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DOCUMENTAÇÃO DO ACERVO MUSEOLÓGICO DO MUSEU HERING (DES)CONSTRUÇÃO E DESAFIOS

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ISSN: 2358-5269 Ano II - Nº 1 - Maio de 2015

DOCUMENTAÇÃO DO ACERVO MUSEOLÓGICO DO MUSEU HERING – (DES)CONSTRUÇÃO E DESAFIOS

Documentation of museum collection of the museu, Hering - (de)construction and challenges

Gustavo Nascimento Paes (Museólogo do Museu Hering) gmuseologo@hotmail.com

Resumo: A proposta deste artigo é compreender a documentação museológica já existente no Acervo Histórico Cia. Hering, através da avaliação dos meios de como a informação dos objetos fora até então resguardada e trabalhada. Baseando-se em textos científicos já publicados pelo Museu Hering, percebe-se que é possível repensar algumas ações estratégicas no que diz respeito à documentação museológica.

Palavras – chaves: Museu Hering, Documentação Museológica, Arrolamento.

Abstract: The aim of this article is to understand the existing museum documentation in the Historical Collection Cia. Hering, by assessing the ways of how the information from objects went to the safeguarded and time worked. Based on scientific texts already published by Hering Museum, one sees that it is possible to rethink some strategic actions in respect to museum documentation.

Keywords: Hering Museum, museum documentation, list

Introdução

O Museu Hering, localizado na cidade de Blumenau (SC), teve suas portas abertas ao público em 26 de novembro de 2010. O espaço ocupa uma das edificações que compõem o conjunto arquitetônico histórico da unidade matriz da Cia. Hering, uma casa construída no século XIX e tombada pelo Patrimônio Histórico do Estado.

A proposta do Museu Hering fundamenta-se na ideia de preservação do patrimônio cultural industrial de interesse público regional e nacional, e na importância da industrialização têxtil e da moda no cenário histórico e cultural brasileiro (CURY, 2011, p.53).

Conforme a primeira publicação do Museu Hering, o mesmo está comprometido com as ações museais fundamentais, que seriam: formar acervo, pesquisar, conservar, documentar e comunicar. É a partir das premissas que tangem o acervo e sua documentação que traçaremos os desafios e (des)construções de ações que essa instituição vem desenvolvendo para garantir a

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preservação do seu bem cultural, proposto nas comemorações do centenário da empresa em 1980.

O trabalho ora apresentado é tratado e abordado pelo olhar museológico e em consonância com as publicações da instituição como forma de estudo e registro das propostas e viabilidades no campo documental do seu acervo. Além de recorrermos a fontes auxiliares na área, para averiguação metodológica, e até mesmo, buscar em conjunto respostas para questionamentos inerentes ao trabalho.

Sabemos que, todo objeto pode ser potencialmente um objeto museológico, porém, o que o elevará a essa categoria é a análise que a instituição fará no momento em que ele for adquirido (PADILHA, 2014, p. 19). E que constituirá em seu processo de musealização.

E faz parte dessa incorporação a documentação do acervo que, segundo Ferrez (1994), é o conjunto de informações sobre cada um dos seus itens e, por conseguinte, a representação destes por meio da palavra e da imagem (fotografia). Esse processo faz parte da gestão de acervo e é necessária a documentação, a conservação e a pesquisa, adequadas do acervo. Assim, estabelece-se um controle integral, bem como se contribui para o incentivo à produção e à difusão de conhecimento (PADILHA, 2014, p. 19).

(Des)Construindo o trabalho

Conforme o Comitê Internacional de Documentação do Conselho Internacional de Museologia - CIDOC/ ICOM - (2014, p.38) as instituições museológicas devem operar com uma documentação que possa assegurar a responsabilidade legal pelos objetos em sua guarda. Estabelecer diretrizes para definição dos objetos pertencentes aos museus e a identificação dos objetos conjuntamente com o registro de localização. Essas diretrizes auxiliam na segurança, podendo ser utilizadas para favorecer o acesso aos objetos em si, ou às informações referentes a eles.

A formação do acervo do Museu Hering começou oficialmente a partir da carta escrita por Ingo Hering, em 1980, no ano que a empresa comemorou seu centenário.

