Tradução: Graça Salgueiro Os fatos o
demonstram. O cinismo crescente corre pelas veias dos mal governantes colombianos, como se não houvesse acontecido nada de grave com a evidente perda de mais ou menos 100 quilômetros de mar territorial.
Santos, a chanceler Holguín e seu bando de assessores, não apenas querem continuar aferrados às delícias da burocracia, senão que desejam contar com a conivência do povo colombiano para que não se lhes diga nada, lhes perdoe sua estupidez funcional, os rodeie de solidariedade e os ratifique nos cargos, enquanto passa a tormenta midiática e os colombianos nos acostumamos à idéia de que já se perdeu esse tramo e não há nada a fazer.
Porém, isso não é assim. O povo colombiano é soberano por lei natural. Portanto, tem total direito a desconhecer uma sentença espúria de uma corte estrangeira, inclinada a defender os interesses políticos, estratégicos e geo-políticos da Nicarágua. O espaço de mar territorial que nos querem roubar é patrimônio nacional e, em conseqüência, o povo soberano está em seu direito universal de se negar a aceitar essa sentença. E ponto.
Porém, como o atual mandatário e sua leviana equipe de assessores em relações exteriores não vão renunciar nem muito menos resolver nada, acompanhados por um Congresso da República débil, timorato e carente de patriotismo, além de até o dia de hoje coonestado com silêncio cúmplice e atitudes pusilânimes da desfaçatez do presidente e sua chanceler, é o momento oportuno, histórico e de “efervescência e calor”, como disse Acevedo y Gómez, para que o povo colombiano em sua majestade se faça sentir.
A primeira expressão popular gigantesca deve ser uma manifestação nacional em todas as cidades, municípios, aldeias e corregedorias, rechaçando a sentença da Corte de Haya, desconhecendo seu conteúdo e declarando-se em desobediência civil a respeito, com atas e assinaturas necessárias para deixar constância histórica de que ninguém brinca com a soberania de nossa pátria.
Em segundo lugar, esse é o momento oportuno para que os patriotas, que somos mais de 40 milhões de colombianos, iniciemos a incessante campanha de recolher as assinaturas necessárias para que seja revogado o mandato do presidente Juan Manuel Santos. Aqui não vale o conto barato de que quando chegou à presidência tudo já estava caminhando e que, pelo contrário, os colombianos saímos a lhe dever.
Não senhor! Santos tinha a faca e o queijo na mão, porém, por manter a chanceler Holguín dedicada a adubar sua imagem pessoal em viagens caras e improdutivas, inclusive uma
onerosa e inoficiosa Cúpula de Cartagena para ganhar a veleidosa capa na revista
Time
, e facilitar o apoio do voto hispânico a Obama nos Estados Unidos, se esqueceu do
fundamental, como diria Gómez Hurtado. Nada de re-eleições deste personagem já funesto para a história do país. Nem sequer merece terminar seu mando.
Os fatos o demonstram. A Colômbia acaba de padecer um grande fracasso histórico, geo-político, geo-estratégico e de segurança nacional. Não obstante, o senhor Santos olha para o outro lado, faz politicagens de dois dias na ilha e volta a falar de cultivos ilícitos e outras ervas, como se não tivesse acontecido nada tão grave.
Em terceiro lugar, a chanceler Holguín, os ex-chanceleres e ex-presidentes da República que tiveram a ver com este fiasco iniciado pela Nicarágua há três décadas, todos, sem
exceção, devem ser julgados com rigorosidade no Congresso da República, e se sua atuação ou omissão contemplam cárcere por eventual traição à pátria, que paguem. Sem
contemplações.
“A pátria está acima dos partidos”
, disse Benjamín Herrera e das
“ascendências ilustres e pergaminhos pessoais”
, abonamos de nossa própria colheita.
Por outro lado, este é o momento dos partidos políticos se pronunciarem. Aterra o silêncio cúmplice das direções nacionais liberal e conservadora, além da evidente cumplicidade dos comunistas que não deram nem um pio porque sabem que isso convém ao Plano Estratégico
das FARC e de seu sócio Hugo Chávez.
