• Nenhum resultado encontrado

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO FACULDADE DE ODONTOLOGIA E MEDICINA VETERINÁRIA CÂMPUS DE ARAÇATUBA

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO FACULDADE DE ODONTOLOGIA E MEDICINA VETERINÁRIA CÂMPUS DE ARAÇATUBA"

Copied!
45
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE ODONTOLOGIA E MEDICINA VETERINÁRIA

CÂMPUS DE ARAÇATUBA

ESTUDO DA MICROBIOTA FÚNGICA GASTRINTESTINAL DE MORCEGOS (MAMMALIA, CHIROPTERA) DA REGIÃO NOROESTE DO ESTADO DE SÃO PAULO: POTENCIAL ZOONÓTICO

Luciano Nery Tencate Biólogo

ARAÇATUBA – SP 2010

(2)

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE ODONTOLOGIA E MEDICINA VETERINÁRIA

CÂMPUS DE ARAÇATUBA

ESTUDO DA MICROBIOTA FÚNGICA GASTRINTESTINAL DE MORCEGOS (MAMMALIA, CHIROPTERA) DA REGIÃO NOROESTE DO ESTADO DE SÃO PAULO: POTENCIAL ZOONÓTICO

Luciano Nery Tencate Orientadora: Profa. Ass. Dra. Márcia Marinho

Dissertação apresentada à Faculdade de Medicina Veterinária – Unesp, Campus de Araçatuba, como parte das exigências para a obtenção do título de Mestre em Ciência Animal (Medicina Veterinária Preventiva e Produção Animal).

ARAÇATUBA – SP 2010

(3)

Catalogação na Publicação (CIP)

Serviço Técnico de Biblioteca e Documentação – FOA / UNESP Tencate, Luciano Nery.

T289e Estudo da microbiota fúngica gastrintestinal de morcegos (Mammalia, Chiroptera) da região noroeste do estado de São Paulo / Luciano Nery Tencate. - Araçatuba: [s.n.], 2011

52 f. : il. ; tab. + 1 CD-ROM

Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Medicina Veterinária

Orientadora: Profa. Márcia Marinho 1. Chirópteros 2. Fungos 3. Zoonoses

(4)
(5)

DADOS CURRICULARES DO AUTOR

Luciano Nery Tencate – nascido em 25 de março de 1986 na cidade de Araçatuba – SP. Ingressou no curso de Ciências Biológicas: Habilitação Plena em Biologia pelo Centro Universitário “Barão de Mauá” de Ribeirão Preto – SP, em 2004. Iniciou em 2009 o curso de pós-graduação em Ciência Animal na FOA/UNESP, na área de Medicina Veterinária Preventiva e Produção Animal.

(6)

“O progresso científico, guiado pelos princípios morais delineados nos demais mandamentos, é a condição indispensável do progresso humano e das liberdades individuais e por isso ele não será jamais obstado por qualquer princípio religioso, por relativismos culturais ou particularismos sociais que possam existir.”

(7)

Este trabalho é dedicado...

A Dra. Milena de Almeida Logar, pelo amor e incentivo Aos meus pais, pelo auxilio na minha jornada Ao meu irmão pelas idéias compartilhadas

(8)

AGRADECIMENTOS

A Professora Doutora Márcia Marinho, pela orientação, confiança, capacidade de orientação e incentivo em todos os momentos. Sem a sua disponibilidade e paciência não teria atingido este objetivo.

Ao Professor Doutor Marcelo Vasconcelos Meireles, pela colaboração neste trabalho, além de todo apoio e amizade.

Ao Professor Doutor Wagner André Pedro, pelo auxilio na identificação dos espécimes de quirópteros e finalização deste trabalho.

A funcionária do Laboratório de Microbiologia do Curso de Medicina Veterinária da UNESP - Campus de Araçatuba, Cilene Vidovix Táparo pela amizade, aprendizado e colaboração na execução do trabalho.

Ao funcionário do Laboratório de Chiroptera do Curso de Medicina Veterinária da UNESP - Campus de Araçatuba, Cristiano de Carvalho pela ajuda nas capturas de quirópteros, pelo aprendizado e idéias.

Aos estagiários, Adônis, Gustavo e Mateus que ajudaram como puderam, conforme o tempo disponível.

Aos novos amigos que conquistei durante o programa de Mestrado.

A Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, especialmente ao Programa de Pós-graduação em Ciência Animal do curso de Medicina

Veterinária, em nome de todos os professores e funcionários que direta ou indiretamente contribuíram para minha formação pessoal e profissional.

(9)

SUMÁRIO

PÁGINA

LISTA DE FIGURAS E TABELAS ... 11

RESUMO ... 12

SUMMARY... 14

CAPÍTULO 1 – 1 CONSIDERAÇÕES GERAIS ... 16

2 OBJETIVO GERAL ... 19

2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ... 19

REFERÊNCIAS ... 19

CAPÍTULO 2 – ESTUDO DA MICROBIOTA FÚNGICA GASTRINTESTINAL DE MORCEGOS (MAMMALI, CHIROPTERA) DA REGIÃO NOROESTE DO ESTADO DE SÃO PAULO: POTENCIAL ZOONÓTICO ... 24

RESUMO ... 24 ABSTRACT ... 25 INTRODUÇÃO ... 26 MATERIAL E MÉTODOS ... 27 COLHEITA DE AMOSTRAS ... 27 MICROMORFOLOGIA ... 28

BIOQUÍMICO PARA LEVEDURAS ... 28

HIDRÓLISE DA URÉIA ... 28

TERMOTOLERÂNCIA A 37ºC ... 29

ATIVIDADE ENZIMÁTICA DA FENOLOXIDASE ... 29

ANÁLISE MOLECULAR... 29

EXTRAÇÃO DO DNA ... 29

POLIMERASE CHAIN REACTION (PCR) ... 30

SEQUENCIAMENTO DO FRAGMENTO AMPLIFICADO... 30

ANÁLISE ESTATÍSTICA ... 30

RESULTADOS ... 30

DESCRIÇÃO DAS AMOSTRAS ... 30

RESULTADOS MICOLÓGICOS ... 31

(10)

SEQUENCIAMENTO ... 32 ANÁLISE ESTATÍSTICA ... 32 DISCUSSÃO ... 32 CONCLUSÃO ... 34 AGRADECIMENTO ... 35 REFERÊNCIAS ... 35

(11)

LISTA DE FIGURAS E TABELAS

PÁGINA FIGURA 1 – RESULTADOS EXPRESSOS EM PORCENTAGEM DE ACORDO COM AS ESPÉCIES DE MORCEGOS ENCONTRADAS ... 39 FIGURA 2 – FOTOS DE ASPERGILLUS SP.(A) E RHODOTORULA SP.(B) CULTIVADOS EM MEIO DE ÁGAR SABOURAUD 4% DEXTROSE E CRYPTOCOCCUS SP. CULTIVADO EM ÁGAR NIGER (C) ISOLADOS A PARTIR DE FEZES DE MORCEGOS ... 40 FIGURA 3 – FOTOS DE ASPERGILLUS SP. (A), TRICHOPHYTON SP. (B), CRYPTOCOCCUS SP. (C) CORADOS COM AZUL ALGODÃO A PARTIR DE FEZES DE MORCEGOS CULTIVADOS EM MEIO DE ÁGAR SABOURAUD 4% DEXTROSE. AUMENTO DE 400 VEZES... 41 FIGURA 4 – ASSOCIAÇÃO ENTRE OS RESULTADOS DO CULTIVO

MICROBIOLÓGICO E AS ESPÉCIES DE MORCEGOS DA REGIÃO

NOROESTE DO ESTADO DE SÃO PAULO ... 42 TABELA 1 – ESPÉCIES DE MORCEGOS DISTRIBUÍDOS DE ACORDO COM A CLASSIFICAÇÃO DA DIETA, PROCEDÊNCIA E SEXO ... 43 TABELA 2 – ESPÉCIES DE FUNGOS ISOLADOS A PARTIR DE EXCRETAS DE MORCEGOS ... 44 TABELA 3 – ASSOCIAÇÃO ENTRE OS RESULTADOS DO CULTIVO

MICROBIOLÓGICO E AS ESPÉCIES DE MORCEGOS DA REGIÃO

(12)

