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Deve-se a Darwin as teorias onde o homem deixa de ser considerado o ser. supremo e perfeito criado por Deus, passando a ser tratado como apenas mais

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1. Introdução

Deve-se a Darwin as teorias onde o homem deixa de ser considerado o ser supremo e perfeito criado por Deus, passando a ser tratado como apenas mais uma das espécies do mundo, sujeito às mesmas origens e aos mesmos fatores naturais. Seus trabalhos “A Origem das Espécies” (1859), onde descreve o mecanismo de evolução conhecido como seleção natural, e “A Origem do Homem e a seleção sexual” (1871), onde insere os conceitos da seleção natural ao ser humano, iniciam uma revolução na história do pensamento. Afinal, durante o século XIX, época de publicação de seus trabalhos, a grande maioria dos filósofos, teólogos, cientistas e pessoas cultas em geral, acreditavam na natureza fixa e imutável da criação; num mundo recente, ordenado divinamente, sendo o homem o centro das atenções do universo.

Assim, afirmar que nossa espécie era apenas mais uma entre tantas e que não fomos criados à imagem de Deus, mas sim que sofremos processos evolutivos a partir de “macacos”, tidos como bestas, era uma idéia revoltante na época e, se analisarmos o contexto social de hoje, continua a incomodar muitas pessoas.

As pessoas que confiam numa origem divina da criação, usam como argumento que o ser humano não pode ter vindo de outras criaturas, visto que ele é extremamente diferente, principalmente em sua forma comportamental (para melhor entendimento da visão criacionista, que não é o escopo desse trabalho, ver Eccles 1989). Mesmo entre nós, seres humanos e os primatas, táxons mais próximos às diferenças seriam infinitas. O próprio Wallace, co-fundador da teoria

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da evolução juntamente com Darwin, afirmou que a seleção era um processo fraco demais, não podendo ser aplicado a todos os reinos da diversidade orgânica, principalmente os comportamentos mais complexos, sendo que o Homem teria, em sua criação, uma interferência divina (Gould, 1981, p.39).

Atualmente, os diversos estudos genéticos e paleontológicos dão bases científicas suficientes para a evolução se encaixar em qualquer contexto, incluindo o surgimento da humanidade. O argumento dos criacionistas de que o homem é extremamente diferente dos outros animais vem caindo por terra a cada. Estudos anatômicos e etológicos mostram diversas semelhanças entre homens e demais animais (Lewin 1999).

Porém seria hipocrisia afirmar que nossa espécie não se destacou no reino animal. Se somos todos animais, a mercê da seleção natural, o que fez nos tornarmos tão particulares? Para tentarmos compreender essa questão, primeiro é necessário analisarmos como surgiram as particularidades que distinguem atualmente o homem dos grandes macacos.

Os biólogos, de modo geral, reconhecem que as características próprias ao homem são: a bipedia, a dentição, a sexualidade, o tamanho do cérebro e a cultura/linguagem (Blanc, 1994). Porém estudos fósseis e arqueológicos indicam que essas novidades surgiram em intervalos separados ao longo da evolução dos hominídeos. Numa análise comparativa entre anatomia e comportamento entre humanos e os demais animais, fica claro que essas características muitas vezes não são novidades do homem, mas sim, características já existentes levadas por este ao extremo.

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Nesse contexto amplo, o presente trabalho tem por objetivo fazer uma análise dessas características “exclusivas” do Homo sapiens, discutindo as hipóteses existentes sobre o como e por que essas “autapomorfias” foram selecionadas. Adicionalmente, as implicações que essas características tiveram no ambiente ancestral serão discutidas.

2. Materiais e Métodos

Toda a discussão desse documento foi reunida a partir do levantamento bibliográfico pertinente ao assunto. A compilação e analise das diversas teorias e hipóteses de uso corrente na literatura pertinente ao assunto foi obtida durante o ano de 2005. As diferentes referências bibliográficas utilizadas demonstram idéias distintas e muitas vezes antagônicas dos autores utilizados. Esse fato enriquece o texto e o deixa mais adequado as comparações necessárias.

Em relação à sistemática utilizada, optou-se por usar uma de consenso (figura 01) entre os diferentes táxons. Isso se deve a difícil e complicada taxonomia do grupo dos hominíneos que altera-se rapidamente a cada nova descoberta e que se atrela também a idéias antagônicas de diferentes autores.

Adicionalmente, preferiu-se, nesse trabalho, a utilização de uma nomenclatura conciliatória para a categorização dos diferentes táxons analisados. Assim, os termos usados com suas respectivas definições são:

a) Hominíneo: termo geral para todas as espécies que apresentam um parentesco próximo apenas com a espécie humana dentre as espécies viventes;

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b) Hominóide: todas as espécies viventes e extintas de símios, seres humanos e seus ancestrais e

c) Hominídeo: todas as espécies viventes e extintas do gênero Homo.

Figura 01- Relações filogenéticas existentes entre os diferentes hominíneos. Compilação de vários autores.

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3. Resultados

Tendo esse trabalho o cunho comparativo entre os diferentes tipos de hominíneos buscando seus elos comparativos, busca-se nesse item recapitular as principais características de cada táxon hoje válido para posterior discussão.

a) Sahelanthropus tchadensis Brunet 2001 (Homem de Toumai ) -Idade: 7 milhões de anos.

-Local: Chade (oeste da África).

-Bipedia: duvidosa (nenhum osso pós craniano encontrado).

-Dentição: caninos pequenos e com forma e desgastes que apresentam modificações na direção humana. Esmalte relativamente denso.

-Sexualidade: desconhecida, provavelmente semelhante à símia. -Cérebro: caixa craniana pequena, 360 cm³.

-Cultura: sem indícios de existência.

b) Orrorin tugenensis Senut 2000 (Homem do Milênio) -Idade: 6 milhões de anos.

-Local: Quênia.

-Bipedia: duvidosa, provavelmente sim (tomografia do fêmur mostra parte inferior mais espessa – típico de bípedes).

-Dentição: semelhante aos símios (caninos grandes e pontudos). -Sexualidade: desconhecida, provavelmente semelhante à símia. -Cérebro: caixa craniana pequena.

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-Cultura: sem indícios de existência.

c) Ardiphitecus ramidus White - Idade: 4,4 milhões de anos. -Local: Etiópia.

-Bipedia: duvidosa, posição do foramem magno indica que sim. -Sexualidade: desconhecida, provavelmente semelhante à símia. -Cérebro: provavelmente pequeno.

-Cultura: sem indícios de existência.

d) Ardiphitecus ramidus kadabba Haile-Selassie 2001 - Idade: 5,2 a 5,8 milhões de anos.

-Local: Etiópia.

-Bipedia: duvidosa (juntas da falange formam ângulo igual ao humano ao caminhar, porém falange semelhante à de um chipanzé).

-Dentição; desconhecida. -Cérebro: pequeno.

-Sexualidade: desconhecida, provavelmente semelhante à símia. -Cultura: sem indícios de existência.

e) Australopithecus anamensis Leakey 1994 -Idade: 3,8 e 4,2 milhoes de anos.

