• Nenhum resultado encontrado

Título: Necessidades de ações em saúde mental para adolescentes e jovens no estado de SP: Possibilidades da perspectiva da integralidade do cuidado.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Título: Necessidades de ações em saúde mental para adolescentes e jovens no estado de SP: Possibilidades da perspectiva da integralidade do cuidado."

Copied!
5
0
0

Texto

(1)

1 Título: Necessidades de ações em saúde mental para adolescentes e jovens no estado de SP: Possibilidades da perspectiva da integralidade do cuidado. Introdução

Este trabalho está baseado nas análises parciais dos resultados do projeto “Linha de Cuidado para a Saúde na Adolescência e Juventude para o Sistema Único de Saúde no Estado de São Paulo”, coordenado em parceria por três instituições: o Centro Brasileiro de Análise e Planejamento – Cebrap, o Centro de Saúde-Escola Prof. Samuel B. Pessoa da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e a Secretaria Estadual de Saúde a partir do Programa de Saúde do Adolescente e da Área de Atenção Básica, e financiado pela OPAS-Organização Panamericana de Saúde e pelo Programa Pesquisa para o SUS – gestão compartilhada em saúde (PPSUS – MS/SES SP/CNPQ/ FAPESP). Esse projeto tem como objetivo construir uma linha de cuidado que, a partir da Atenção Primária à Saúde, integrasse os serviços ambulatoriais dos níveis secundário e terciário do Sistema Único de Saúde (SUS), na busca pela integralidade do atendimento à saúde da população adolescente e jovem no estado de São Paulo (SP).

A partir dessa perspectiva, considera-se que, por se constituírem em grupo populacional particularmente saudável, grande parte das causas de morbimortalidade nos jovens é de natureza evitável, e decorre, principalmente, de exposição à situações de risco, inclusive aquelas relacionadas a comportamentos e hábitos (consumo de bebidas alcoólicas, tabaco e substâncias psicoativas) que podem impactar negativamente o desenvolvimento pleno de suas capacidades. Soma-se a esse quadro, outros riscos a que esse grupo está sujeito em função de contextos sociais de desigualdades e discriminação. (Nasser, M., Garcia, S., Souza, W. 2017, Fernandes, A.; Matsukura, T, 2016; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014)

Essa etapa do ciclo de vida é geralmente reconhecida como uma fase marcada por transformações significativas, pela busca da autoafirmação, reconhecimento social e pela definição da identidade sexual. O conjunto dos fatores sócio-afetivos, e de emergência de novas necessidades, tem influência no desenvolvimento da auto estima, que, por sua vez, afeta de forma positiva ou negativa a saúde mental. Nesse sentido, é relevante constatarmos a elevada prevalência (30%) de transtornos mentais comuns (TCM) em adolescentes escolares brasileiros (Lopes et al,2015). Tais

(2)

2 transtornos são geralmente caracterizados pela presença de sintomas de depressão, ansiedade, bulimia, anorexia, dentre outros. Embora não seja o objeto deste artigo, é importante realçar que estudos nacionais e internacionais demonstram que a presença de sintomas depressivos é um importante fator de risco associado ao desenvolvimento de ideação suicida (Borges, V; Werlang, B, 2006). Com relação à população adolescente, pesquisas nacionais indicam uma taxa elevada de ideação suicida, resultado de uma gama de fatores de risco, dentre eles, a existência de transtornos mentais, exposição à violência, o abuso de álcool e drogas e conflitos familiares (Moreira e Bastos, 2015).

Para enfrentar esse fenômenos complexo, torna-se necessária uma compreensão aprofundada do modo como a atuação dos profissionais em serviços de saúde integra as finalidades de promoção da saúde mental entre adolescentes.

Objetivos: 1. Identificar e analisar as percepções de profissionais dos serviços de saúde e intersetoriais, participantes de oficinas e grupos focais, quanto às demandas de saúde mental de adolescentes e jovens junto a esses serviços. 2. Identificar e analisar as percepções de jovens e adolescentes participantes de grupos focais, sobre o acolhimento dessas demandas pelos profissionais de saúde.

