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O ENSINO DAS ATIVIDADES CIRCENSES NA EDUCAÇÃO FÍSICA: A PERSPECTIVA DISCENTE

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Academic year: 2021

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O ENSINO DAS ATIVIDADES CIRCENSES NA EDUCAÇÃO FÍSICA: A PERSPECTIVA DISCENTE

SANCHES, Jonathan W. R. – Depto. de Educação Física/FC/UNESP – Bauru - SP BRASIL, Isabella B. G. – Prefeitura Municipal de Bauru - SP FERREIRA, Lilian A. – Depto. de Educação Física/FC/UNESP – Bauru - SP

Motricidade Escolar RESUMO

O objetivo deste trabalho foi identificar e analisar a perspectiva discente, de uma turma do 8º ano do Ensino Fundamental, composta por 35 alunos, pertencentes a uma Escola Municipal do interior de São Paulo, sobre o ensino das atividades circenses nas aulas de Educação Física. Para tal estudo optou-se pela abordagem qualitativa, os dados foram coletados a partir de relatos descritivos, produzidos individualmente pelos alunos, manifestando sua avaliação sobre o conteúdo desenvolvido. Tais registros foram submetidos à análise textual e dialogados com a literatura sobre o assunto. Os resultados evidenciam que a prática das atividades circenses é possível e significativa para os alunos e apontam para a necessidade de uma sistematização e organização deste conteúdo ao longo da Educação Básica.

Palavras chave: Educação Física escolar; atividades circenses; ensino fundamental. INTRODUÇÃO

Nos últimos anos as Atividades Circenses passaram a ser mais utilizadas como experimentação e instrumento pedagógico dentro do ambiente escolar. Essa expansão se deve as mudanças ocorridas no cenário Circense e a constituição de um “Novo Circo” ou “Circo Contemporâneo”, onde as performances passaram somente a envolver o Homem, deixando de lado a presença de animais (BORTOLETO; MACHADO, 2003). A recente demanda de estudos voltada às atividades circenses deve-se muito ao contexto em que o circo se encontra na sociedade. Segundo Bortoleto (2008), o circo começou a se reinventar a partir de 1980, ampliando o ensino-aprendizagem para além do próprio circo de lona, envolvendo, portanto, outros espaços educativos. Neste contexto de ampliação, as atividades circenses passaram a ganhar relevo também na escola formal. Especificamente para a Educação Física Escolar, tal conteúdo possibilita diversificar a prática pedagógica da área para além do esporte, podendo contribuir com uma perspectiva formativa mais democrática e humanizadora. Neste sentido, o objetivo deste trabalho foi identificar e analisar a perspectiva discente, de uma turma do 8º ano do Ensino Fundamental de uma Escola Municipal do interior de São Paulo, sobre o ensino das atividades circenses como conteúdo nas aulas de Educação Física

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TRAJETÓRIA METODOLÓGICA

O presente trabalho se pautou na pesquisa qualitativa que de acordo com André (1991), estuda a atividade do ser humano, do seu existir e fazer cotidiano, a fim de compreender crítica e reflexivamente a realidade social, assim como no cotidiano escolar nos diversos momentos das relações que se estabelecem nesse contexto, buscando interpretar o comportamento humano da perspectiva dos participantes; explorando o ambiente natural sem controlar variáveis; se pautando no contexto da pesquisa como foco no processo.

Dessa forma, segundo Lüdke e André (1986) na pesquisa qualitativa o interesse do pesquisador ao estudar determinado problema é verificar sua manifestação nas atividades, nos procedimentos e nas interações cotidianas contextualizadas, mantendo um contato direto com a situação onde ocorrem os fenômenos, considerando as circunstâncias particulares onde ele se insere, assim como as palavras, os gestos e as pessoas estudadas referenciadas.

Para Bogdan e Biklen (1991), o termo adotado é “investigação qualitativa” que agrupa diversas estratégias de investigação que partilham de determinadas características, nas quais, os dados recolhidos são designados por qualitativos, e “as questões a investigar não se estabelecem mediante a operacionalização de variáveis, sendo, antes, formuladas com o objetivo de investigar os fenômenos em toda sua complexidade e em contexto natural” (BOGDAN E BIKLEN, 1991, p. 16).

