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EFEITOS DE MÉTODOS DE ESCARIFICAÇÃO NA GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE CINCO LEGUMINOSAS FORRAGEIRAS(')

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EFEITOS DE MÉTODOS DE ESCARIFICAÇÃO NA GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE CINCO LEGUMINOSAS FORRAGEIRAS(')

L u i z D ' A R T A G N A N D E A L M E I D A (2) , Seção de Leguminosas, J O C E L Y A . MAEDA, Seção de Sementes, e S Ô N I A M. P . F A L I V E N E , Seção de Leguminosas, Instituto Agro-nômico

0) Trabalho a ser apresentado no 1.° Congresso Brasileiro de Sementes — Curitiba (PR), de 26 de novembro a 2 de dezembro de 1979. Recebido para publicação em 15 de janeiro de 1979.

(-) Com bolsa de suplementação do CNPq. SINOPSE

Cinco espécies de leguminosas forrageiras, soja-perene (Glycine wightii), siratro (Macroptilium a t r o p t i r p u r e u m ) , c e n t r o s e m a (Centrosema pubescens), calopogõnio (Calopo-gõnio mucunoides) e cudzu-tropical ( P u e r a r i a phaseoloides), foram e s t u d a d a s q u a n t o ao poder germinativo das sementes, avaliando-se a necessidade de escarificaçao logo após a colheita e d u r a n t e o período do a r m a z e n a m e n t o , através d a utilização de ácido sulfúrico concentrado, calor, a t r i t o e n t r e lixas e água quente. Verificou-se a i n d a a possibilidade d e h a v e r u m a relação e n t r e coloração do tegumento e porcentagem d e sementes d u r a s .

Quando n ã o escarificadas, a s sementes das cinco espécies a p r e s e n t a r a m alta porcen-t a g e m de semenporcen-tes d u r a s , e o repouso n ã o possibiliporcen-tou a m e l h o r i a n a germinação, com exceção d a centrosema.

Todos os métodos de escarificaçao m e l h o r a r a m o índice de g e r m i n a ç ã o das sementes, sobressaindo o ácido sulfúrico como o m a i s eficiente p a r a todas a s espécies. O efeito do calor foi bem melhor p a r a cudzu-tropical e, o atrito e n t r e lixas, foi a p e n a s razoável p a r a todas a s espécies. A á g u a q u e n t e proporcionou bons índices de g e r m i n a ç ã o p a r a siratro e calopogõnio, provocando, e n t r e t a n t o , a ocorrência de alta p o r c e n t a g e m de sementes m o r t a s n o final do período de a r m a z e n a m e n t o . P a r a longos períodos de a r m a z 3 n a m e n t o , é preferível, em qualquer caso, fazer a escarificaçao n a época de s e m e a d u r a , pois h a v e r á m e n o r ocorrência de sementes m o r t a s . Verificou-se a i n d a que a diferença de coloração nos lotes de sementes n ã o influiu n a ocorrência de sementes duras, m a s esteve relacionada com a existência de sementes m o r t a s .

1 . INTRODUÇÃO As leguminosas forrageiras vêm

sendo utilizadas em diversas regiões pecuárias do Brasil, tanto plantadas

exclusivamente como consorciadas com gramíneas, visando à maior pro-dução de forragem e aumento no teor

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protéico. Com o incremento da pe-cuária, verificou-se uma corrida para aquisição de sementes para plantio. Entretanto, além da escassez de se-mentes, poucos são os estudos reali-zados com leguminosas forrageiras, o que tem limitado a obtenção de infor-mações adequadas a respeito dessas leguminosas. No tocante à dureza de sementes, diversos autores têm salien-tado essa característica em espécies de leguminosas, tais como BURKART (2), ROBINSON (12), PIPER (11), SERPA & ACHICAR (13), MURO & AGREDA (7), NEME (8) e LO-VADINI & MIYASAKA (6). Os mesmos autores recomendam que as sementes de tais espécies devam so-frer um processo que permita provo-car a permeabilidade do tegumento para melhor germinação. De acordo com a FAO (3), experimento levado a efeito em Uganda mostrou que se-mentes de calopogônio, cudzu, cen-trosema e soja-perene apresentaram menos de 25% de germinação quan-do não escarificadas. Quanto ao siratro, LOVADINI (5) acha desne-cessária a escarificação, uma vez que a ocorrência de sementes duras é de 20% aproximadamente. Entretanto, HUTTÓN (4) afirma que o siratro apresenta de 40 a 80% de sementes duras, dependendo da idade delas e do método de colheita. Com respeito ao cudzu-tropical, TELFORD & CHILDERS (14) afirmam que suas sementes têm tegumento duro, neces-sitando de alguma espécie de escari-ficação.

