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Projeto Qualidade de Vida CONCEITO, CLASSIFICAÇÃO E FISIOLOGIA DO ESTRESSE

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Academic year: 2021

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CONCEITO, CLASSIFICAÇÃO E FISIOLOGIA DO ESTRESSE

As pesquisas sobre estresse enfatizam suas implicações para a saúde física e mental do indivíduo, alterando sua produtividade e qualidade de vida.

A palavra Estresse deriva do latim, foi empregada popularmente no século XVII com significado de fadiga. No século XVIII e XIX, na língua inglesa o termo era utilizado para designar força, esforço e tensão. (PEREIRA, 2002.; BOTSARIS, 2003). A física define tensão como a relação da força sobre a superfície na qual é aplicada, ou seja, a intensidade com que a força afeta a matéria. No seres humanos tensão significa como e com que intensidade as influências do mundo externo afetam o corpo e a mente.

O estresse pode ser definido como uma reação complexa e global do organismo, envolvendo componentes físicos, psicológicos, mentais e hormonais frente a situações que representem um desafio maior e que ultrapassem sua capacidade de enfrentamento; visando adaptar o indivíduo à nova situação.

Segundo Pereira (2002), a palavra estresse teve tamanha difusão, que se popularizou como sinônimo de qualquer alteração, em geral negativa, sentida pelo indivíduo. Sendo comum o jargão “não me estresse” quando a pessoa está pressionada, entristecida, ou na expectativa de algo bom ou ruim. Qualquer sentimento de ansiedade e tensão rotineiramente é denominado estresse, ocorrendo uma confusão, pois o estresse é encarado tanto como elemento desencadeante como resultado do processo.

A primeira definição de Estresse foi elaborada por Hans Selye (1965), médico e pesquisador austríaco, que observou em ratos submetidos a fatores de agressão, reações específicas e inespecíficas do organismo buscando adaptação. A esse conjunto de reações denominou Síndrome Geral de Adaptação. Em 1952 Hans Selye publicou um resumo de seus estudos e conferências, contendo a evolução do conceito de estresse e da dinâmica da Síndrome de adaptação, bem como seu potencial na gênese de doenças; e termina o texto reconhecendo a necessidade de outros olhares sobre seu tema de estudo, e autoriza a ampliação do conceito de estresse, por pesquisadores não só da área biológica, mas também da psicologia, da sociologia, de estudiosos da saúde ambiental e qualidade de vida.(ARANTES E VIEIRA, 2002)

Através do seu trabalho Selye propõem um novo modo de encarar o organismo, onde as respostas orgânicas não são isoladas, mas relacionadas entre si e entre os diversos sistemas.

Divide-se o estresse em três fases: alerta, resistência e exaustão. A primeira fase – de alerta – é positiva, se caracteriza pela produção de adrenalina tornando o indivíduo mais atento, criativo, produtivo, motivado, enfim, preparado para ação. Essa fase também se denomina estresse inicial ou positivo.

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Na segunda fase – a da resistência – a pessoa lida com seus estressores buscando manter a homeostase. Esta fase segue-se a uma fase de alerta prolongada ou se novos estressores se agregam, caindo a produtividade e aumentando a vulnerabilidade à doenças. Nesta fase observa-se aumento de cortisol. Caso o indivíduo elimine o fator estressor, se restabelece o equilíbrio e o processo de estresse se encerra. (BOTISSARIS, 2003.; PEREIRA, 2002). Na persistência de fatores estressantes ocorre quebra da resistência e início da terceira fase - exaustão - onde se inicia processo de adoecimento, depressão e perda de concentração . (LIPP e TANGANELLI, 2002).

Lipp (2000), identificou uma nova fase do estresse entre a resistência e a exaustão denominando-a de quase-exaustão. Quando a tensão ultrapassa o limite gerenciável, diminuem a resistência física e emocional, exigindo grande esforço no desempenho das atividades diárias, intercalando momentos de produtividade normal e desconforto; o que gera ansiedade. O aumento do cortisol nesta fase diminui as defesas imunológicas e podendo gerar adoecimento.