ESTUDO DA MICROBIOTA FÚNGICA GASTRINTESTINAL DE MORCEGOS (MAMMALIA, CHIROPTERA) DA REGIÃO NOROESTE DO ESTADO DE

SÃO PAULO: POTENCIAL ZOONÓTICO

RESUMO - Os morcegos são hospedeiros de uma rica diversidade de microrganismos. Muitos trabalhos apontam uma estreita ligação entre os quirópteros e fungos com potencial patogênico, principalmente por habitar ambientes como cavernas, grutas e ocos de árvores, favoráveis, à manutenção e propagação dos fungos. O seguinte trabalho teve como objetivo estudar a microbiota fúngica gastrintestinal de morcegos capturados vivos ou cedidos pelos Laboratórios de Chiroptera e de Raiva do Departamento de Apoio e Produção Animal da Unesp de Araçatuba. Para o cultivo micológico foi utilizado macerados de baço, fígado, intestinos e fezes e inoculados em tubos contendo ágar Sabouraud com cloranfenicol e BHI incubados a temperaturas de 25º e 37º C, respectivamente por um período não inferior a 10 dias.Os cultivos com características de leveduras foram submetidos à coloração com tinta Nanquim, à hidrólise da uréia, termotolerância e fenoloxidase, enquanto que os miceliais foram identificados de acordo com características morfológicas e tintoriais. A PCR foi utilizada para a identificação de espécie com potencial patogênico. Das 98 amostras pertencentes a 11 espécies de morcegos procedentes de 15 cidades estudadas, 20% são da espécie Carollia perspicillata, seguidas de 19%, Artibeus lituratus, 17%, Molossus rufus, 13%, Glossophga soricina, 9%, Nyctinomops macrotis, 8%, Molossus molossus, 7%, Desmodus rotundus, 2%, Lasiurus ega, e 1% de Eptesicus furinalis, Myotis nigricans e Tadarida brasiliensis. De acordo com a dieta houve predomínio de espécies frugívoras (40%) e insetívoras (40%), seguidas de nectarívoras (13%) e sanguívoras (7%). De acordo com a procedência dos morcegos destaca-se a cidade de Guararapes com 28% das amostras, seguida por Araçatuba (23%), Mirandópolis (16%), Penápolis (7%), Andradina (6%), Ilha Solteira (5%), Birigui (4%), Pereira Barreto e Coroados (2%) cada e Auriflama, Barbosa, Bilac, Braúna, Brejo Alegre e Castilho 1% das amostras cada. Das 49 amostras

(13)

positivas 51% corresponderam a fungos miceliais, pertencentes a seis gêneros, Aspergillus sp., Fusarium sp., Microsporum sp., Tricophyton sp., Penicillium sp. e fungos da classe Zygomycota, enquanto que 26,5% foram leveduras dos gêneros Candida sp., Cryptococcus sp. e Rhodotorula sp., 22% permaneceram sem identificação. Verificamos uma predominante recuperação fúngica em Artibeus lituratus (29%) e Carollia perspicillata (27%), bem como em Molossus rufus (14%), Desmodus rotundus (12%), Lasiurus ega (6%), Glossophaga soricina e Nyctinomops macrotis (4%) e Eptesicus furinalis e Molossus molossus (1%). O gênero Aspergillus sp. foi isolado de 29% das amostras, seguidos por 6%, Microsporum sp., 6%, Penicillium sp., 4%, Tricophyton sp., 4%, zigomicetos e 2% Fusarium sp. Das três espécies de leveduras, 14% foram de Rhodotorula sp., 10% de Candida sp. e 2% de Cryptococcus sp. Dos 82 cultivos de vísceras todos foram negativos para Histoplasma capsulatum A PCR revelou que a amostra do gênero Cryptococcus sp. pertencia a espécie de Cryptococcus albidus. Na análise estatística houve associação significativa entre os resultados do cultivo microbiológico e as espécies de morcegos (p<0,05). Pelo exposto concluímos que os morcegos podem atuar como agentes veiculadores de fungos com potencial patogênico, entretanto, outros trabalhos devem ser realizados a fim de estabelecer estratégias que permitam identificar os principais fatores correlacionados com o crescimento e a disseminação dos microrganismos na natureza e qual implicação dos quirópteros no ciclo epidemiológico.

Palavras-chave: Chiroptera, morcegos, fungos, zoonoses

(14)

STUDY OF GASTROINTESTINAL FUNGAL FLORA OF BATS (MAMMALIA, CHIROPTERA) OF THE NORTHWEST REGION OF SÃO PAULO STATE:

ZOONOTIC POTENTIAL

SUMMARY - Bats are hosts of a rich diversity of microorganisms. Many studies indicate a close link between bats and fungi with pathogenic potential, especially for living in environments such as caves, grottoes and hollow trees, favorable to the maintenance and spread of fungi. The present research aimed to study the gastrointestinal mycoflora of bats captured alive or provided by Laboratório de Chiroptera and Laboratório de Raiva from Departamento de Medicina Veterinária Preventiva e Produção Animal of UNESP - Araçatuba. For the mycological culture was used macerated spleen, liver, intestines and feces and inoculated into tubes containing Sabouraud agar and BHI with chloramphenicol and incubated at 25 º C and 37 º C, respectively for a period not less than 10 days. The crops with yeastlike characteristics were stained with Indian ink, tested for hydrolysis of urea, phenoloxidase and thermotolerance, whereas mycelial were identified according to morphological characteristics and staining. PCR was used to identify species with pathogenic potential. Of the 98 samples belonging to 11 species of bats coming from 15 cities studied, 20% of the species were Carollia perspicillata, followed by 19%, Artibeus lituratus, 17%, Molossus rufus, 13%, Glossophga soricina, 9%, Nyctinomops macrotis, 8%, Molossus molossus, 7%, Desmodus rotundus, 2%, Lasiurus ega, and 1% Eptesicus furinalis, Myotis nigricans and Tadarida brasiliensis. Regarding the diet there was a greater predominance of frugivorous (40%) and insectivorous (40%) species followed by nectarivore (13%) and sanguivorous (7%). Regarding the origin of bats stands the city of Guararapes with 28% of samples, followed by Araçatuba (23%), Mirandópolis (16%), Penápolis (7%), Andradina (6%), Ilha Solteira (5 %), Birigui (4%), Pereira Barreto and Coroados (2%) each and Auriflama, Barbosa, Bilac, Brauna, Brejo Alegre Castilho 1% of samples each. Of the 49 positive samples 51% corresponded to mycelial fungi belonging to six genera, Aspergillus sp., Fusarium sp., Microsporum sp., Trichophyton sp.,

(15)

Penicillium sp. and Zygomycota fungi, while 26,5% were yeasts of genera Candida sp., Cryptococcus sp. and Rhodotorula sp., 22% remained unidentified. We observed a predominant fungal recovery in Artibeus lituratus (29%) and Carollia perspicillata (27%) as well as in Molossus rufus (14%), Desmodus rotundus (12%), Lasiurus ega (6%), Glossophaga soricina and Nyctinomops macrotis (4%) and Eptesicus furinalis and Molossus molossus (1%). The genus Aspergillus sp. was isolated from 29% of the samples, followed by 6%, Microsporum sp., 6%, Penicillium sp., 4%, Trichophyton sp., 4%, zygomycetes and 2%, Fusarium sp. Of the three genera of yeasts, 14% were from Rhodotorula sp. 10%, Candida sp. and 2%, Cryptococcus sp. All Of the 82 cultures of organs were negative for Histoplasma capsulatum. PCR revealed that the sample of the genus Cryptococcus sp. belonged to the specie of Cryptococcus albidus. In statistical analysis there was significant association between the results of microbiological cultivation and bat species (p<0,05). From the above we conclude that the bats can act as vehicle agents of pathogenic fungi, although other studies should be performed to establish strategies to identify the main factors correlated with the growth and spread of microorganisms in nature and the implication of bats in epidemiological cycle.

(16)

16

CAPÍTULO 1

1 CONSIDERAÇÕES GERAIS

A ordem Chiroptera representa cerca de um quarto de toda a fauna de mamíferos do mundo. Possui 18 famílias, 202 gêneros e 1120 espécies, sendo que no Brasil ocorrem nove famílias, 64 gêneros e 167 espécies de morcegos. Esta ordem é classicamente dividida em duas subordens: Megachiroptera e Microchiroptera. A subordem Megachiroptera está restrita ao Velho Mundo, região tropical da África, sudeste da Ásia e Oceania. Nesta subordem encontram-se os maiores morcegos do planeta, conhecidos popularmente como raposas voadoras devido à semelhança facial, podendo alcançar quase dois metros de envergadura. A subordem Microchiroptera está espalhada pelo mundo todo com exceção das regiões polares. Geralmente são menores, podendo medir de 0,015 a 0,70 metros de envergadura de acordo com a espécie. Os microquirópteros dependem primariamente de um sistema de ecolocalização, no entanto não são cegos e algumas espécies frugívoras dependem da visão para localização (REIS et al., 2007).

