• Nenhum resultado encontrado

Sumário. Sociologia Nacional e Esfera Transnacional Sergio Miceli & Carlos Benedito Martins... 7 I. SOCIOLOGIA POLÍTICA

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Sumário. Sociologia Nacional e Esfera Transnacional Sergio Miceli & Carlos Benedito Martins... 7 I. SOCIOLOGIA POLÍTICA"

Copied!
9
0
0

Texto

(1)
(2)

Sociologia Nacional e Esfera Transnacional – Sergio Miceli & Carlos Benedito Martins . . . 7

I. SOCIOLOGIA POLÍTICA

Opostos Determinantes: A Sociologia Política Brasileira no Século XXI – Renato Perissinotto, Adriano Codato &

Fernando Leite . . . . 19 Sociologia Política: História e Ator – Maria Alice Rezende

de Carvalho . . . . 65 II. SOCIOLOGIA DA INDÚSTRIA CULTURAL

Indústria Cultural no Brasil e o Balanço da Sociologia: Dois Pesos, Muitas Medidas – Dimitri Pinheiro & Alexandre Bergamo . . . . 89

III. SOCIOLOGIA DA ESTRATIFICAÇÃO Desigualdade e Estratificação Social no Brasil – José Alcides

Figueiredo Santos & Celi Scalon . . . 147 A Força do Simbólico na Produção de Desigualdades – Edison Ricardo Emiliano Bertoncelo . . . 187

(3)

6 sociologia brasileira hoje ii

IV. SOCIOLOGIA DAS RELAÇÕES RACIAIS Os Estudos sobre Relações Raciais no Brasil: Uma Análise da Produção Recente (1994-2013) – Luiz Augusto Campos,

Marcia Lima & Ingrid Gomes . . . 199 Temáticas Emergentes no Estudo das Relações Raciais

Brasileiras – Antonio Sérgio Alfredo Guimarães . . . 235 V. SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO

Sociologia da Educação: Olhares sobre um Campo em Ascensão – Ana Maria Fonseca de Almeida & Ana Paula Hey . . . 253 Por uma Sociologia da Educação Diversificada e Abrangente – Maria Ligia Barbosa . . . 311 Sobre os Autores . . . 323

(4)

Esfera Transnacional

Sergio Miceli & Carlos Benedito Martins

A bibliografia sobre a emergência da sociologia nos contextos europeu, norte-americano e brasileiro – em destaque, os trabalhos de Robert Nisbet, Wolf Lepenies, Craig Calhoun, Alvin Gould-ner, Gary Fine, Florestan Fernandes, Octavio Ianni, entre outros – atrela o gradativo desenvolvimento das sociologias nacionais à existência de condições incontornáveis. A primeira diz respeito às transformações sociais, políticas, econômicas e culturais no in-terior de formações históricas que abriram caminho à gênese de uma disciplina capaz de conceber uma interpretação abrangen-te das mudanças em curso em tais limiabrangen-tes abrangen-territoriais. O ímpeto dessas mudanças abalou formas canônicas de explicação da vida social, e ao mesmo tempo, ensejou o espaço intelectual para o estouro da sociologia. A segunda condição explora o processo in-termitente, que vem a ser a montagem da rede de instituições de ensino e de pesquisa, alicerce do arranque.

A institucionalização da sociologia assumiu formas especifi-cas naquelas sociedades nacionais em que se firmou, em resposta às peculiaridades do contexto histórico, das culturas acadêmicas e das tradições universitárias. As sociologias nacionais trilharam percursos singulares em meio a distintas configurações e

(5)

tradi-8 sociologia brasileira hoje ii

ções intelectuais. As universidades tiveram papel protagonista no processo de institucionalização, buscando amiúde disseminar o modelo concebido por Humboldt que articulava ensino e pesquisa. As research universities norte-americanas, estabelecidas no final do século XIX, foram modeladas conforme a experiência da universida-de alemã à la Humboldt, frequentada por vários docentes em trei-namento que, de regresso, elegeram tal paradigma na gestação de instituições como, por exemplo, a Universidade de Chicago (1892), garantindo aos Estados Unidos a dianteira na institucionalização da sociologia. No caso brasileiro, instituições como a Escola de So-ciologia e Política e a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, criadas na década de 1930, exerceram papel decisivo na germinação da sociologia brasileira.

