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ORTODONTIA, UMA ESPECIALIDADE VIÁVEL EM SERVIÇO PÚBLICO DE SAÚDE ORTHODONTICS, A POSSIBLE SPECIALITY IN PUBLIC HEALTH SERVICE

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ORTODONTIA, UMA ESPECIALIDADE VIÁVEL EM SERVIÇO PÚBLICO DE SAÚDE

ORTHODONTICS, A POSSIBLE SPECIALITY IN PUBLIC HEALTH SERVICE

Maria Luiza S. Simas Netta

RESUMO

Muito importante é para a população, a implantação de programas de saúde. Programas de saúde bucal têm quanto à saúde em geral, repercutindo direta e indiretamente na saúde do indivíduo como um todo. Mas, não é possível pensar em saúde, excluindo algumas especialidades por entender que se destinam para uma elite privilegiada. É fato que em serviços públicos de saúde nem tudo pode ser realizado, mas atuando na prevenção, vários serviços, se tornarão accessíveis com custos plenamente alcançáveis. Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi propor um projeto de saúde bucal em que a Ortodontia possa ser realizada, levando em consideração a prevenção, a interceptação e a busca de custos razoáveis, com a finalidade de tornar a saúde bucal acessível para à população em geral.

PALAVRAS CHAVE: Saúde bucal, Saúde pública, Ortodontia Preventiva, Maloclusão

ABSTRACT

For the population are important the health program implantation. In relation a bucal health theses programs are indispensable as the general health, because these repercuting it in general health of these person, direct and indiretaly. But, it is impossible to think about health any speciality excluding, because these are for a privilegiated people only. In the public health service it is impossible to realize any things, but when we work in prevention a lot of service will be possible with little expansive. Therefore, the aim of this research was to offer a bucal health program where the orthodontic would to be realize in consideration the prevention and interceptation with razonable cost, and in these cases these services will be possible for many people.

KEY WORDS: bucal health, public health, preventive Orthodontic, malocclusion.

INTRODUÇÃO

Programas de saúde bucal, em serviço público, são importantes, especialmente quando a atenção está voltada às crianças de ensino da rede pública, pois são estas, normalmente, as mais carentes de informação e

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recursos. Para a implantação de um Programa de Saúde Pública, deverão ser adotadas, além dos procedimentos curativos, medidas educativas e preventivas. Igualmente importante é dispormos de um mecanismo para a avaliação quanto à eficácia do programa, pois, sendo os recursos nestes serviços muitas vezes escassos, as medidas devem ser adequadamente adotadas para a obtenção dos resultados almejados.

Segundo TOMITA et al., (2000), as crianças brasileiras apresentam um dos mais altos níveis de extrações dentárias prematuras, sem a necessária manutenção de espaço. Cáries extensas, quando não tratadas, tornam-se fatores agravantes de maloclusão, mal, atualmente, em terceiro lugar, com relação às prioridades em saúde pública, no Brasil. O controle mecânico da placa bacteriana pode evitar a instalação das doenças cárie e/ou periodontal. Conforme MOREIRA & HAHN (1993), a cárie é uma doença que pode ser prevenida, no entanto tem sido tratada como uma lesão local.

A prevenção por meio do controle da placa bacteriana e da educação em saúde é a maneira mais prática de prevenção das doenças cárie e/ou periodontal, bem como dos problemas comumente advindos dessas doenças, como a perda prematura de dentes decíduos e/ou permanentes e as maloclusões. Para TOLEDO (1986), além das maloclusões, a perda prematura de dentes decíduos pode ocasionar alteração na fonação, redução da capacidade mastigatória e provocar problemas psicológicos e hábitos bucais deletérios.

