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ESCOLA E POESIA: UMA PARCERIA NECESSÁRIA, MAS AINDA POSSÍVEL?

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Academic year: 2021

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ESCOLA E POESIA:

UMA PARCERIA NECESSÁRIA, MAS AINDA POSSÍVEL?

Caroline Orlandini Moraes (Bolsista PIBIC - UENP - Fundação Araucária/ GP Literatura e Ensino/G-CLCA-UENP/CJ) Rafaela Stopa (Orientadora-CLCA-UENP/CJ)

Resumo: Este artigo tem por objetivo compartilhar o projeto de Iniciação Científica financiado pela Fundação Araucária “Poesia no ensino médio: presença ou ausência?”. Trata-se de uma proposta que busca averiguar a abordagem do texto poético em duas salas de aula do Ensino Médio: uma da rede pública e outra da rede particular. Parte-se do pressuposto que a leitura de poesia pode levar a uma reflexão profunda, trazendo significados diferenciados e sensações complexas, de modo que seu leitor desenvolve uma familiaridade maior com as palavras e uma relação mais ampla com a leitura. Tendo em vista que o texto poético é pouco abordado em sala de aula, geralmente, por ser considerado um gênero difícil, nesta etapa da pesquisa, busca-se entender, por meio da observação do trabalho desenvolvido em duas salas de aula, se há espaço para o texto poético, como ele é trabalhado e se é bem aceito pelos alunos. Visando sempre a abordagem da poesia, espera-se entender a sua presença em salas do Ensino Médio e conhecer a postura do professor frente a esse gênero.

Palavras-chave: Escola; Leitura; Poesia.

Introdução

O presente artigo tem como finalidade apresentar o projeto de Iniciação Científica financiado pela Fundação Araucária/PR “Poesia no ensino médio: presença ou ausência?”. O projeto propõe averiguar se há a presença do texto poético na educação básica, em específico no ensino médio, em duas escolas, uma da rede de ensino público e a outra do ensino particular. A busca por uma escola estadual e uma privada se deu porque isso abriria a possibilidade de perceber quais as diferenças que acabam acontecendo, para o ensino de literatura, no que diz respeito ao sistema apostilado, a uma maior pressão em relação aos conteúdos do vestibular, dentre outras questões.

A verificação da presença ou ausência do texto poético em contexto escolar tem se dado por meio de pesquisa de campo, com a observação de aulas de língua portuguesa, no caso da escola estadual, e de literatura, no caso da particular, e a aplicação de questionários a professores e alunos, de tal maneira que além de ser possível conhecer e analisar como a poesia vem sendo trabalhada em sala de aula, também se abre a possibilidade de entender o

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Maria Machado (2009), só pode verdadeiramente ensinar a gostar de literatura, o docente que é um leitor apaixonado.

Tendo em vista a importância do texto poético, e o papel fundamental da escola na formação de leitores, esta pesquisa procura colaborar com o ensino da literatura, que muitas vezes sofre um desprestígio em algumas unidades escolares, através das observações e aplicações de questionários que poderão ajudar a levar a uma reflexão sobre a necessidade ou não de uma reavaliação das estratégias de aplicação. Averiguando as abordagens do texto poético, o planejamento dos professores, e se a poesia tem espaço nas aulas, conheceremos quais barreiras ainda existem em relação a esse gênero, buscando, futuramente, propostas eficazes para a educação básica.

Revisão bibliográfica

A poesia é o gênero literário que mais sofre dificuldades com a crise dos leitores, principalmente na sala de aula, onde percebemos o afastamento dos alunos quando o assunto é leitura. Ao trazer em pauta essa discussão temos que concordar que o professor tem o papel de provocar a aproximação com esse gênero, que muitas vezes é visto na infância e esquecido ao longo da vida. Não basta saber o que provocou esse afastamento, mas sim tentar de alguma forma trazer a atenção do aluno de volta para o texto literário. Jeosafá Fernandez Gonçalves, em seu livro Poesia na escola: doze receitas do professor Jeosafá (2009), aponta sobre a poesia: “Porque tão pouca gente se interessa por ela? A coitada está num miserê tal que, se morresse seu enterro seria exatamente igual ao daqueles andarilhos [...]” (2009, p. 13).

Trazendo esse comentário para a esfera escolar, o que se tem percebido é que tanto os alunos quanto os professores parecem ter se esquecido da importância do texto poético, abandonando-o quase por completo, deixando de fruir toda beleza e aprendizado contido nesse tipo de texto, perdendo suas peculiaridades que contribuiriam para sua formação e entendimento.