Blumenau, 25 de junho de 1980

Constituição do Acervo do Futuro Museu da Cia. Hering

A Cia. Hering, no ano do seu Centenário, pretende reunir numa espécie de MUSEU HERING tudo aquilo que esteja ligado à história da Família Hering em

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conexão com a história da própria Cia. Hering e que tenha valor histórico [...] Todo documento, fotografia ou objeto considerado de valor para memória da empresa receberá, se necessário, o devido trabalho de restauração e fará parte do acervo em constituição do futuro Museu Hering.

Ingo Hering

Podemos por meio da passagem acima, verificar a visão de Ingo Hering ao estabelecer o que teria potencial para a formação de um acervo e, até mesmo durante a leitura da carta na íntegra, a preocupação de delegar pessoas responsáveis para esse trabalho. Para tanto, as histórias familiares e empresariais se coadunam para potencializar a preservação do patrimônio industrial e familiar Hering, para que façam parte do acervo em constituição do “futuro Museu Hering”. Assim, como comenta Arantes (2011, p.25), a lembrança, fato consumador, acontecido, só se constata quando concluída, um dado no passado de alguém.

Nesse contexto, poderíamos realizar uma breve reflexão no que diz respeito à memória empresarial, que se consolidou e referenciou por um saber fazer não só palpável, que passou de gerações para gerações pelo trabalho da memória/saber fazer. Porém, que memória é essa? Nas palavras de Halbwachs (1990, p.25), se nossa impressão pode apoiar-se não somente sobre nossas lembranças, mas também sobre a de outras, nossa confiança na exatidão de nossa evocação será maior, como se uma mesma experiência fosse começada, não somente pela pessoa, mas por várias. Entretanto, para que possamos observar essa realidade presente, o indivíduo remete aos testemunhos de suas experiências anteriores e ao testemunho de outros que advertem ou destacam aspectos a serem observados.

Os desafios para o Museu Hering são grandes, e refletem parte da realidade do cenário nacional no que diz respeito à concepção e inserção de documentação para acervos museológicos. As tarefas e metas destinadas aos profissionais que lidam com esse acervo (um museólogo, um assistente em museologia e uma estagiária) devem dialogar com mais de 134 anos de história.

Como comenta Paes (2014, p.233) o processo museológico do Museu Hering vem se estruturando no dia a dia, para as finalidades básicas de formação de acervo, pesquisa, salvaguarda (conservação e documentação) e comunicação museal. Vale ressaltar que suas

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ações de comunicação museal já estão em funcionamento desde 2010, ano de sua abertura, com destaque para as ações educativas do Museu Hering1.

Segundo Cury (2012, p.19), a comunicação é uma das áreas essenciais de qualquer museu e associá-la à exposição e à educação é a melhor forma de potencializar uma ação museal pública.

Dessa forma, o Museu Hering começou a ganhar vida e existência. Em 2012, o Arquivo Histórico da Cia. Hering – objeto de atenção do Museu Hering e base constitutiva de seu acervo – foi transferido para uma das casas históricas da Hering [...] Essa iniciativa, acreditamos, teve desdobramentos significativos. Primeiramente, o acervo está melhor acomodado e, consequentemente, melhor conservado. Depois, está mais acessível à equipe. (CURY. 2012, p.19)

O acervo pertencente ao Arquivo Histórico da Cia. Hering merece os devidos estudos e processamentos museológicos para que possamos compreender um complexo fabril e suas estruturas de produção, em que diálogo com diferentes profissionais isto é importância para a compreensão e visão de uma Política de Aquisição de Acervo (PAES, 2014, p.250).

Conforme o CIDOC/ ICOM (2014, p.38) “a disponibilização de documentação adequada também garante que o conhecimento sobre os objetos vá além deles e forneça a base para o uso da coleção por curadores, pesquisadores e o público em geral”. Em resumo, podemos dizer que os museus são lugares de memória comprometidos, assim, com três funções básicas: científica, educacional e social (CURY, 2012, p.16).

Os documentos elaborados pelo Setor de Museologia foram: proposta de doação, certificado de doação, declaração de reprodução de documentos, pesquisa ao acervo histórico, entrada de acervo, arrolamento e ficha catalográfica.

Os primeiros resultados obtidos, em 2014, pelo Setor de Museologia do Museu Hering, no que tange o conhecimento do acervo sobre a guarda do museu foi possível por meio do arrolamento. Entendemos por arrolamento “o ato por meio do qual se realiza a contagem e todos os objetos que façam parte do museu, sendo criada uma lista numerada para controle e identificação geral do acervo museológico” (PADILHA, 2014, p.46). Esse primeiro reconhecimento (ainda em processo) já proporcionou mais de 10 mil registros de acervos de diferentes tipologias.