A importância ecológica dos morcegos, sua alta diversidade e sua abundância nas regiões tropicais (COLE; WILSON, 1996; NOWAC; PARADISO, 1991) tornam esta ordem um interessante objeto de estudos. Trabalhos em sistemática, fisiologia, distribuição geográfica, levantamento de espécies e ecologia vêm sendo desenvolvidos em diversas localidades, contribuindo assim para o melhor conhecimento desses mamíferos (BERNARD, 2002; CHARLES-DOMINIQUE, 1986; EMMONS; FEER,1997; HEITHAUS et al., 1975; LIM et al., 2003).

Os morcegos são hospedeiros de uma rica diversidade de microrganismos como bactérias, fungos e vírus, assumindo um papel importante na transmissão da Raiva e da Histoplasmose acarretando, consequentemente, graves problemas de Saúde Pública (BREDT et al., 1996).

(17)

17

morcegos foi Emmons em 1958 após o isolamento de Histoplasma capsulatum a partir de amostras de solo contaminados com fezes de Eptesicus fuscus (Chiroptera: Vespertilionidae) nos Estados Unidos. Em 1981, Hoff e Bigler, sugeriram a importância dos quirópteros para disseminação e a ecologia do microrganismo. A partir dos anos 80, estudos microbiológicos com fezes e tecidos de órgãos internos de morcegos como intestino, fígado, baço e pulmões estabeleceram novas perspectivas para a epidemiologia e o estudo dos fungos (MOK et al., 1982).

Em 1965, Grose e Tamsitt isolaram pela primeira vez Paracoccidioides brasiliensis em amostras de fezes de três morcegos da espécie Artibeus lituratus na Colômbia, uma das áreas endêmicas da micose, além do Brasil e outros países da América-latina (RESTREPO et al., 2001).

Em outro experimento, Greer e Bolaños (1977) procurando esclarecer a função dos morcegos na ecologia de P. brasiliensis, tentaram isolar o fungo de 225 amostras de fezes retiradas do trato digestório de Artibeus lituratus, sem nenhum sucesso concluindo, portanto, a não participação desta espécie na epidemiologia da doença.

Kajihiro (1965) foi o primeiro pesquisador a isolar dermatófitos a partir de amostras de guano de morcegos coletadas em cavernas do sudeste do Novo México.

Mok et al. (1982) estudando a microbiota de fungos de morcegos da bacia Amazônica isolaram espécies de Candida sp. e Trichosporon sp. a partir de amostras de órgãos de morcegos como pulmões, fígado e baço.

Rezende et al. (2003) com o objetivo de identificar possíveis fontes ambientais fúngicas na Gruta do Lago Azul em Bonito isolaram das 24 amostras de fezes de morcegos, 79,16% de Aspergillus sp., 62,5% de Penicillium sp., duas amostras de H. capsulatum, além de outras espécies como Acremonium sp., Fusarium sp., Mucor sp., Rhizopus sp., Scopulariopsis sp. e Verticillium sp.

O recente crescimento mundial de indivíduos imunodeprimidos tais como os HIV positivos e transplantados, favoreceu o aumento do número de

(18)

18

infecções causadas por Cryptococcus spp., sendo essa a principal micose tratada em pacientes imunossuprimidos (PAPPALARDO; MELHEM, 2004). Contudo, segundo Levitz et al. (1991) a prevalência varia de acordo com a região geográfica. Enquanto os casos de criptococose oportunista por todo o mundo são comumente causados pelo C. neoformans, a infecção pelo C. gattii é restrita principalmente a regiões tropicais e subtropicais, ocorrendo predominantemente em indivíduos não imunocomprometidos (KWON-CHUNG; BENNETT, 1984; PAPPALARDO; MELHEM, 2004). Trabalhos apontam uma maior ocorrência de casos de meningites e de doenças pulmonares causados por C.neoformans, entretanto, C. albidus tem sido incriminado como agente causal de criptococoses causadas por Cryptococcus neoformans e não-gattii (BERNAL-MARTINEZ et al., 2010).

As fontes ambientais de C. neoformans são bastante diversificadas e estão relacionadas a alguns substratos orgânicos, entre eles excretas de aves e vegetais (SILVA; CAPUANO, 2008). Excretas de pombos (Columba livia), canários, periquitos e outras aves de cativeiro podem atuar como reservatórios importantes para Cryptococcus neoformans (ABEGG et al., 2006; FILIÚ et al., 2002; LUGARINE, 2007; STAIB et al., 1962), entretanto, devido à presença cada vez maior de quirópteros habitando áreas urbanas (BREDT et al., 1996), sua participação no eixo epidemiológico da transmissão tem sido observada, disseminando o fungo de um local a outro.

Cryptococcus gattii é frequentemente isolado a partir de plantas, como Eucalyptus camaldulensis, E. tereticornis, ocos de árvores, material vegetal em decomposição, ninho de vespas Polybia occidentalis e também tem sido recuperado em guano de morcegos (ABEGG et al., 2006; LAZÉRA et al., 1993; MELO et al., 1993; RASO et al., 2004).

A literatura demonstra estreita relação entre o H. capsulatum e C. neoformans a um determinado ambiente como cavernas, casas abandonadas, ocos de árvores e a prevalência destes fungos está diretamente associada às condições de temperatura, umidade e pH do meio ambiente (FILIÚ et al., 2002; REZENDE et al., 2003), juntamente associados a nutrientes das fezes,

(19)

19

constituindo um nicho ecológico propício a manutenção e propagação desses fungos.

A histoplasmose é uma micose sistêmica de distribuição mundial, ocorre com a inalação de propágulos do fungo dimórfico Histoplasma capsulatum. O solo é seu habitat natural e a ocorrência da doença está associada à exposição de solos contaminados e a presença de aves e morcegos nestes locais. O guano de morcegos tem se mostrado como uma fonte importante de infecção para o homem e animais, seu guano é rico em nutrientes que favorecem a manutenção do fungo na natureza (GALVÃO DIAS, 2004).

Estudos sobre o possível papel dos morcegos na cadeia epidemiológica dos fungos são necessários, uma vez que o conhecimento a respeito da microbiota presente em uma população de morcegos poderá permitir a identificação de possíveis reservatórios que possam ser responsáveis pela transmissão deste e de outros fungos patogênicos. O presente trabalho partiu da hipótese de que os morcegos podem ser portadores de fungos com potencial patogênico.

2 OBJETIVO GERAL

O objetivo geral do presente trabalho foi estudar a microbiota gastrintestinal fúngica de morcegos da região noroeste do estado de São Paulo.

2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Dentre os objetivos específicos inclui-se 1) Verificar se as fezes de morcegos veiculam fungos com potencial zoonótico; 2) Verificar se existe correlação a inter-especificidade entre fungos e as espécies de morcegos e 3) Verificar se órgãos de morcegos constituem fontes de Histoplasma capsulatum.

(20)

20

ABEGG, M.A.; CELLA, F.L.; FAGANELLO, J.; VALENTE, P.; SCHRANK, A.; VAINSTEIN, M.H. Cryptococcus neoformans e Cryptococcus gattii isolated from the excreta of psittaciformes in a southern Brazilian zoological garden. Mycopathologia. v.161, p. 83-91, 2006.

BERNAL-MARTINEZ, L.; GOMEZ-LOPEZ, A.; CASTELLI, M.V.; MESA-ARANGO, A.C.; ZARAGOZA, O.; RODRIGUEZ-TUDELA, J.L.; CUENCA-ESTRELLA, M. Susceptibility profile of clinical isolates of non-Cryptococcus neoformans non-Cryptococcus gattii Cryptococcus species and literature review. Medical Mycology. v. 48, p. 90-96, 2010.

BERNARD, E. Diet, activity and reproduction of bat species (Mammalia, Chiroptera) in Central Amazonia. Brasil. Revista Brasileira de Zoologia. v. 19, p. 173-188, 2002.

