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Assembleia de Delegados Sindicais Caldas da Rainha 1 a 3 de Junho de 2012 MOÇÃO

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MOÇÃO

A ASSEMBLEIA DE DELEGADOS SINDICAIS, REUNIDA EM CALDAS DA RAINHA ENTRE 1 E 3 DE JUNHO DE 2012, DELIBERA POR UNANIMIDADE:

1. Afirmar que o SMMP e os seus associados continuam dispostos a colaborar com o Governo, a

Assembleia da República e os demais operadores judiciários na procura de consensos alarga-dos para a construção de um sistema de Justiça mais célere, mais acessível e eficiente, que garanta o reconhecimento e a efectividade dos direitos dos cidadãos em todos os pontos do país;

2. Reafirmar a unidade dos magistrados do Ministério Público em torno dos seus princípios

constitucionais e estatutários e a sua vontade de participar na construção de um Ministério Público renovado, efectivo defensor da Constituição e do Estado de Direito, que sempre nor-teie a sua actuação por critérios de estrita legalidade e objectividade, respeitador do princí-pio da igualdade de todos os cidadãos perante a lei, capaz de responder eficazmente nas suas várias áreas de acção;

3. Nesse contexto, no âmbito do processo de reorganização judiciária em curso, e face ao “quadro de referência” provisório recentemente conhecido:

a. Reconhecer a importância da reorganização judiciária, sendo oportunidade decisiva

para reestruturar o Sistema de Justiça de modo a conferir-lhe melhor capacidade de resposta, melhor qualidade, maior celeridade e simplicidade, acessibilidade e efi-ciência;

b. Reafirmar que, obrigando a reorganização judiciária a alterar o Estatuto do Ministério Público, e ainda que não existam condições práticas para agora o alterar em todas as dimensões necessárias1, quaisquer alterações que pretendam obter o apoio do

1

Desde há muitos anos, os associados do SMMP, reunidos em congressos, assembleias-gerais e assembleias de delegados sindicais, vêm reflectindo sobre a necessidade de alterar o EMP, não só para o expurgar das nor-mas de duvidosa conformidade com a Constituição introduzidas em 2008, nor-mas também para o modernizar, reor-ganizando e reforçando a capacidade de resposta desta magistratura, com uma hierarquia responsável e res-ponsabilizante, que crie mecanismos que assegurem níveis elevados de coordenação, incentivadora do mérito e da especialização, mas sempre com respeito pelos princípios fundamentais que definem o Ministério Público português, consagrados na Constituição.

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SMMP e dos seus associados deverão ter como concepção base as seguintes ideias e princípios (no que para esta reorganização releva):

1. Autonomia e Hierarquia:

a. Autonomia interna – deverá ser reforçada a autonomia dos magistra-dos do Ministério Público, como garantia do cidadão:

i. A autonomia de cada magistrado deve continuar a assentar em quatro pilares fundamentais, a defender e até aprofundar:

1. a sua vinculação a critérios de legalidade e objectividade em todas as suas actuações;

2. a sua exclusiva sujeição às directivas, ordens e instruções previstas no Estatuto e que sejam conformes à lei; 3. a salvaguarda da sua consciência jurídica (que, em caso

de ofensa grave, lhes permite a recusa de cumprimento dessas directivas, ordens e instruções);

4. a estabilidade, que se traduz, tal como a «inamovibilida-de» dos juízes, no facto de, ao contrário dos funcionários públicos, os magistrados do Ministério Público não pode-rem «ser transferidos, suspensos, aposentados, demiti-dos ou de qualquer forma mudademiti-dos de situação excepto nos casos previstos na lei» (artigo 219.º, n.º 4, da Consti-tuição e artigo 72.º do EMP);

ii. Uma autonomia amputada da sua vertente interna transforma o Ministério Público – parte integrante do poder judicial, com os consideráveis poderes processuais de que hoje dispõe, nomea-damente na área criminal – numa autocracia manipulável e peri-gosa, que poderá ser condicionadora da independência do poder judicial, da igualdade dos cidadãos perante a lei e, portanto, do Estado de Direito;

b. Hierarquia:

i. A hierarquia no Ministério Público deve continuar a consistir no poder/dever de direcção funcional, virado em exclusivo para o exercício das atribuições estatutárias do Ministério Público, e no correspondente dever de obediência;

ii. À hierarquia do Ministério Público é completamente estranho o princípio da confiança pessoal, pelo que o seu exercício não é nem deve ser dependente da relação pessoal que eventualmente exista entre superior e inferior hierárquico;

iii. Assim, todos os lugares de direcção e coordenação, deverão ser preenchidos pelo Conselho Superior do Ministério Público, após concurso aberto a todos os interessados;