Tais fases podem ser diagnosticadas quantitativamente através do inventário de Sintomas de Estresse para Adultos de Lipp. (2000).

O estresse excessivo altera o processo de envelhecimento, acelerando-o. (BOTSARIS, 2003.; LIPP, 2000). Segundo Botisaris (2003), o primeiro impacto do estresse está na área psíquica e sono.

O estresse também pode ser positivo, quando a intensidade do estressor é breve, gerando resposta leve e controlável, sendo estimulante e possibilitando desenvolvimento emocional e intelectual. Esse tipo de estresse foi denominado "eustresse" por SELYE (1965). Lipp (2000) classificou-o como estresse positivo ou estresse ideal, onde se aprende a gerenciar a fase de alerta e recuperação, beneficiando o indivíduo com o aumento da produtividade e criatividade característicos da fase de alerta.

Pereira (2002), classifica os estressores em:

§ Estressores físicos – provenientes do ambiente externo, como ruídos, frio, calor, acidente, fome e dor. Interferem predominantemente no corpo do indivíduo.

§ Estressores cognitivos – avaliados como ameaçadores à integridade do indivíduo ou do seu patrimônio,0 como provas, concursos, assaltos e discussões.

§ Estressores emocionais – sentimentos de perda, medo, ira ou acontecimentos como casamento, divórcio, mudanças onde o componente afetivo predomina.

O homem não se reduz à sua biologia, que é o organismo em contato com o mundo físico que o rodeia, mas é um ser biopsicossocial. A socialização existe desde os primórdios da humanidade, tendo-se sofisticado progressivamente,

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trazendo novos desafios, disputas e regras e necessidade de adaptação. Cresce com isso a tensão emocional que resulta em estresse em diferentes intensidades.

Lipp (2002), afirma que o estresse pode ser originado de fontes externas ou internas. As internas estão relacionadas com a maneira de ser, do tipo de personalidade e do modo de reagir à vida. Não sendo acontecimento em si estressante, mas a maneira como é interpretada pela pessoa. Já os estressores externos estão relacionados com as exigências do cotidiano: trabalho, família, morte, doença, convívio social, perdas e violência.

Lipp (2000), estudando um grupo de 1843 pessoas, com idade entre 15 e 75 anos, classificou os sintomas de stress em físicos e psicológicos que se intensificam conforme a fase do estresse.

Sintomas físicos: - extremidades frias - boca seca

- sudorese

- tensão muscular - trismo e/ou bruxismo - insônia - taquicardia - hiperventilação - hipertensão arterial - mudança de apetite - problemas de memória - mal-estar generalizado

- sensação de desgaste físico constante - problemas dermatológicos - cansaço constante - tontura - diarréia freqüente - disfunção sexual - náusea - tiques - úlcera - enfarte Sintomas psicológicos: - aumento súbito da motivação - entusiasmo súbito

- vontade de iniciar novos projetos - sensibilidade emotiva excessiva - dúvida quanto a si próprio

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- pensar constantemente num mesmo assunto - irritabilidade excessiva

- diminuição da libido

- impossibilidade de trabalhar - pesadelos

- sensação de incompetência em todas as áreas - desejo de fuga

- apatia - depressão - raiva - angústia

- perda de senso de humor

Além dos sinais psicológicos citados por Lipp, Fontana (1991),descreve outros sintomas que influenciam o processo ensino- aprendizagem. Segundo ele o estresse excessivo promove em decréscimo da concentração e atenção. As memórias de curto e longo prazo deterioram-se, reduzindo sua amplitude e reconhecimento. A velocidade de resposta torna-se imprevisível, aumentando os índices de erros, perde-se o poder de concentração, de organização e planejamento. Aumentam as tensões e os distúrbios do pensamento. A auto-estima diminui, reforçando a sensação de depressão e desamparo. Diminui ainda a articulação verbal, o interesse e entusiasmo pelo trabalho. Os níveis de energia se reduzem e altera-se o padrão de sono. Neste estágio o uso de drogas pode se instalar. O indivíduo fica crítico em relação ao meio e adquire tendência a ignorar novas informações.

