Mar a Dentro
Instituto de Emprego e Formação Profissional
Centro de Formação e Reabilitação Profissional de Alcoitão
Mar a Dentro
Javier Bardem
(Ramón Sampedro)
Belén Rueda (Julia, advogada)
Lola Dueñas (Rosa, vizinha e Locutora de rádio)
Mabel Rivera (Manuela San Pedro, cunhada)
Celso Bugallo (José San Pedro, irmão)
Clara Segura (Gené DMD, Direitos de Morrer Dignamente)
Joan Dalmau (Joaquín, Marido da advogada)
Alberto Jiménez (Germán)
Tamar Novas (Javi San Pedro, sobrinho)
Francesc Garrido (Marc)
José Maria Pou (Padre Francisco)
Alberto Amarilla (Hermano Andrés)
Nicolás Fernández Luna (Christian)
Andrea Occhipinti (Santiago)
Xosé Manuel Oliveira (Juez)
1. As principais personagens do filme são Javier Bardem (Ramón Sampedro), a Belén Rueda (Julia, advogada), a Lola Dueñas (Rosa, vizinha e Locutora de rádio), a Mabel Rivera (Manuela San Pedro, cunhada), o Celso Bugallo (José San Pedro, irmão) e o Tamar Novas (Javi San Pedro, sobrinho).
2. Eu concordo com a opção que Ramón tomou desde que a nossa vida esteja restringida a uma vida como a dele, sem sentido, acamado, sem poder mover-‐ se. Na adolescência ele sofreu um acidente, que o deixou tetraplégico e preso a uma cama por cerca de 30 anos. Lúcido e extremamente inteligente, Ramón decide lutar na justiça pelo direito de decidir sobre sua própria vida, o que lhe gera problemas com a igreja, com a sociedade e até mesmo com os seus familiares. Ramón goza de perfeitas funções mentais e mostra-‐se bastante consciente acerca de sua decisão. Seus familiares se dividem entre a aceitação, o silêncio e a raiva pelo que ele deseja que seja feito. Porém, todos compartilham de um mesmo sentimento: a dor. Não só a dor de perdê-‐lo para a morte, mas principalmente a dor pelo fato de ele desejar morrer. Ramón está sempre cercado de carinho e atenção de sua família, mas é óbvio que isso não lhe é suficiente. Faltava-‐lhe algo sem o qual ele acreditava não fazer mais sentido viver. É isto o bem-‐estar, prazer e gosto em Viver ou pleno sofrimento? É por isso que eu sinto que nestas situações, todos nós devemos ter direito a escolher entre vida ou a morte. Conforme a medicina evolui no sentido de prolongar a vida, o que considero um bem para todo o ser humano, desde que este prolongamento de vida seja no sentido de viver com dignidade e sem sofrimento, penso que a eutanásia deveria ser também considerado e aceite quando o paciente ou família querem que a vida termine por motivos
de grande sofrimento físico, independentemente da idade ou sexo. Nestes casos considero o ajudar a morrer um acto de amor e coragem. Ao aceitar a eutanásia, tenho consciência de que esta só deverá ser praticada por profissionais e em situação em que já não haja qualquer hipótese de vida com dignidade e sem sofrimento.
3. Na minha opinião, em casos de doença não. Nestas condições ou em condições algo parecidas não devemos obrigar ninguém a sujeitar-‐se a viver uma vida de privação, penúria ou mesmo insignificância perante a humanidade livre porque não se adaptam há nova realidade de um físico sem ânimo.
4. As razões que conduziu Ramón Sampedro, homem inteligente, activo, que ficou sem perspectivas ou objectivos de futuro, sofrendo imenso psicologicamente a pedir a eutanásia, mesmo nesta situação de tristeza, apreendendo a escrever com a boca, viajando em sonhos e tendo um humor perspicaz e refinado foi o sofrimento emocional e psicológico. Para ele “A vida é um direito, não uma obrigação”, viver sem dignidade não é viver verdadeiramente. Ele ficou completamente imobilizado do pescoço para baixo depois do acidente durante 29 anos. Ramon ficou dependente de terceiros para todas as necessidades básicas da vida, mas completamente lúcido da sua situação.
5. A passagem no filme em que temos uma maior perspectiva de que a igreja católica é contra a eutanásia é quando o bispo se desloca a casa de Ramon para o convencer de que a vida é um acto de gratidão, mas ele próprio está numa cadeira de rodas e nem os seus “vassalos” o conseguem levar ao quarto no andar superior onde tem de subir com ele as costas umas quantas escadas onde dormita Ramon.
6. Não foram os médicos a administrar-‐lhe a dose letal porque em Espanha a eutanásia ainda não é legal e no filme foi-‐lhe recusado em tribunal essa mesmo dose letal.
7. A personagem que mais o ajudou a prosseguir o seu objectivo é a sua grande amiga e admiradora Rosa, vizinha e Locutora de uma rádio local e de quem Ramon nutre uma grande simpatia. Rosa leva-‐o, contra vontade da família, para sua casa, onde Ramon acaba por morrer Ingerindo, por sua vontade, um veneno previamente preparado e colocado de maneira a poder bebe-‐lo sozinho. Esta morte teve de ser muito bem planeada e tudo isto é gravado, para que não restem duvidas de que quem se suicidou foi Ramon, tendo sido no entanto um “suicídio assistido”, por ter ajuda de terceiros.
8. Artigos do Código Deontológico dos médicos que na minha opinião estão mais relacionados com a defesa do direito á vida ou o relacionamento com o assunto desta ficha:
CAPÍTULO II O INÍCIO DA VIDA
Artigo 55.o (Princípio geral)
O médico deve guardar respeito pela vida humana desde o momento do seu início.