Um Programa de Saúde Bucal, direcionado às crianças da rede pública de ensino, deve ser instituído de tal forma que haja prevenção das doenças advindas da placa bacteriana e das suas conseqüências. Neste caso, é altamente eficaz a adoção de medidas preventivas que, além do baixo custo, atinjam grande faixa da população e que tornem educadores, pais e/ou responsáveis agentes multiplicadores de informação. MOYSES (2000), que avaliou o efeito de políticas públicas de saúde em áreas urbanas, na cidade de Curitiba, como indicador de saúde bucal, observou que a adoção destas políticas proporcionaram resultados satisfatórios. Portanto, a adoção de políticas públicas de saúde não requer qualquer ato de coragem, bastam vontade; conhecer as necessidades da população que será beneficiada; uma elaboração de planos estratégicos de ação e, principalmente, entender que

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todos têm direito ao acesso à saúde e que, adotando medidas educativas-preventivas, é possível proporcionar melhor qualidade de vida quanto à saúde.

OBJETIVO PRINCIPAL

Dar ênfase à prevenção em Odontologia, com o enfoque em Ortodontia Preventiva em serviço público, buscando o controle e a redução dos índices das doenças da placa bacteriana (cárie e/ou periodontal) e de suas conseqüências, em crianças da rede pública de ensino.

OBJETIVOS GERAIS

1) promover a saúde e o controle de doenças da placa bacteriana; 2) reduzir a prevalência e a incidência das doenças, cárie e/ou

periodontal como meio de prevenção das maloclusões;

3) incrementar a relação Serviço-Ensino, integrando Universidade e comunidade na busca da promoção de saúde;

4) promover a educação em saúde para estimular o auto controle; 5) tornar funcionários (educadores, merendeiras, babás de creches),

pais e/ou responsáveis, agentes multiplicadores de conhecimentos adquiridos;

6) estimular o trabalho de parceria entre o profissional de saúde (Cirurgião-Dentista) e os profissionais da rede pública de ensino; 7) proporcionar, ao Acadêmico de Odontologia e

Cirurgiões-Dentistas em cursos de Pós-graduação, o treinamento prático dos conhecimentos adquiridos em sala de aula quanto à sua atuação nos serviços públicos de saúde.

ENFOQUE PRINCIPAL

1) Para a placa bacteriana, pois esta é a responsável direta pelas doenças cárie e/ou periodontal e suas conseqüências;

2) para a maloclusão, pois sendo a Ortodontia Corretiva uma especialidade não acessível para grande contingente populacional, a prevenção torna-se indispensável quando almejamos atingir uma qualidade de saúde não apenas bucal.

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Portanto, prevenir em Ortodontia é possível, e a Ortodontia Preventiva em serviço público é viável.

PROPOSIÇÃO

Este trabalho tem como meta implantar um programa de saúde bucal, com ênfase na Ortodontia Preventiva, direcionado às crianças da rede pública de ensino, evitando-se uma demanda futura para a Ortodontia Corretiva, cujo acesso é vedado à grande maioria das pessoas em virtude dos elevados custos. Quando esforços são realizados na busca da adoção de medidas educativas-preventivas, é possível atingir qualidade de saúde associada ao baixo custo. Para tanto, o programa deve enfatizar:

a) a universalidade da atenção em saúde bucal através de ações coletivas de cunho educativo-preventivo;

b) ações coletivas e individuais de cunho preventivo-educativo, oferecidas continuamente com a educação em saúde por meio de palestras a todos os indivíduos envolvidos diretamente com as crianças, tais como escovação orientada, bochechos com solução de flúor e controle de placa bacteriana.

METODOLOGIA

É comum, nos dias atuais, as crianças passarem grande parte do dia em estabelecimentos de ensino, portanto medidas preventivas, em relação à saúde bucal, deveriam ser tomadas ainda na fase pré-escolar. A população, em geral, é carente de informação sobre educação em saúde, principalmente no que tange à saúde bucal, por esta razão, este programa também deve ser direcionado aos educadores, aos funcionários destes estabelecimentos de ensino, e aos pais e/ou responsáveis.

