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Levantamento etnobotânico de plantas ornamentais na cidade de Ipameri - GO

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Anais do VIII Seminário de Iniciação Científica e V Jornada de Pesquisa e Pós-Graduação UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS

10 a 12 de novembro de 2010

Levantamento etnobotânico de plantas ornamentais na cidade de

Ipameri - GO

Larissa Lima dos Santos 1; Franciele Alves Carneiro ¹; Lara Cristina Pereira da Silva ²;

Carolina dos Santos Galvão ²; Marcelo Ribeiro Zucchi ³; Saulo Araújo Oliveira ³

1 Bolsistas PVIC/UEG, graduandos do Curso de Agronomia, UnU Ipameri – UEG

² Graduandos do Curso de Agronomia, UnU Ipameri – UEG, colaboradores ³ Orientador, docente do Curso de Agronomia, UnU Ipameri – UEG

E-mail: marcelozucchi@bol.com.br

PALAVRAS-CHAVE: plantas em residências; preferências de consumo; perfil sócio-econômico;

1 INTRODUÇÃO

A Etnobotânica é o estudo do conhecimento e dos conceitos desenvolvidos por qualquer população em relação ao mundo vegetal, englobando tanto a forma de classificação das plantas, como a finalidade que dá a elas (AMOROZO, 1996).

Tal ciência pode servir como auxílio na identificação de métodos mais simples e práticos de manejo da vegetação. Além do mais, a valorização e o conhecimento das sociedades humanas locais pode embasar estudos referentes ao uso correto da biodiversidade, estimulando, não apenas o levantamento das espécies, mas também a sua conservação (FONSECA-KRUEL e PEIXOTO, 2004).

Os estudos etnobotânicos sobre plantas ornamentais são muito importantes, especialmente no Brasil onde se encontra a flora mais rica do mundo (GOTLIEB et al., 1996). Essa diversidade de espécies exuberantes que se encontra no Brasil representa um grande campo a ser explorado, pois esse patrimônio vegetal está estimado em 16,5 milhões de genes (RAMOS, 2000).

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De acordo com KÄMPF (2005), as plantas ornamentais desempenham um importante papel na elaboração e transformação dos espaços urbanos e são fundamentais na melhoria da qualidade de vida da população.e são fundamentais na melhoria da qualidade de vida da população. Além da sua função paisagística, os componentes vegetais exercem atividades químicas, melhorando a qualidade do ar e o ambiente, servindo como abrigo para a fauna existente.

Conforme Buainain e Batalha (2007), o Brasil reúne todas as condições favoráveis tanto de clima como de solo para o cultivo de diversas espécies de flores e plantas ornamentais. As residências por serem locais de acesso das pessoas, são áreas onde se encontram uma grande quantidade de espécies, sejam elas de outras regiões ou até mesmo nativas (AMOROZO, 2007).

Este trabalho teve como objetivo foi resgatar o conhecimento que a comunidade ipamerina possui no que se refere ao uso das plantas com fins ornamentais.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

Esta pesquisa foi realizada na cidade de Ipameri, onde foram realizadas entrevistas estruturadas (contendo questões fechadas e questões abertas) com 100 famílias, totalizando 322 pessoas, no período de 25 de Agosto de 2009 a 20 de junho de 2010.

Após cada entrevista, foram coletadas as plantas que estavam em estágio reprodutivo, visando a sua identificação. As famílias entrevistadas foram amostradas ao acaso, sendo mais ou menos 05 famílias em ruas diferentes de cada bairro, objetivando-se amostrar os diferentes setores da cidade.

Sempre que possível, após cada entrevista, foram coletadas as plantas que estavam em estágio reprodutivo, visando a sua identificação. As famílias entrevistadas foram amostradas ao acaso, sendo mais ou menos 05 famílias em ruas diferentes de cada bairro.

O material botânico coletado foi herborizado segundo métodos usuais de botânica e será depositado no Herbário da Universidade Estadual de Goiás (HUEG), na Unidade Universitária de Ciências Exatas e Tecnológicas (UnUCET / UEG).