A problemática está em volta de qual o valor que é dado ao texto literário de uma forma geral, e à poesia, lembrando que a literatura, em suas mais variadas formas de expressão, é humanizadora. Antônio Cândido comenta essa singularidade que é oferecida por essa arte:

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Entendo aqui por humanização [...] o processo que confirma no homem aqueles traços que reputamos essenciais, como o exercício da reflexão, a aquisição do saber, a boa disposição para com o próximo, o afinamento das emoções, a capacidade de penetrar nos problemas da vida, o senso da beleza, a percepção da complexidade do mundo e dos seres, o cultivo do humor (1995, p. 249).

No ambiente escolar toda forma de expressão, seja na linguagem oral ou escrita, deve ser trabalhada, e a literatura deve receber uma cuidadosa abordagem tendo em vista tratar-se de um texto diferenciado. Infelizmente, quando se trata do trabalho com a literatura na educação básica ainda encontramos muitas falhas em razão do sistema de ensino. Nas escolas públicas, as aulas de língua portuguesa no ensino médio não são suficientes, e poucas aulas acabam se voltando para a abordagem de literatura. Esse pouco espaço destinado às aulas de língua materna levam, geralmente, o professor a dividir seu tempo entre gramática e produção textual, e quando sobra espaço, dá-se enfoque ao texto literário, que acaba, assim, chegando aos alunos de forma assistemática e pouco produtiva. De tal forma, não raro, o professor se vê obrigado a “vencer” o conteúdo exigido pelos vestibulares, pelo currículo, e acaba se deixando para depois o texto literário.

No entanto, apesar de geralmente, devido ao conteúdo que deve ser trabalhado, a literatura ficar sempre para depois, as DCE de língua portuguesa dão ênfase ao seu valor, e em específico, do texto poético, como podemos observar no trecho que segue:

No caso da leitura de textos poéticos, o professor deve estimular, nos alunos, a sensibilidade estética, fazendo uso, para isso, de um instrumento imprescindível e, sem dúvida, eficaz: a leitura expressiva. O modo como o docente proceder à leitura do texto poético poderá tanto despertar o gosto pelo poema como a falta de interesse pelo mesmo. Assim, antes de apresentá-lo para os educandos, o professor deve estudar, apreciar, interpretar, enfim, fruir o poema. (PARANÁ, 2008, p. 76)

O que vemos, além da valorização desse tipo de texto, é o destaque dado ao papel do professor no processo da leitura. E, contrário ao que está posto no excerto, podemos observar a falta de interesse de muitos professores que não são leitores de poesia, fazendo com que não seja possível compartilhar com o aluno tal gosto. Essa incoerência resulta na ausência do texto poético nas aulas. Para o professor Hélder Pinheiro, no livro Poesia na sala de aula (2007): “bons poemas, oferecidos constantemente (imaginamos pelo menos uma vez por semana), mesmo que para alunos refratários (por não estarem acostumados a esse tipo de prática), têm eficácia educativa insubstituível” (2007, p. 21). Porém, como oferecer bons poemas aos nossos alunos, se, às vezes, falta conhecê-los, e saber quais textos valem a pena?

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Cabe ao professor a tarefa de apresentar e instigar o aluno à leitura da poesia, mesmo sabendo que não são todos, que irão de fato se tornar leitores, mas apresentando o gênero de modo que o aluno não seja privado pelo menos desse primeiro contato. Importa lembrar que a poesia nos acompanha desde sempre, através de canções de ninar, brincadeiras ritmadas da infância, e claro, com as músicas que fazem parte de nosso dia a dia. Assim sendo, sua presença na escola e também em nossa vida deveria acontecer mais espontaneamente, como nos mostra Ligia Cademartori:

Quando as palavras não cumprem apenas a função de referir-se a algo, mas, em estado de poesia, passam a atrair atenção para si mesmas, eles referir-se organizam em unidades recorrentes, reiterativas, de que o verso é a feição mais conhecida” (2009, p. 101).