O objetivo do presente trabalho foi verificar o efeito de diversos mé-todos de escarificação sobre a germi-nação de soja-perene, siiatro, centro-sema, calopogônio e cudzu-tropical, bem como a longevidade das

semen-tes não escarificadas. Estudou-se também a existência de relação entre coloração e ocorrência de sementes duras.

2 . MATERIAL E MÉTODOS Foram utilizadas sementes de soja-perene (Glycine Mightii), siratro

(Macroptilium atropurpurcum).

cen-trosema (Cencen-trosema pubescens), ca-lopogônio (Caca-lopogônio mucunoides) e cudzu-tropical (Pueraria

phaseoloi-des), colhidas nos campos de

multi-plicação da Seção de Leguminosas do Instituto Agronômico. Após o bene-ficiamento manual, o lote de cada espécie foi dividido em dois sublotes: um deles foi armazenado sem escari-ficação, para que na época de cada semeadura fosse escarificado pelos métodos expostos a seguir; o outro sofreu imediatamente escarificação pelos diversos métodos, com exceção da água quente, sendo assim arma-zenado. Os diversos sublotes, esca-rificados ou não, foram armazenados em ambiente normal de laboratório, sem controle de temperatura e umi-dade relativa. Os testes para deter-minação de umidade e gerdeter-minação foram efetuados de acordo com as Regras para Análise de Sementes (BRASIL, 1), de doze em doze meses, durante 36 meses.

Os métodos de escarificação utilizados foram:

a) Escarificação com ácido sulfúrico concentrado — consistiu em

colocar as sementes no ácido por vinte minutos, despejar a solução em uma peneira para lavagem em água cor-rente e, logo após, deixá-las embe-bidas em água por 60 minutos;

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b) Escarificação por ação do calor a seco —- consistiu em

subme-ter as sementes a uma temperatura constante de 65°C durante quatro horas;

c) Escarificação com lixa —

consistiu em atritar as sementes entre lixas de carbureto de silício n.° 36 durante dois minutos;

d) Escarificação com água quente — consistiu em colocar as

sementes em água aquecida à tempe-ratura de 75°C, durante dez minutos. Este método foi utilizado somente para escarificação periódica.

Com a finalidade de verificar a existência de relação entre coloração e ocorrência de sementes duras, reti raram-se, do lote inicial de cada es-pécie, vinte amostras de 10 gramas cada uma, para se estabelecer a por-centagem de ocorrência de sementes de tonalidades clara e escura. Após a separação, sementes das duas tona-lidades foram postas a germinar. Os

testes de germinação, para esse caso, foram realizados no início e aos doze

meses de armazenamento.

3 . RESULTADOS E DISCUSSÃO 3 . 1 . Teor de umidade das sementes Observaram-se pequenas varia-ções nos teores de umidade das se-mentes das cinco espécies, durante o período de armazenamento. Confor-me se pode notar nos dados inseridos no quadro 1, a centrosema apresen-tou sementes com maior teor de umi-dade que as demais espécies tanto no início como no final do armazena-mento, quando chegou a atingir

12,6%. Apresentou, também, no final do teste, maior porcentagem de

sementes mortas. Para as demais es-pécies, os teores de umidade das se-mentes estavam satisfatórios ainda aos

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3 . 2 . Germinação das sementes armazenadas sem escarificação

(testemunha)