Portando o Programa abrange:

1) Atividades educativas de promoção de saúde:

1.a) Orientação aos funcionários, educadores, pais e/ou responsáveis abordando os seguintes temas: saúde bucal, dieta alimentar, higiene bucal, hábitos deletérios. As orientações poderão ser apresentadas sob a forma de exposição com auxílio de diapositivos (slides), cartazes, e painéis (banners).

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1.b) Orientação às crianças: por meio de atividades educativas e lúdicas (teatro de fantoches, explanações com macro-modelos, cartazes, painéis), mostrando a importância da saúde bucal.

2) Avaliação dos índices de placa bacteriana: para comprovar a eficácia das ações educativas-preventivas adotadas. A avaliação dos índices de placa bacteriana será realizada antes da implantação das ações e após, semestralmente. Desta forma, é possível conhecer o impacto destas ações na qualidade de saúde bucal dos indivíduos participantes do projeto. Sugere-se a evidenciação de placa bacteriana e a utilização o IHO-S (Índice de Higiene Oral Simplificado proposto por MacDonald e adaptado por Greene-Vermillion em 1964)

3) Avaliação das condições bucais: para conhecer as condições bucais das crianças incluídas no programa, é necessário realizar um levantamento epidemiológico observando as maloclusões, segundo Angle, maloclusões transversais, perdas prematuras de dentes decíduos e permanentes, e presença de cáries. O exame pode ser realizado na própria sala de aula, sob luz natural, com auxílio de uma espátula de madeira descartável (esterilizada) tipo abaixador de língua. As crianças permanecem em suas carteiras enquanto um examinador portando luvas de procedimento (uma para cada criança), realiza os exames, anotando os dados coletados em uma ficha previamente elaborada para este fim (FRAZÃO, 1994).

4) Equipe de trabalho: poderá ser composta por acadêmicos de Odontologia, Cirurgiões-Dentistas da rede pública, Professores Universitários (Odontologia), além de cirurgiões-dentistas em cursos de Pós-Graduação.

5) Utilização dos dados coletados em benefício dos indivíduos participantes do projeto, e para a comunidade em geral: conhecendo as condições de saúde bucal das crianças em questão, é possível instituir políticas de saúde adotando medidas preventivas como meio de promoção de saúde e qualidade de vida, não apenas para os escolares, mas também para toda a comunidade ao longo do tempo.

6) Conduta terapêutica: àquelas crianças que apresentarem condições de saúde bucal desfavorável, poderão ser encaminhadas para atendimento em Unidades de Saúde, Clínicas de Faculdades de Odontologia, Cursos de Pós-graduação conforme sua necessidade e serviços oferecidos pelas Instituições.

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7) Comunidade acadêmica: por meio de trabalhos desta natureza têm a possibilidade de conhecer a realidade e necessidade do País em relação à saúde, na promoção pela qualidade de vida, e também disseminando o conhecimento adquirido por meio de trabalhos científicos de qualidade que poderão ser realizados a partir das experiências conquistadas.

JUSTIFICATIVA

Quando propomos um Projeto de Saúde Bucal abordando a Ortodontia Preventiva, destinado a crianças da pré-escola ao ensino fundamental, deve-se ao fato de que normalmente nesta fase de suas vidas, estas crianças permanecem por muitas horas sob os cuidados de funcionários em estabelecimentos de ensino. Nem sempre os pais e/ou responsáveis têm conhecimento adequado para orientar seus filhos em relação à promoção e a manutenção da saúde bucal, ou muitas vezes por falta de tempo delegam esta função à escola. Diante destes fatos, torna-se premente a adoção de políticas de saúde com ênfase a saúde bucal, ainda mais quando afirmamos que a saúde bucal contribui e muito para a promoção e manutenção da saúde como um todo.