BREDT, A.I.; ARAÚJO, F.A.A.; CAETANO-JÚNIOR, J.; RODRIGUES, M.G.R.; YOSHIZAWA, M.; SILVA, M.M.S.; HARMANI, N.M.S.; MASSUNAGA, P.N.T.; BÜRER, S.P.; POTRO, V.A.R.; UIEDA, W. 1996. Morcegos em áreas urbanas e rurais: manual de manejo e controle. Brasília, Fundação Nacional de Saúde, Ministério da Saúde, 1996. 117p.

CHARLES-DOMINIQUE, P. Inter-relations between frugivorous vertebrates and pioneer plants: Cecropia, birds and bats in French Guyana. In: ESTRADA, A.; FLEMING, T.H. Frugivores and seed dispersal. Dordrecht: Junk, 1986. p. 119-135.

COLE, F.R.; WILSON, D.E. Mammalian diversity and natural history. In: WILSON, D.E.; COLE, F.R.; NICHOLS, J.D.; RUDRAN, R.; FOSTER, M.S. Measuring and monitoring biological diversity. Standard methods for mammals. Washington: Smithsonian Institution Press, 1996. p. 9-39.

EMMONS, C.W. Association of bats with histoplasmosis. Public Health Reports. v.73, p. 590-595, 1958.

(21)

21

EMMONS, L.H.; FEER, F. Neotropical rainforest mammals: a field guide. Chicago: The University of Chicago Press, 1997. 396 p.

FILIÚ, W.F.O; WANKE, B.; AGÜENA, S.M.; VILELA, V.O.; MACEDO, R.C.L.; LAZÉRA, M. Cativeiro de aves como fonte de Crytococcus neoformans na cidade de Campo Grande, Mato Grosso de Sul, Brasil. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 35, p. 591-595, 2002.

GALVÃO DIAS, M.A. Aspectos epidemiológicos de Histoplasma

capsulatum em morcegos em áreas urbanas do Estado de São Paulo.

Dissertação (Mestrado) - Instituto de Ciências Biomédicas, Universidade de São Paulo. São Paulo, 2009. 89 f.

GREER, D.L.; BOLANÕS, B. Role of bats in the ecology of Paracoccidioides brasiliensis in the intestinal tract of frugivorous bat, Artibeus lituratus. Sabouraudia, v. 15, p. 273-283, 1977.

GROSE, E.; TAMSITT, J.R. Paracoccidioides brasiliensis recovered from the intestinal tract of three bats (Artibeus literatus) in Colômbia. Sabouraudia, v. 4, p. 124-125, 1965.

HEITHAUS, E.R; FLEMING, T.H.; OPLER, P.A. Foraging patterns and resource utilization in seven species of bats in a seasonal tropical forest. Ecology, v. 56, p. 841-854, 1975.

HOFF, G.L.; BIGLER, W.J. The role of bats in the propagation and spread of histoplasmosis: a review. Journal of Wildlife Diseases, v. 17, p. 191-196, 1981.

KAJIHIRO, E.S. Occurrence of dermatophytes in fresh bat guano. Applied Microbiology, v. 13, p. 720-724, 1965.

KNOW-CHUNG, K.J.; BENNETT, J.E. Epidemiologic differences between the two varieties of Cryptococcus neoformans. American Journal of Epidemiology, v. 120, p. 123-130, 1984.

(22)

22

LAZÉRA, M.S.; WANKE, B.; NISHIKAWA, M.M. Isolation of both varieties of Cryptococcus neoformans from saprophytic sources in the city of Rio de Janeiro, Brazil. Journal of Medical and Veterinary Mycology, v. 31, p. 449-454, 1993.

LAZÉRA, M.S.; SALMITO CAVALCANTI, M.A.; LONDERO, A.T.; TRILLES, L.; NISHIKAWA, M.M.; WANKE, B. Possible primary ecological niche of Cryptococcus neoformans. Medical Mycology, v. 38, p. 379-383, 2000.

LEVITZ, S.M. The ecology of Cryptococcus neoformans and the epidemiology of cryptococcosis. Reviews of Infectious Diseases, v. 13, p. 1163-1169, 1991. LIM, B.K.; PEDRO, W.A.; PASSOS, F.C. Differentiation and species status of the neotropical yellow-eared bats Vampyres sapusilla and V. thyone (Phyllostomidae) with a molecular phylogeny and review of the genus. Acta Chiropterologica, v. 5, p. 15-29, 2003.

LUGARINE, C. Isolamento de Cryptococcus neoformans a partir de excretas de passeriformes e psittaciformes no estado do Paraná. Dissertação (Mestrado) - Curitiba: Setor de Ciências Agrárias, Universidade Federal do Paraná. 2007.

MELO, N.T.; LACAZ, C.S.; CHARBEL, C.E.; PEREIRA, A.D.; HEINS-VACCARI, E.M.; FRANÇA-NETO, A.S.; MACHADO, L.R.; LIVRAMENTO, J.A. Quimiotipagem do Criptococcus neoformans. Revisão de Literatura. Novos dados epidemiológicos sobre a criptococose. Nossa experiência com o emprego do meio C.G.B. no estudo daquela levedura. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, v. 35, p. 469-478, 1993.

MOK, W.Y.; LUIZÃO, R.C.; BARRETO DA SILVA, M. DO S. Isolation of fungi from bats of the Amazon basin. Applied and Environmental Microbiology, v. 44, p. 570–575, 1982.

NOWAK, R.M.; Paradiso, J.L. Walker’s mammals of the world. 5.ed. Baltimore: Johns Hopkins University Press, 1991. v. 1, 642p.

(23)

23

PAPALARDO, M.S.C.M.; MELHEM, M.S.C. Cryptococcosis: review of the brazilian experience for the disease. Revista do Instituto de Medicina

Tropical de São Paulo, v.45, p. 299-303, 2003.

RASO, T.F.; WERTHER, K.; MIRANDA, E.T.; MENDES-GIANNINI, M.J. Cryptococcosis outbreak in psittacine birds in Brazil. Medical Mycology, v. 42, p. 355-362, 2004.

REIS, N.R.; PERACCHI, A.L.; PEDRO, W.A.; LIMA, I.P. Morcegos do Brasil. 1.ed. Londrina: EDUEL, 2007. 253 p.

RESTREPO, A.; MCEWEN, J.G.; CASTAÑEDA, E. The habitat of Paracoccidioides brasiliensis how far from solving the riddle? Medical Mycology, v. 39, p. 233-241, 2001.

REZENDE, C.C.; DUARTE, D.C.; FILIÚ, W.F.O. Pesquisa de cryptococcus neoformans e histoplasma capsulatum na gruta lago azul, Bonito – MS. In: CONGRESSO DE ESPELEOLOGIA, 27, 2003. Januária. Anais... Januária-MG: Sociedade Brasileira de Espeleologia, 2003. 1 CD-ROM.

SILVA, J.O.; CAPUANO, D.M. Ocorrência de Cryptococcus spp e de parasitas de interesse em saúde pública, nos excretas de pombos na cidade de Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil. Revista do Instituto Adolf Lutz, v. 67, p. 137-141, 2008.

STAIB, F. Cryptococcus neoformans in canaries. Archiv fur Hygiene Bakteriologie, v. 185, p. 129-134, 1962.

(24)

24

CAPÍTULO 2 - ESTUDO DA MICROBIOTA FÚNGICA GASTRINTESTINAL DE MORCEGOS (MAMMALIA, CHIROPTERA) DA REGIÃO NOROESTE DO ESTADO DE SÃO PAULO: POTENCIAL ZOONÓTICO

Luciano Nery Tencate1, Cilene Vidovix Táparo1, Cristiano de Carvalho1, Luzia Helena Queiroz1, Deuvânia Carvalho da Silva2, Silvia Helena Venturoli Perri1, Márcia Marinho1*

1

Departamento de Apoio, Produção e Saúde Animal da Faculdade de Odontologia e Medicina Veterinária da UNESP – Campus de Araçatuba;

2

Departamento de Clínica, Cirurgia e Reprodução Animal da Faculdade de Odontologia e Medicina Veterinária da UNESP – Campus de Araçatuba.