Os testes de germinação para sementes não escarificadas foram efetuados durante o armazenamento para verificar a variação da porcen-tagem de germinação apenas pelo repouso das sementes. Esses testes serviram ainda para verificar a ocor-rência de sementes duras nos diver-sos lotes. Pelos dados do quadro 2, verifica-se que a germinação inicial de sementes não escarificadas foi muito baixa para todas as espécies, sendo o maior índice encontrado para centrosema, de 2 6 % . A ocorrência de sementes duras, no início, variou de 65 a 8 2 % . Nas demais épocas de análise houve aumento na porcen-tagem de germinação para todas as

espécies, mais notadamente até os 24

meses. Esse fato demonstra que o simples repouso das sementes, princi-palmente no caso da centrosema, pode influir favoravelmente na diminuição da ocorrência de sementes duras, pois o período de 24 meses foi suficiente para provocar um aumento de 4 0 % na porcentagem de germinação das sementes dessa leguminosa, que nessa época apresentava apenas 2 1 % de sementes duras, ocorrendo, portanto, uma quebra de dormência sem utili-zação de métodos especiais. Também calopogônio e cudzu-tropical, nos úl-timos meses de armazenamento, mos-travam tendência para aumento na germinação e diminuição na porcen-tagem de sementes duras, o que não se verificou para siratro e soja-perene. A quebra de dormência foi, portanto, bem nítida em centrosema, já aos doze meses de armazenamento, en-quanto em calopogônio e cudzu-tro-pical foi mais lenta.

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Os dados aqui obtidos para a soja-perene concordam plenamente com os de NEME (8), que concluiu que tais sementes não apresentam o tipo de dormência que possa ser eli-minado pelo repouso. Do mesmo modo, pode-se verificar que as se-mentes de siratro mostraram um com-portamento semelhante ao da soja-perene, pois, aos 36 meses apresen-taram 15% de germinação e 6 8 % de sementes duras. Esses dados concor-dam com HUTTON (4), que revelou ser o siratro uma espécie que apre-senta usualmente 40 a 80% de se-mentes duras, dependendo da idade e do método de colheita.

3 . 3 . Germinação das sementes submetidas aos diversos métodos de

escarificação

3 . 3 . 1 . Germinação das sementes escarificadas com ácido sulfúrico

imediatamente após a colheita Os dados do quadro 3 mostram que a escarificação com ácido sulfú-rico imediatamente após a colheita foi bastante eficiente, com índices de ger-minação acima de 80% para todas as espécies, sendo praticamente nula a ocorrência de sementes duras. Ve-rificou-se uma queda na porcentagem de germinação já a partir de doze meses, a qual se foi acentuando à medida que se prolongou o armaze-namento. Essa queda de germinação se deveu à ocorrência de sementes mortas em alta porcentagem, mos-trando a ação prejudicial do ácido sulfúrico durante o armazenamento por períodos longos. Aos 24 meses, a germinação ainda era considerada boa para todas as espécies, menos para a soja-perene, cujo índice de germinação estava abaixo de 5 0 % . Já aos 36 meses, somente o

cudzu-tropical apresentou germinação satis-fatória, 6 8 % . A soja-perene e a cen-trosema foram as espécies que mais sentiram a ação do ácido sulfúrico no armazenamento.

3 . 3 . 2 . Germinação das sementes escarificadas periodicamente com

ácido sulfúrico

Ainda no quadro 3, acham-se os dados obtidos com a escarificação periódica por ácido sulfúrico. Pode--se notar que esse método foi bastante eficiente para as cinco espécies, em todas as épocas de análises, embora com o tempo de armazenamento ocor-ressem quedas no poder germinativo, principalmente no caso da soja-pere-ne. A ação escarificadora do ácido sulfúrico aqui verificada concorda com os dados anteriormente obtidos para cudzu-tropical, por MURO & AGREDA (7) e para siratro, por PHIPPS (10).

Comparando os dados das duas partes do quadro 3, pode-se verificar que, até os doze meses de armazena-mento, praticamente não houve dife-rença sensível no poder germinativo entre sementes armazenadas já esca-rificadas, e escarificadas periodica-mente. Entretanto, após esse perío-do, a queda no poder germinativo foi mais lenta quando a escarificação foi feita periodicamente. Isso de-monstra que para períodos longos de armazenamento é preferível executar a escarificação com ácido sulfúrico no momento da semeadura, e não arma-zenar as sementes já escarificadas.