Os estudos sobre o feitio nacional da sociologia – os trabalhos de Victor Karady, de Johan Heilbron e de Randall Collins, em es-pecial – exploram as circunstâncias históricas subjacentes à matu-ração das sociologias nacionais. Destacam sobremodo a relevância da inclusão da sociologia no sistema acadêmico, em paralelo à formação de atores envolvidos com a disciplina, propiciando o re-conhecimento da sociologia como área sui generis de conhecimen-to, em pé de igualdade com outros ramos do saber. Vale a pena lembrar a conversão da cátedra de Ciências da Educação, atribuí-da em 1906 na Sorbonne a Durkheim, em cátedra de Sociologia, vitória lograda em 1913, no afã de distingui-la da filosofia – área de sua formação acadêmica original – e também da psicologia e da biologia, buscando demarcar um terreno próprio de investiga-ção científica. No entanto, a experiência dos atores mencionados deixa entrever que o avanço institucional da sociologia se estribou, em medida desigual, no intercâmbio e na circulação de ideias e de pessoas que transcenderam os espaços nacionais. A participação acadêmica de intelectuais franceses na emergente Universidade

(6)

de São Paulo e o aprendizado de uma tradição norte-americana de pesquisa empírica na Escola de Sociologia e Política, consti-tuem nutrientes decisivos na fase pioneira da sociologia no Brasil. Os trabalhos de Andrew Abbott têm ressaltado a relevância da profissionalização dos atores atuantes nas disciplinas acadêmicas. Tais chances profissionais se convertem em postos de trabalho em instituições de ensino e pesquisa, nas burocracias públicas e também no setor privado. Os padrões mínimos de remuneração e o apoio de órgãos públicos e privados conferem suporte material à expansão das diversas disciplinas e de suas práticas. No caso da sociologia, no início do século XX, se constituíram as primeiras organizações corporativas: Sociological Society (1903) no Reino Unido, American Sociological Society (1905), Deutsche Gessellschaft fur Soziologie (1909), Du-tch Sociological Society (1936), Sociedade Brasileira de Sociologia (1937). Tais grêmios propiciaram um espaço de intercâmbio intelec-tual envolvendo as primeiras gerações de sociólogos, relegando por ora os impasses atinentes à prática profissional da disciplina.

O processo de internacionalização da sociologia tomou im-pulso no período que se estende da metade do século XIX até o interregno entre as duas guerras mundiais. O intercâmbio acadê-mico internacional ocorria por intermédio de conferências inter-nacionais e da formação de associações científicas interinter-nacionais. Em 1893, René Worms, com formação na área jurídica, criou o Institut International de Sociologie em Paris, e na mesma época, passou a editar a Revue Internationale de Sociologie . Essa entidade reuniu sociólogos europeus e americanos, com a notória ausência dos congêneres franceses congregados em torno de Durkheim e que se opunham à orientação de Worms na sociologia. O Insti-tuto de Worms realizou inúmeros congressos entre 1893 e 1937, reunindo um grupo eclético, integrado por juristas e economistas, abordando temas genéricos com escassa ressonância tanto na

(7)

ins-10 sociologia brasileira hoje ii

titucionalização quanto na internacionalização da disciplina. O fato de os coetâneos Durkheim e Max Weber desconhecerem os respectivos trabalhos evidencia a dimensão ainda restrita da inter-nacionalização da sociologia nas primeiras décadas do século XX. O segundo período de internacionalização iniciou-se após a Se-gunda Guerra Mundial, no qual a Unesco (1946) desempenhou pa-pel importante no incremento do diálogo institucional entre a socio-logia e outras disciplinas em ciências sociais, tendo em mira o enlace intelectual entre nações. A Unesco fomentou em 1949 a criação de associações disciplinares internacionais, como a Internacional Socio-logical Association e a International Political Science Association. Ao investigar a Internacional Sociological Association (ISA), inspirada no modelo de organização da ONU, qual seja o de privilegiar as represen-tações nacionais, Jennifer Platt reconstituiu a gênese da ISA a partir de um núcleo restrito de associações nacionais, concentradas em poucos países europeus e na América do Norte. Já no final dos anos de 1960, a ISA franqueou o ingresso e a participação de indivíduos em suas atividades, dilatando assim o escopo de recrutamento. Em meio ao processo de descolonização nesse momento, as nações pós-coloniais passam a integrar a ISA e organismos congêneres, em paralelo à entra-da de países comunistas do leste europeu. Nos anos de 1970, sucedeu uma ampliação geográfica significativa no interior da ISA e de outras associações internacionais de ciências sociais, provocando repercus-sões nos debates teóricos e metodológicos, mormente no âmbito da ISA. Não obstante, as trocas internacionais no contexto da sociologia permaneceram um tanto limitadas nos anos do segundo pós-guerra.

Nas últimas décadas do século passado, uma constelação de fenômenos em distintos planos da sociedade viabilizou a consti-tuição progressiva de um espaço transnacional em meio ao qual também opera a sociologia. O colapso dos regimes comunistas no leste europeu e o surgimento de polos econômicos e acadêmicos

(8)

na Ásia e em outras regiões do hemisfério sul ensejaram a forma-ção desse espaço, associado à forte expansão mundial do ensino superior, ao incremento da mobilidade acadêmica internacional e à intensificação de debates sobre a disciplina, impulsionados pelas novas tecnologias de comunicação. Hoje, a sociologia encontra-se presente em quase todas as regiões do mundo dotadas de sistemas de ensino superior. Em toda parte, houve incremento de cursos de ciências sociais, em níveis de graduação, de mestrado e de douto-rado, bem como a disseminação de periódicos nacionais de socio-logia, e de editoras dispostas a divulgar trabalhos da disciplina, em resposta à extensão do público leitor.