1 Referente as atividades do Setor Educativo do Museu Hering consultar: Museu Hering: Temáticas Educativas –

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Arrolamento

Contagem atual GRUPO GRUPO Tipologia FAMÍLIA EMPRESA

Fotográfico 3154 1057 Iconográfico 742 * Documental 1454 52 Bibliográfico 240 10 Indumentária 0 43 Audiovisual 11 3356 Certificados e Diplomas (premiações emolduradas) * 84 Quadros 66 66

Produções artísticas e intelectuais 138 *

Objetos 44 *

Arquitetônico 5 *

Memória Oral * *

5854 4668

TOTAL 10522

Tabela - Arrolamento do Acervo pertencente ao Museu Hering. * documentos aguardando processamento técnico. Relatório Mensal. Fev. 2015

Arrolamento do Acervo do Museu Hering. Referente ao acervo de quadros pertencentes ao grupo família. Documento interno desenvolvido pelo Setor de Museologia do Museu Hering.

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Esses são os primeiros números gerados entorno do acervo sobre a guarda do Museu Hering. Os valores estão sujeitos a variações conforme o refinamento do trabalho e estudo. Ressaltamos que esses números não eram obtidos devido à metodologia de trabalho realizada anteriormente, a Arquivologia, tampouco a classificação por tipologia. E, reforçamos que não descartamos o trabalho existente, pelo contrário, ele serviu, e serve, como norte para as ações desenvolvidas nos padrões documentais museológicos. Esse diálogo entre duas áreas gera uma documentação híbrida2, que enriquece o trabalho e gera resultados imensuráveis, não só para o

Museu, mas também para sociedade civil.

Vale salientar que esses trabalhos e as demais ações que ocorrem nos museus em geral, devem ser socializados com as respectivas equipes. A compreensão e questionamentos são de fundamental importância para que a direção da instituição construa em conjunto e garanta a salvaguarda do patrimônio sob sua guarda.

O trabalho iniciado em questão compreendeu o levantamento dos materiais já produzidos pelo setor, ou seja, primeiramente passamos a conhecer o que foi produzido por ex-colaboradores, para então estabelecer uma metodologia de trabalho. Poderíamos questionar: porque não efetivar primeiramente uma Política de Gestão de Acervo para o Museu Hering? Basicamente, temos que conhecer a realidade de nossas instituições, e até mesmo as demandas e necessidades imediatas/latentes, para conseguirmos estabelecer, construir e efetivar determinadas ações. Como adquirir novos acervos e/ou negar se não conhecemos o que temos? Temos espaço suficiente para adquirir acervo? E como conservá-lo? Todo o trabalho realizado pelo Setor de Museologia do Museu Hering, prima pela ética, tendo como referência o “Código de Ética do ICOM para Museus: Versão lusófona” (2009).

O Museu Hering possui uma grande demanda interna, Cia. Hering, por dados tanto institucionais quanto das marcas do seu portfólio, por exemplo, a marca “Hering”, trouxe para a sua coleção inverno 2015 - Raízes - referências à essência, em nosso passado, e nas muitas histórias que colecionamos ao longo dos nossos 134 anos.

2 PAES, Gustavo Nascimento. O Museu Hering, a gestão documental de um processo híbrido. In: Fronteiras regionais e perspectivas nacionais [anais]. / Coordenação de Marília Xavier Cury. Blumenau: Museu Hering: Fundação Hermann Hering, 2014. p. 231-253.

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ISSN: 2358-5269 Ano II - Nº 1 - Maio de 2015 TEMPO AO TEMPO

Inspirado no livro da Hering de mesmo nome, a coleção tem como mote o discurso de que “tudo tem o seu tempo”. Explorando looks mais urbanos, as peças valorizam o moderno e o futuro sem esquecer da essência do passado. (Hering – Inverno 2015 / Catálogo)

O livro, mencionado, é a primeira publicação do Museu Hering que explica como foi o seu processo de concepção e apresenta o projeto de ocupação e estruturação da primeira exposição de longa duração intitulada “Tempo ao Tempo”, um conselho que o fundador, Hermann Hering, costumava dar (e seguir) quando uma adversidade surgia no caminho da empresa criada por ele e seu irmão, Bruno Hering. Assim, respeitando o “tempo”, a Hering resistiu ao “tempo”. Sobre a coordenação da museóloga Marilia Xavier Cury a exposição fecha o foco sobre os 130 anos da empresa, transcorrido até o ano de sua abertura em 2010.