Na escola, a teoria e a prática devem caminhar juntas para a obtenção de resultados positivos e lineares, e o professor deve mostrar a função social da poesia, não apenas o seu lado estético, de acordo com Vincent Jouve: “O objetivo do professor não apenas não é o do esteta, como também se distingue do objetivo do teórico. Entender o que é a arte como prática humana [...]” (2012, p. 135). Não se trata, portanto, de apenas conhecer a poesia, mas sim de entendê-la como resultado do trabalho de um indivíduo. Por isso, é um tipo de arte, que como pontua Candido (1972) traz em si a função psicológica, formadora e social. Para o crítico, “longe de ser um apêndice da instrução moral e cívica (esta apoteose matreira do óbvio, novamente em grande voga), ela age com o impacto indiscriminado da própria vida e educa com ela, - com altos e baixos, luzes e sombras” (1972, p. 805). E o docente que acredita na potencialidade do texto literário certamente poderá contribuir na formação de jovens leitores mais sensíveis, não apresentando a eles apenas questões relacionadas ao lado estético e teórico, que são fundamentais, mas podem parecer mais difíceis para o contato inicial, prejudicando o entendimento e todo o caminhar do envolvimento do aluno com o gênero.

O que se tem visto, é que a realidade escolar ainda está longe planejar objetivos que favoreçam o texto poético, visando, não raro, textos com verdades absolutas e com finalidades gramaticais, formando uma resistência e dificultando o trabalho com a poesia, que muitas vezes ainda é utilizada como pretexto para atividades pouco produtivas para uma maior aproximação do aluno com o gênero.

Ivanda Martins no artigo ”Literatura no ensino médio: quais os desafios do professor?” (2006), aponta que: “A escola ainda enfatiza uma educação pela literatura, quando o texto se torna espaço intermediário para atividades que não consideram a polissemia da obra literária”. (2006, p. 101). Aqui o texto acaba fugindo de sua real função que seria transmitir significados

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distintos, ficando apenas o espaço para estudos com fins gramaticais ou de uma busca por características representativas de determinadas estéticas.

Trazemos à discussão Marisa Lajolo, que em seu ensaio “O texto não é pretexto. Será que não é mesmo?” (2009), retoma seu antológico texto “O texto não é pretexto” da década de 80, lembrando que neste primeiro artigo, manifestou-se dizendo que o texto não deveria ser usado como pretexto para o estudo de outros fins que não fossem literários. A autora, ao se revisitar, comenta: “entre a lista de equívocos que eu creditava aos usos que a escola faz dos textos, o que hoje mais me incomoda é a crítica ao uso de textos para qualquer finalidade que fosse exterior a ele, texto” (2009, p. 107). Concordamos com Lajolo que não é preciso radicalidades, uma vez que dependendo da situação, do texto e do contexto, algumas abordagens são plenamente justificáveis. A problemática está na percepção de que, às vezes, ao usar o poema como pretexto para outros estudos, anulam-se suas reais propostas de descobertas individuais.

Como mencionamos, percebemos que o espaço para o texto poético, assim como para aulas de literatura, é reduzido ao máximo em função de vários motivos recorrentes. Podemos observar que professores da rede de ensino público, por exemplo, têm que dividir seus horários de aulas entre gramática e ensino de literatura, e quando não muito, produção textual. Leyla Perrone–Moisés, crítica literária, no artigo “Literatura para todos” (2006) discute esse fim das aulas de literatura, mencionando que: “entre 2001 e 2002, notou-se o ‘desaparecimento’ da disciplina Literatura no ensino médio de vários estados brasileiros” (2006, p. 19). Essa ausência pode levar a uma redução significativa do trabalho com a literatura, que poderia ser abordada e não é, privando o aluno de ter contato com um texto carregado de conhecimento, subjetividade e emoção, colocando o aluno somente a frente de textos rotineiros e muitas vezes maçantes.

Resultados parciais da pesquisa

O projeto “Poesia no ensino médio: presença ou ausência?” ainda não foi concluído. Nessa etapa do projeto já foram realizadas leituras teóricas e também foram iniciadas as observações em sala de aula, com a finalidade de observar se há abordagem do texto poético e como é feita. Em busca de resultados qualitativos, também serão aplicados questionários direcionados aos professores de língua portuguesa e aos alunos do 3º ano do ensino médio das escolas; também serão analisados os planos de ensino feitos pelos respectivos professores.

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Para essa pesquisa foi proposto o contraste entre uma escola da rede pública e outra da rede particular, situadas numa mesma cidade do interior do Norte do Paraná. Os alunos são do 3º ano do ensino médio, período escolar importante e decisivo na vida dos acadêmicos; vale lembrar que chegando nesse período, entende-se que os alunos já tiveram distintas experiências na rede de ensino que podem tê-los levado ao contato com o texto poético.