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-Bipedia: a anatomia da tíbia implica que possui uma postura semelhante à humana e era bípede.

-Sexualidade: desconhecida, provavelmente semelhante à símia. -Dentição: esmalte espesso, caninos relativamente grandes. -Cérebro: pequeno.

-Cultura: sem indícios de existência.

f) Australopithecus afarensis Johanson 1974 -Idade: 2,9 e 3,9 milhões de anos.

-Local: Etiópia, Tanzânia e Quênia.

-Bipedia: apesar de comprovadamente bípedes (até rastros de pegadas deixados em cinza vulcânica foram encontrados, apresentavam braços longos, típico de símios arborícolas).

-Dentição: dentes pequenos e não especializados (provavelmente onívoros), caninos pequenos e pouco desenvolvidos.

-Sexualidade: duvidosa (machos com o dobro do tamanho das fêmeas, indicio de poligamia, porém caninos pequenos, indicio de monogamia).

-Cérebro: pequeno.

-Cultura: sem indícios de existência.

g) Australopithecus africanus (Dart 1924) -Idade: entre 3 e 2,3 milhões de anos. -Local: Etiópia, África do Sul.

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-Bipedia: posição central do forâmen magnum, e pela anatomia da coluna, pélvis e fêmur, porém ainda apresenta adaptações a arboridade.

-Dentição; apresentando características próximas dos macacos com uma face protusa, dentição tipicamente humana que inclui caninos pequenos e molares grandes e planos.

-Cérebro: pequeno, aproximadamente 500cm³. -Sexualidade: provavelmente semelhante à símia. -Cultura: sem indícios de existência.

h) Paranthropus aethiopicus (Walker 1985) Idade: aproximadamente 2,5 milhões de anos. Local: Tanzânia.

Bipedia: provavelmente, faltam provas.

Dentição: mandíbula robusta, apresenta enormes molares.

Sexualidade: desconhecida, provavelmente mais semelhante à símia. Cérebro: pequeno, aproximadamente 500cm³.

Cultura: sem indícios de existência.

i ) Paranthropus robustus (Broom 1935) Idade: 1,5 e 2 milhões de anos.

Local: Johanesburgo, Kromdraai e Swartkrans. Bipedia: sim.

Dentição: maxilares e dentes robustos, crista sagital na região superior do crânio para inserção de grandes músculos mandibulares.

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Sexualidade: desconhecida, machos 1/3 maiores que a fêmeas.

Cérebro: aproximadamente 500ml³, porém ligeiramente maior que o das espécies gráceis.

Cultura: sem indícios de existência.

j) Paranthropus boisei (Leakey 1959) Idade: 1,3 e 2 milhões de anos. Local: Tanzânia.

Bipedia: sim.

Dentição: apresenta os dentes e maxilares mais robustos.

Sexualidade: desconhecida, machos de aproximadamente 50 quilos para fêmeas de aproximadamente 35 quilos.

Cérebro: aproximadamente 500ml³, porém ligeiramente maior que o das espécies gráceis.

Cultura: sem indícios de existência.

l) Homo habilis Leakey 1964 Idade: 2,2 a 1,6 milhões de anos. Local: Tanzânia.

Bipedia: similar a atual.

Dentição: prognatismo facial reduzido, redução do tamanho dos molares e pré-molares.

Sexualidade: dimorfismo sexual bastante acentuado.

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Cultura: sem indícios de existência, indícios claros da utilização de ferramentas.

m) Homo rudolfensis Schrenk e Bromage 1993 Idade: 2,5 e 1,6 milhões de anos.

Local: Malawi, região localizada entre o leste e sul da África . Bipedia: similar à atual.

Dentição: mandíbula menos robusta que a dos Australopithecus, dentes molares e pré-molares menores.

Sexualidade: provavelmente intermediário ente a estratégia precoce e altricial . Cérebro: ligeiramente maior que o de H. habilis, variando de 600 a 800 cm³. Cultura: sem indícios de existência.

n) Homo erectus/ergaster Dubois 1894

Local: África oriental , China( Homem de Pequim), Indonésia ( Homem de Java). Idade: 2 milhões e 400 mil anos.

Bipedia: perfeitamente adaptado.

Dentição: desgaste e padrão de erupção dos dentes indicam inicio da transição real do padrão símio para o humano.

Sexualidade: dimorfismo sexual, provavelmente recém nascidos mais dependentes: inicio de estratégia altricial secundária.

Cérebro: entre 900 e 1200 cm³.

Cultura: sem indícios de cultura. Confecção de ferramentas rústicas, provável inicio da utilização do fogo.

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o) Homo sapiens arcaicos (H. antecessor e H. heidelbergensis) Schoetensack 1908

Idade: 400 mil a 200 mil anos.

Local: Leste da África, Europa, Oriente médio. Bipedia: perfeitamente adaptado.

Dentição: características modernas.

Sexualidade: provavelmente semelhante à moderna. Cérebro: superior a 1000cm³.

Cultura: sem indícios de cultura simbólica. Confecção de ferramentas mais sofisticadas e especificas.

p) Homo neanderthalensis King 1863 Idade: ntre 200 mil e 30 mil anos. Local: Europa e Ásia ocidental. Bipedia: perfeitamente adaptado. Dentição: características modernas.

Sexualidade: provavelmente semelhante à moderna.

Cérebro: entre 120 e 1700 cm³, excede a média humana atual, porém anatomia interna é diferente: áreas ligadas à linguagem são menos desenvolvidas.

Cultura: indícios de cultura simbólica, como por exemplo, funerais ritualizados, são duvidosos. O estilo característico das ferramentas neandertais é conhecido como cultura musteriense.

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q) Homo floresienses Sutikna 2003 Idade: 18 mil anos.

Local: Ilha de Flores, Indonésia . Bipedia: perfeitamente adaptado. Sexualidade: desconhecida.

Cérebro: o cérebro é considerado mesmo proporcionalmente pequeno. Em relação ao H. erectus teria ocorrido uma redução de 30% do tamanho do corpo e 50% no tamanho do cérebro.

Cultura: indícios da utilização do fogo, ferramentas sofisticadas e rituais vem sendo estudados.

r) Homo sapiens

Idade: 120 mil anos até o presente.

Local: primeiras aparições no leste da África, atualmente no mundo inteiro. Bipedia completamente adaptada.

Dentição: características modernas.

Sexualidade: estratégia altricial secundaria. Cérebro: volume médio de 1350 cm³.

Cultura: cultura simbólica desenvolvida, com linguagem complexa, expressões artísticas, religiões variadas, tecnologia altamente avançada.

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4. Discussão

As diferenças, como visto, são tênues entre os diferentes hominíneos. A separação dos táxons está sempre vinculada a características anatômicas muito especificas e, na maioria das vezes, de difícil interpretação ou reconhecimento. Tendo em vista a dificuldade das relações comportamentais serem preservadas nos fósseis, tenta-se, nesse capitulo, estabelecer as correlações existentes em cinco categorias diferentes: bipedismo, dentição, sexualidade, volume cerebral e cultura.