Podemos perceber que o Museu Hering possui um grande potencial por meio do seu patrimônio, nas diferentes esferas, porém, ao mesmo tempo em que mapeamos isto como um ponto positivo, em contra partida temos um ponto negativo, que é o registro de sua documentação, um processo palatino que merece ser pauta diária para a construção das três funções básicas mencionadas anteriormente - científica, educacional e social.

A falta de documentação do acervo acaba limitando e prejudicando o trabalho do (e no) museu, pois inutiliza os objetos, uma vez que não permite o acesso às informações contidas nele, e, por conseguinte, reduz sua função social e cultural dentro de uma comunidade (PADILHA, 2014, p. 38)

Acervo - pesquisa e comunicação

O Museu Hering, apesar de ser um dos mais jovens museus do Brasil como comenta Cury (2012), conseguiu em seus dois primeiros anos (novembro de 2010 – 2012) resultados importantes, no campo da pesquisa, que refletiram na publicação “Conquistas e Possibilidades Criativas”, conforme a coordenadora da publicação, o objetivo geral da obra era o de registrar ações, explorando o potencial do Museu e gerar espaços de criatividade aos agentes envolvidos. E o saldo alcançado trouxe à tona resultados/estudos significativos do acervo sobre a guarda do Museu Hering, chamamos a atenção para a terceira parte da publicação intitulado “Museu e Coleção”

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ISSN: 2358-5269 Ano II - Nº 1 - Maio de 2015

 Deschamps (2012), no artigo “A Gebrüder Hering e a conquista do mercado nacional – 1880 – 1910” que por meio do recorte temporal com a chegada de Hermann Hering no Brasil, até o ano 1908, momento em que a empresa recebeu uma medalha de ouro na Exposição Nacional do Rio de Janeiro, pelo melhor produto de malha apresentado na mostra. A autora procura ilustrar como a pesquisa histórica possibilita um aprofundamento, ao trazer à tona, sobre os dois momentos em que a Gebrüder Hering participou de feiras expositivas sendo, em ambos os momentos, premiada.

 Andrade (2012), no artigo “O patrimônio arquitetônico industrial da Cia. Hering” aborda a questão arquitetônica que é muito mais do que somente um ambiente funcional e de produção, é uma empresa com um espaço que consolidou uma história – que é representado por seus prédios históricos – que tem total respeito com a natureza e com seus colaboradores. O autor apresenta como se sucedeu esse desenvolvimento arquitetônico da Cia. Hering para chegar à expressividade da arquitetura atual.

 Knop (2012), no artigo “A mudança da silhueta da mulher – Blumenau acompanhando os movimentos de moda da Europa”, com a perspectiva do século XIX até o final da década de 1920, foi possível tratar das influências de moda e vestuário ocorridos desde o período colonial de Blumenau até a suas transformações em cidade produtora de artigos têxteis, fato atualmente considerado a maior importância econômica da cidade. Isto através dos estudos do acervo fotográfico pertencente à família Hering.

 Machado (2012), no artigo “Um estudo em cartões – postais de Johanna Hering: representações de cidades alemãs na década de 1920”, analisa a representação de cidades presentes em cartões postais datados da década de 1920, destinados à Johanna Helene Hering, quarta filha nascida do casal Hermann Hering e Mina Hering. A autora trabalhar apenas com cartões que representam cidades da Alemanha, local de origem desta integrante da família Hering. E, dentre os 58 postais desse país, seleciona apenas 10, que correspondem aos anos de 1900 a 1925, período esse considerado a “idade do ouro dos Cartões Postais”.

Esses estudos foram, e continuam sendo, de fundamental importância para ampliar as informações referentes ao acervo e até mesmo estabelecer relações com o tempo e espaço que representam. Ressaltamos também o trabalho desenvolvido de história oral, e que vem se estruturando dentro do dia a dia do museu.