Alex Botsaris (2003), compara o estresse contemporâneo à figura de Atlas o gigante da mitológica grega, denominando o conjunto de sintomas do estresse de “complexo de Atlas”.

Após derrotado por Zeus o Titã Atlas foi condenado a sustentar a Terra, mantendo-se fiel a essa missão, sendo sempre retratado com expressão de agonia com o corpo curvado sob o peso da Terra.

A primeira vértebra cervical denomina-se Atlas, pela correlação da cabeça com o planeta Terra e dessa vértebra com o gigante mitológico por sustentar o peso da cabeça. Outra identificação se faz a nível psicológico, imaginando que a vértebra Atlas suporta um cérebro cada vez mais sobrecarregado de informações, demandas e tensão, que constituem o “mundo” do indivíduo; que mesmo no limite de suas forças não pode deixar o pesado fardo, sob pena de tudo desabar. O complexo de Atlas dá ao indivíduo a falsa convicção de que sem a sustentação necessária o mundo ruirá sobre sua cabeça, é preciso sustentá-lo a qualquer custo, exigindo um esforço tal, que leva o estresse continuado, que age principalmente danificando estruturas sistema músculo esquelético do pescoço e coluna, causando danos locais e à distância como alterações da articulação temporo-mandibular, bruxismo, artrose, hérnia de disco, cefaléia, dor lombar e

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tendinites. Este autor, considera o estresse contemporâneo uma epidemia e um problema de saúde pública a nível mundial.

Segundo PEREIRA (2002), o estresse teria a função de ajustar a homeostase, melhorar a capacidade do indivíduo, garantindo-lhe sobrevivência e qualidade de vida.

Walter Conon, em 1932, já descrevia que diante de oscilações do meio que possam agredir o organismo, o corpo tende a se estabilizar e adaptar, buscando a homeostase.

Sendo o ser humano um sistema aberto, que atua sobre o meio e sofre influência dele, sua homeostase consiste num equilíbrio móvel e não estático, diferente do equilíbrio fixo que é a inércia. Todos os seres vivos, compreendem um sistema aberto, e sendo assim têm uma tendência a um estado de desordem denominada entropia. A entropia é uma tendência natural e saudável, vinculada à mudanças, a experimentação do novo, a adaptar-se e a buscar equilíbrio. Quando a entropia aumenta até alcançar níveis insuportáveis o indivíduo adoece e morre.

Na tentativa de controlar os níveis de entropia, os sistemas abertos se utilizam da negentropia, que é tendência a um estado de ordem.

Essas duas tendências à ordem e desordem, respectivamente negentropia e entropia, se alternam buscando a homeostase do indivíduo. Que pode apresentar num dado momento um alto nível de entropia, potencialmente perigoso a sua saúde física e mental, devendo então, buscar mecanismos de negentropia a fim de diminuir a entropia e restaurar a homeostase, num equilíbrio móvel, semelhante a uma gangorra. Onde a entropia e negentropia se alternam em níveis altos e baixos, buscando o equilíbrio. Os estímulos e exigências cotidianas podem desequilibrar o indivíduo, gerando e ou aumentando a entropia. O desafio é criar condições físicas, emocionais e mentais para que o organismo retorne sua homeostase (CARMELLO, 2004).

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Representação Gráfica da Homeostase Como um Processo Dinâmico

Tal equilíbrio móvel interfere nas mensurações dos níveis de estresse e qualidade de vida do indivíduo, que não são estáticas ou lineares, mas podem apresentar oscilações para níveis mais altos ou mais baixos, num determinado espaço de tempo, sendo esta uma característica de normalidade, pois não se pode esperar níveis de qualidades de vida sempre altos e estresse invariavelmente baixos.

O organismo como um todo participa do processo de estresse, diante da percepção consciente ou inconsciente do agente estressor.

O cérebro através do hipotálamo, estimula a hipófise e o Sistema Nervoso Simpático, que na medular da adrenal estimula a liberação de adrenalina e

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noradrenalina; que aumentam o débito cardíaco, a oferta sanguínea no rim, cérebro e músculos, resultando em incremento da força física e rapidez de reflexo além de diminuição nas funções digestivas.