3 . 3 . 3 . Germinação das sementes escarificadas por ação do calor a seco,

imediatamente após a colheita Pelos dados do quadro 4 pode--se verificar que a escarificação com

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calor, quando executada imediata-mente após a colheita não funcionou a contento para a maioria das espé-cies. Apenas o cudzu-tropical reve-lou índice ótimo de germinação. A centrosema e o siratro mostraram índices medianos de germinação e de ocorrência de sementes duras. Já o calopogônio e principalmente a soja-perene praticamente não foram afe-tados pela ação do calor, mostrando índices altos de sementes duras até o final dos testes. Também nesse caso, com o decorrer do período de arma-zenamento, houve aumento na por-centagem de sementes mortas. Veri-fica-se, portanto, que a escarificação por ação do calor somente foi bené-fica para quebrar a dureza das se-mentes de cudzu-tropical que, desde o início até os 36 meses, apresentou germinação acima de 77% e pequena porcentagem de sementes duras. A centrosema e o siratro, apesar de mos-trarem porcentagens relativamente baixas de sementes duras, não alcan-çaram boa germinação devido à morte de sementes no final do teste.

3 . 3 . 4 . Germinação das sementes escarificadas periodicamente por ação

do calor a seco

Também no quadro 4, encon-tram-se os dados obtidos pela escari-ficação periódica por ação do calor a seco. Esse tipo de escarificação foi bastante eficiente para o caso do cudzu-tropical, pois, em todas as épocas de análise suas sementes apre-sentaram índice de germinação acima de 7 8 % . As demais espécies mos-traram índices medianos de germina-ção quando submetidas à escarifica-ção periódica por aescarifica-ção do calor. É interessante notar que durante o

ar-mazenamento houve tendência para aumento na porcentagem de germina-ção e diminuigermina-ção na ocorrência de sementes duras, conforme já se havia notado na testemunha, sem escarifi-cação.

Comparando as duas partes do quadro 4, verifica-se que para cudzu-tropical não houve diferença entre armazenar sementes já escarificadas e proceder à escarificação no momen-to do plantio, pois a germinação foi ótima para ambos os casos. Para as demais espécies, as sementes esca-rificadas periodicamente apresentaram melhores condições que aquelas ar-mazenadas já escarificadas, principal-mente a soja-perene. Para períodos muito longos de armazenamento, por-tanto, é preferível proceder-se à esca-rificação imediatamente antes do plan-tio, pois haverá melhores índices de germinação.

3 . 3 . 5 . Germinação das sementes escarificadas por atrito entre lixas,

imediatamente após a colheita O atrito das sementes entre lixas pelo período de dois minutos não resultou na escarificação das sementes de modo satisfatório, pois os índices de ocorrência de sementes duras foram altos, principalmente no início, caindo um pouco até 36 meses de armaze-namento, conforme o quadro 5. En-tretanto, não se notou melhoria sen-sível no poder germinativo das se-mentes das espécies estudadas, devido ao aumento de ocorrência de semen-tes mortas, conseqüência do longo tempo de armazenamento. A soja-perene foi a espécie menos afetada pelo atrito entre as lixas e, a centro-sema, aquela que mostrou os melho-res melho-resultados.

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3 . 3 . 6 . Germinação das sementes escarificadas periodicamente pelo atrito entre lixas

Os dados do quadro 5 .mostram que esse método não funcionou real-mente de modo satisfatório, princi-palmente para soja-perene e cudzu-tropical, pois os índices de ocorrên-cia de sementes duras podem ser considerados altos, principalmente nas épocas iniciais. Para siratro, centrosema e calopogônio, verifica-ram-se bons índices de germinação, a partir de doze meses de armazena-mento. A explicação para as varia-ções ocorridas é que, embora se tenha utilizado o tempo constante de dois minutos para escarificação, houve certa influência do operador, que não foi o mesmo em todas as épocas. O método de escarificação com lixas po-derá funcionar a contento desde que se aumente o tempo de escarificação, dependendo ainda do operador. En-tretanto, cuidados deverão ser toma-dos para que não haja grande porcen-tagem de sementes quebradas e dani-ficadas internamente. Acreditamos, ainda, que para quantidades grandes de sementes, de qualquer das espécies estudadas, poderá ser empregada com vantagem a máquina denominada "escarificador IAC", conforme preco-nizado por NEME (9), que a utilizou com bons resultados para a soja-perene.