Métodos: Os resultados estão baseados em pesquisa empírica que combinou abordagens quanti e qualitativas voltadas para conhecer o trabalho realizado por serviços de saúde dos níveis primário, secundário e terciário que atendem adolescentes e jovens, as articulações destes com a rede intersetorial, a percepção sobre adolescência e juventude dos diferentes atores envolvidos e propostas para a construção e implementação da linha de cuidado no estado de SP. Foi estruturado um questionário on-line com 50 perguntas que identificasse as experiências realizadas, temas, abordagens, dificuldades e potencialidades no atendimento aos adolescentes e jovens. Esse instrumento foi aplicado aos gestores dos serviços de saúde que atendem adolescentes e jovens no estado de São Paulo. A abordagem qualitativa envolveu a realização de grupos focais e oficinas com profissionais de saúde e gerentes de serviços dos três níveis de atenção à saúde (primário, secundário e terciário), e com diferentes atores envolvidos na atenção a esse grupo populacional, oriundos de 3 regiões paulistas contempladas no estudo, quais sejam, Itapetininga, Litoral Norte e Mananciais. No total, 950 serviços de 252 municípios responderam ao

(3)

3 questionário. Os grupos focais reuniram 10 participantes de cada perfil definido (adolescentes, jovens, profissionais de saúde e da rede intersetorial e regional). Foram realizadas duas oficinas em cada uma das regiões escolhidas, com média de 80 participantes por oficina. Destaca-se que a saúde mental é uma das temáticas tratadas pelo projeto. Empregou-se a técnica de análise de conteúdo para análise dos dados qualitativos.

Resultados: Os resultados obtidos por meio do questionário on-line mostram que a depressão, a ansiedade ou sofrimento emocional, estão entre os principais motivos de busca dos serviços de saúde por adolescentes e jovens: a temática aparece em 11 (50,0%) serviços de atenção especializada a adolescentes; 363 UBS (50,3%); 2 serviços hospitalares (22,2%). Por outro lado, apenas 3 Centros de Atenção Psicossocial-CAPS (2,9%), e nenhum serviço de DST/Aids mencionou esse tópico. Em 431 serviços (50%) o atendimento realizado por psicólogos junto aos adolescentes de 12 anos ou mais, prescinde da presença dos pais, familiares ou responsáveis, conforme recomendado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, entre outros marcos legais (Brasil, 1990a, Brasil, 1990b, Brasil, 2016). No entanto, em 137 serviços (16%), o acompanhamento do atendimento pelos responsáveis é sempre obrigatório.

Análises preliminares das oficinas realizadas nas três regiões indicam que a saúde mental tem preocupado os profissionais tanto da área da Saúde, quanto dos demais setores. Houve relatos de aumento de atendimento de casos de depressão, automutilação e suicídio entre a população adolescente e jovem. Também foram referidos casos de automutilação coletiva com mobilização por redes sociais (whatsapp).

Nos grupos focais com profissionais de saúde também teve destaque o aumento do atendimento de casos de automutilação de adolescentes, fenômeno muitas vezes compreendido como modismo ou como forma de “chamar a atenção”. Contudo, alguns profissionais percebem essas situações como diretamente relacionadas ao contexto em que vivem esses adolescentes e jovens, em diferentes aspectos de suas vidas (família, relações afetivas, escola, trabalho, etc.).

Os profissionais afirmam que muitas vezes não estão preparados para lidar com essa questão, seja individualmente em seu serviço ou a partir de uma rede capaz de oferecer apoio. Não obstante, é consensual que deve haver ações de saúde voltadas

(4)

4 à prevenção, garantindo que essa população possa ser ouvida e atendida em sua integralidade pelas diferentes áreas. É importante ressaltar que, no grupo focal com jovens, houve queixas de mau atendimento pelos serviços de saúde em situação de tentativa de suicídio, além da subestimação de sintomas de depressão.