Com o objetivo de preservar a identidade dos professores envolvidos com a pesquisa, ao compartilhar a sistematização das estratégias de ensino adotadas pelos professores quando da abordagem do texto poético, chamaremos o professor da escola particular de professor “A”, e o da escola pública de professor “B”.

O que tem sido visto nas observações da rede particular realizadas em um terceiro ano que tem aproximadamente XX alunos, é que o professor A segue o sistema apostilado e por isso não elabora um plano de ensino por conta de sua metodologia de ensino seguir o sistema apostilado que é voltado para um ensino que visa a preparação do aluno para os vestibulares.

O professor A leciona apenas a matéria de literatura, tendo maior tempo e empenho para se preparar para aulas com esse conteúdo. Logo na primeira aula assistida, ele abordou a escola literária Clássica e, ao final do conteúdo, recitou Camões, revelando a importância de sua produção, situando-a no contexto histórico e período literário. Todas as poesias citadas em aula são de escritores estudados através das escolas literárias seguindo as apostilas dos alunos, que correspondem bem às aulas, fazendo comentários positivos como: “Ah dessa poesia eu gosto!”. Em outro momento o professor A falou sobre a obra Gabriela, cravo e canela de Jorge Amado e pediu para que os alunos representassem a obra em forma de teatro recitando poesias que poderiam ser de autoria própria ou de escritores famosos, deixando os alunos descontraídos para fazerem suas próprias poesias. Os alunos foram envolvidos pelo gênero, reagiram bem e desempenharam as atividades propostas com sucesso. Sobre fazer com que os alunos tenham o espaço de escrever e expor suas próprias poesias, Ana Maria Machado em Texturas: sobre leitura e escritos mostra como é importante estimular a escrita, enfatizando que criar suas próprias poesias pode enriquecer o vocabulário dos alunos:

Um vasto repertório de recursos narrativos e poéticos foi se desenvolvendo, da mesma forma que um rico acervo de truques para encadear o raciocínio, amarrar um argumento no outro, orientar o pensamento em direção a um objetivo e desenvolvê-lo pouco a pouco, aprofundando a compreensão e garantindo a permanência daquele ensinamento. No decorrer desse processo, a linguagem foi desenvolvendo novas funções, explorando suas possibilidades poéticas, narrativas e retóricas. (MACHADO, 2001, p. 132)

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Na escola da rede de ensino público, o texto poético não vendo sendo abordado pelo professor B, nas observações realizadas até então. A disciplina de língua portuguesa é dividida em três aulas distribuídas em três dias da semana, e ao contrário da escola particular, fica sob a responsabilidade de um único professor se organizar para abordar a gramática, a literatura e a produção textual, o que nos faz lembrar sobre o esquecimento e desprestígio que a literatura sofre em algumas escolas, já citada nesse artigo. O professor B tem como prioridade o ensino da gramática, dedicando raro tempo para literatura, optando por não dividir sua disciplina em aulas destinadas a ela, ministrando essas aulas apenas quando “sobra tempo.” Em seu plano de ensino, o professor não menciona a literatura, o que é representativo da sua quase ausência nas suas aulas.

Em uma das aulas o professor B abordou a estética Barroca, porém não deu continuidade em outras aulas, e também não fez as leituras da produção poética do período por conta de ter acabado o tempo da aula. Sendo assim, houve apenas a apresentação de características sem qualquer contato do aluno com a leitura dos poemas. Mais adiante levou aos alunos doze títulos variados de literatura, com o intuito de que os alunos retirassem do livro selecionado fragmentos para serem passados da voz ativa para voz passiva, ou seja, usando o texto como pretexto com fins gramaticais. Cabe ressaltar que é de muita importância levar os livros para os alunos terem contato e perceber a importância das obras que foram retiradas da biblioteca. O caminho para a abordagem da poesia parte também do estudo das escolas literárias que trazem os poetas e seus textos ricos para complementar o entendimento dos alunos. Porém, ainda não houve em sala um momento de leitura e debate sobre algum texto poético.

