor insensato ella me inspirou! .. se soubesses...

—Mas, desgraçado...

—Manda chamar o teu tabellião, disse Karl. Primeiro que tudo é necessário restituir.

— Oh! meu Deus! murmurou o barão Filippe de Morlux passando a ináo pela testa, parece-me isto um sonho.

—Não, disse uma voz que partiu da porta do quarto, não é um senho, meu pae.

0 sr. de Morlux soltou um grito —0 meu filho!

—Sim, o seu filho, que lhe traz o perdão das duas or- phãs, respondeu Agenor.

E o mancebo abraçou o pae.

XX XVII

Traição

Quando o tigre está saciado, retira-se para a cavidade da rocha que lhe serve de asylo, e acaba em paz a sua digestão.

0 mesmo fizera Wasilika, esse tigre de unhas rosadas. Ivan estava á sua mercê e ia morrer.

Wasilika gosava do seu triumpho á semelhança des- ses tyrannos orivntaes que indolentemente reclinados em macios tapetes, mandam que lhe tragam todas as manhãs as cabeças cortadas dos seus inimigos, abrindo aoenas os olhos para as ver, e não interrompendo por nenhum mo vimento brusco, a beatitude e a quietação do seu repouso.

Durante tres dias Wasilika ficãra em casa.

lmportava-ihe pouco Pariz, e mu'to menos ainda o sr. de Morlux.

—Imbecil! dissera ella comsigo mesma. Rocambole está-o logrando, mas o essencial é que me não logre a mim!

E.Wasilika, estendida sobre uma pe'le de urso, em um delicioso boudoir mobilado á circassiana, com os olhos meios cerrados, saboreava a sua vingança.

Beruto vinha duas vezes por dia trazer lhe o boletim dos soffrimentos de Ivan.

Aquelle italiano linha imaginação.

Sabia empregar uma arte inSnita em descrever de um modo palpitante as torturas moraes e phisicas do seu pri- sioneiro .

As graduações do furor á prostração, eram habilmente preparadas na sua narrativa.

Contava com arte inimitável as primeiras torturas da fome abafadas pelas angustias e pelas cóleras do ciúme.

Wasilika eseulava-o com indifferença.

Fria, tranquilla, e com um sorriso de dendera nos lá- bios, disse uma noite a Beruto:

—11a quantas horas está elle alli? —Ila setenta e duas, minha senhora. —Ba quanto tempo não come?

—Ila quasi oitenta horas.

—N esse caso deve estar morto.

Beruto ia para responder affirmali vãmente, mas era um homem prudente e teve medo de que Wasilika, sabendo a morte do homem que odiára tanto, depois de o haver amado, não quizesse certificar-se de que a vista d'um ini- migo morto pôde causar prazer, e Beruto replicou:

(Continua.)

Referências

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