(3)

92% 8%

Possuem plantas ornamentais

Não possuem plantas ornamentais

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Das 100 famílias entrevistadas, 92 disseram fazer uso de plantas ornamentais diversas (o que corresponde a 92% do total) sendo as mais utilizadas: roseiras, pingos-de-ouro, comigo-ninguém-pode, samambaias, entre outras, enquanto 08 afirmaram não fazer uso (8% do total, Figura 01).

Figura 01. Porcentagem das residências que possuem plantas ornamentais. Nas residências amostradas identificou-se a presença de 71 espécies distribuídas em 62 gêneros e em 40 famílias botânicas. As famílias mais representativas em número de espécies citadas foram Euphorbiaceae (05), Araceae (04), Asteraceae (04), Amaranthaceae (03), Apocynaceae (03), Davalliaceae (03), Polypodiaceae (03), Ruscaceae (03) e as demais, com apenas duas ou uma espécie (Tabela 01). Por outro lado, as famílias botânicas mais utilizadas em Ipameri foram: Rosaceae, Verbenaceae, Araceae, Davalliaceae e Cactaceae, respectivamente em 50, 45, 41, 38 e 30 residências (Figura 02)

Esses resultados diferem um pouco dos obtidos por MASULO et al. (2009), que observaram que as famílias com mais plantas ornamentais utilizadas pela

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Comunidade Puraquequara em Manaus – AM foram Araceae (6), Dracaenaceae (3), Apocynaceae, Liliaceae, Euphorbiaceae e Rubiaceae (2). O gênero mais comumente encontrado foi Caladium, cultivada pelo colorido de suas folhas, as quais apresentavam as mais variadas cores e tamanhos.

Tabela 01. Plantas ornamentais utilizadas pela população ipamerina, com seus nomes populares, científicos, famílias e origens, segundo Lorenzi e Souza (1995) e Souza e Lorenzi (2008).

Nome Comum Nome Científico Família Origem

capota-vermelha Megaskepasma erythrochlamys Lind.

Acanthaceae Venezuela agave-dragão,

tromba-de-elefante

Agave attenuata

Salm-Dyck. * Agavaceae México periquito-gigante, penicilina Alternanthera dentata (Moe.) Schey. Amaranthaceae Brasil

crista-de-galo Celosia cristata L. Amaranthaceae América Tropical gonfrena,

amaranto-globoso, perpétua

Gomphrena globosa L. Amaranthaceae Índia alamanda-amarela Allamanda cathartica L. Apocynaceae Brasil vinca, vinca-de-gato,

vinca-de-madagascar, boa-noite

Catharanthus roseus

G. Don Apocynaceae Cosmopolita nos trópicos espirradeira, oleandro Nerium oleander L. Apocynaceae Mediterrâneo inhame-chinês Alocasia cucullata

Schott.

Araceae Índia e Burma antúrio Anthurium x froebellii

Hort. Araceae Colômbia tinhorão, caládio, coração-de-jesus, tajá Caladium x hortulanum Birds.

Araceae América Tropical comigo-niguém-pode, difembáquia Dieffenbachia amoena Hort. ex Gent. Araceae Colômbia e Costa Rica árvore-da-felicidade, árvore-da-felicidade-fêmea Polyscias fruticosa N.E.Br. Araliaceae Polinésia, Malásia e Índia árvore-da-felicidade, arália-cortina Polyscias guilfoylei Bailey. *

Araliaceae Ilhas do Pacífico camedórea-bambu Chamaedorea erumpens Moore Arecaceae (Palmae) México e Honduras palmeira-rápis Rhapis excelsa Henry

ex Rehd.

Arecaceae (Palmae)

China aspargo-pendente Asparagus densiflorus

(Kunth.) Jess. var.

sprengeri Hort.

Asparagaceae África do Sul aspargo-plumoso,

aspargo-samambaia

Asparagus setaceus

(Kunth.) Jess.