4.1 Bipedia

A diferença anatômica mais evidente entre humanos e os demais primatas é sua forma de locomoção. Enquanto os símios, os parentes evolutivos mais próximos dos humanos, andam sobre os nós dos dedos, de uma forma quadrúpede, os humanos adotaram a postura bípede.

A raridade da bipedia entre os mamíferos de forma geral mostra que seu aparecimento ao longo da evolução é improvável.

As características anatômicas que possibilitaram a bipedia foram: a-) base curva da coluna vertebral,

b-) uma pelve mais curta e mais larga e um fêmur em ângulo, ambos providos de uma musculatura reorganizada,

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d-) uma junta do joelho que pode ser estendida,

e-) pés em forma de plataforma com o dedão aumentado paralelo aos demais dedos e,

f-) deslocamento do forame magno em direção ao centro do basicentro.

Antropólogos frequentemente procuram explicações essencialmente humanas para a origem da bipedia. A idéia sociobiológica de que esta surgiu com o objetivo de liberar as mãos é uma idéia tão tentadora quanto errônea. Apesar de realmente liberar as mãos para carregar e manipular objetos, essa é uma utilidade atual das mãos. Aceitar essa idéia, portanto, é ignorar o Darwinismo e aceitar o Lamarkismo como teoria válida, pois, afinal, no darwinismo o caráter (no caso bipedia) sempre antecede a característica (no caso carregar e manipular). Darwin, contudo, corroborava com essa idéia, propondo que a bipedia permitia ao homem liberar as mãos das tarefas de locomoção para poder empregá-las na manipulação e fabricação de objetos (Darwin, 1871). A expressão “homem, o fazedor de ferramentas” foi altamente difundida nos meios científicos (Oakley, 1959).

A idéia que a bipedia evoluiu para carregar objetos é exemplificada, atualmente, em 2 hipóteses distintas: a hipótese da “Mulher Coletora” e a hipótese do “Homem Provedor” (Blanc, 1984).

A hipótese do homem provedor, que foi elaborada por Lovejoy (1988), consiste na idéia de que a bipedia se desenvolveu, pois os machos coletavam alimentos, como a caça, e retornavam para alimentar a família. Esse padrão de abastecimento permitiria que as fêmeas tivessem filhos em intervalos menores de

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tempo. Isso seria uma grande vantagem seletiva, pois de acordo com Lovejoy (1988), os outros hominóides estavam com uma baixa taxa de natalidade.

A hipótese da mulher coletora, elaborada por Zihliman (1981), consiste na idéia de que a bipedia surgiu em decorrência das fêmeas terem que percorrer grandes distâncias (hábito nômade) para achar alimento e utilizar ferramentas para alcançá-los, carregando o filhote imaturo durante a colheita, uma vez que não possuía pêlos em seu corpo que propiciassem o “agarramento” do filhote.

Essas duas hipóteses, além de irem contra o darwinismo, visto que dão uma função finalista para evolução, podem ser contestadas de várias maneiras, a seguir discutidas.

A hipótese do homem provedor exigiria que o primeiro hominídeo bípede, que surgiu há aproximadamente sete milhões de anos (Sahelantrophus/Orrorin, veja resultados), caçasse, o que não é nem um pouco provável, visto que os espécimes dessa época apresentavam dentição semelhante à dos símios atuais, ou seja, era própria para uma dieta a base de frutas moles, e não carne. Adicionalmente, não existe nenhum indício de produção de ferramentas há sete milhões de anos, sendo pouco provável que hominídeos que apresentavam um andar bípede mais rústico que o atual, tivessem a capacidade de caçar sem armas.

Essa hipótese também exigiria que houvesse fidelidade incondicional por parte da fêmea, pois se nos longos períodos que o macho passava fora ela o traísse, ele iria acabar cuidando de filhos que não eram dele. Assim, em teoria, esse padrão não teria sucesso evolutivo (segundo a visão ultradarwiniana do processo, onde são os genes a sofrerem processo evolutivo). É difícil aceitar que

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os primeiros hominíneos fossem exclusivamente monogâmicos, visto o altíssimo grau de dimorfismo sexual apresentado por eles. Diversos estudos de comportamento realizados com símios e humanos mostram que a infidelidade, tanto masculina como feminina, é comum nessas espécies, e pode trazer vantagens seletivas para os indivíduos que a praticam (ver tópico sexualidade). É uma visão um tanto romântica e ingênua imaginar que a fêmea iria ser fiel ao macho, mesmo este não estando presente por longos períodos. Podem-se contestar também os dados sobre a baixa taxa de nascimento dos outros hominídeos, que podem ser duvidosos, errôneos e exagerados.

Já a hipótese da mulher coletora coloca a evolução da bipedia num ambiente aberto, onde as fêmeas tinham que andar longas distâncias. Visto que estudos tafonômicos (Lewin, 1999) mostram que os primeiros hominídeos viveram em ambiente de floresta, essa hipótese pode ser contestada. A idéia da bipedia surgindo para a fêmea carregar o filhote é de certo muito polêmica. O nascimento prematuro dos bebês humanos se dá principalmente pelo fato de que se ele permanecesse mais tempo no útero, o tamanho de sua cabeça seria grande demais para permitir o nascimento (como será visto no tópico expansão cerebral). Visto que o tamanho do cérebro dos primeiros bípedes era semelhante ao dos símios atuais, eles provavelmente nasciam com um grau de autonomia semelhante ao dos símios atuais, podendo acompanhar as mães rapidamente.

Outra idéia recorrente para o fato da bipedia em hominídeos, é o da confecção de ferramentas, que também não pode ser tida como uma boa explicação, visto que registros arqueológicos indicam que a confecção de ferramentas começou há 2,5 milhões de anos atrás, na mesma época em que

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houve a expansão significativa do cérebro (ver tópico expansão cerebral). Os hominídeos mais antigos até hoje encontrados, como já visto, datam de sete milhões de anos (Sahelanthrpus tchadensis e Orrorin tugenenis), e apesar de seus cérebros similares ao de um macaco, provavelmente já eram bípedes. Análises do ambiente do Ardipithecus ramidus e Australopitecus anamensis (hominóides de 5 a 3 milhões de anos de idade) mostram que eles viviam em um ambiente florestal. Assim, a idéia popular do “macaco” se tornando bípede para sair das florestas e adaptar-se ao ambiente de savana, é provavelmente fictícia.

Outra hipótese para explicar a bipedia é a de Rodmam e McHenry (1980), que se apóia na energética dessa forma de locomoção. A bipedia é tida simplesmente como resultado da mudança na distribuição de alimentos existentes. Os habitats mais abertos do final do Mioceno exigiam um modo mais eficiente de deslocamento em termos energéticos. Estudos mostraram que apesar de em velocidade a bipedia mostrar desvantagem, em ritmo de caminhada ela é igual, ou melhor, energeticamente, que o quadrupedismo convencional, e cerca de 50% melhor que a locomoção dos chimpanzés em terra.