Pelos dados do quadro 5 pode-mos verificar que a escarificação pe-riódica ofereceu melhores resultados de germinação, com menor porcen-tagem de ocorrência de sementes duras, quando comparada com a esca-rificação efetuada logo após a co-lheita.

De modo geral, e para as condi-ções desta experiência, a

escarifica-ção de sementes entre lixas funcionou razoave'mente para algumas das es-pécies estudadas, embora tenha pro-vocado melhores índices de germina-ção em relagermina-ção à testemunha, não escarificada.

3 . 3 . 7 . Germinação das sementes escarificadas periodicamente com água quente

Os dados do quadro 6 mostram os resultados obtidos com a escarifi-cação das sementes com água quente, nas diversas épocas de análise. Ini-cialmente, somente o calopogônio e o siratro mostraram ótimos índices de germinação e baixa porcentagem de sementes duras, enquanto a centro-sema e o cudzu-tropical tiveram índi-ces bons de germinação, mas ainda com ocorrência significante de semen-tes duras. A soja-perene apresentou baixo índice de germinação e alta porcentagem de sementes duras.

Com o decorrer do período de armazenamento, algumas alterações interessantes se verificaram: para ca-lopogônio e centrosema houve dimi-nuição na porcentagem de germinação e na ocorrência de sementes duras. Para soja-perene e cudzu-tropical, praticamente não houve redução no índice de germinação, mas houve grande redução na porcentagem de sementes duras. Em ambos os casos, principalmente nas épocas finais, houve alta porcentagem de sementes mortas. Das cinco espécies, apenas o siratro mostrou ótimo comporta-mento até o final dos testes. Verifi-ca-se, portanto, que a utilização da água quente é um método que fun-ciona muito bem para quebrar a du-reza das sementes; entretanto, pro-voca, na maioria das espécies, alta

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porcentagem de ocorrência de semen-tes mortas, principalmente quando o armazenamento é prolongado.

3 . 4 . Influência da coloração na ocorrência de sementes duras

Algumas observações anteriores em testes de germinação de sementes de leguminosas forrageiras deram idéia de que a coloração da semente, que em algumas espécies é bastante variável, pudesse estar relacionada com a ocorrência de sementes duras. A separação das sementes em tona-lidades claras e escuras ofereceu os seguintes resultados: a) soja-perene, 9 5 % escuras e 5 % claras; b) cudzu-tropical, 9 5 % claras e 5 % escuras; c) calopogônio, 9 0 % claras e 10% escuras; d) centrosema, 8 5 % claras e 15% escuras; e) siratro, 60% claras e 40% escuras.

Os dados do quadro 7 mostram que a porcentagem de plântulas nor-mais, obtidas para as cinco espécies, é praticamente a mesma tanto para sementes claras como para escuras, havendo variações de pequena rele-vância. Examinando as porcentagens de sementes duras, obtidas nos dois testes, verifica-se realmente que, para calopogônio e cudzu-tropical, as se-mentes de tonalidade clara mostra-ram uma porcentagem maior de se-mentes duras que aquelas de tonali-dade escura. Supondo que os testes tivessem sido instalados somente para verificar a presença de sementes du-ras, estaria caracterizada a influência da coloração, clara no caso, na ocor-rência de maior porcentagem de se-mentes duras. Entretanto, num exame mais apurado, pode-se notar que para as duas espécies ocorre uma porcen-tagem significativa de sementes

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mor-tas, quando se trata de sementes de coloração escura. Ora, levando em consideração que os lotes de semen-tes tanto de calopogônio como de cudzu-tropical eram constituídos de mais de 8 5 % de sementes claras, fica evidente que esta coloração é nor-mal e constituída de sementes perfei-tamente maduras e viáveis. Por outro lado, as quantidades de sementes es-curas encontradas constituem a mino-ria e representam, provavelmente, sementes fisiologicamente imaturas e, portanto, com maiores possibilidades de se apresentarem mortas. Dessa maneira, fica evidente que a influên-cia da coloração não está relacionada com a ocorrência de sementes duras, mas sim com a porcentagem de se-mentes mortas, por uma questão de maturação.