Artigo 56.o
(Interrupção da gravidez)
O disposto no artigo anterior não impede a adopção de terapêutica que constitua o único meio capaz de preservar a vida da grávida ou resultar de
terapêutica imprescindível instituída a fim de salvaguardar a sua vida.
CAPÍTULO III O FIM DA VIDA
Artigo 57.o (Princípio geral)
1. O médico deve respeitar a dignidade do doente no momento do fim da vida.
2. Ao médico é vedada a ajuda ao suicídio, a eutanásia e a distanásia.
Artigo 58.o (Cuidados paliativos)
1. Nas situações de doenças avançadas e progressivas cujos tratamentos não permitem reverter a sua evolução natural, o médico deve dirigir a sua acção para
o bem-‐estar dos doentes, evitando utilizar meios fúteis de diagnóstico e terapêutica que podem, por si próprios, induzir mais sofrimento, sem que daí
advenha qualquer benefício.
2. Os cuidados paliativos, com o objectivo de minimizar o sofrimento e melhorar, tanto quanto possível, a qualidade de vida dos doentes, constituem o padrão do
tratamento nestas situações e a forma mais condizente com a dignidade do ser humano.
Artigo 59.o
(Morte)
1. O uso de meios de suporte artificial de funções vitais deve ser interrompido após o diagnóstico de morte do tronco cerebral, com excepção das situações em
que se proceda à colheita de órgãos para transplante.
2. Este diagnóstico e correspondente declaração devem ser verificados, processados e assumidos de acordo com os critérios definidos pela Ordem.
3. O uso de meios extraordinários de manutenção de vida deve ser interrompido nos casos irrecuperáveis de prognóstico seguramente fatal e próximo, quando da
continuação de tais terapêuticas não resulte benefício para o doente.
4. O uso de meios extraordinários de manutenção da vida não deve ser iniciado ou continuado contra a vontade do doente.
5. Não se consideram meios extraordinários de manutenção da vida, mesmo que administrados por via artificial, a hidratação e a alimentação; nem a administração por meios simples de pequenos débitos de oxigénio suplementar.
9. Artigos do Código Deontológico dos enfermeiros que na minha opinião estão mais relacionados com a defesa do direito á vida ou o relacionamento com o assunto desta ficha:
SECÇÃO II
Do código deontológico do enfermeiro
Artigo 78.º Princípios gerais
1 -‐ As intervenções de enfermagem são realizadas com a preocupação da defesa da liberdade e da dignidade da pessoa humana e do enfermeiro.
2 -‐ São valores universais a observar na relação profissional:
a) A igualdade;
b) A liberdade responsável, com a capacidade de escolha, tendo em atenção o bem comum;
c) A verdade e a justiça;
d) O altruísmo e a solidariedade;
e) A competência e o aperfeiçoamento profissional.
3 -‐ São princípios orientadores da actividade dos enfermeiros:
a) A responsabilidade inerente ao papel assumido perante a sociedade;
b) O respeito pelos direitos humanos na relação com os clientes;
c) A excelência do exercício na profissão em geral e na relação com outros profissionais.
Artigo 82.º
Dos direitos à vida e à qualidade de vida
O enfermeiro, no respeito do direito da pessoa à vida durante todo o ciclo vital, assume o dever de:
a) Atribuir à vida de qualquer pessoa igual valor, pelo que protege e defende a vida humana em todas as circunstâncias;
b) Respeitar a integridade bio-‐psicossocial, cultural e espiritual da pessoa;
c) Participar nos esforços profissionais para valorizar a vida e a qualidade de vida;
d) Recusar a participação em qualquer forma de tortura, tratamento cruel, desumano ou degradante.
Artigo 87.º
Do respeito pelo doente terminal
O enfermeiro, ao acompanhar o doente nas diferentes etapas da fase terminal, assume o dever de:
a) Defender e promover o direito do doente à escolha do local e das pessoas que deseja o acompanhem na fase terminal da vida;
b) Respeitar e fazer respeitar as manifestações de perda expressas pelo doente em fase terminal, pela família ou pessoas que lhe sejam próximas;
c) Respeitar e fazer respeitar o corpo após a morte.
Na Constituição da Republica Portuguesa pode-‐se ler:
Artigo 1º
Portugal é uma Republica soberana, baseada na dignidade da pessoa humana e na vontade popular e empenhada na construção de uma sociedade livre, justa e solidária.
Artigo 16º - nº 2
Os preconceitos constitucionais e legais relativos aos direitos fundamentais devem ser interpretados e integrados de harmonia com a Declaração Universal dos direitos do homem, onde regulamenta que:
Artigo 3º
Todo o individuo tem direito à vida, à liberdade e à segurança social.
Artigo 24º - no 1
A vida humana é inviolável.
Artigo 25º - no 2
A integridade moral e física das pessoas é inviolável.
O Código Penal Português penaliza a prática da eutanásia.
Pode-‐se ler:
· Artigos 133º (homicídio privilegiado)
Quem matar outra pessoa dominado por compreensível emoção violenta, compaixão, desespero ou motivo de relevante valor social ou moral, que diminuem sensivelmente a sua culpa, é punido com pena de prisão de 1 a 5 anos.
· Artigo 134º - no 1 (homicídio a pedido da vitima)
Quem matar outra pessoa determinado por pedido sério, instante e expresso que ela lhe tenha feito é punido com pena de prisão até 3 anos.
· Artigo 134º - no 2 A tentativa é punível.
· Artigo 138º
Exposição e abandono
10. Uma das possíveis causas ou razões para esta sentença foi que assim se desobstruiria um caminho para outros “suicídios” para quem não estivesse contente com a sua vida, com o seu consolo de uma cela por ser um criminoso, ou porque simplesmente a religião nunca aprovaria tal situação.