RESUMO - Os morcegos são hospedeiros de uma rica diversidade de microrganismos. Muitos trabalhos apontam uma estreita ligação entre os quirópteros e fungos com potencial patogênico, principalmente por habitar ambientes como cavernas, grutas e ocos de árvores, favoráveis à manutenção e propagação dos fungos. O objetivo do trabalho foi estudar a microbiota fúngica gastrintestinal de morcegos. Das 98 amostras pertencentes a 11 espécies de morcegos procedentes de 15 cidades estudadas, 20% são da espécie Carollia perspicillata, 19% Artibeus lituratus, 17% Molossus rufus, 13% Glossophaga soricina, 9% Nyctinomops macrotis, 8% Molossus molossus, 7% Desmodus rotundus, 2% Lasiurus ega, e 1% Eptesicus furinalis, Myotis nigricans e Tadarida brasiliensis. O gênero Aspergillus sp. foi isolado de 29% das amostras, seguidos por 6% Microsporum sp. e Penicillium sp., 4% Tricophyton sp. e zigomicetos e 2% Fusarium sp. Das espécies de leveduras, 14% foram de Rhodotorula sp., 10% Candida sp. e 2% Cryptococcus sp., 22% dos isolados permaneceram sem identificação. Todos os 82 cultivos de

* Rua Clóvis Pestana, 793 –16050-680 – Araçatuba – SP Telefone: +55 18 3636-1382

(25)

25

vísceras foram negativos para Histoplasma capsulatum. A PCR revelou que a amostra do gênero Cryptococcus sp. pertencia a espécie de Cryptococcus albidus. Houve associação estatística significativa entre os resultados do cultivo microbiológico e as espécies de morcegos (p<0,05). Concluímos que os morcegos podem atuar como agentes veiculadores de fungos com potencial patogênico, entretanto outros trabalhos devem ser realizados a fim de estabelecer estratégias que permitam identificar os principais fatores correlacionados com o crescimento e a disseminação dos microrganismos na natureza e qual implicação dos quirópteros no ciclo epidemiológico.

Palavras-chave: Chiroptera, morcegos, leveduras, fungos, zoonoses

ABSTRACT - Bats are hosts of a rich diversity of microorganisms. Many studies indicate a close link between bats and fungi with pathogenic potential, especially for living in environments such as caves, caverns and hollow trees, favorable to the maintenance and spread of fungi. The objective was to study the gastrointestinal mycoflora of bats. Of the 98 samples belonging to 11 species of bats coming from 15 studied cities, 20% of the species were Carollia perspicillata, 19% Artibeus lituratus, 17% Molossus rufus, 13% Glossophaga soricina, 9% Nyctinomops macrotis, 8% Molossus molossus, 7% Desmodus rotundus, 2% Lasiurus ega and 1% Eptesicus furinalis, Myotis nigricans and Tadarida brasiliensis. The genus Aspergillus sp. was isolated from 29% of the samples, followed by 6% Microsporum sp. and Penicillium sp. 4% Trichophyton sp. and zygomycetes and 2% Fusarium sp. Of yeast species, 14% were from Rhodotorula sp., 10% Candida sp. and 2% Cryptococcus sp., 22% of isolates remained unidentified. All 82 cultures of organs were negative for Histoplasma capsulatum. PCR revealed that the specimen of the genus Cryptococcus sp. belonged to species of Cryptococcus albidus. There was a statistically significant association between the results of microbiological culture and bat species (p <0.05). We conclude that the bats can act as disperser agents of fungi with pathogenic potential, although other studies should be performed to

(26)

26

establish strategies to identify the main factors correlated with the growth and spread of microorganisms in nature and implication of bats in the epidemiological cycle.

Keywords: Chiroptera, bats, yeasts, molds, zoonoses

INTRODUÇÃO

A ordem Chiroptera representa cerca de um quarto da fauna de mamíferos, no Brasil ocorrem nove famílias, 64 gêneros e 167 espécies de Microchiroptera (REIS et al., 2007; SIMMONS, 2005). Morcegos frugívoros são abundantes em áreas tropicais e subtropicais do sudeste do Brasil, com importância para a Mata Atlântica (PASSOS et al., 2003; PEDRO; TADDEI, 1997). Os morcegos são hospedeiros de uma rica diversidade de microrganismos. Muitos trabalhos apontam uma estreita ligação entre os quirópteros e fungos com potencial patogênico, principalmente por habitar ambientes como cavernas, grutas e ocos de árvores, favoráveis à manutenção e propagação dos fungos.

A primeira interação entre fungos patogênicos e morcegos foi descrita por Emmons em 1958 após o isolamento de Histoplasma capsulatum a partir de amostras de solo contaminados com fezes de morcegos. Ao longo dos anos, dermatófitos, fungos filamentosos e leveduras oportunistas e patogênicas foram isoladas em amostras de fezes e de vísceras de morcegos (GROSE; TAMSITT, 1965; GROSE et al., 1968; KAJIHIRO, 1965; MOK et al., 1982; REZENDE et al., 2003; SUGITA et al., 2005; ULLOA et al., 2006).

Nos métodos para identificação de leveduras incluem-se testes bioquímicos com a utilização de meios de cultura específicos com diferentes fontes de carbono e nitrogênio possibilitando traçar o perfil bioquímico, entretanto, a caracterização molecular de leveduras baseadas em regiões da subunidade 26S do rDNA, como ITS-1, ITS-2 e as regiões D1/D2, permite evidenciar espécies intrinsecamente relacionadas (FELL et al., 2000; THOMAS-HALL; WATSON, 2002; RIMEK et al., 2004).

(27)

27

O objetivo geral do presente trabalho foi estudar a microbiota fúngica gastrintestinal de morcegos da região noroeste do estado de São Paulo. Especificamente procurou-se verificar a veiculação de fungos com potencial zoonótico a partir de fezes de morcegos, correlacionar a inter-especificidade entre fungos e as espécies de morcegos e verificar se órgãos de morcegos constituem fontes de Histoplasma capsulatum.

MATERIAL E MÉTODOS

Do período de março de 2009 a março de 2010 foram processados 98 morcegos provenientes de 15 municípios da região noroeste do Estado de São Paulo. Deste universo amostral, 83 (85%) foram provenientes de material biológico colhido a partir de vísceras de morcegos descongelados e as outras 15 (15%) a partir de amostras provenientes de fezes frescas, de animais capturados vivos. Das 83 amostras, 38 (46%) foram provenientes de morcegos machos e 45 (54%) provenientes de fêmeas (Tabela 1).

Colheita de amostras

Foram colhidas amostras de morcegos randomicamente através de capturas com a utilização de redes de neblina de náilon com 6 metros de comprimento por 2 metros de altura. As redes foram suspensas utilizando-se estacas de três níveis e fixas ao terreno arenoso. Três locais foram escolhidos para a captura, a Mata do Zoológico Municipal de Araçatuba Dr. Flávio Leite Ribeiro, Mata do Parque Ecológico Baguaçu e a Mata do Brejo da Faculdade de Medicina Veterinária da UNESP/Campus Araçatuba. A vegetação destes locais consistia basicamente de área de reflorestamento e de mata ciliar. Após a captura e a identificação dos morcegos foram colhidas amostras de fezes frescas obtidas naturalmente ou posterior a massagem abdominal. Imediatamente após a colheita, as mesmas foram acondicionadas em isopor com gelo e submetidas ao Laboratório de Microbiologia para processamento. As capturas foram realizadas sob autorização do Ministério do Meio Ambiente processo número 12751-2 /2009.

Morcegos mortos foram cedidos pelos Laboratórios de Chiroptera e de Raiva da Faculdade de Medicina Veterinária da UNESP/Campus de Araçatuba

(28)

28

por meio do Programa de Vigilância da Raiva, sendo previamente diagnosticados como negativos para o vírus rábico. Estes permaneciam armazenados em freezer a -20º C, após o descongelamento foram submetidos para a retirada das vísceras. Os morcegos foram introduzidos em uma capela de fluxo laminar, fixados pelos membros superiores e inferiores em suporte de isopor com agulhas e posterior a assepsia da parede abdominal, prosseguiu-se com a abertura da mesma com subsequente exposição e retirada de intestino, fígado e baço. Os órgãos individualmente processados foram macerados em condições estéreis, em solução salina adicionada de 100μg/mL de cloranfenicol e submetidos à agitação vigorosa em Vórtex por 2 minutos. Posteriormente, as amostras foram mantidas em repouso por um período de 60 minutos de onde foram colhidas amostras imediatamente semeadas em 2 tubos, um contendo meio Sabouraud dextrose a 4% e outro em brain heart infusion (BHI) acrescido de 5% de sangue desfibrinado de carneiro, que foram incubados a 25º e 37ºC, respectivamente por um período de 7 a 10 dias e observados diariamente.