Segundo BIJELLA (1999), Cirurgiões-Dentistas especialmente aqueles que exercem suas atividades clínicas no serviço público, deveriam preocupar-se mais com a educação em saúde bucal como uma das formas de prevenção de doenças, voltando sua atenção para as crianças, seus agentes multiplicadores (pais e/ou responsáveis, e educadores), motivando-os a adotar condutas adequadas em relação à saúde bucal. Segundo FRAZÃO (1994), há um número significativo de profissionais de saúde exercendo suas atividades em unidades sanitárias nas cidades brasileiras, diretamente envolvidos com a atenção básica. Sendo assim, o autor afirma que há necessidade de as instituições formadoras de recursos humanos voltarem-se para o contexto dos serviços adequando oo profissional a ser formado, às novas práticas de trabalho, atendendo as demandas da sociedade, pois é sujeito participante da organização e também das práticas sociais. Para TOMITA et al., (2000), o quadro epidemiológico de saúde bucal no Brasil merece mais atenção por apresentar uma situação bastante precária. As crianças brasileiras apresentam altos índices de extrações dentárias prematuras, sem manutenção de espaço,

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cáries extensas não tratadas, contribuindo para o desenvolvimento de maloclusões, que segundo o autor, detém o terceiro lugar como prioridade em relação à saúde bucal no Brasil. Para UNFER & SALIBA (2001), o trabalho odontológico apresenta carência de recursos materiais, sendo que as principais deficiências estão na formação na graduação, ocorrendo entre o ensino e a realidade socioeconômica e cultural da população. Os autores analisaram as principais características do trabalho odontológico no setor público de Santa Maria (RS), em relação à formação de cirurgiões-dentistas na graduação. Constataram no trabalho em saúde pública, falhas no aprendizado, especialmente na área de Ciências Sociais e na disciplina de Odontologia Social, concluindo que, a formação do cirurgião-dentista deveria proporcionar a integração ensino-serviço “ como um processo institucional e contextualizado na sociedade”. Concordamos com SIQUEIRA et al., (2002), quando afirmam que os fatores etiológicos de maloclusão mais comuns são as perdas prematuras de dentes decíduos ocasionando falta de espaço para a irrupção adequada do dente sucessor, ou até mesmo impossibilitando-o totalmente de irromper, e que a doença cárie assim como a doença periodontal são atualmente grandes responsáveis por perdas prematuras de dentes, tanto decíduos como permanentes.

No período que compreende o desenvolvimento da Oclusão, o indivíduo apresenta três estágios distintos: dentições decíduas, mistas e permanentes. As condições morfológicas da oclusão de acordo com SILVA-FILHO et al., (1989), são determinadas geneticamente, mas a qualquer momento podem estar sujeitas a influências ambientais favorecendo o desenvolvimento de maloclusões, podendo estabelecer-se desde a dentição decídua.

Vários trabalhos na literatura citam a maloclusão como um problema de saúde pública importante, devido sua grande incidência e também por seu aparecimento precoce (ALMEIDA et al., (1979); GRECCO et al., (1974); MAIA (1987), MASCARENHAS (1977), MATHIAS (1984), REBELLO Jr & TOLEDO (1975), SERAPHIN (1978), SILVA & ARAÚJO (1983), TAKAHASHI (1975). Mas é importante salientar o fato que muitas maloclusões, particularmente as de origem ambiental, podem ser prevenidas ou interceptadas, como as doenças cárie e/ou periodontal, perdas prematuras de dentes decíduos e permanentes, que podem ser responsáveis também por alterações nas funções mastigatórias

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e da fala. Para TOLEDO (1986), a perda prematura de dentes decíduos pode ocasionar distúrbios na fonação, redução da capacidade mastigatória, problemas psicológicos, hábitos bucais deletérios, contribuindo para o desenvolvimento de maloclusões.