No caso de soja-perene, siratro e centrosema, foi verificado que as porcentagens de plântulas normais e de sementes duras e mortas eram bas-tante semelhantes, tanto para semen-tes claras como para escuras. Neste caso, trata-se provavelmente de mis-tura de cultivares, com variação na coloração de sementes. Para essas três espécies, é viável um trabalho de melhoramento, visando à seleção de cultivares com coloração uniforme de sementes.

Para o caso das demais legumi-nosas em estudo, haveria necessidade de se proceder a uma separação das sementes, visando eliminar as escuras, que, como visto, seriam de baixa via-bilidade.

4. CONCLUSÕES a) O poder germinativo das es-pécies estudadas foi bastante baixo, em se tratando de sementes sem

esca-rificação, com ocorrência de alta por-centagem de sementes duras.

b) Para centrosema, o fenô-meno de ocorrência de sementes du-ras pode ser eliminado pelo repouso das sementes, mais rapidamente que para as demais espécies.

c) Para boa germinação, as sementes das cinco espécies precisam sofrer um processo de escarificação, que deve ser efetuado, de preferência, imediatamente antes do plantio.

d) A escarificação com ácido sulfúrico concentrado aumentou a porcentagem de germinação das se-mentes de todas as espécies, chegando a atingir níveis bem elevados.

e) Entre os demais métodos, o do calor foi ótimo para cudzu-tropi-cal, o da água quente proporcionou bons índices de germinação para siratro e calopogônio, e o do atrito entre lixas, apesar de mostrar algum efeito de escarificação, foi o menos eficiente.

f) O armazenamento, por longo período, de sementes já escarificadas, principalmente com ácido sulfúrico, aumenta a porcentagem de ocorrência de sementes mortas.

g) Para qualquer dos métodos de escarificação estudados, é sempre preferível proceder à escarificação na época da semeadura.

h) A soja-perene revelou ser a espécie cujas sementes foram menos sensíveis a qualquer dos métodos de escarificação utilizados.

i) A coloração escura das se-mentes não esteve relacionada com a ocorrência de sementes duras, mas, em certas espécies, mostrou forte relação com o aparecimento de se-mentes mortas.

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S C A R I F I C A T I O N OF SEEDS O F F O R A G E L E G U M E S SUMMARY

Five species oi forage legumes, Glycine (Glycine wightii), Siratro (Macroptilium a t r o p u r p u r e u m ) , Centro (Centrosema pubescens), Calopo (Calopogonio mucunoides), a n d Tropical K u d z u ( P u e r a r i a phaseoloides), were studied a s t o t h e g e r m i n a t i o n of t h e seeds considering t h e n e e d of scarification, just after h a r v e s t i n g a n d during the storage period. F o u r scarification m e t h o d s were evaluated, i.e., by concentrated sulfuric acid, heat, s c r a t c h i n g between s a n d p a p e r s , and h o t w a t e r . R e l a t i o n between seed c o a t coloration a n d occurrence of h a r d seeds was also studied.

W h e n n o n scarified, t h e five species presented h i g h p e r c e n t a g e s of h a r d seeds a n d , with t h e exception of Centro, aging during n o r m a l storage conditions did n o t e n h a n c e the germination of t h e seeds.

T h e g e r m i n a t i o n was increased by all scarification m e t h o d s , t h e sulfuric acid being very efficient, for all species. T h e h e a t t r e a t m e n t was b e t t e r for Tropical Kudzu a n d scratching between s a n d p a p e r s was j u s t moderate for all species. Hot w a t e r t r e a t m e n t provided good g e r m i n a t i o n percentages for Siratro a n d Calopo, b u t caused occurrence of high percentages of dead seeds a t t h e final of t h e storage period. I n long storage periods it is preferable, in a n y case, t o m a k e the scarification j u s t before planting, because t h e occurrence of dead seed will be lower. Finally, i t was observed t h a t the difference of coloration i n t h e seed lots did not influence t h e occurrence of h a r d seeds b u t was related t o the existence of dead seeds.

LITERATURA CITADA

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