O hipotálamo estimula a hipófise a liberar ACTH (corticotropina), que age no córtex da adrenal, promovendo liberação de glicocorticóides que ativam o metabolismo celular, aumentam a glicemia, a colesterolemia e a retenção de água e eletrólitos. O CRF (Fator Liberador de Corticotropina), além de liberar ACTH, age no tubo digestivo, compensando a falta de ingesta, inibe a fome, estimula a defecção, mobilização de líquido e glicose para as células musculares. Seu estímulo continuado pode causar úlceras, aumento ou diminuição dos movimentos intestinais e alterações do apetite. Nesse processo o GH (Hormônio de crescimento) e o ADH (Hormônio antidiurético) são coadjuvantes, potencializando a ação dos glicocorticóides e adrenalina. O GH ativa o metabolismo aumentando a glicemia e potência muscular, enquanto o ADH estimula a retenção de água pelos rins. Quando se aciona o sistema parassimpático do organismo ocorre reação de inibição, com paralisação e embotamento diante do agente agressor.

A betaendorfina participa da reação de estresse estimulando receptores opióides, encontrados no cérebro e medula, causando bloqueio da dor, gerando sensação de calma e bem estar; além de potencializar a ação antiinflamatória do corticosteróide. Atua também promovendo a recuperação após o processo de estresse, quando seu pico é máximo e a adrenalina e os corticosteróides estão em declínio, promovendo sensação de alívio e relaxamento, como a que os corredores experimentam após longa corrida, vivenciando o estresse físico dito bom estresse, que aumenta a resistência muscular, capacidade cardiorrespiratória, o sistema imunológico e funções cognitivas.

Na reação fisiológica do estresse o relaxamento produzido pela betaendorfina é auxiliado pela melotonina liberada pela pineal. Esta tem ação na indução do sono, neutralizando substâncias estimulantes permitindo o repouso. Além de reduzir a pressão arterial, a freqüência cardíaca e a secreção de HCl no estômago, neutraliza radicais livres e os reflexos do Sistema Nervoso Autônomo.

Durante a resposta fisiológica do estresse atuam pepitídeos de modulação do comportamento sexual e parto, são eles: ocitocina e prolactina. A função desses peptídeos é modular a reação do estresse em situações como a atração sexual, o coito e o trabalho de parto, onde indutores do estresse são liberados, devido a uma maior demanda de energia e vigor físico. No entanto a resposta fisiológica do estresse pode causar ansiedade, apreensão, sensação de perigo, desconforto, raiva irritação e agressividade, afetando o desfecho da fecundação. Juntos ocitocina e prolactina conseguem abolir a liberação de FSH (Hormônio Folículo Estimulante) inibindo a liberação de ovócitos pelo ovário, e conseqüentemente impedindo a gravidez, que seria sobrecarga difícil de suportar num momento de estresse intenso, e até provocando amenorréia.

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Outro neuropeptídeo que atua no processo fisiológico do estresse é o neuropeptídeo Y, responsável pela regulação da temperatura corporal, redução de apetite e liberação de hormônios sexuais. No estresse continuado o aumento desse neuropipetídeo provoca ansiedade, sudorese noturna, alteração do peso e do apetite.

O processo de estresse também interfere na função imunológica, através da ação imunopressora dos glicocorticóides, antiinflamatórios da betaendorfina, alterações leucocitárias e de mediadores de inflamação.

No estresse infeccioso atua também a substância P, que aumenta a capacidade de resposta do organismo à percepção da dor.

Esta seqüência natural de estresse e recuperação pode ser representada do seguinte modo:

AMEAÇA – REAÇÃO FISIOLÓGICA DO ESTRESSE – RELAXAMENTO. Quando os estressores se prolongam não ocorre a fase de relaxamento, mas sim de uma nova ameaça gerando o estresse ruim, nas suas fases de resistência até exaustão; assim representada:

AMEAÇA – REAÇÃO FISIOLÓGICA DO ESTRESSE – AMEAÇA-REAÇÃO FISIOLÓGICA DO ESTRESSE – AMEAÇA – ESTRESSE ACUMULADO – DESGASTE – ADOECIMENTO.

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