A prevenção é importante para a população em geral, especialmente aquela com nível sócio-econômico menos privilegiado, pois alguns tratamentos curativos em algumas situações não são ofertados pelos serviços públicos, como é o caso da Ortodontia Corretiva, devido seu alto custo, e mão de obra especializada nem sempre disponível. Anormalidades faciais podem ser evidenciadas em estágios iniciais da dentição decídua, época em que as crianças encontram-se na fase pré-escolar. A identificação precoce destas anormalidades pode facilitar uma ação de saúde no futuro, como a prevenção e a interceptação, pelo controle dos diversos fatores ambientais que contribuem para o agravamento da maloclusão na dentição permanente. As implicações fisiológicas e sociais da dentição, e seu papel essencial nas funções fisiológicas sugerem que o tratamento das maloclusões e as desarmonias faciais devam ser consideradas em serviços de saúde pública.

THOMAZ et al., (2002), encontraram em seu trabalho, elevado número de crianças no estágio de dentição decídua portadoras de maloclusão ou de condições que favoreciam a instalação das mesmas, fato que denota a importância da realização de medidas ortodônticas educativas e preventivas com o intuito de evitar a instalação ou a perpetuação deste problema na população infantil. Para DI NICOLÓ et al., (2001), o principal objetivo do profissional que atua na área de Odontopediatria e Ortodontia, talvez seja conduzir o paciente para que exista uma correlação positiva entre uma oclusão normal e a saúde da dentição e as suas estruturas de suporte ao longo da vida, além da estética facial.

A principal causa de perda prematura de dentes decíduos é a cárie dental (ROSE, 1966), e os dentes decíduos quando saudáveis servem de suporte e integridade da arcada dentária, permitindo a irrupção dos dentes permanentes sucessores (MacLAUGHLIN, 1967). A literatura científica tem abordado muito a relação entre as condições bucais e maloclusão, mas segundo LUNDSTROM (1995), SEIPEL (1948), a perda prematura de dentes decíduos não influencia o desenvolvimento da dentição e oclusão, no entanto,

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DEARING (1991), MIYAMOTO et al., (1996), acreditam haver relação entre a maloclusão, perda prematura, cáries extensas com perdas de espaço não apenas na dentição decídua, mas também na dentição mista.

Mas não podemos nos reportar à cárie e seus efeitos deletérios sem nos referirmos à dieta alimentar e hábitos de higiene bucal. Cientificamente muitos trabalhos já demonstraram que havendo controle da placa bacteriana é possível prevenir a doença cárie e/ou periodontal, mas que mesmo assim continuam sendo tratadas como lesões locais, quando deveriam ser consideradas como uma doença que pode ser prevenida (MOREIRA & HAHN, 1993). Segundo SUSIN et al. (1996), a relação entre dieta alimentar e doença cárie, tem sido muito abordada em estudos de prevenção, pois a dieta é considerada um dos fatores etiológicos da cárie (KEYS, 1966), e doença periodontal (NIKIFOURUK, 1966; LOE et al., 1965 apud SILVA FILHO, et al., 1990). Considerando a higiene bucal uma medida preventiva importante na manutenção da saúde bucal, este hábito deveria ser instituído até mesmo em bebes, tomando como base os ensinamentos de WALTER (1991), quando afirma “a limpeza da cavidade bucal deveria ser feita antes mesmo dos dentes irromperem” pois os hábitos quando adquiridos nos primeiros anos de vida na sua grande maioria, permanecem na idade adulta. Programas de prevenção em saúde bucal para crianças têm papel importante (PETERSEN, 1992; WALDMAN, 1995),desde que haja a motivação e a educação da população (ESTEVES, 1981; SILVA, 1985 apud MOREIRA & HAHN, 1993).

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a maloclusão é considerada o terceiro maior problema odontológico e de saúde pública mundial (MARTINS et al., 1998), portanto, é indispensável à implantação de programas educativos-preventivos bem elaborados, para um futuro promissor em relação à saúde. No entanto, um trabalho de prevenção só poderá trazer resultados positivos se contar com a participação de vários segmentos da sociedade, sendo imprescindível o conhecimento de medidas preventivas e educativas que os tornem agentes multiplicadores e formadores de opinião.