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cosmos-amarelo, picão-grande, áster-do-méxico Bidens sulphurea Sch. Bip. Asteraceae (Compositae) México margarida, margarida-olga Chrysanthenum leucanthemum L. Asteraceae (Compositae) Europa e Cáucaso dália, dália-de-jardim Dahlia x pinnata Cav. Asteraceae

(Compositae)

México

Tabela 01. Continuação.

Nome Comum Nome Científico Família Origem

crisântemo-da-china, crisântemo-do-japão, monsenhor Dendranthema grandiflora (Ram.) Tzv. Asteraceae (Compositae) China e Japão beijo-turco, maria-sem-vergonha Impatiens walleriana Hook. f. * Balsaminaceae África

Begônia Begonia rex Putz. Begoniaceae Assam

buxinho, buxo, árvore-da-caixa

Buxus sempervirens L. * Buxaceae Mediterrâneo, Oriente e China urumbeta, cacta, nopal,

palma-doce, palmatória-doce, cacto-sem-espinho, cardo-de-cochomilha Nopalea cochenillifera (L.) Lyons * Cactaceae México maio, flor-de-seda Schlumbergera truncata (Haw.) Mor. Cactaceae Brasil caatinga, cana-branca, jacuanga, cana-de-macaco

Costus spiralis Rosc. Costaceae Norte da América do Sul e Brasil cipreste-de-hinochi Chamaecyparis obtusa

Sieb. & Zucc. var.

nana-gracilis Beissner

Cupressaceae Japão cicas,

palmeira-samambaia

Cycas circinalis Roxb. Cycadaceae Índia, Filipinas, Sumatra, Java, Madagascar e África Tropical sagu, palmeira-sagu Cycas revoluta Thunb. Cycadaceae Japão e Indonésia bombonassa,

chapéu-de-panamá

Carludovica palmata

Ruiz & Pav.

Cyclanthaceae Colômbia, Peru e Equador

renda-portuguesa, samambaia-pé-de-coelho

Davallia fejeensis Hook. Davalliaceae Marrons das Ilhas Fiji e Austrália rabo-de-peixe, samambaia-asa-de-andorinha, samambaia Nephrolepis biserrata Schott.

Davalliaceae Trópicos (Américas, África e Ásia) samambaia, samambaia-crespa Nephrolepis exaltata Schott. var. florida-ruffle Hort

Davalliaceae América do Norte à América do Sul, África, Ásia e Austrália

(6)

cavalinha-gigante Equisetum giganteum L.

*

Equisetaceae Brasil azaléia, azaléia-belga Rhododendron x simsii

Planch. * Ericaceae China acalifa, crista-de-peru, rabo-de-macaco Acalypha wilkesiana M. Arg. *

Euphorbiaceae Ilhas do Pacífico

Tabela 01. Continuação.

Nome Comum Nome Científico Família Origem

cróton, louro-variegado, folha-imperial

Codiaeum variegatum

Blume

Euphorbiaceae Índia, Malaia e Ilhas do Pacífico coroa-de-espinho,

coroa-de-Cristo, colchão-de-noiva

Euphorbia milii dês

Moulins var. breonii Hort. Euphorbiaceae Madagascar poinsétia, bico-de-papagaio, folha-de-sangue, flor-de-Páscoa Euphorbia pulcherrima Willd. ex Klot. Euphorbiaceae México avelós, coroa-de-Cristo, espinho- italiano

Euphorbia tirucalli L. * Euphorbiaceae África gerânio,

gerânio-ferradura Pelargonium x hortorum Hort. Geraniaceae África do Sul

Helicônia-papagaio Heliconia psittacorum

L.f. * Heliconiaceae Brasil hortência, hidrângea, rosa-do-japão Hydrangea macrophylla (Thunb) Ser.

Hydrangeaceae China e Japão flor-leopardo Belamcanda chinensis

DC. *

Iridaceae China e Japão cordiline,

dracena-vermelha

Cordyline terminalis

Kunth.