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ISSN: 2358-5269 Ano II - Nº 1 - Maio de 2015

Outro evento que o Museu Hering serviu como fonte de inspiração, seja pelos seus bens móvel e imóvel, foi o Santa Catarina Moda e Cultura3, evento que reúne estudantes e empresas

da região do Vale do Itajaí que, analisando a realidade do mercado catarinense, busca transformações do produto com inovação e design. Em 2013 o museu serviu de inspiração pela sua arquitetura enxaimel, mas foi efetivamente em 2014 que, outro acervo, agora imóvel ganharia maior dimensão pensada para a “Heing for you”, a mais nova marca da Companhia, na linha loungewear, a coleção buscou inspiração na técnica do “tear manual de 1889”, e em artistas de Santa Catarina (Edna Mesadri – Das Catarinas - fez parte do trabalho em 2014) que trazem em sua essência criativa o protagonismo, a quebra estética e a transformação de uma fraqueza em estratégia.

Inovação inspirada em detalhes, no diferente, na quebra do perfeito, para encontrar um novo potencial e surpreender: essa é a proposta do time criativo Cia. Hering, que participa desde o início do projeto há nove anos, juntamente com as alunas e professora da Unisul, para a coleção d [ effect ].

Descontruir, identificar o que seriam defeitos na técnica do tear e na arte inspiracional, e voltar a construir trazendo efeitos para a coleção. Cada peça se torna única, conta uma história, resgata um saber imaterial, esse foi o grande desafio do time criativo! (Notícias - Cia. Hering no SCMC ano 9. 09/12/2014)

Esse trabalho interdisciplinar entre Museu Hering e Cia. Hering direcionado para uma marca específica, no caso “Hering for you”, mostra a potencialidade de uma das peças mais antigas pertencentes ao acervo museológico do Museu Hering, o tear circular francês de 1889. Possui 1.456 agulhas e, que a título de curiosidade, produzia aproximadamente em 13 horas trabalhadas, 10 kg de malha. Atualmente um tear automático produz entre 17 a 20 toneladas de malhas por dia.

Apontamentos finais

A oportunidade de aprendizagem ofertada pela atuação no Museu Hering evidencia que o trabalho interdisciplinar para a formação do acervo é de fundamental importância para uma consolidação eficaz referente ao que guardar e como documentar.

3 SCMC – 2013 e 2014 tiveram como representantes os mediadores, o museólogo e a supervisão da direção do Museu Hering. Em diálogo com os colaboradores da Cia. Hering para o processo criativo.

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Ainda assim, precisamos compreender o que diz respeito aos departamentos/ setores da Cia. Hering e conjuntamente com as cinco marcas (Hering, Hering Kids, PUC, dzarm e Hering For You) delimitarmos o que preservar. Perguntas e questionamentos não faltam, porém, só conseguiremos estabelecer normativas e direções a partir do momento que compreendemos o que temos, justificando assim, poderemos preservar não só para a empresa, mas principalmente para a sociedade.

Ressaltamos, também, que todo tipo de aquisição deve ser avaliada em termos dos objetivos, das propostas e da missão do museu, assim como devem ser levadas em conta as limitações financeiras e espaciais da instituição (PADILHA, 2014, p. 29)

Reafirmando assim o que aponta Paes (2014. p.251), o desafio das instituições no que diz respeito à documentação museológica consiste no registro dessas documentações por escrito, devendo ser acessível aos funcionários, pesquisadores e ao público em geral. Confirmando, assim, a proposta do CIDOC/ ICOM em que numa documentação eficiente o museu poderá facilitar o desenvolvimento dos seguintes processos: políticas de acervo, cuidados e prestação de contas em relação ao acervo, acesso, interpretação e utilização do acervo e, por fim, pesquisa do acervo. Ou ainda, como aponta Bruno (2014.p.100) os processos museológicos na contemporaneidade estão vinculados à organização de instituições museológicas, permitindo o equilíbrio entre proposta conceitual e valores socioculturais; a organização e manutenção das atividades fim e atividades meio e, em especial, ao reconhecimento da importância publica desses equipamentos de educação, ciência e cultura.

A gestão dos acervos museológicos permite de tal forma o seu registro, preservação e possibilita o acesso controlado. E, vale ressaltar a importância de recorremos as leis que garante credibilidade e comprometimento para a função social e cultural.

Para tanto, o estudo não se esgota por aqui, e sim oferta aos leitores uma possibilidade para novas buscas e reflexões ao entorno da temática. Ao dominarmos esse conteúdo, teremos assim, a responsabilidade de desconstruir para construir novamente visando o refinamento de um trabalho pré-existente. E, não, deixarmos de registrar essas transições/ações, referente à documentação museológica para comprovação e continuidade das atividades pelos profissionais do museu. A atividade de arrolamento foi e é de fundamental relevância para que o Museu Hering conheça de forma geral o acervo sobre sua guarda e contribui significativamente para a segurança do acervo museológico.