Acreditamos que um projeto desta natureza é importante, pois ainda não tem sido possível oferecer suficientemente atendimentos odontológicos, preventivos e clínicos a toda população. Segundo MOREIRA & HAHN, (1993),

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cerca de 75% do tempo dos cirurgiões-dentistas no Brasil, é dedicado a atividades privadas e que raramente dedicam-se à prevenção.

A Odontologia ainda é uma profissão restauradora, segundo MENDES, (1980) apud MOREIRA & HAHN (1993), grande parte do conhecimento tem sido gerado para esta prática. A Ortodontia não tem sido adotada em serviços públicos de saúde devido sua complexidade, necessidade de profissionais especializados e alto custo, mas, a Ortodontia Preventiva adota medidas que podem e deveriam ser instituídas na rede pública para a prevenção de maloclusões, e quando necessária a Ortodontia Interceptativa, as Faculdades de Odontologia, cursos de Atualização e Pós-graduação em Ortodontia, poderiam instituir programas com esta finalidade, só assim crianças de vários segmentos da sociedade teriam acesso a um serviço adequado. Universitários e Cirurgiões-Dentistas em cursos de Atualização e Pós-graduação teriam uma visão mais abrangente do seu campo de atuação, além do que o trabalho em equipes multidisciplinares é importante, mostrando responsabilidades sociais para com a população permitindo sua atuação como agente multiplicador de conhecimentos.

Programas de saúde bucal podem ser instituídos com o objetivo de alcançar níveis de saúde bucal satisfatórios, mas é necessária que a Odontologia não seja uma ciência meramente restauradora nem tão pouco destinada a um segmento privilegiado da sociedade. Segundo UNFER & SALIBA (2001), o graduando deveria ser integrado à realidade dos serviços, saindo dos muros da universidade, pois esta seria talvez a atividade mais importante proporcionada pelo Curso de Odontologia. Integrando o ensino e serviço de saúde, a universidade participa das mudanças da sociedade, proporcionando um desenvolvimento em bases reais do processo de ensino-aprendizagem.

CONCLUSÃO

Portanto, um Programa de Saúde Bucal-Ortodontia em Serviço Público, com medidas preventivas, educativas e/ou interceptativas, poderá resultar em melhor qualidade de vida a toda sociedade, com baixo custo. Mas, há necessidade de ressaltar a importância da análise detalhada da saúde bucal da

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população alvo, do nível de conhecimento das pessoas envolvidas, racionalização dos recursos financeiros destinados ao projeto, utilizando-se corretamente recursos humanos, além das mudanças nas políticas de saúde e educação, na população e nos currículos escolares. Desta forma, é possível adquirir uma consciência de saúde na sua totalidade, não somente ausência de doença, uma vez que a saúde bucal tem importante papel no estabelecimento e/ou manutenção da saúde geral, e está diretamente relacionada ao desempenho do indivíduo na sociedade.

POPULAÇÃO ALVO

1) Crianças matriculadas em creches: adoção de medidas educativas, controle de higiene bucal, orientação aos funcionários, periodicamente.

2) Crianças matriculadas em escolas de ensino fundamental: elaboração de uma ficha para levantamento epidemiológico (modelo em anexo). Fornecer orientação quanto ao controle de higiene bucal e dieta alimentar periodicamente, como medidas preventivas. Àquelas que no exame apresentarem maloclusões, ou fatores predisponentes para o desenvolvimento de maloclusão, poderão ser encaminhadas às Universidades (Curso de Odontologia), Cursos de Pós-graduação para a conduta clínica adequada. Todos os dados coletados poderão compor amostras para trabalhos científicos, desde que resguardadas as identidades das pessoas envolvidas.

AUTORIZAÇOES

Antes da realização de qualquer atividade nos estabelecimentos de ensino, há necessidade da comunicação do projeto às Secretarias de Educação e da Saúde (Municipal ou Estadual) obtendo sua autorização para execução, assim como aos Pais e/ou Responsáveis, e Diretores das Escolas incluídas no projeto.

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