Após o período de incubação, as colônias com características leveduriformes foram re-isoladas em tubos contendo ágar Sabouraud dextrose a 4% e submetidas às mesmas condições de incubação e temperatura para a obtenção de colônias puras, para testes bioquímicos de identificação do microrganismo. As colônias em forma de micélio foram analisadas e identificadas de acordo com as suas características morfológicas de colônia e do agente.

Micromorfologia

A análise morfológica do microorganismo foi realizada por meio da utilização de corantes Lactofenol azul de algodão e tinta da China e observadas em objetivas de 100 e 400 vezes. As colônias suspeitas de Cryptococcus sp. e ou Rhodotorula sp. foram triadas para o bioquímico com base na presença de cápsula.

Bioquímico para leveduras Hidrólise da uréia

(29)

29

Para a diferenciação de leveduras pertencentes aos gêneros Cryptococcus sp. e Rhodotorula sp. de outras leveduras foi utilizado o teste da urease de acordo com a técnica de Kwon-Chung et al. (1982). O teste foi realizado em duplicata para evitar resultados falso-positivos.

Termotolerância à 37ºC

Leveduras são termotolerantes, como as do gênero Candida sp., Rhodotorula sp. e espécies de Cryptococcus neoformans e C. gatti (SIDRIM; MOREIRA, 1999). Para análise da termotolerância, as amostras de leveduras foram repicadas em ágar Sabouraud e mantidas a 37ºC por sete dias e observadas diariamente.

Atividade enzimática da fenoloxidase

A síntese de pigmentos de melanina a partir do fenol é específica de C. neoformans e C. gattii (SIDRIM; MOREIRA, 1999). Meios contendo sementes de Níger servem de substrato para a enzima fenoloxidase, que catalisa a oxidação de compostos O-difenólicos como L-dopa, L-dopamina, ácido clorogênico e ácido caféico, produzindo uma colônia marrom-escura ou negra em até cinco dias. Ocasionalmente, C. luteolus, C. laurentii, C. terreus e C. albidus podem desenvolver pigmentação mais clara em períodos de incubação prolongados (IKEDA et al., 2002; KWON-CHUNG; BENNETT, 1992). As colônias com características leveduriformes foram submetidas à capacidade de produção de melanina em ágar Níger e incubadas a temperatura de 30ºC, por um período de cinco dias para diferenciação de C. neoformans e C. gattii de outras espécies de leveduras.

Análise Molecular Extração do DNA

As colônias de fungos com potencial zoonótico foram submetidas à caracterização molecular para a identificação da espécie. Para a extração do DNA uma porção do isolado de levedura (obtida com a utilização de alça bacteriológica) foi suspendida em tubo de 1,5mL contendo 500PL de solução de Tris-EDTA (10mM Tris, 1mM EDTA). Em seguida, a mistura foi aquecida a 95ºC por 3 minutos e congelada em nitrogênio líquido por 1 minuto perfazendo

(30)

30

um ciclo realizado cinco vezes com uma centrifugação final a 16.100g por um período de cinco minutos.

Polimerase chain reaction (PCR)

Foram utilizados dois primers específicos para região do espaçador transcrito interno (ITS-2) de leveduras (DE BAERE et al., 2002), um senso (CRYITS2F) e um antisenso (CRYITS2R) com as sequencias respectivas GTGAATCATCGAATCTTTGAAC e TCCTCCGCTTATTGATATGC (Invitrogen, São Paulo, Brasil). A reação ocorreu em 35 ciclos, sendo 94°C/2minutos (1X), 94°C/45 segundos, 61°C/1 minuto e 72°C/2 minutos (35X) e uma extensão final a 72°C por 10 minutos.

Sequenciamento do fragmento amplificado

O fragmento resultante da PCR para a região ITS-2 foi purificado utilizando-se o kit de purificação “QIAquick Gel Extraction Kit” (Qiagen®) e submetido à sequenciamento utilizando-se o “ABI Prism® Dye Terminator Cicling Sequence Kit” (Applied Biosystems). As reações de sequenciamento foram realizadas nas duas direções, utilizando-se os mesmos primers da PCR. Para análise do sequenciamento da amostra foi utilizado o software BioEdit Sequence Alignment Editor versão 5.0.6.

Análise estatística

A associação dos resultados microbiológicos com as espécies de morcegos foram analisados pelo teste para variáveis não paramétricas do Qui-Quadrado utilizando-se o software GraphPad Prism versão 5.03 para Windows, GraphPad Software, San Diego California USA, sendo que o valor de p≤0,05 foi considerado estatisticamente significativo.

RESULTADOS

Descrição das amostras

As 98 amostras colhidas pertenceram a 11 espécies de morcegos naturalmente distribuídas por toda a região noroeste do estado de São Paulo (Figura 1).

Em relação aos hábitos alimentares houve predomínio de espécies frugívoras (40%), como Artibeus lituratus e Carollia perspicillata, e insetívoras

(31)

31

(40%), entre Molossus rufus, Molossus molossus, Nyctinomops macrotis, Lasiurus ega, Tadarida brasiliensis, Myotis nigricans e Eptesicus furinalis e em menor número se encontram os animais de hábitos nectarívoros (13%) e sanguívoros (7%) sendo Glossophaga soricina e Desmodus rotundus, respectivamente.

Resultados micológicos

Do total de 98 amostras de fezes de morcegos submetidas aos cultivos microbiológicos no presente trabalho, 40 (41%) foram positivas para pelo menos um gênero de fungo enquanto que 58 (59%) foram negativos. Dos 49 fungos isolados das amostras positivas no cultivo microbiológico 25 (51%) correspondem a fungos miceliais de seis gêneros, Aspergillus sp., Fusarium sp., Microsporum sp., Tricophyton sp., Penicillium sp. e fungos da classe Zygomycota, 13 (26,5%) são leveduras dos gêneros Candida sp., Cryptococcus sp. e Rhodotorula sp. e 11 (22%) são de isolados miceliais (10) e leveduras (1) que não foram identificados. As Figuras 2 e 3 ilustram algumas das espécies identificadas durante o estudo.

A Tabela 2 apresenta os resultados das espécies de fungos isolados a partir do cultivo de fezes e de vísceras de morcegos da região noroeste do estado de São Paulo. O gênero recuperado em maior número foi Aspergillus sp., totalizando 14 (29%) das amostras positivas. Entre outras espécies de fungos miceliais três (6%) amostras foram identificadas como Microsporum sp., três (6%) como Penicillium sp., duas (4%) como Tricophyton sp., duas (4%) como zigomicetos e uma (2%) como Fusarium sp. Das três espécies de leveduras isoladas sete (14%) foram identificadas como Rhodotorula sp., cinco (10%) como Candida sp. e uma (2%) como Cryptococcus sp. Das 82 amostras de vísceras provenientes de morcegos da região noroeste do estado de São Paulo e cultivadas em meio de BHI nenhuma apresentou crescimento para H. capsulatum.

Teste bioquímico para leveduras

Das 14 amostras de leveduras que foram submetidas ao teste da enzima urease, oito (57,14%) apresentaram resultado positivo. Para o teste de

(32)

32

termotolerância, 13 (92,86%) amostras tiveram crescimento exponencial em estufa a 37ºC por no máximo sete dias. Já para o teste da enzima fenoloxidase apenas uma amostra (7,14%) foi positiva a prova, sendo considerada pertencente ao gênero Cryptococcus sp. e posteriormente encaminhado para a realização da PCR. As demais sete amostras (50%) apresentaram crescimento de coloração salmão e foram identificados como pertencentes ao gênero Rhodotorula sp., enquanto que outras cinco amostras equivalentes a 35,71% foram compatíveis com o gênero Candida sp.

Sequenciamento

A caracterização do sequenciamento da região do espaçador transcrito interno 2 (ITS-2) da amostra de Cryptococcus sp. apresentou 100% de homologia com as espécies de C. albidus, C. albidosimilis, C. diffluens e C. liquefaciens; sequencias indexadas no GenBank sob números de acessos AF219002, EU149787, AF145330 e AF444348, respectivamente.

Análise estatística

De acordo com a análise estatística do Qui-quadrado (Graphpad Prism 5) houve associação estatística significativa (p=0,0393) entre os resultados associados do cultivo microbiológico com as espécies de morcegos (Tabela 3 e Figura 4).