Considerações: Estudos a respeito da prevalência dos transtornos mentais entre os jovens no Brasil, revelam a magnitude e a importância da necessidade da atenção à saúde mental dessa população. Os resultados aqui apresentados evidenciam uma defasagem importante entre a necessidade de atenção em saúde mental para adolescentes e jovens e a oferta de ações de saúde capazes de responder por ela. É fundamental a proposição de medidas de prevenção e promoção orientadas para esse grupo populacional, que possibilitem o trabalho interdisciplinar no acolhimento, escuta e atenção, e que para isso, capacitem os profissionais envolvidos para a detecção de sinais e sintomas associados aos transtornos mentais. E, que, partindo das necessidades dos adolescentes e jovens, tenha como perspectiva, o princípio da integralidade e a articulação da saúde com outros setores e outras políticas públicas, como preconizado pelo SUS.

Referências Bibliográficas

BRASIL. Lei nº 8069, de 13 de julho de 1990a. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências.

BRASIL. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990b. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília : Senado Federal, Coordenação de Edições Técnicas, 2016. 496 p. ISBN: 978-85-7018-698-0

BORGES, Vivian Roxo; WERLANG, Blanca Susana Guevara. Estudo de ideação suicida em adolescentes de 15 a 19 anos. Estud. psicol. (Natal), Natal , v. 11, n. 3, p. 345-351, dez. 2006 . Disponível em

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-294X2006000300012&lng=pt&nrm=iso>. acesso

(5)

5 LOPES, CS, Abreu GA, Santos DF, Menezes PR, Carvalho KMB, Cunha CF et al. ERICA: prevalência de transtornos mentais comuns em adolescentes brasileiros. Rev Saude Publica 2016; 50(supl 1):14s.

MINISTÉRIO DA SAÚDE, CONSELHO NACIONAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO, Atenção Psicossocial a Crianças e Adolescentes no SUS Tecendo Redes para Garantir Direitos, 2014

MOREIRA, Lenice Carrilho de Oliveira e BASTOS, Paulo Roberto Haidamus de Oliveira. Prevalência e fatores associados à ideação suicida na adolescência: revisão de literatura. Psicol. Esc. Educ. [online]. 2015, vol.19, n.3 [citado 2017-07-04],

pp.445-453. Disponível em:

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-85572015000300445&lng=pt&nrm=iso>. ISSN 2175-3539. http://dx.doi.org/10.1590/2175-3539/2015/0193857.

NASSER, M; GARCIA, S; SOUZA, W. Projeto para a Construção Linha de Cuidado para a Saúde na Adolescência e Juventude para o Sistema Único de Saúde no Estado de São Paulo. 2017

Referências

Documentos relacionados

Atualmente o predomínio dessas linguagens verbais e não verbais, ancorados nos gêneros, faz necessário introduzir o gênero capa de revista nas aulas de Língua Portuguesa, pois,

A conceituação do que vem a ser Convenção Coletiva encontra-se no artigo 611 da CLT, (Brasil, 2017): que em síntese define ser a Convenção Coletiva de Trabalho um acordo de

Neste capítulo foram descritas: a composição e a abrangência da Rede Estadual de Ensino do Estado do Rio de Janeiro; o Programa Estadual de Educação e em especial as

O presente trabalho objetiva investigar como uma escola da Rede Pública Municipal de Ensino de Limeira – SP apropriou-se e utilizou o tempo da Hora de

de professores, contudo, os resultados encontrados dão conta de que este aspecto constitui-se em preocupação para gestores de escola e da sede da SEduc/AM, em

(2009) sobre motivação e reconhecimento do trabalho docente. A fim de tratarmos de todas as questões que surgiram ao longo do trabalho, sintetizamos, a seguir, os objetivos de cada

Para tentar perceber a forma como Hotéis e Hostels da Grande Lisboa se encontram presentes nas redes sociais e como delas tiram proveito, objetivou-se entender as

O Supremo Tribunal Federal consolidou entendimento no sentido da não incidência do imposto sobre produtos industrializados no caso de importação de veículo por pessoa