Nas aulas de literatura da rede particular de ensino até o momento, encontramos uma dinâmica mais favorável ao aprendizado dos alunos. Apesar de seguir o sistema apostilado vemos que o professor A traçou um objetivo de mostrar o conteúdo e levar a eles o primeiro contato com a poesia, e mesmo que seja através da apostila, a receptividade dos alunos foi positiva. Um leitor de textos poéticos e literários se constrói no dia a dia, dessa forma se o professor B se organizar e começar a trabalhar com textos poéticos na sala, acreditamos que há grandes chances dessas aulas serem eficazes e atingirem resultados satisfatórios.

As aulas devem seguir procedimentos metodológicos que fundamentem e deem apoio na hora de ensinar, lembrando que muitas vezes não é fácil abordar o texto poético, por ser considerado um gênero difícil. Hélder Pinheiro se posiciona acerca da abordagem da poesia para os jovens: “Não acredito que um dia teremos um saco de respostas prontas – o que seria muito pouco poético. Cada situação, cada turma, cada momento histórico há de exigir de nós

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na abordagem da poesia, e um deles seria que o professor, além de ser um real leitor de poesia, também confeccionasse antologias de poemas por autores. Cada aluno tem seu perfil, e quando vê um professor entusiasmado com um determinado assunto, certamente isso despertará sua curiosidade. Vendo dessa forma conseguimos enxergar como o envolvimento do professor é fundamental na abordagem da poesia, e é transparente que só conseguimos atingir um objetivo, quando nos envolvemos e adquirimos posturas concretas frente a nossa meta.

Considerações finais

Trata-se de uma pesquisa em andamento. Podemos dizer que, no caso das escolas pesquisadas, o texto poético está ausente das práticas do professor da escola estadual e presente nas aulas do professor da rede particular. Enquanto o primeiro informa ser um apaixonado pela literatura, faz uma abordagem assistemática e por vezes confusa, justificando não ter tempo para a leitura literária. No caso da escola particular, como há um componente específico para a literatura, o docente trabalha de forma efetiva e consegue o envolvimento de seus alunos com as propostas de leitura do texto poético.

A leitura de poesia é um ato prazeroso e enriquecedor, e ao ser abordada em sala de aula, pode se tornar uma rotina saudável repleta de funções transformadoras. Sabemos que a prática da leitura vai muito além da escola, mas o caminho para se chegar até ela certamente pode partir do ambiente escolar, onde é possível oferecer ao aluno um contato diferenciado com a poesia.

Referências

CADEMARTORI, Ligia. O professor e a literatura: para pequenos, médios e grandes. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2009.

CANDIDO, Antonio. A literatura e a formação do homem. In: Ciência e Cultura. v. 24, n. 9. São Paulo: 1972.

______. O direito a literatura. In: ______. Vários escritos. 3. ed. rev. e ampl . São Paulo: Duas Cidades, 1995.

GONÇALVES, Jeosafá F. Poesia na escola: doze receitas do professor Jeosafá: ensino médio. São Paulo: Biruta, 2009.

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JOUVE, Vincent. Por que estudar literatura? São Paulo: Parábola, 2012.

LAJOLO, Marisa. O texto não é pretexto. Será que não é mesmo? In: ZILBERMAN, Regina; ROSING, Tania M. K. (Org). Escola e leitura: velha crise, novas alternativas. São Paulo: Global, 2009.

MACHADO, Ana Maria. Texturas: sobre leitura e escritos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.

MARTINS, Ivanda. Literatura no ensino médio: quais os desafios do professor? In: BUZEN, C; MENDONÇA, M. (Org.). Português no ensino médio e formação do professor. São Paulo: Parábola, 2006.

PARANÁ. Diretrizes curriculares da educação básica: língua portuguesa. Secretaria de Estado da Educação do Paraná, 2008.

PERRONE-MOISÉS, Leyla. Literatura para todos. In: Literatura e Sociedade. n. 9, USP- Universidade de São Paulo. Paulo, 2006. p 16-29.

PINHEIRO, Hélder (Org). Poemas para crianças: reflexões, experiências, sugestões. São Paulo: Duas Cidades, 2000.

______. Poesia na sala de aula. Campina Grande: Bagagem, 2007.

Para citar este artigo:

MORAES, Caroline Orlandini. Escola e poesia: uma pareceria necessária, mas ainda possível?. In: XIII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO DO NORTE PIONEIRO Jacarezinho. 2013. Anais...UENP – Universidade Estadual do Norte do Paraná – Centro de Ciências Humanas e da Educação e Centro de Letras Comunicação e Artes. Jacarezinho, 2013. ISSN – 18083579. p.190 - 198.

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