Steudel (1996) questionou essa hipótese, argumentando que ela implicaria que o ancestral comum de homens e símios africanos andasse sobre os nós dos dedos, o que é um dado duvidoso. Outro ponto contra é que a bipedia dos primeiros bípedes não era como a atual. Estudos de fósseis e suas porções pós-cranianas mostram que os primeiros bípedes mantinham ainda adaptações a arboridade, portanto a eficiência energética da bipedia dos primeiros hominídeos era provavelmente menor que a eficiência da bipedia atual, na qual se apóiam os dados energéticos.

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Recentemente, novas hipóteses vêm surgindo como, por exemplo, a de Wheeler, que vê a bipedia como uma adaptação termorregulatoria (Wheeler, 1994). A postura bípede reduz a exposição ao sol enquanto se forrageia, principalmente ao meio dia. Um hominídeo bípede de 35 quilos, por exemplo, necessitaria de cerca de 1,9 litros de água por dia, enquanto um quadrúpede do mesmo peso gastaria cerca de 3,14 litros. A ausência de pelos no corpo e a sudorese excessiva seriam outras características que teriam evoluído juntamente com a bipedia para reduzir o estresse térmico, o qual seria causado pelas grandes distâncias percorridas para encontrar alimento em ambiente mais aberto, e pela velocidade da caminhada, visto que o ritmo acelerado na procura por alimento seria necessário para possibilitar tempo para as outras atividades, como interação social, descanso, reprodução etc. Foley (1998) corrobora essa opinião, afirmando que o bipedalismo é a prova mais clara das radicais mudanças sofridas pelos hominídeos à medida que se adaptavam às bordas orientais do continente africano, a cerca de 5 milhões de anos (Foley, 1998).

Essa hipótese implica que a bipedia tenha surgido em ambientes abertos (onde as distâncias entre os alimentos são grandes e o sol incide diretamente nos corpos), o que os dados tafonômicos não corroboram (Lewin, 1999). Também não é possível afirmar que caracteres como pele glabra e excesso de suor tenham sido adaptações surgidas na mesma época que a bipedia; é completamente plausível que essas características tenham surgido tardiamente, quando o habitat se tornou comprovadamente savânico.

Já Jablonski (1993), sugere que a bipedia evoluiu a partir das demonstrações de ameaça típica de hominóides. Os indivíduos ficam sobre os

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membros inferiores em conflitos agressivos, parecendo mais imponentes. Assim, os indivíduos que conseguiam ficar mais tempo na posição bípede venceriam mais disputas e, conseqüentemente, teriam maior sucesso reprodutivo (Jablonski, 1993).

Por outro lado, Hunt (1994), observando chimpanzés e seu comportamento bípede, percebeu que 80% desse comportamento estavam relacionados com a situação em que o animal se alimentava estacionado e, apenas 4% com locomoção direta. Ele concluiu então que a bipedia surgiu como postura de alimentação e só posteriormente passou a ser utilizada como locomoção (Hunt 1994)

Uma hipótese um tanto radical elaborada por Morgan (1982), consiste da idéia que os humanos, apesar de descenderem de primatas arbóreos, foram na verdade, produtos evolutivos de uma fase aquática. A postura bípede seria apenas uma adaptação ao nado, juntamente com a perda de pêlos (Morgan, 1982). Essa hipótese é puramente especulativa, não existindo nenhum indício paleontológico que a sustente.

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4.2 Dentição

A dentição é uma das características mais importantes no estudo de nossos antepassados visto que dentes e maxilares são os elementos mais comuns no registro fóssil. O formato e desgaste dos dentes podem dar informações importantes sobre o comportamento de um animal, em particular de sua alimentação (Lewin, 1999). Por exemplo, a eficiência em triturar alimentos aumenta à medida que diminui a distância entre o eixo do maxilar e a fileira de dentes, sendo os hominídeos os mais avançados nesse particular, entre os primatas.

De fato, as diferenças entre o maxilar e dentição dos símios em relação aos humanos são claras:

a-) os símios modernos apresentam o maxilar em forma retangular, enquanto o maxilar humano apresenta uma forma de arco,

b-) os caninos dos símios são cônicos, em forma de laminas, extremamente grandes, projetando além da fileira de dentes. O macho tem caninos maiores. Quando o símio fecha a boca, os caninos são acomodados em diastemas, sua boca é assim travada, impossibilitando movimentos laterais. Já os caninos humanos são pequenos tanto em homens como em mulheres, possibilitando assim movimentos laterais que executam a “moagem”,

c-) os incisivos superiores dos símios são grandes e similares a uma espátula, adaptação a frugivoria. Os incisivos humanos são pequenos e verticais, associados ao canino achatado, compondo uma fileira para fatiar,

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d-) nos símios os pré-molares apresentam uma cúspide e são altamente característicos. Seus molares são maiores que os pré-molares, possuindo cúspide alta e cônica. Nos humanos, pré-molares são grandes e relativamente achatados, tornando se molarizados e,

e-) símios africanos apresentam delgada camada de esmalte nos dentes. Nos humanos o revestimento de esmalte nos dentes é espesso. O esmalte delgado representa provavelmente o caráter primitivo do clado dos hominóides, tendo o esmalte espesso surgido várias vezes de forma independente.

Assim, pode se perceber, analisando o conjunto dentário humano, que este é adaptado como um todo para a trituração, diferente da dentição símia, que é adaptada a frutos moles.

Já os fósseis hominídeos de Ardipithecus ramidus e Austalopithecus

anamensis (4,5 milhões de anos) apresentavam dentição símia. As mudanças em

direção à dentição humana característica começam a acontecer há 2 milhões de anos com os fósseis de Homo erectus. Walker (1989) produziu padrões de revestimento dentário analisados por microscopia eletrônica. As análises comparativas com padrões conhecidos atualmente, mostram que hominídeos antigos pré-Homo erectus estão na categoria frugívoros. Já no Homo erectus o esmalte é esburacado e arranhado, um padrão que estaria entre um carnívoro roedor de ossos e um onívoro “fuçador”.

Adicionalmente, o padrão de erupção dos dentes permanentes em símios modernos e humanos é distinto, quanto à época e ordem de erupção de modo geral. Estudos de padrão de erupção dos dentes permanentes de hominídeos,

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realizados por Smith (1986), concluíram que espécies mais antigas apresentavam padrões de erupção claramente similares aos símios.

Se essas evidências estiverem corretas, o padrão dentário semelhante ao do homem moderno começou apenas com o Homo erectus, que apresentava um padrão transitório entre símios e humanos. Esses dados estão em concordância com a época de aumento do tamanho do cérebro, e trazem importantes implicações para o período de dependência da cria e consequentemente o período de cuidado parietal.

4.3 Sexualidade

As espécies de maneira geral apresentam duas formas distintas de reprodução: assexuada e sexuada.

Na reprodução assexuada, os indivíduos não gastam seu tempo cortejando e acasalando, não precisam carregar armas para duelar com outros pretendentes, e nem pesados e dispendiosos ornamentos para atrair o parceiro, não atraem predadores quando copulam ou acasalam, e ainda transmitem para a prole 100% do seu DNA.