2. Conselho Superior do Ministério Público:

a. ao CSMP deve continuar a caber em exclusivo o poder de nomear, trans-ferir, promover, colocar e apreciar o mérito dos magistrados e bem assim exercer a acção disciplinar;

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b. o CSMP deve continuar a ter a função de acompanhamento e de controlo democrático da actividade e iniciativa do Ministério Público e, em conse-quência, de propor ao PGR orientações sobre a acção desta magistratura e dos seus magistrados;

3. Carreiras – as alterações devem garantir que cada magistrado possa construir

uma carreira digna e que lhe permita realizar-se profissionalmente, valorizando e incentivando a sua formação e especialização:

a. todos os magistrados do Ministério Público devem passar a ser colocados em unidades funcionais (cargos ou lugares) e não genericamente apenas em municípios (sendo absolutamente inaceitável o que consta do “qua-dro de referência”, até por contraposição ao aí previsto para os juízes e funcionários);

b. o processo de nomeação e colocação dos magistrados em cada unidade funcional tem de ser integralmente da competência do CSMP;

c. o preenchimento de todos os lugares deverá ser feito por concurso: i. Nessas unidades funcionais devem ser incluídas também aquelas

que constituem os graus inferiores da hierarquia funcional: pro-curador-geral adjunto coordenador da comarca, Director de DIAP e procurador coordenador de área;

ii. E também devem ser incluídos os procuradores-gerais adjuntos coordenadores em Tribunais da Relação, os procuradores-gerais adjuntos nos supremos tribunais e o procurador-geral adjunto Director do DCIAP;

iii. Os concursos devem:

1. basear-se em critérios objectivos, previamente determi-nados, em especial as qualificações profissionais, aptidão e experiência (os quais podem ser diferentes consoante as especificidades de cada lugar), e decididos por proce-dimentos rigorosos, transparentes e imparciais;

2. ser abertos a todos os interessados que preencham as condições objectivas para preenchimento do cargo; d. Devem ser integralmente revogadas todas as normas que no Estatuto

permitem a substituição de procuradores-adjuntos por não magistrados do Ministério Público;

c. Lamentar que os Gabinetes de Apoio a Magistrados – previstos na reforma da orga-nização judiciária de 2008, um dos seus aspectos verdadeiramente inovadores e que seriam factor decisivo de melhoria da eficiência e qualidade do sistema judicial, nun-ca implementados – não constem desta nova proposta;

d. Sublinhar que, na eventualidade de virem a ser encerrados tribunais, tal deve ser fei-to com extremo cuidado e ponderação, garantindo que fei-todas as pessoas têm acesso efectivo, em condições de razoabilidade, à Justiça e, em particular, ao Ministério Público como magistratura de iniciativa e elo entre a sociedade, os cidadãos e o sis-tema judiciário, decisivo na defesa e promoção dos direitos sociais nas suas várias áreas de competência;

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i. sendo criadas “extensões”, deverá assegurar-se a possibilidade de realizar diligências por videoconferência (entre pessoas que estão na “extensão” e magistrados e funcionários que estão no seu posto de trabalho) com meios técnicos e legais adequados;

e. Quanto à gestão das novas comarcas:

i. Ainda que seja fixada uma dotação orçamental global para cada comarca, deverá ficar definido desde o início qual a dotação do Ministério Público para as suas despesas próprias e tais verbas deverão ser administradas sob direc-ção do Procurador Coordenador;

ii. Terá de estar legalmente definido o quadro inicial de funcionários judiciais afectos às instâncias e aos Serviços do Ministério Público, sendo a sua colo-cação num e noutro feita pela DGAJ por concurso; a posterior gestão desses quadros deverá ser feita pelo Juiz Presidente e pelo Procurador Coordena-dor, nas respectivas áreas, com a colaboração do Administrador; qualquer alteração dos quadros (transferências de funcionários entre Ministério Públi-co e instâncias e vice-versa) só poderá ser feita por aPúbli-cordo entre Juiz Presi-dente, Procurador Coordenador e Administrador;

iii. Terá de ser definida previamente pela DGAJ a divisão de áreas dos edifícios entre Ministério Público e juízes, sendo depois cada uma delas gerida pelo Procurador Coordenador e o Juiz Presidente, respectivamente; as partes comuns deverão ser geridas por acordo;

f. Face à necessidade de responder atempadamente a alterações circunstanciais das necessidades de magistrados dentro de cada comarca (v.g., licenças de maternidade, baixas por razões de saúde, aumentos de entradas ou de pendências):

i. a mobilidade deverá ser assegurada principalmente, dentro da comarca, pelos magistrados que estejam colocados em bolsas próprias para esse efeito (Quadros Complementares), preenchidas por concurso, com