Laxmanniaceae Índia, Malásia e Polinésia cóleus, coração-magoado Solenostemon scutellarioides (L.) Lodd. Lamiaceae (Labiatae) Java lanterna-chinesa Abutilon striatum

Dicks.

Malvaceae Guatemala Hibisco Hibiscus rosa-sinensis

L.

Malvaceae Ásia tropical primavera,

três-marias, ceboleiro

Bougainvillea spectabilis Willd.

Nyctaginaceae leste e nordeste do Brasil

orquídea-bambu Arundina bambusifolia

Lindl. *

Orchidaceae Burma grama-esmeralda,

zoísia-silvestre

Zoysia japonica Steud.

*

Poaceae (Gramineae)

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grama-batatais, grama-comum Paspalum notatum Flüegge * Poaceae (Gramineae) Brasil samambaia-de-mato-grosso Phymatodes scolopendria (Willd.) Und. Polypodiaceae Índia Tabela 01. Continuação.

Nome Comum Nome Científico Família Origem

samambaia-de-metro Polypodium persicifolium Schrad. Polypodiaceae Brasil trepadeira-ninho-de-passarinho Polypodium punctatum (L.) Sw.

Polypodiaceae África do Sul e Nova Guiné avenca, avencão, avenca-delta Adiantum raddianum Presl. Pteridaceae Brasil mini-rosa, roseira miniatura

Rosa chinensis Jacq.

var. semperflorens Koene.

Rosaceae Ásia e China roseira-grandiflora,

roseira

Rosa grandiflora Hort. Rosaceae China e Japão ixora-compacta,

hortência-japonesa-compacta

Ixora coccinea L. var. compacta Hort.

Rubiaceae Malásia

mussenda-rosa-arbustiva

Mussaenda alicia Hort. Rubiaceae África e Ásia (Melhoramento genético) dracena-de-madagascar Dracaena marginata Lam. Ruscaceae Madagascar dracena sanderiana, dracena-fita Dracaena sanderiana Hort. Ruscaceae África Sansaviéria, espada-de-são-jorge, rabo-de-lagarto, língua-de-sogra Sansevieria trifasciata Pain. Ruscaceae África

dama-da-noite Cestrum nocturnum L. *

Solanaceae Antilhas e México pingo-de-ouro,

violeteira-dourada

Duranta repens L. var. aurea Hort.

Verbenaceae México ao Brasil camaradinha-rasteira Verbena tenuisecta

Briq.

Verbenaceae Brasil rubra,

léia-vermelha

Leea rubra Blume Vitaceae Índia, Burma e Malaia

bastão-do- imperador, flor-da-redenção, gengibre-tocha

Etlingera elatior (Jack)

R. Smith *

Zingiberaceae Indonésia

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FAMÍLIAS BOTÂNICAS 0 10 20 30 40 50 60 R o sa ce ae V er b en ac ea e A ra ce ae D av al li ac ea e C ac ta ce ae A re ca ce ae O rc h id ac ea e E u p h o rb ia ce ae B al sa m in ac ea e P o ac ea e R u sc ac ea e A st er ac ea e A m ar an ta ce ae P o ly p o d ia ce ae M al va ce ae A p o cy n ac ea e H yd ra n g ea ce ae L ax m an n ia ce ae A ra li ac ea e H el ic o n ia ce ae C u p re ss ac ea e Ir id ac ea e A g av ac ea e R u b ia ce ae Z in g ib er ac ea e G er an ia ce ae C yc ad ac ea e E ri ca ce ae P te ri d ac ea e C o st ac ea e B eg o n ia ce ae N yc ta g in ac ea e A ca n th ac ea e S o la n ac ea e L am ia ce ae A sp ar ag ac ea e B u xa ce ae C yc la n th ac ea e V it ac ea e E q u is et ac ea e

Figura 02. Número de residências em que cada família botânica ocorre.