Entretanto, apesar das enormes vantagens da assexualidade para transmissão do máximo do material genético próprio, os ancestrais humanos e de muitas outras espécies aderiram à reprodução sexuada. Essas espécies se acasalam, gerando uma prole que não é 100% idêntica a geração parental e é

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justamente essa característica, a variabilidade, que torna a reprodução sexuada interessante na adaptabilidade dessas espécies.

Uma explicação para a origem da reprodução sexuada é conhecida como a hipótese da rainha vermelha (Van Valen, 1973), em que as espécies que mudam regularmente, permanecem biologicamente menos suscetíveis as bactérias, vírus e outros parasitas em geral.

Mas, por que macho e fêmea? Por que os ancestrais humanos não escolheram uma estratégia reprodutiva na qual pudessem trocar material genético com qualquer indivíduo, assim como fazem algumas bactérias, por exemplo? Não existem teorias concretas sobre como se deu a evolução dos dois sexos. Uma sugestão (Fisher 1995) é que os primeiros ancestrais sexuais eram de certa forma semelhantes às bactérias sexuadas, embora fossem formas de vida maiores e multicelulares, que produziam células sexuais com metade de seu DNA. Como as bactérias, esses indivíduos produziam gametas que podiam se combinar com qualquer outro gameta. Porém, alguns organismos espalharam grandes gametas rodeados por grande quantidade de citoplasma nutritivo, outros espalharam gametas menores com menos substâncias nutritivas, e outros ainda produziam células sexuais diminutas, praticamente sem qualquer nutriente. Todos esses indivíduos sexuados lançavam seus gametas no oceano. No entanto, quando dois gametas pequenos se uniam, não tinham nutrientes suficientes para sobreviver. As células grandes raramente se uniam, pois os gametas pequenos, em número muito maior e mais rápidos, alcançavam os gametas nutritivos primeiro. Com o passar do tempo houve uma evolução pra dois sexos separados: um portador de esperma e outro portador de óvulos.

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Existem outras hipóteses alternativas menos aceitas. Porem, não há atualmente organismos vivos que relatem os modos de vida dos primeiros sexuados, os quais surgiram a bilhões de anos e sua prole, em constante variação, deu origens as mais diversas linhagens, inclusive à do Homo sapiens.

Os mamíferos, classe a qual pertence o Homo sapiens, apresentam exclusivamente a reprodução sexuada dividida em sexo masculino e feminino. O relacionamento entre machos e fêmeas, da espécie humana e seus parentes mais próximos, os símios, seguem o padrão da maioria dos mamíferos: é o macho que faz a corte e cabe a fêmea o papel que aceitar ou não o macho.

Isso se deve ao investimento da fêmea ser muito maior que o do macho. Desde o gameta mais nutritivo e limitado, à gestação longa e custosa, até ao maior ou exclusivo cuidado parietal, o investimento da fêmea é muito maior que o do macho na cria, isso torna a fêmea extremamente seletiva e exigente dos melhores genes possíveis para sua cria. Para o macho, não é interessante uma fêmea que não tenha sucesso com a prole, porém é vantajoso evolutivamente que ele arrisque com qualquer fêmea, pois seu investimento foi apenas gametas numerosos, renováveis e pouco nutritivos e alguns minutos de cópula.

Entre os mamíferos em geral, existe uma dicotomia fundamental na estratégia de desenvolvimento, com implicações importantes para as medidas de história de vida: a dicotomia altricial/precoce. Espécies altriciais geram filhotes extremamente imaturos que são incapazes de comer e cuidar de si mesmo. Os filhotes das espécies precoces já são relativamente maduros e podem se defender sozinhos até certo ponto.

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Os fatores da história de vida seriamente associados à altricialidade e precocidade incluem tempo de gestação. Nas espécies altriciais, a gestação é curta e o tamanho do cérebro do recém-nascido é pequeno. A gestação em espécies precoces é relativamente longa, e o tamanho do recém nascido é grande. Não há, contudo, nenhuma diferença consistente entre o tamanho do cérebro do adulto. Os primatas enquanto grupo são precoces, com exceção ao

Homo sapiens, que desenvolveu uma altricialidade secundaria e um cérebro

grande, pouco comum, fenômeno que discutiremos mais adiante (ver tópico expansão cerebral).

Porém, mesmo entre os símios existe numa grande variação na organização social e relação entre macho e fêmea, e a compreensão dessas variedades faz-se necessária para entendermos as características comportamentais e anatômicas da sexualidade humana. Os gibões, por exemplo, são símios asiáticos arbóreos. São territorialistas e monogâmicos. Os casais se formam no inicio da fase adulta e mantêm-se unidos pra o resto da vida. O macho e a fêmea apresentam essencialmente o mesmo tamanho corporal. O orangotango, outro símio asiático, apresenta um sistema social bem diferente: uma fêmea solitária e sua cria apresentam um território de exploração (home

range), já o macho apresenta um território maior, o qual compreende o território de

varias fêmeas, com as quais ele acasala. Esse território é defendido ativamente pelos machos, os quais têm cerca de o dobro do tamanho das fêmeas.

Já o gorila é o maior dos primatas atuais. Seu sistema de organização social é uma poligamia de um macho só, ou seja, um macho para várias fêmeas. Os grupos podem ser compostos de até 20 indivíduos, sendo o macho duas vezes

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maior que a fêmea. Por outro lado, nos chimpanzés, nossos parentes mais próximos, as comunidades pouco coesas podem chegar a 80 indivíduos, agrupando machos e fêmeas maduros e suas crias. O grupo de machos protege as fêmeas contra grupos de machos vizinhos, porem entre eles o acasalamento é promíscuo, cada fêmea copulando com vários machos, os quais são cerca de 25% maiores que elas.

A organização social da espécie humana não se encaixa exatamente em nenhuma dessas estruturas sociais primatas e apresenta grande influência cultural. Existem culturas, como a ocidental, onde a monogamia é lei, enquanto em outras, como nas sociedades muçulmanas, a poligamia masculina (poliginia) é permitida. Mas em nossos ancestrais? Qual era sua estrutura familiar primitiva?

Comparando o tamanho do corpo de homens e mulheres, é relatado, que em média, o corpo dos homens pesa 20 quilos a mais de músculo que o das mulheres. Este dado vai contra as hipóteses de monogamia restrita (por exemplo, a hipótese do macho provedor, visto no tópico bipedia), pois como observado nos gibões e em outros mamíferos monogâmicos, o tamanho de machos e fêmeas é praticamente o mesmo. Esses dados corroboram com estudos antropológicos os quais mostram que, atualmente, 84% das culturas existentes permitem a poliginia.

A monogamia é rara entre os mamíferos, pois geneticamente não é vantajoso par um macho permanecer com uma única fêmea quando pode copular com diversas e passar um número maior de seus genes. Até para as fêmeas a monogamia pode não ser interessante, pois elas perdem a possibilidade de uma maior variabilidade genética para sua prole e de disporem dos recursos de

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diversos machos. São necessárias circunstancias muito especiais para que um macho permaneça com uma só parceira e ajude a criar e defender sua prole.