DISCUSSÃO

Em nosso estudo a espécie de morcego de maior ocorrência foi Carollia perspicillata com 20 (20%) exemplares sendo a mais predominante na região noroeste do Estado de São Paulo, corroborando com os achados de Pedro e Taddei (1997). Porém, em capturas realizadas no município de Araçatuba no ano de 2009 houve grande ocorrência de Artibeus lituratus, 72% dos espécimes capturados (dados não publicados), espécie frugivora previamente descrita como abundante nas regiões da Mata Atlântica (PASSOS et al., 2003). Morcegos insetívoros como molossídeos e vespertilionídeos são hábeis em desviar de redes de neblina (PEDRO; TADDEI, 1997) o que justifica a ausência de morcegos insetívoros em capturas e a prevalência de frugívoros.

(33)

33

Foi notável a presença de morcegos encontrados em áreas urbanas e domiciliares das diversas cidades da região estudada (informações contidas nas fichas de encaminhamento), como em quintais, no interior de residências em prédios públicos e em estabelecimentos comerciais, muitas vezes caçados por animais domésticos e manipulados pelo homem. Este fato evidencia que algumas espécies de morcegos habitam áreas residências ou peri-domiciliares, aumentando o contato inter-espécie com o homem e animais, podendo acarretar sérios prejuízos à saúde pública. Molossus molossus são sabidamente encontrados em áreas urbanas, principalmente em forros de casas, construções e em ocos de árvores (REIS et al., 2007).

Nos resultados micológicos do presente trabalho, verificou-se a predominância do gênero Aspergillus sp., com 14 (29%) dos 49 isolados obtidos no estudo, corroborando com os dados observados por Rezende et al. (2003), que também apresentaram dominância de Aspergillus sp. (79,16%) nas amostras de fezes de morcegos, além da presença de outros fungos como Penicillium sp., Fusarium sp. e zigomicetos como também evidenciados em nossos resultados.

Dentre a presença de leveduras oportunistas em nossas amostras, a presença de Candida sp. foi a mais significativa, com cinco (10%) isolamentos. Semelhantemente aos resultados apresentados por Mok et al. (1982) que isolaram de 155 morcegos, 186 fungos sendo 123 (66%) correspondentes a espécies de Candida sp., provenientes de amostras de fígado, baço e pulmão. Nossos resultados indicam que Candida spp. pode atuar como um importante patógeno oportunista presente em diversos órgãos de morcegos, favorecendo seu papel na eco-epidemiologia das enfermidades, principalmente pela viabilidade prolongada em fezes de morcegos no ambiente.

Espécies de Microsporum sp. e Tricophyton sp. foram recuperados a partir de cinco amostras de morcegos no presente estudo, corroborando com os resultados de Kajihiro (1965) que isolou 22,4% de M. gypseum, 5% de T. mentagrophytes, 3% de T. rubrum e 0,5% de T. terrestre a partir de fezes de morcegos de cavernas da região sudeste do Novo México.

(34)

34

Nossos resultados revelaram uma microbiota diversificada composta por fungos dos gêneros Aspergillus sp., Candida sp., Cryptococcus sp., Fusarium sp., Penicillium sp., Rhodotorula sp., dermatófitos e zigomicetos

A caracterização molecular da região ITS-2 da amostra de Cryptococcus sp. do nosso experimento não nos permitiu diferir entre as espécies de C. albidus, C. albidosimilis, C. diffluens e C. liquefaciens, uma vez que as mesmas apresentaram 100% de semelhança gênica, sendo considerados sinônimos (FELL et al., 2000). No entanto, a utilização de primers para outras regiões da subunidade 26S do rDNA de leveduras além de ITS-2, como ITS-1 e D1/D2, seriam suficientes para a caracterização molecular do isolado de acordo com o protocolo de Fell et al. (2000). Na análise dos nossos resultados verificamos a possibilidade da amostra de Cryptococcus sp. pertencer à espécie C. albidus, já que esta espécie tem sido isolada a partir de amostras de morcegos (ULLOA et al., 2006).

O clima quente e seco da região noroeste do estado associado à ausência de cavernas e grutas típicas de regiões com temperatura e umidade favoráveis a manutenção do Histoplasma capsulatum pode justificar o fato de nenhuma das 82 amostras de morcegos cultivados em meio BHI apresentarem crescimento para o microrganismo. Diferentemente dos resultados expressos por Mok et al. (1982) e Rezende et al. (2003), que verificaram a presença de Histoplasma capsulatum em suas amostras. Após o primeiro isolamento de H. capsulatum a partir de amostras de solo contaminadas com excretas de morcego por Emmons em 1958, outros autores ao longo dos anos também reportaram sua presença, especialmente em cavernas, habitat comum dos morcegos.

Houve associação estatística significativa (p=0,0393) entre os resultados microbiológicos e as espécies de morcego. Entretanto, os resultados dos fungos isolados foram variados com relação às espécies de morcegos, não sendo observada nenhuma associação específica entre fungo e morcego. CONCLUSÃO

(35)

35

gastrintestinal de morcegos da região noroeste do estado de São Paulo é constituída de fungos com potencial patogênico como Cryptococcus sp., Microsporum sp. e Tricophyton sp.; fungos oportunistas como Aspergillus sp, Candida sp., Fusarium sp. e Penicillium sp. além de fungos ambientais como, Rhodotorula sp. e zigomicetos.

Não houve correlação entre os fungos isolados e as espécies de morcegos, negando a existência da relação inter-específica entre os mesmos. Os resultados negativos para Histoplasma capsulatum sugerem a não contaminação dos morcegos da região estudada.

AGRADECIMENTO

Os autores agradecem a colaboração do Prof. Dr. Wagner André Pedro pelo auxilio na identificação dos espécimes de morcegos envolvidos no estudo. REFERÊNCIAS

DE BAERE, T.; CLAEYS, G.; SWINNE, D.; MASSONET, C.; VERSCHRAEGEN, G.; MUYLAERT, A.; VANEECHOUTTE, M. Identification of cultured isolates of clinically important yeast species using fluorescent fragment length analysis of the amplified internally transcribed rRNA spacer 2 region. BMC Microbiology, v. 2, p. 21-28, 2002.

EMMONS, C. W. Association of bats with histoplasmosis. Public Health Reports, v. 73, p. 590-595, 1958.

FELL, J. W.; BOEKHOUT, T.; FONSECA, A.; SCORZETTI, G.; STATZELL-TALLMAN, A. Biodiversity and systematics of basidiomycetous yeasts as determined by large-sbunit rDNA D1/D2 domain sequence analysis. International Journal of Systematic and Evolutionary Microbiology, v. 50,

(36)

36

GROSE, E.; TAMSITT, J. R. Paracoccidioides brasiliensis recovered from the intestinal tract of three bats (Artibeus lituratus) in Colômbia. Sabouraudia, v. 4, p. 124-125, 1965.

GROSE, E.; MARINKELLE, C. J.; STRIEGEL, C. The use of tissue cultures in the identification of Cryptococcus neoformans isolated from colombian bats. Medical Mycology, v. 6, p. 127-132, 1968.

IKEDA, R.; SUGITA, T.; JACOBSON, E. S.; SHINODA, T. Laccase and melanization in clinically important Cryptococcus species other than Cryptococcus neoformans. Journal of Clinical Microbiology, v. 40, p. 1214-1218, 2002.

KAJIHIRO, E. S. Occurrence of dermatophytes in fresh bat guano. Applied Microbiology, v. 13, p. 720-724, 1965.

KWON-CHUNG, K. J.; POLACHECK, I.; BENNETT, J. E. Improved diagnostic medium for separation of Cryptococcus neoformans var. neoformans (serotype A and D) and Cryptococcus neoformans var. gattii (serotype B and C). Journal of Clinical Microbiology, v. 15, p. 535-537, 1982.

KWON-CHUNG, K. J.; BENNETT, J. E. Medical mycology. Philadelphia: Lea e Figiber, 1992. 866p.

MOK, W. Y.; LUIZÃO, R. C.; BARRETO DA SILVA, M. DO S. Isolation of fungi from bats of the Amazon basin. Applied and Environmental Microbiology, v. 44, p. 570–575, 1982.

(37)

37

PASSOS, F. C. et al. Frugivoria em morcegos (Mammalia, Chiroptera) no Parque Estadual Intervales, sudeste do Brasil. Revista Brasileira de Zoologia, v. 20, p. 511–517, 2003.