Em concomitância à internacionalização, as políticas de ciên-cia e tecnologia empreendidas também contribuíram para ala-vancar as comunidades de pesquisadores em ciências sociais. O sistema nacional de pós-graduação em sociologia no Brasil, ins-talado a partir da década de 1970, se beneficiou desse incentivo. Por sua vez, a regionalização da sociologia se iniciou sob a égide da Associação Latina Americana de Sociologia em meados dos anos de 1950. Associações congêneres se alastraram, em especial naqueles países e regiões situados em posições periféricas no es-paço transnacional: Arab Council for the Social Sciences (ACSS), Association of Asian Social Science Research Councils (AASSREC), Council for the Development of Social Science Research in Africa (CODESRIA) e Latin America Council of Social Sciences (Clacso). Cumpre ressaltar a confluência de sociólogos de diversos países em congressos internacionais, como os da ISA, e em encontros temáti-cos, como os da Latin American Studies Association (Lasa), hoje uma das maiores associações científicas transnacionais, com mais de 12 mil pesquisadores oriundos de uma multiplicidade de países, dedicados ao estudo da América Latina. A formação de redes inte-gradas por pesquisadores de diferentes países, trabalhando em

(9)

sin-12 sociologia brasileira hoje ii

tonia um conjunto diversificado de objetos de investigação, facilitou o compartilhamento de fundamentos teóricos e de procedimentos metodológicos que extravasam as tradições acadêmicas nativas. A despeito da ausência de um paradigma comum, conforme o de-sígnio de Thomas Kuhn, as sociologias nacionais vêm rompendo fronteiras e atuando, em ritmo acelerado, no âmbito de uma global

sociological community, na expressão de Piotr Sztompka.

No entanto, o espaço mundial da sociologia assenta-se numa estrutura de poder assimétrica, por conta da distribuição desigual de recursos materiais e simbólicos entre os países. Tamanha desi-gualdade decorre das condições de infraestrutura disponível, vale dizer, da qualidade e da reputação acadêmica das universidades, da capacidade instalada de investigação científica, da disponibi-lidade de financiamento dos recursos humanos alocados no tra-balho de pesquisa, bem como do reconhecimento intelectual dos pesquisadores no plano internacional. Nesse sentido, é palpável a nítida dominação exercida por alguns países ocidentais em ter-mos de produção do conhecimento. Johan Heilbron, autoridade no assunto, caracteriza o novo espaço na chave de uma estrutura cento-periferia, na qual o núcleo dominante se situa no polo euro-americano, secundado por alguns países semiperifericos e por um terceiro contingente de países com posições marginais no âmbito da sociologia internacional. Não obstante, cumpre assinalar um declínio relativo na liderança da Europa Ocidental e o advento da centralidade norte-americana. A transição remonta ao perío-do entreguerras, às migrações de intelectuais europeus, e ainda à consolidação acadêmica das universidades norte-americanas. O relatório initulado Les sciences humaines et sociales françaises à

l’échelle de l’Europe et du monde, elaborado por Michel Wieviorka

e Jacques Moret, demonstra que tanto a sociologia como outros ramos da ciência social francesa vêm perdendo gradativamente a

Referências

Documentos relacionados

Primeiro Ministro muito especialmente, associar a presença do Chefe do Governo nesta cerimónia à qualidade e ao mérito do caminho que o Ensino Superior Português vem traçando:

- Cuando utilice esta pistola por primera vez tras la compra, ajuste el grupo junta aguja, pulverice el producto de limpieza para limpiar los conductos de pintura y retire el

determinado grupo social. Por este motivo, é relevante o estudo aprofundado acerca deste método, como incentivador da humanização e personalização dos indivíduos que

De acordo com o Consed (2011), o cursista deve ter em mente os pressupostos básicos que sustentam a formulação do Progestão, tanto do ponto de vista do gerenciamento

análise dos documentos legais norteadores da Política de Formação do Estado do Rio de Janeiro. No terceiro capítulo é elaborado um plano de intervenção em que são

submetidos a procedimentos obstétricos na clínica cirúrgica de cães e gatos do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Viçosa, no período de 11 de maio a 11 de novembro de

O objetivo deste trabalho foi avaliar épocas de colheita na produção de biomassa e no rendimento de óleo essencial de Piper aduncum L.. em Manaus

Foram incluídos no estudo todos os pacientes com prontuários clínicos completos, portadores de diagnóstico médico de cardiopatias congênitas e adquiridas, admitidos