Essa circunstância especial ocorre devido ao Homo sapiens adotar a estratégia de desenvolvimento precoce secundaria. A imaturidade com que nascem os filhotes humanos deve-se principalmente ao tamanho do cérebro da espécie. Com um cérebro grande, e consequentemente, uma cabeça grande, o feto não pode permanecer tempo suficiente no útero para nascer mais maturo, pois sua cabeça atingiria tal tamanho que não permitiria sua passagem pelo canal vaginal da mãe, tornando o nascimento impossível. Ao adotar a postura bípede, a pelve das fêmeas se tornou mais curta, dificultando ainda mais o espaço para o nascimento do filhote menor ainda.

O macho de nossos ancestrais, provavelmente, viu-se obrigado a participar da criação da prole, pois a fêmea solitária não teria condições de garantir a sobrevivência de filhote tão dependente e imaturo. Para um macho o mais interessante para a transmissão de seus genes é ter o maior numero de filhos com as mais diversas fêmeas possíveis. Porém nada adianta ter vários filhotes se nenhum deles sobreviver. Um macho que tivesse uma única cria com sucesso teria vantagem evolutiva.

As fêmeas, por sua vez, desenvolveram características que atraiam e convenciam o macho a participar do cuidada parietal. As fêmeas da espécie humana atual apresentam duas características sexuais que são exclusivas entre os primatas viventes: ausência de sinal exterior que revele a ovulação e disponibilidade sexual constante da mulher.

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É nítido que essas características surgiram para manter o macho, o qual teria sexo constante, não precisando, teoricamente, procurar sexo com outra fêmea e sem sinais externos de ovulação, o macho não poderia prender a fêmea apenas durante o cio, como fazem, por exemplo, os chimpanzés. O macho teria que ter relações constantes com a fêmea se quisesse garantir que os filhos fossem seus.

O cuidado parietal do macho em nossa espécie deve ter surgido aproximadamente dois milhões de anos, com o surgimento do gênero Homo, quando o cérebro teve seu crescimento significativo. Os dados de erupção dentária, já mostrados no tópico dentição, comprovam esses dados, mostrando que até antes do Homo erectus, nossos ancestrais apresentavam uma seqüência de erupção típica de símios, que apresentam uma estratégia de desenvolvimento altricial.

Os humanos são naturalmente monogâmicos. A poligamia ocorre apenas em situações oportunistas para os machos. A poligamia é muito custosa para nossa espécie. Em sociedades onde a formação de haréns é permitida, apenas 5 a 10 por cento dos homens realmente mantém essa conduta.

Contudo, monogamia significa um relacionamento estável com apenas um parceiro, e não é garantia de fidelidade, como alguns pesquisadores propuseram que seria a fêmea humana. Uma pesquisa realizada por uma revista nos anos 80 com mais de 100 mil mulheres mostrou que 54% das mulheres casadas já haviam tido pelo menos um caso extra conjugal e outra pesquisa, realizada com mais de 7 mil homens relatou que 72% dos casados a mais de 2 anos já haviam cometido adultério. Outro fator que ajuda a comprovar que a monogamia humana é instável

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e a infidelidade faz parte de nossa evolução é o tamanho dos testículos humanos. No gorila, onde apenas um macho tem acesso às fêmeas, os testículos do macho apresentam apenas 0,02% do seu peso corporal, e produzem poucos espermatozóides. No chimpanzé, essa proporção é de 0,30%, e produz muito mais espermatozóides, isso é necessário, pois em seu grupo social as fêmeas de chimpanzés copulam diversas vezes ao dia com diferentes machos, ocorre assim uma competição entre os espermatozóides de diversos machos. Já os testículos humanos apresentam aproximadamente 0,08% do seu peso corporal, sendo quatro vezes maior que o do gorila, porém ¼ da proporção do chimpanzé. Contudo, assim como os testículos do chimpanzé, produzem bem mais espermatozóides do que o necessário para a fertilização. Isso é um forte indicio que a infidelidade esta nas raízes biológicas de nossa evolução (Burnhan e Phelan, 2002).

Para os homens as vantagens da infidelidade são claras: nada mais vantajoso evolutivamente para um macho do que espalhar seus genes o máximo possível, mesmo que sem seu investimento a chance dessa prole sobreviver seja menor. Para as fêmeas, manter relações com outros machos significa maior variabilidade genética para seus filhos e mais fontes de recursos, alem de ser uma garantia futura ter um macho reserva, pois, principalmente no ambiente ancestral, o parceiro poderia morrer a qualquer momento.

O Homo sapiens tornou-se monogâmico devido à necessidade de cuidado intenso da cria prematura, porém com certeza não é uma monogamia como as dos gibões, a qual persiste por toda a vida. Estudos e relacionamentos humanos atuais indicam que os divórcios, independentemente da cultura, ocorrem

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normalmente por volta do quarto ano de casamento. Esse período coincide justamente com o período que o bebê humano, por volta dos 3 anos de idade, deixa de ser extremamente dependente e passa a ser relativamente independente, já conseguindo andar, falar, etc. A monogamia humana é biologicamente programada para durar, pelo menos, até que a cria tenha passado de sua fase critica de risco de morte.

É possível que a monogamia seja uma das responsáveis pelo sucesso posterior do Homo sapiens. Pois mesmo não tendo evoluído para esse fim, ela permitia que num grupo humano todos os machos tivessem acesso a pelo menos uma fêmea. Isso foi fundamental para a coesão social, e permitia que os machos cooperassem entre si em atividades, como por exemplo, caça e defesa do grupo.

4.4. Volume Cerebral

A inteligência da espécie humana é uma de suas características mais marcantes. Foi com o emprego de sua grande inteligência que o Homo sapiens criou sistemas de linguagem e sociabilidade, empregou tecnologias e ferramentas, modificou seu ambiente, numa proporção jamais atingida por qualquer outra espécie que exista ou já existiu no planeta.

O alto grau de inteligência esta relacionada com o desenvolvimento de um grande e complexo cérebro. A espécie humana atual apresenta um volume cerebral em media de 1350 cm³, cerca de três vezes maior que o de um chimpanzé de mesmo tamanho corporal que apresenta, em média, 350 cm³, e é

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considerado um dos animais mais inteligentes. Existe uma diferença enorme entre o grau de inteligência dos homens a de qualquer outro animal, mesmo os mais inteligentes nem se aproximam da capacidade intelectual humana.

O desenvolvimento de um cérebro grande alterou características básicas da historia de vida observada em outros primatas. O cérebro do símio adulto, por exemplo, é quase 2,3 vezes maior que o cérebro do recém nascido; nos humanos essa diferença é 3,5 vezes maior. A diferença entre o recém-nascido humano, comparado com o de um símio de tamanho e período de gestação similar, é maior , ainda. Os recém-nascidos humanos são aproximadamente duas vezes maiores e possuem cérebros duas vezes maiores do que os recém-nascidos dos símios.

Outra diferença é o padrão de crescimento: nos primatas, que apresentam filhotes precoces, o crescimento do cérebro prossegue rapidamente até o nascimento, posteriormente segue uma fase de crescimento lento, por cerca de um ano. Nos seres humanos, a fase pré-natal de crescimento acelerado do cérebro continua por um período mais longo após o nascimento, seguindo o padrão das espécies altriciais.