Sobre a origem do “gosto” e do conhecimento sobre as plantas, a maioria dos entrevistados afirmou ser de origem familiar. Percebe-se aí, a grande influência que os pais, avós ou outra figura familiar representou para os informantes. A transmissão oral de conhecimentos de mãe para filha foi à fonte de aprendizagem mais citada pelos entrevistados.

O hábito de crescimento mais encontrado entre as espécies foi o herbáceo, seguido de arbustivo e raramente arbóreo ou escandente. Isto provavelmente é devido à facilidade do cultivo em pequenos espaços e para uma fácil associação com outras espécies. Não foi citado o uso de adubos químicos nos jardins, mas apenas orgânicos.

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A localização das espécies, nas residências, no “jardim” teve maior ocorrência no “jardim”, seguida pelo “quintal” (Figura 03). Neste trabalho, “jardim” significa o espaço sem cobertura (telhado) contendo plantas na frente ou nas laterais de uma residência; já o “quintal” refere-se ao espaço sem cobertura no fundo das residências; e “alpendre” ou “área” é definido como sendo um espaço coberto com telhado em qualquer lugar da residência. As espécies ornamentais posicionadas na frente da residência ou circundando-a, obviamente refletem o interesse pela estética, como foi evidenciado em muitos trabalhos (LAMONT et al., 1999; MURRIETA e WINKLERPRINS, 2003; WEZEL e BENDER, 2003). Segundo Murrieta e Winklerprins (2003), há um significado cultural e estético muito evidente na seleção dessas plantas ornamentais.

Figura 03. Local nas residências onde ficam as plantas.

O número de plantas citadas e constatadas por residência variou, mas não foi possível estabelecer uma correlação entre o tamanho do local (jardim, quintal ou alpendre/área) com o respectivo número de plantas, pois a presença ou não das mesmas depende não apenas do tamanho da área, mas também das necessidades e afinidades do proprietário com as espécies vegetais. Segundo NAIR (1986), a composição da vegetação e a distribuição das espécies nas residências são motivadas por fatores externos e internos, como função e dimensão do quintal, bem como fatores

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45% 50%

(10)

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40%

Parentes Vizinhos Viveiros Sementes Não procura econômicos e culturais, além da influência direta das pessoas que escolhem as plantas de acordo com as suas necessidades.

Em relação à procura pelas plantas, quanto a sua procedência, 36% dos entrevistados responderam que obtiveram essas plantas gratuitamente de parentes e 35% que obtiveram de vizinhos. Apenas 21% compraram essas plantas como mudas em viveiros e somente 04% compraram as suas sementes. Os 04% restantes não procuraram (Figura 04).

Figura 04. Procedência das plantas utilizadas nas residências.

Quanto ao quadro sócio-econômico da população ipamerina, ele revelou-se bastante heterogêneo, já que o rendimento mensal das famílias é bastante variável, sendo de um até mais de quatro salários mínimos. Quase a metade das famílias entrevistadas (48%) afirmou receber acima de dois salários mínimos (Figura 05). Entretanto, em qualquer situação de renda, encontram-se famílias que fazem o cultivo de diversas espécies ornamentais, com a finalidade de enfeitar, sombrear e suavizar a aparência das residências. Deste modo, além do benefício estético e paisagístico, essas plantas proporcionam também lazer, diversão e distração ao admirar-se a vossa beleza exuberante.

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Figura 05. Renda mensal das famílias entrevistadas

Diante dos resultados apresentados, a possibilidade de mercado consumidor para essas plantas poderia ser considerada, representando uma alternativa de produção para os pequenos agricultores (agricultura familiar).

4 CONCLUSÃO

Por meio dos resultados das entrevistas e identificações das plantas, pôde-se chegar a algumas conclusões:

1) A grande maioria dos moradores em Ipameri usa plantas ornamentais em suas residências.