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ISSN: 2358-5269 Ano II - Nº 1 - Maio de 2015 Referências bibliográficas

Livros

ANDRADE, Alisson Bruno. O patrimônio arquitetônico industrial da Cia. Hering. In: Museu Hering: conquistas e possibilidades criativas. Coordenação Marília Xavier Cury. Blumenau: Fundação Hermann Hering, 2012. p. 126 – 153.

ARANTES, Marco Antonio. Memória em Construção. In: Tempo ao Tempo: nasce um museu. Coordenação Kátia Klock. 1 ed. Blumenau: Contraponto, 2011. p.23-45.

BRUNO, Maria de Oliveira Cristina. Processos Museológicos: Os caminhos para a gestão dos museus. In: Fronteiras regionais e perspectivas nacionais [anais]. Coordenação de Marília Xavier Cury. Blumenau: Museu Hering: Fundação Hermann Hering, 2014. p. 100 -105.

CURY, Marília Xavier. Como nasce um museu. In: Tempo ao Tempo: nasce um museu. Coordenação Kátia Klock. 1 ed. Blumenau: Contraponto, 2011. p. 47- 146.

___________________. Museu Hering e a preservação do patrimônio industrial. In: Museu Hering: conquistas e possibilidades criativas. Coordenação Marília Xavier Cury. Blumenau: Fundação Hermann Hering, 2012. p. 14 – 25.

Declaração dos princípios de documentação em museus e Diretrizes internacionais de informação sobre objetos: categorias de informação do CIDOC/ Comitê Internacional de Documentação (CIDOC). Conselho Internacional de Museus (ICOM); tradução Roteiro Editorial e Documentação; revisão técnica Marilúcia Bottallo – São Paulo: Secretaria de Estado de Cultura de São Paulo; Associação de Amigos do Museu do Café; Pinacoteca do Estado de São Paulo, 2014.

DESCHAMPS, Mariana Luiza de Oliveira. A Gerbrüder Hering e a conquista do mercado nacional – 1880 – 1910. In: Museu Hering: conquistas e possibilidades criativas. Coordenação Marília Xavier Cury. Blumenau: Fudação Hermann Hering, 2012. p. 106 – 125.

FERREZ, H. D. Documentação museológica: teoria para uma boa prática. In: CADERNOS de ensaios, nº 2. Estudos de museologia. Rio de Janeiro, Minc/ Iphan, 1994, p. 64 - 73

HALBWACHS, M. A Memória coletiva. Trad. De Laurent Léon Schaffter. São Paulo, Vértice/ Revista dos Tribunais, 1990. Tradução de: La mémoire collective.

KNOP, Daniel Philipi. A mudança da silhueta da mulher – Blumenau acompanhando os movimentos de moda da Europa. In: Museu Hering: conquistas e possibilidades criativas. Coordenação Marília Xavier Cury. Blumenau: Fundação Hermann Hering, 2012. p. 154 – 167. MANCHADO, Franciele. Um estudo em cartões postais de Johanna Hering: Representações da cidade alemãs na década de 1920. In: Museu Hering: conquistas e possibilidades criativas. Coordenação Marília Xavier Cury. Blumenau: Fundação Hermann Hering, 2012. p. 168 – 185. PADILHA, Renata Cardozo. Documentação Museológica e Gestão de Acervo. Florianópolis: FCC, 2014

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ISSN: 2358-5269 Ano II - Nº 1 - Maio de 2015

PAES, G. N; KNOP, D. P; KLEINE, B. Relatório Mensal. 02/2015 (Documentação Interna). PAES, Gustavo Nascimento. O Museu Hering, a gestão documental de um processo híbrido. In: Fronteiras regionais e perspectivas nacionais [anais]. Coordenação de Marília Xavier Cury. Blumenau: Museu Hering: Fundação Hermann Hering, 2014. p.231-253.

Sites

Notícias - Cia. Hering no SCMC ano 9. 09/12/2014. Disponível em <http://www.ciahering.com.br/novo/pt/noticias/cia-hering-no-scmc-ano-9>

Ferrez, Helena Dodd. Documentação museológica: teoria para uma boa prática. Disponível em:

<http://www.nucleodepesquisadosexvotos.org/uploads/4/4/8/9/4489229/ferrez_h_d._documentao _museolgica._teoria_para_uma_boa_prtica.pdf>

Catálogo

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