O cérebro é um órgão energeticamente dispendioso. Em humanos adultos, mesmo representando apenas 2% do peso total corporal, o cérebro consome cerca de 18% da energia disponível (Lewin, 1999). Sendo energeticamente tão dispendioso, e visto a exclusividade do cérebro humano no mundo natural, é necessário compreender sob quais condições biológicas a evolução do cérebro humano ocorreu.

Para manter-se um cérebro grande é necessário um suprimento de alimentos estável, rico em energia, com o mínimo de pressão de predação. A

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pressão de predação não deve ter sido muito grande entre hominídeos ancestrais pois os chimpanzés atuais, que vivem em ambientes semelhantes e apresentam, provavelmente, modo de vida parecido com os dos primeiros hominídeos, sofrem pouquíssima predação.

Contudo, foi no gênero Homo que o cérebro humano teve o aumento considerável, e nesse gênero as proporções corporais já eram bem maiores. É também no gênero Homo que ocorrem as mudanças mais significativas na dentição (ver tópico dentição). Essas mudanças refletem uma mudança na dieta, que pode ter ocorrido por uma co-evolução com o cérebro: o cérebro se desenvolvendo possibilitava o uso de táticas e ferramentas melhores para a aquisição de maior quantidade de alimentos energéticos. Esses alimentos mais energéticos, por sua vez, davam o suporte energético necessário para que o cérebro tivesse a possibilidade de continuar a aumentar.

É fato que o volume cerebral dos humanos é maior do que os outros mamíferos, mas que pressões seletivas foram responsáveis para a expansão do cérebro?

Uma hipótese popular, que vem desde Darwin (1871), é que o aumento do cérebro aconteceu em humanos que faziam o uso de ferramentas. O domínio de habilidades práticas seria o agente propulsor da expansão do cérebro surgindo assim a idéia generalizada do “Homem, o fabricante de ferramentas”. Essa visão tem como argumento o fato do aumento do cérebro ter sido acompanhada por uma maior complexidade das ferramentas.

Outra hipótese é que o desenvolvimento do cérebro humano estaria relacionado com a capacidade de comando dos chefes do grupo, os quais

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precisavam usar linguagem complexa pra planejarem caçadas e desenvolver armas cada vez mais eficientes. Sendo os chefes provavelmente poligâmicos, seus genes da inteligência passariam rapidamente pra gerações seguintes (Mayr 1974).

Estudos de campos com primatas, incentivaram o surgimento da idéia da expansão do cérebro e da inteligência terem surgido devido às interações sociais, que são muito mais complexas em primatas do que em qualquer outro mamífero. Observando outras espécies de mamíferos percebe-se que em situações de conflito é fácil prever qual animal será o vencedor: o maior, ou o mais forte, ou o com caninos maiores, ou chifres maiores etc., sendo, assim, os atributos físicos preponderantes. Entre os símios o mesmo não é valido, os primatas em geral são estrategistas sociais. Os indivíduos do grupo gastam mais tempo estabelecendo alianças e observando os demais do grupo. Assim, um indivíduo fisicamente inferior pode triunfar num conflito se no momento estiver mais aliados e esses estiverem presentes. Consequentemente, os indivíduos mais habilidosos no estabelecimento e manutenção de alianças têm um maior sucesso reprodutivo. O

Homo sapiens adotou o caminho evolutivo de utilizar alianças sociais para obter

sucesso reprodutivo, precisando de um cérebro bem desenvolvido, para poder prever o comportamento dos demais e evitar que seu próprio comportamento seja previsível. A consciência deve ter surgido nesse contexto, sendo capaz de compreender a própria mente, o individuo poderia prever mais precisamente como os outros do grupo irão reagir à mesma situação.

A expansão significativa do cérebro ocorreu no gênero Homo, justamente quando os ancestrais humanos passaram a viver em campos mais abertos e

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passaram a produzir armas, o que indica que estavam tornando-se caçadores. Atividades como a caça e a defesa do grupo em ambientes abertos exigiam uma interação social maior ainda, assim a linhagem humana teria levado o padrão evolutivo de fazer alianças dos primatas ao seu máximo desenvolvimento.

Uma outra hipótese encara o desenvolvimento do cérebro humano como uma exaptação (este termo designa um órgão ou um caráter que não foi diretamente selecionado por sua utilidade atual, sensu Gould & Vbra,1982). Nessa hipótese o cérebro humano teria aumentado de tamanho, pois características neotênicas, como cabeça grande, eram valorizadas pelas fêmeas na hora de selecionar os parceiros sexuais. A expansão do cérebro, e consequentemente, a inteligência humana, seriam resultados indiretos de uma preferência sexual das fêmeas por características juvenis.

Essa hipótese, apesar de interessante, não demonstra muita lógica evolutiva. Um órgão como o cérebro, que consome cerca de 18% da energia disponível do ser humano dificilmente se desenvolveria para acompanhar o crescimento da cabeça simplesmente por um motivo visual. Uma cabeça grande, só que cheia de espaços vazios ou tecido conjuntivo, teria a mesma função visual atrativa para as fêmeas e não acarretaria no enorme gasto de energia, o que do ponto de vista evolutivo seria muito mais interessante.

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4.5 Cultura

Uma das características mais intrigantes da espécie humana é a presença de cultura. Qualquer sociedade atual apresenta costumes e comportamentos próprios, que os diferem dos demais da espécie.

Uma das maiores dificuldades no estudo da cultura é definir a mesma. Para os antropólogos, cultura é uma característica essencialmente humana, já alguns zoólogos considerariam cultura qualquer comportamento passado de forma não genética.

Nesse estudo, consideraremos cultura um total dos comportamentos e conhecimentos humanos que são aprendidos e adquiridos durante a vida e passíveis de serem passados de forma oral ou visual aos descendentes (diferentemente de um comportamento instintivo, que é inato, de herança genética, nascendo com o individuo). A transmissão da cultura humana exigiria linguagem para a possibilidade de ensino e uma tomada de perspectiva, que seria uma atenção conjunta dos indivíduos e seria diferente da dos demais animais por apresentar um caráter cumulativo na passagem de gerações. (Tomassello, 1999).

A cultura, de acordo com Foley (1998), pode significar uma de duas coisas básicas. Uma delas seria o feixe de características que apenas os humanos possuem e, caso outras espécies possuam também, será de forma limitada e pouco desenvolvida. A outra seria de que todos esses traços têm origem na capacidade humana de construir um mundo mental, de modo que a cultura

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significaria as capacidades mentais que geram esses fenômenos observáveis. (Foley, 1998)

A cultura complexa e simbólica é uma conseqüência do grande cérebro desenvolvido pelos humanos e do desenvolvimento da linguagem: sem uma comunicação complexa os conhecimentos e costumes de um grupo não poderiam ser transmitidos. Sendo assim, o desenvolvimento cultural é dependente de um cérebro desenvolvido e de uma capacidade de linguagem complexa, que não necessariamente aparecem na escala evolutiva contemporaneamente.