PEDRO, W. A.; TADDEI, V.A. Taxonomic assemblage of bats from Panga Reserve, southeastern Brazil: abundance patterns and trophic relations in the Phyllostomidae (Chiroptera). Boletim do Museu de Biologia Mello Leitão, N. Sér., v. 6, p. 3-21, 1997.

REIS, N.R.; PERACCHI, A.L.; PEDRO, W.A.; LIMA, I.P. Morcegos do Brasil. 1.ed. Londrina: EDUEL, 2007. 253 p.

REZENDE, C.C.; DUARTE, D.C.; FILIÚ, W.F.O. Pesquisa de cryptococcus neoformans e histoplasma capsulatum na gruta lago azul, Bonito – MS. In: CONGRESSO DE ESPELEOLOGIA, 27, 2003. Januária. Anais... Januária-MG: Sociedade Brasileira de Espeleologia, 2003. 1 CD-ROM.

RIMEK, D.; HAASE, G.; LÜCK, A.; CASPER, J.; PODBIELSKI, A. First report of a case o meningitis caused by Cryptococcus adeliensis in a patient with acute myeloid leukemia. Journal of Clinical Mycrobiology, v. 42, p. 481-483, 2004.

SIDRIM, J. J. C.; MOREIRA, J. L. B. Diagnóstico laboratorial das leveduras. In: SIDRIM, J. J. C.; MOREIRA, J. L. B. Fundamentos clínicos e laboratoriais de micologia médica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999. p.76-89.

SIMMONS N. B. Order Chiroptera. In: WILSON, D. E.; REEDER, D. M. Mammal species of the world: a taxonomic and geographic reference, 3.ed.

(38)

38

SUGITA, T.; KIKUCHI, K.; MAKIMURA, K.; URATA, K.; SOMEYA, T.; KAMEI, K.; NIIMI, M.; UEHARA, Y. Trichosporon species isolated from guano samples obtained from bat-inhabited caves in Japan. Applied and Environmental Microbiology, v. 71, p. 7626-7629, 2005.

THOMAS-HALL, S.; WATSON, K. Cryptococcus nyarrowii sp. nov., a basidiomycetous yeast from Antarctica. International Journal of Systematic and Evolutionary Mycrobiology, v. 52, p. 1033-1038, 2002.

ULLOA, M.; LAPPE, P.; AGUILAR, S.; PARK, H.; PÉREZ-MEJÍA, A.; TORIELLO, C.; TAYLOR, M.L. Contribution to the study of mycobiota present in the natural habitats of Histoplasma capsulatum: an integrative study in Guerrero, Mexico. Anales del Innstituto de Biología. Serie Botánica, v. 77, p. 153-168, 2006.

(39)

39

Figura 1 – Resultados expressos em porcentagem de acordo com as espécies de morcegos encontradas. Araçatuba – SP, 2010.

(40)

40

Figura 2 - Fotos de Aspergillus sp. (a) e Rhodotorula sp. (b) cultivados em meio de agar Sabouraud 4% dextrose e Cryptococcus sp. cultivado em ágar Niger (c) isolados a partir de fezes de morcegos. Fonte: Márcia Marinho (Laboratório de Microbiologia – FMVA Unesp/Araçatuba). Araçatuba, 2010.

(41)

41

Figura 3 - Fotos de Aspergillus sp. (a), Trichophyton sp. (b), Cryptococcus sp. (c) corados com azul algodão a partir de fezes de morcegos cultivados em meio de agar Sabouraud 4% dextrose. Aumento de 400 vezes. Fonte: Márcia Marinho (Laboratório de Microbiologia – FMVA Unesp/Araçatuba). Araçatuba, 2010.

(42)

42

Figura 4 - Associação entre os resultados do cultivo microbiológico e as espécies de morcegos da região noroeste do Estado de São Paulo. Araçatuba, 2010.

(43)

43

Tabela 1 – Espécies de morcegos distribuídos de acordo com a classificação da dieta, procedência e sexo. Araçatuba – SP, 2010

Espécie de morcegos Dieta Procedência Macho Fêmea Amostras

Carollia perspicillata Frugívoro l 9 11 20

Artibeus lituratus Frugívoro b,d,m,n 1 3 19*

Molossus rufus Insetívoro a,b,c,f,g,n,o 11 6 17

Glossophaga soricina Nectarívoro n 5 8 13

Nyctinomops macrotis Insetívoro a,b,e,i,j,m,p 3 6 9

Molossus molossus Insetívoro b,m,o 5 3 8

Desmodus rotundus Sanguívoro l 3 4 7

Lasiurus ega Insetívoro j,p 0 2 2

Eptesicus furinalis Insetívoro a 1 0 1

Myotis nigricans Insetívoro o 0 1 1

Tadarida brasiliensis Insetívoro h 0 1 1

Total 04 dietas 15 cidades 38 45 98

a. Andradina, b. Araçatuba, c. Auriflama, d. Barbosa, e. Bilac, f. Birigui, g. Braúna, h. Brejo Alegre, i. Castilho, j. Coroados, l. Guararapes, m. Ilha solteira, n. Mirandópolis, o. Penápolis, p. Pereira Barreto. *15 amostras em forma de pool de fezes.

(44)

44

Tabela 2 – Espécies de fungos isolados a partir de fezes de morcegos. Araçatuba – SP, 2010.

Espécies de

Chiroptera

Espécies de Fungos (número de isolados por amostra)

Asp Csp Cry Fsp Msp Psp Rsp Tsp Zm Si A. lituratus 5 0 1 0 0 0 2 0 0 6 C. perspicillata 3 0 0 0 1 3 3 1 0 2 D. rotundus 3 2 0 0 0 0 0 0 1 0 E. furinalis 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 G. soricina 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 L. ega 0 2 0 0 1 0 0 0 0 0 M. molossus 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 M. rufus 0 0 0 1 1 0 2 1 1 1 M. nigricans 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 N. macrotis 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 T. brasiliensis 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Total 14 5 1 1 3 3 7 2 2 11

Asp. Aspergillus sp., Csp. Candida sp., Cry. Cryptococcus sp., Fsp. Fusarium sp., Msp. Microsporum sp., Psp. Penicillium sp., Rsp. Rhodotorula sp., Tsp. Tricophyton sp., Zm. Zigomicetos, Si. Sem identificação.

(45)

45

Tabela 3 – Associação entre os resultados do cultivo microbiológico e as espécies de morcegos da região noroeste do Estado de São Paulo. Araçatuba – SP, 2010.

Espécies de Morcegos

Cultivo microbiológico

Negativo Positivo Total

Carollia perspicillata 10 10 20 Artibeus lituratus 8 11 19 Molossus rufus 11 6 17 Glossophaga soricina 11 2 13 Nyctinomops macrotis 7 2 9 Molossus molossus 7 1 8 Desmodus rotundus 2 5 7 Lasiurus ega 0 2 2 Eptesicus furinalis 0 1 1 Myotis nigricans 1 0 1 Tadarida brasiliensis 1 0 1 Total 58 40 98

Referências

Documentos relacionados

Neste capítulo foram descritas: a composição e a abrangência da Rede Estadual de Ensino do Estado do Rio de Janeiro; o Programa Estadual de Educação e em especial as

A presente dissertação é desenvolvida no âmbito do Mestrado Profissional em Gestão e Avaliação da Educação (PPGP) do Centro de Políticas Públicas e Avaliação

de professores, contudo, os resultados encontrados dão conta de que este aspecto constitui-se em preocupação para gestores de escola e da sede da SEduc/AM, em

De acordo com o Consed (2011), o cursista deve ter em mente os pressupostos básicos que sustentam a formulação do Progestão, tanto do ponto de vista do gerenciamento

nesse contexto, principalmente em relação às escolas estaduais selecionadas na pesquisa quanto ao uso dos recursos tecnológicos como instrumento de ensino e

Na apropriação do PROEB em três anos consecutivos na Escola Estadual JF, foi possível notar que o trabalho ora realizado naquele local foi mais voltado à

O Programa de Avaliação da Rede Pública de Educação Básica (Proeb), criado em 2000, em Minas Gerais, foi o primeiro programa a fornecer os subsídios necessários para que

Para analisar as Componentes de Gestão foram utilizadas questões referentes à forma como o visitante considera as condições da ilha no momento da realização do