adequa-das compensações, de acordo com critérios objectivos pré-determinados pelo CSMP;

ii. subsidiariamente, entre movimentos, só será admissível a mobilidade dos demais magistrados se for dentro do município onde estão colocados, man-tendo-se a área de especialidade, de acordo com critérios previamente defi-nidos no Estatuto e ratificação do CSMP;

g. É inaceitável que se afaste o pagamento adicional de toda e qualquer acumulação de diferentes funções dentro da mesma comarca:

i. Não obstante não terem (nem deverem ter) horário de trabalho, se é impos-to trabalho adicional aos magistrados que exceda o razoável, deve haver pagamento;

ii. O sistema proposto pelo Governo implica que qualquer magistrado, para além do seu serviço, possa ser obrigado a realizar qualquer outro que exista na mesma comarca, sem pagamento desse acréscimo de trabalho. Em

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abs-tracto, poder-se-á obrigar um magistrado do Ministério Público a fazer o tra-balho de dois ou de dez, sem que se lhe pague qualquer acréscimo por isso;2

h. Assumir a vontade de, com transparência, prestar contas à comunidade pelo seu trabalho. Afirmar, porém, que os magistrados do Ministério Público nunca se

com-prometerão com quaisquer objectivos, assumidos por outros, que não dependam de si, por um lado, ou que possam condicionar a sua actuação objectiva, isenta e respei-tadora da lei, por outro (ao agir em cada processo, não pode o magistrado ater-se a quaisquer considerações que não aquelas que do mesmo resultam e que o mesmo exige; nunca pode procurar uma solução processual, um concreto desfecho para o caso, que vise atingir qualquer determinado objectivo quantitativo a ele externo);

i. Alertar o Governo para:

i. a necessidade de introduzir factores de correcção na relação entre VRP’s / processos entrados / quadros de magistrados: os processos, mesmo dentro

do mesmo tipo, não são todos iguais em termos de complexidade e trabalho que a sua tramitação e conclusão exigem. Assim, em alguns tribunais (futu-ras “instâncias”) onde a complexidade média dos processos é muito superior à que existe noutros tribunais, há que colocar magistrados em número supe-rior àquele que resultaria apenas da relação VRP / número de processos entrados;

ii. a conveniência de manter secções locais sempre que o volume de serviço que aí exista justificar pelo menos a afectação de um juiz;

iii. a importância de, na organização do Ministério Público na investigação

cri-minal, em todas as comarcas, se procurarem três objectivos: a criação de

estruturas especializadas e organizadas para a investigação da criminalidade mais grave e complexa, por um lado; a manutenção de estruturas de proxi-midade no que respeita à pequena criminalidade, por outro; a existência de uma coordenação única, finalmente. Esta organização não deverá ser idênti-ca em todas as comaridênti-cas, antes deverá ser adaptada às idênti-característiidênti-cas de cada uma por decisão do CSMP;

iv. a necessidade de adequar a localização das secções às instalações

existen-tes;

v. a imprescindibilidade de que os Procuradores Coordenadores, os Juízes Presidentes e os Administradores Judiciários sejam nomeados com a ante-cedência necessária a permitir-lhes, com a DGAJ, planear e executar a

insta-lação das novas comarcas e transferências de processos;

2

Sendo objectivo desta reorganização judiciária a distribuição equitativa do trabalho (também como forma de potenciar a eficiência do mesmo), tendencialmente a distribuição de serviço por cada magistrado tenderá a fazer o aproveitamento total da sua capacidade de trabalho. Os VRP’s calculados são isso mesmo. Assim, por exemplo, se em determinada especialidade o VRP é de 1000, se a um magistrado que já tem entradas anuais de 1000 é distribuído um serviço adicional de outros 1000, é manifesto que esse trabalho excede o que é razoável que lhe seja exigido e, para ser realizado, significará que terá de trabalhar todas as noites e fins-de-semana. Logo, esse trabalho deverá ser pago com um acréscimo de remuneração. Pelo contrário, se o magistrado só tem entradas de 500 e lhe é distribuído um serviço adicional de outros 500, não deverá haver lugar a qualquer pagamento adicional. Admite-se que o acréscimo de remuneração só deve existir

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vi. a necessidade de consagração de um conjunto de regras de preferência ou de prioridade na colocação de que gozarão os magistrados actualmente

colocados na área das novas comarcas; nesse âmbito, deverá ser incluída também a preferência dos magistrados auxiliares (face aos que agora aí não estão colocados a qualquer título). Merece concordância a intenção de fazer a mais ampla correspondência possível entre os lugares anteriormente ocu-pados e os resultantes da reorganização judiciária que permitam que os pro-cessos a reafectar possam maioritariamente continuar a ser tramitados por quem os conhece.

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