Tampouco ouve-se “Colombianos pela Paz”, nem a senadora Gloria Ramírez, nem muito menos as ONG’s sem cabeça visível que diariamente inventam calúnias contra quem
questiona sua resvaladiça ideologia marxista-leninista. Tampouco aparecem as universidades, nem os meios de comunicação, todos, ao que parece, muito santistas, esperam que o
pé-d’água amaine e que como dezembro já chega com sua alegria, mês de festas e de diversão, então viva a festa e Güepa!
[1] ...
Tampouco aparecem os ex-ministros de defesa muito dados a se auto-atribuir os êxitos das tropas em seu momento mas que hoje deveriam estar à frente do debate nacional, até que se faça justiça e clareza. Muito menos vemos os generais do Exército que eram demasiado bravos nos quartéis e causavam terror quando visitavam as tropas como Fracica Naranjo, Pedraza Pélaez, Mora Rangel, Suárez Bustamante e outros personagens, desses que se passam por silvestres em nossa fauna local, que hoje deveriam estar defendendo a integridade nacional com a mesma arrogância com que naquela ocasião tratavam aos subalternos. Todos brilham por suas ausências.
Muito menos se vê os analistas políticos e de temas de segurança nacional, que pontificam sobre o divino e o humano nos programas de opinião. Menos ainda aparecem os politiqueiros que em campanhas eleitorais prometem o céu e a terra, e até se disfarçam de futebolistas quando a seleção da Colômbia joga. Tampouco fala o vice-presidente Garzón, nem seu xará Lucho, dois linguarudos de marca maior quando se trata de buscar prebendas e conchavos partidistas. Nem Peñaloza, nem Mokus, nem Serpa, nem Noemí, nem Ingrid, nem Luis Eladio, nem Consuelo González, nem Sigifredo, nem Navarro Wolf, nem os ex-procuradores.
Ninguém...
Silêncio total de todos os politiqueiros que se “alavancam” no curso de Defesa Nacional para acrescentar dados ao seu currículo. Ou a de centenas de profissionais a quem agrada se disfarçar de tenentes, capitães, majores e até coronéis da reserva, mas que na maioria dos casos para usufruir do uniforme. Hoje brilham por sua ausência e baixo perfil calculado.
E os ex-congressistas, embaixadores, os decanos das faculdades de direito e ciências políticas onde se graduaram como profissionais, os “magos internacionalistas” que nos
deixaram perder o pleito, ficam calados. A Colômbia não dói a ninguém, porque somos um país alheio a seu destino, aos objetivos nacionais, à visão estratégica, a entender que temos o inimigo ao lado no Palácio de Miraflores, porém somos complacentes com o cúmplice das FARC e provável cérebro por trás dos bastidores para a sentença de Haya.
Muitos procedem do mesmo modo a como atuaram os desinformados magistrados que invalidaram os computadores de Reyes como provas, ou como o padreco com problemas sociológicos que disse em Cali que Alfonso Cano era um
“pobre velhinho sem nadinha que comer”
. Segundo eles, tudo já está perdido porque somos um país respeitoso das leis, mesmo que os demais não as respeitem para “danar” a Colômbia.
Por isso, mais uma vez como o demonstra a história universal, só o povo em sua sabedoria e têmpera coletiva pode aproveitar este momento histórico para exigir a revocatória do
mandato de um presidente inferior ao desafio, de uma chanceler torpe e incompetente e, ao mesmo tempo, a responsabilidade política e, se for caso penal, dos que falharam por ação ou omissão durante os últimos 30 anos.
Tudo isto, é claro, se há caráter no Congresso da República, sob pena de que o próprio povo se atreva e também revogue as cadeiras dos congressistas por ser inferiores à sua responsabilidade histórica. PS:
Em um país com dignidade como a Suécia, Noruega ou Dinamarca, o presidente e seu “staff de Relações Exteriores” teriam caído. E se tivesse sido no Equador, os indígenas os teriam tirado de seus gabinetes a chapelaços.
Nota da tradutora:
[1] “Güepa” é uma expressão popular intraduzível, para exprimir alegria, júbilo, contentamento, tal como as nossas “Uêba!”, “Ôba!” e similares.
* Coronel Luis Alberto Villamarín Pulido
Analista de assuntos estrateegicos www.luisvillamarin.com