2) O uso das plantas ornamentais é realizado por meio de uma quantidade bastante diversificada de plantas, o que foi evidenciado pela composição florística levantada nas residências (71 espécies ornamentais, distribuídas em 62 gêneros e em 40 famílias botânicas).

3) O hábito de crescimento mais encontrado entre as espécies cultivadas foi o herbáceo, seguido de arbustivo.

4) O local, nas residências, de maior concentração das plantas ornamentais foi no “jardim”(em frente ou lateralmente à residência), sendo que o número de plantas por residência variou, não sendo possível estabelecer uma correlação entre o tamanho do local com o respectivo número de plantas. A presença ou não das plantas depende não

7%

45% 27%

16%

5%

Inferior a 1 Salário mínimo 1 - 2 Salários mínimos 2 - 3 Salários mínimos 3 - 4 Salários mínimos

(12)

somente da área, mas também das necessidades e afinidades dos moradores com as espécies vegetais.

5) Com relação às procedências das plantas utilizadas, a maioria obteve gratuitamente de parentes ou de vizinhos e apenas um quarto obteve por meio de compra de mudas em viveiros, ou de sementes.

6) O quadro sócio-econômico da população ipamerina revelou-se bastante heterogêneo, mas quase a metade dos entrevistados (48%) afirmou receber acima de dois salários mínimos. Além disso, foi constatado que em qualquer situação de renda encontram-se famílias que fazem o cultivo de diversas espécies ornamentais. Isto poderia indicar uma possibilidade de mercado consumidor dessas plantas e uma alternativa de produção por parte dos pequenos produtores (agricultura familiar).

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMOROZO, M.C.M. A abordagem etnobotânica na Pesquisa de Plantas medicinais. In: DI STASI, L.C. (Org.). Plantas medicinais: Arte e Ciência, um guia de estudo interdisciplinar. São Paulo: UNESP, 1996. p.47-68.

AMOROZO, M.C.M. Sistemas agrícolas tradicionais e a conservação da

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<http://www.ambiente.sp.gov.br/ea/adm/admarqs/MariaA.pdf>. Acesso em: 01 jul. 2010.

BUAINAIN, A.M.; BATALHA, M.O. Cadeia produtiva de flores e mel. Brasília: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Secretaria de Política Agrícola, Instituto Internacional de Cooperação para a Agricultura, 2007.140p.

FONSECA-KRUEL, V.S.da; PEIXOTO, A.L. Etnobotânica na Reserva Extrativista Marinha de Arraial do Cabo, RJ, Brasil. Acta Botanica Brasilica. Rio de Janeiro, v.18, n.1, p.177-190, 2004.

GOTTLIEB, O.R.; KAPLAN, M.A.C.; BORIM, M.R.M.B. Biodiversidade: um enfoque químico– biológico. 1. ed. Rio de Janeiro: Ed. da UFRJ, 1996. 268p.,

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LAMONT, S. R.; ESHBAUGH, W. A.; GREENBERG, A. M. 1999. Composition, diversity and use of homegardens among three Amazonian villages. Economic Botany. v.3, n.53, p.312-326, 1999.

MASULO, G.M.; MELO, S.A.; BRITO, A.U.; MOURA, R.P.M.; HIDALGO, A.F. Plantas Ornamentais mais utilizadas Comunidade do Puraquequara Plantas Ornamentais mais

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utilizadas. Manaus-AM – Brasil. In: 61° REUNIÃO ANUAL SBPC, 2009, Manaus. Anais... Manaus: Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, 2009.

MURRIETA, R. S. S.; WINKLERPRINS, A. M. G. A. Flowers of water: homegardens and gender roles in a riverine caboclo community in the lower Amazon, Brazil. Culture and Agriculture. United States, 2003. v. 25, n.1, p.35-47

NAIR, P.K.P. 1986. An Evaluation of the Struture and Function of Tropical Homegardens. Agricultural Systems. v.21, n.4. p.279-310, 1986.

RAMOS, J.B. Plantas medicinais brasileiras e biopirataria: nossas riquezas em risco. Boletim

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