Assim, com base nesses referenciais metodológicos, o presente estudo se realizou em uma escola da Rede Municipal do interior de São Paulo, com uma turma de 35 alunos na faixa etária de 12 e 13 anos, pertencentes ao oitavo ano do Ensino Fundamental ciclo II, durante as aulas de Educação Física curriculares.

A proposta visou à escolha de um tema e a construção coletiva da sequência pedagógica de intervenção, que foi realizada no último trimestre de 2011, abrangendo os meses de outubro, novembro e dezembro, com a realização da intervenção ocorrendo nas duas aulas semanais oferecidas para este nível de ensino, contemplando 14 aulas no total. Os conteúdos desenvolvidos foram organizados envolvendo aulas que prestigiavam a vivência, tanto das práticas quanto da produção de materiais, e a reflexão. As vivências tematizaram: malabares, perna de pau, rola-rola e corda bamba, e as reflexões: breve histórico das atividades circenses, a inclusão de todos os alunos nas atividades circenses; participação efetiva dos alunos nas aulas, a presença do lúdico e do prazer nas práticas realizadas, discussão sobre o interesse dos alunos pelas aulas.

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Os dados foram coletados a partir de relatos descritivos, produzidos individualmente pelos alunos, manifestando sua avaliação sobre o conteúdo desenvolvido. Tais registros foram submetidos à análise textual e dialogados com a literatura sobre o assunto.

A seguir serão apresentados e discutidos os resultados obtidos, em alguns momentos serão evidenciados os registros de alunos, de modo a dar mais vigor aos resultados que emergiram do estudo. Para tanto, os alunos foram denominados por A1, A2, A3, ….

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Em diversos relatos os alunos mencionaram a importância de aprender um conteúdo novo e diferente do “tradicional” ensino dos esportes coletivos, convergindo ao que foi apontado no estudo de Chiquetto (2008). Para os alunos:

“...foi uma coisa nova e fugiu mais dos jogos com bola...” ( A1) “...foi ótimo trabalhar com alguma coisa diferente de esportes...” (A2)

O impacto dessas intervenções ampliou a perspectiva que os alunos tinham da Educação Física, revelando novas possibilidades e incentivando a prática de outras aprendizagens. Essas percepções foram destacadas nos seguintes relatos:

“...gostei porque eu descobri um mundo totalmente diferente, de coisas novas, coisas que eu nunca imaginei que existia. Foi uma experiência inesquecível...” (A5)

“Gostei desse conteúdo porque é diferente do que a gente geralmente estuda em Educação Física.” (A6).

Em tais relatos, observa-se que a diversificação do conteúdo amplia o universo perceptivo e conceitual dos alunos, apresentando as atividades circenses como uma possibilidade de aprendizagem significativa.

Durante as aulas, a participação nas atividades evidenciou a motivação que as intervenções despertaram na turma. Os interesses em ampliar os conteúdos para além daqueles que foram apresentados em aula foram manifestados por alguns discentes.

Em vários relatos os alunos destacaram a dificuldade que apresentaram durante as aulas, muitas vezes relacionadas à manipulação de objetos, mas, essas dificuldades se efetivaram como algo desafiador, fazendo com que os alunos continuassem com a prática e buscassem melhorar seus movimentos. De acordo com o A11:

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“Eu gostei desse conteúdo porque podemos aprender coisas muito difíceis, para isso que servem as aulas práticas. Sem as aulas práticas você não consegue fazer nada, foi muito bom este conteúdo na minha opinião”.

Outro relato destaca a questão da persistência dos alunos com relação à prática de algumas atividades por eles consideradas difíceis, o que podemos evidenciar no relato de A3:

“Foi bom, tinha coisa que eu conseguia fazer bem, mas tinha coisa que era muito difícil, mas eu tentava fazer, tinha umas que eu conseguia e tinha umas que eu tinha que praticar mais para conseguir”.