Em relação ao desenvolvimento da linguagem, existem forte indícios da existência de uma estrutura gramatical universal, de modo que não apenas a capacidade física da fala seria produto da evolução, mas também a capacidade mental (Pinker 1994).

A linguagem é virtualmente invisível no registro arqueológico. Para estudá-la existem duas alternativas: a analise arqueológica de vestígios humanos que apresentem sinais de linguagem, como impressões em objetos, pinturas, escritas propriamente etc.; e a analise paleontológica, trabalhando com moldes internos de crânios de hominídeos extintos e com indicações das estruturas capazes de produzir voz no pescoço (laringe e faringe).

Os moldes internos do crânio produzem mapas grosseiros das características da superfície do cérebro. Consequentemente os paleoneurologistas podem obter poucos sinais das capacidades de fala a partir de moldes internos de fosseis. Sinais da área Broca (área do cérebro associada com capacidade de fala) foram encontrados em Homo rudolfensis e espécies mais tardias do gênero Homo, mas não no gênero Australopithecus, o que indica que a capacidade de fala

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iniciou-se e já se apresentava de forma rudimentar no inicio da linhagem Homo (Falk, 1991). As analises do aparato vocal são de suma importância. O trato vocal dos seres humanos é único em todo reino animal. Nos demais mamíferos a posição da laringe situa-se no alto do pescoço, o que permite que o animal engula e respire simultaneamente. Nos humanos a laringe se situa mais abaixo do pescoço, sendo necessário que a passagem de ar se feche temporariamente quando o animal engole algo. A posição inferior da laringe aumenta muito o espaço acima dela, permitindo que os sons emitidos sejam modificados num grau maior que em outros mamíferos. A posição da laringe esta refletida na forma da base do crânio, o basi-cranio. Nos seres humanos esta estrutura é arqueada, nos demais mamíferos é achatada. Observando esta característica no registro fóssil é possível descobrir algo sobre as capacidades verbais das espécies extintas de hominíneos. (Laitman 1983)

A análise de fósseis de australopitecineos mostrou que eles provavelmente possuíam tratos vocais muito semelhante ao dos símios viventes, com posição elevada da laringe, sendo impossível que produzissem os sons de algumas vogais universais. Já Homo ergaster e Homo erectus apresentavam a laringe numa posição intermediaria. Apenas em Homo sapiens arcaico, há cerca de 300.000 anos, o padrão moderno apareceu, indicando o potencial mecânico para toda a gama de sons produzidos pelos humanos atualmente. (Laitman 1983)

Uma linguagem mais sofisticada é identificada até em macacos do novo mundo, estudos mostram que esses macacos são capazes de produzir diferentes sinais sonoros de acordo com o tipo de predador que os ameaça. Porém linguagem falada é um evento evolutivo bastante recente, intimamente relacionado

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aos processos cognitivos do desenvolvimento do imaginário e da arte. A criação da arte representa uma abstração do mundo real em uma forma diferente. Processo que exige habilidades cognitivas altamente refinadas (Davidson e Noble, 1989). Se considerarmos a expressão artística como indicativo de fala complexa e consequentemente inicio de uma estrutura cultural devemos admitir que a cultura surgiu entre 60 e 30 mil anos atrás, aproximadamente 40 mil anos depois que os primeiros Homo sapiens anatomicamente modernos surgiram. A explosão cultural da espécie humana ocorre na transição do Paleolítico Médio ao Paleolítico Superior. É nessa época que os primeiros indícios de sepultamentos ritualizados são encontrados. (Mithen, 1996). Alguns esqueletos encontrados de Homo

neanderthalensis apresentam indícios de sepultamento ritualizado, mas as

evidencias são fracas, e é mais provável que os indivíduos tenham sido enterrados apenas para não atrair carniceiros, e que os indícios de ritual, como ossos e pólen de flores sejam frutos de contaminação posterior ao enterro.

A cultura é um grande enigma para evolução. Ao longo de nosso processo cultural os humanos desenvolveram muitos aspectos comportamentais que não tem função alguma de sobrevivência ou reprodução. Pensando de forma darwinista, a seleção natural deveria produzir maneiras mais eficientes de caçar ou correr de predadores, mas não melhores artistas.

Talvez a cultura deva ser encarada como uma nova forma de evolução. Mais rápida que a genética, e tão importante quanto para nosso sucesso evolutivo. Um Homo sapiens há 40 mil anos atrás, dotado de talento artístico e linguagens complexas poderia transmitir para seus descendentes as técnicas e conhecimentos adquiridos durante uma vida toda, e que antes seriam

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simplesmente perdidos. Seus filhos não precisariam desenvolver seu conhecimento do estagio zero, podendo assim aperfeiçoar os conhecimentos aprendidos, tendo maior sucesso. Ao visualizarmos indivíduos que caçam e correm melhor estamos pensando principalmente na sobrevivência do individuo em si, e na evolução, uma prole bem sucedida é o fator principal, sendo assim, um bom artista ou um bom contador de estórias, que transmite aos seus filhos conhecimento, seria bem sucedido na transmissão de seus genes e na transmissão de seus conhecimentos e cultura.

Pra Dawkins (1976) a transmissão cultural pode ser considerado como uma forma de evolução, que funcionaria de forma análoga com a evolução genética. As idéias culturais que são transmitidas por gerações foram tratadas, assim como os genes, como replicadores e denominadas de Memes. Algumas idéias teriam a capacidade de serem transmitidas para um maior numero de cérebros sofreando pequenas mudanças a cada transmissão. Práticas como celibato, por exemplo, que teriam chance nula de serem transmitidos pela genética, podem ser transmitido pelos Memes, que dependem apenas da influência dos sacerdotes, os quais utilizam à linguagem falada e escrita para influenciar novos adeptos à prática do celibato.

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5. Conclusão

As cinco características que foram consideradas como indicadores de humanidade (bipedia, dentição, sexualidade, expansão cerebral, cultura) não são exclusivas de Homo sapiens e muitas vezes nem do gênero Homo. Essas características surgiram em momentos diferentes na escala evolutiva, e por circunstâncias diferentes e apenas se aperfeiçoaram e se adaptaram ao longo da evolução.

A bipedia já aparece em espécies de 7 milhões de anos (Sahelanthropus

tchadensis). A dentição se torna caracteristicamente humana em Homo erectus,

porém deste Australopithecus a tendência de mudanças na direção moderna vem sendo constatada. A sexualidade humana parece estar relacionada com a expansão do cérebro, que exigiu modificação a estratégia de vida precoce, típica de símios, para uma estratégia altricial secundaria. A cultura é a característica mais polêmica, pois existem variadas definições. Na adotada nesse estudo, cultura simbólica seria uma característica do Homo sapiens, com alguma possibilidade de ter sido compartilhada como os Homo neanderthalensis, porém a transmissão de comportamentos de forma aprendida, que alguns consideram como cultura, já esta presente em todos os primatas.

Não existe uma única adaptação que caracterize o Homo sapiens. É o conjunto das características discutidas nesse estudo que faz com que a espécie humana se torne tão particular no mundo natural.

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