Muitos alunos evidenciaram a questão do divertimento presente nas práticas, o que proporcionou vivências prazerosas e significativas. Os discentes que, antes das intervenções, não demonstravam interesse, relataram:

“Foi legal, porque são atividades que eu não iria aprender (porque eu não gosto). Mas, quando eu comecei a fazer, aprofundar sobre esse assunto eu me interessei e acabei gostando.” (A7)

“Eu não gosto muito desse negócio de circo, mas está tão legal que eu até gostei.” (A8)

Dessa forma as atividades circenses se apresentaram, de fato, como um conteúdo relevante a ser abordado nas aulas de Educação Física Escolar, evidenciando uma linguagem distinta de outras práticas corporais. As atividades circenses, neste sentido, precisam ser ensinadas aos alunos se entendemos que a Educação Física na escola deve desenvolver todo o “leque” de possibilidade da cultura de movimento.

Ainda que o objetivo principal desta intervenção tenha sido apresentar as atividades circenses, uma vez que o número de aulas dedicado às atividades (malabares, perna de pau, rola-rola e corda bamba) foi de aproximadamente três aulas cada, alguns alunos destacaram em seus relatos a importância de se dedicar mais tempo de aula para cada uma destas atividades. Tendo em vista que, segundo eles, algumas atividades requeriam um maior tempo de prática devido aos graus de dificuldade que estabeleciam.

“...as aulas foram mais diferentes, podíamos ter aprofundado mais especificamente em alguma atividade circense...” (A9)

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“...uma coisa que poderia melhorar seria mais aulas práticas sobre essas atividades...” (A10)

A proposta de intervenção também alertou para a necessidade de aprofundamento, por parte do professor, do conhecimento acerca das atividades circenses, como aponta Bortoleto (2011). Afinal, é importante que se ampliem os caminhos da experimentação e investigação destas atividades, de modo que seja possível a construção de uma proposta pedagógica com este conteúdo na Educação Física Escolar.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tendo em vista que o objetivo deste trabalho foi identificar e analisar a perspectiva discente sobre o ensino das atividades circenses como conteúdo nas aulas de Educação Física, foi possível perceber que o conteúdo despertou grande interesse por parte dos alunos, proporcionando novas vivências e uma aprendizagem significativa.

Dessa forma, o trabalho com tal conteúdo pode proporcionar aos professores um novo caminho de intervenção, novas perspectivas dentro do ambiente escolar.

Os resultados deste estudo reforçam o sentimento de que é possível e significativo diversificar os conteúdos aos alunos. Os relatos, em sua maioria, demonstraram a satisfação dos alunos durante a aprendizagem do conteúdo, mesmo nas atividades consideradas difíceis por grande parte da turma. Essa dificuldade contribuiu para motivar ainda mais os alunos nas atividades, contribuindo para uma participação ativa nas aulas.

A crítica por parte de alguns alunos com relação ao tempo destinado as atividades, destacou a necessidade de se pensar em estratégias didáticas que envolvam o tempo pedagogicamente necessário ao processo de aprendizagem, bem como, a sistematização deste conteúdo ao longo da Educação Básica. Há com isso, indicativo de novos estudos para a compreensão do desafio do desenvolvimento do conteúdo atividades circenses nas aulas de Educação Física na escola.

REFERÊNCIAS

ANDRÉ, Marli. E. D. A. A pesquisa no cotidiano escolar. IN: FAZENDA, Ivan. (org), Metodologia da pesquisa educacional, 2 ed. São Paulo: Cortez, 1991. (Biblioteca da educação. Série 1, Escola, v. 11).

BOGDAN, ROBERTO C, BIKLEN, SARI KNOPP. Investigação qualitativa em educação. Portugal: Porto, 1991.

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BORTOLETO, M. A.; MACHADO, G. de A. Reflexões sobre o circo e a Educação Física. Corpoconsciência, Santo André, n. 12, p. 3969, 2003.

BORTOLETO, M. A. C. (Org.) Introdução à pedagogia das atividades circenses. Jundiaí: Fontoura, 2008.

BORTOLETO, Marco A. C. Atividades circenses: notas sobre a pedagogia da educação corporal e estética. Cadernos de Formação - RBCE, Florianópolis, v.2, n.2 p. 43-55, jul. 2011.

CHIQUETO, E. O ensino de atividades circenses para alunos de 5ª série nas aulas de Educação Física. Motrivivência. Ano XX, nº 31, p. 50-65 Dez./2008.

LÜDKE, Menga. ANDRÉ, Marli E. D. A. Pesquisa em Educação: abordagens qualitativas. 1ª ed. São Paulo: EPU, 1986.

Referências

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