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MORFOLOGIA E RAMOS PRINCIPAIS DA ARTÉRIA BASILAR EM GATOS*

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RESUMO. O conhecimento das variações anatô-micas é importante para procedimentos cirúrgicos e radiológicos na pesquisa experimental e na prática cirúrgica em animais domésticos. O objetivo deste estudo foi descrever as principais ramificações da

EM GATOS*

Marcelo Salvador-Gomes1, José Miguel Farias Hernandez2,Luciano da Silva Alonso3

e Marcelo Abidu-Figueiredo3+

ABSTRACT. Salvador-Gomes M., Hernandez J.M.F., Alonso L. da S. & Abidu-Fi-gueiredo M. [Morphology and main branches of the basilar artery in cats]. Morfo-logia e ramos principais da artéria basilar em gatos. Revista Brasileira de Medicina Ve-terinária 34(3):206-212, 2012. Área de Anatomia Animal, Departamento de Biologia Animal, Instituto de Biologia, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, BR 465 km 7, Seropédica, RJ 23890-000, Brasil. E-mail: marceloabidu@gmail.com

The knowledge of anatomical variations is important for radiological and surgical procedures for experimental research and surgical practice in domestic animals. The aim of this study was to describe the main branches of basilar artery in domestic cats. The anatomical dissections were performed on 50 cadavers of adult cats, 25 male and 25 female, with a rostrum-sacral length of 47.9 cm and 46.6 cm respectively. Cats were positioned in right lateral decubit and a thoracic incision was made to remove the 6th and 7th ribs to cannulate the thoracic portion of aorta. After fixed with 10% formal-dehyde solution and performing the injections with latex solution stained with pigment, the animals were dissected to identify the main branches of the basilar arteries. The average length and standard deviation of the basilar were calculated and compared in both sexes by unpaired t test. To verify if the frequency distributions observed for the 50 examined animals is in accordance with the literature, we performed the Qui square (X2) test, with a 5% level of significance, to test if the nullity hypothesis is true for the form of the basilar artery. The relations between the basilar artery length with rostrum--sacral and cranium length were calculated by the correlation coefficient “r” varying between -1 and -1 < r < +1 The mean and standard deviation of the basilar artery was 1.92 cm ± 0.22 in females and 2.06 cm ± 0.15 in males. In all (100%) dissected cats the basilar artery, originated from the fusion of the right and left vertebral arteries as an only one artery giving different numbers of branches to pons and bulbus No correlation was observed between the basilar artery with the rostrum-sacral and cranium length in both sexes.

KEY WORDS. Vascularization, neuroanatomy, feline.

*Recebido em 25 de setembro de 2011.

Aceito para publicação em 28 de fevereiro de 2012.

1 Médico-veterinário, Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária (PPGMV), Instituto de Veterinária (IV), Universidade Federal

Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), BR 465 km 7, Seropédica, RJ 23890-000, Brasil. Email: salvador-marcelo@hotmail.com

2 Curso de Graduação em Medicina Veterinária, Instituto de Veterinária (IV), Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), BR

465 km 7, Seropédica, RJ 23890-000. Email: jmfh01@yahoo.com.br

3 Médico-veterinário, D.Sc., Área de Anatomia Animal, Departamento de Biologia Animal, Instituto de Biologia, UFRRJ, BR 465 km 7,

Seropédica, RJ 23890-000. +Autor para correspondência. Email: marceloabidu@gmail.com

artéria basilar em gatos. As dissecções foram reali-zadas em 50 cadáveres de gatos adultos, 25 machos e 25 fêmeas, com média do comprimento rostro--sacral de 47,9cm e 46,6 cm, respectivamente. Os gatos foram posicionados em decúbito lateral

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di-reito e feita uma incisão torácica para remoção da 6ª e 7ª costelas para canulação da porção torácica da aorta. Após fixação com solução de formaldeí-do a 10% e preenchimento formaldeí-do sistema arterial com solução de látex corado procedeu-se a craniotomia, remoção dos encéfalos e dissecção para a observa-ção das ramificações principais da artéria basilar. O comprimento médio e desvio padrão da artéria basilar foram calculados e comparados em ambos os sexos através do teste t não pareado. Com o in-tuito de verificar se a distribuição de frequências observadas para os 50 animais examinados está de acordo com a literatura, aplicou-se o teste do qui--quadrado considerando o nível de significância 5% para testar se a hipótese de nulidade é verdadeira, no que diz respeito a forma da artéria basilar. Em re-lação ao comportamento conjunto do comprimento da artéria basilar em função do comprimento rostro--sacral e do crânio, optou-se por calcular o coefi-ciente de correlação “r”, que pode variar entre –1 e +1, isto é, -1 < r < +1. A média e desvio padrão do comprimento da artéria basilar foram de 1,92 cm ± 0,22 nas fêmeas e 2,06 cm ± 0,15 nos machos. Em todos os gatos dissecados (100%) a artéria basilar se originou da anastomose das artérias vertebrais, direita e esquerda, como uma artéria única, emitin-do diferentes ramos para o bulbo e a ponte. Não foi observada correlação entre o comprimento da arté-ria basilar em função do comprimento rostro-sacral e do crânio em ambos os sexos.

PALAVRAS-CHAVE. Vascularização, neuroanatomia, felino. INTRODUÇÃO

As doenças que acometem o sistema nervoso cen-tral dos animais domésticos representam uma parcela importante das afecções observadas na prática clini-co-cirúrgica de animais de companhia, e são respon-sáveis por uma grande parcela de óbitos e sequelas.

Nos últimos anos observa-se grande avanço nas técnicas de diagnóstico por imagem, que se desti-nam à investigação das estruturas do sistema ner-voso central facilitando dessa forma o prognóstico e o tratamento de diferentes patologias (Quinones--Hinojosa et al. 2006, Szeifert et al. 2007).

Acompanhando o mesmo crescimento, muitas doenças do sistema nervoso também passaram a ser diagnosticadas com mais frequência e precisão, possibilitando muitos avanços na pesquisa biomé-dica gerando tratamentos cada vez mais seguros e minimamente invasivos (Kano et al. 2009, Simon & Schramm 2009).

O interesse pelo estudo da vascularização do sis-tema nervoso aplica-se também na anatomia com-parada visando subsidiar meios à Neurocirurgia e ao diagnóstico por imagem para que os animais ao invés de eutanasiados possam obter maiores chan-ces de sobrevivência.

Pesquisas que esclareçam a organização, dis-tribuição e possíveis variações dos vasos da base do encéfalo certamente contribuirão para o avanço na abordagem clínico – cirúrgica em animais do-mésticos. O objetivo deste estudo foi descrever e comparar a medida da artéria basilar em ambos os sexos, suas principais ramificações e correlacionar os valores obtidos com o comprimento rostro-sacral e do crânio.

MATERIAL E MÉTODOS

Todos os cadáveres utilizados foram cedidos à área de Anatomia Animal da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, congelados e armazenados em freezer desde que foram recebidos.

Foram utilizados 50 gatos, SRD, adultos, sendo 25 machos e 25 fêmeas.

Inicialmente os cadáveres foram descongelados em água corrente, sexados e identificados através da colocação de etiqueta plástica numerada fixada com barbante ao tendão do calcâneo. Com o auxílio de uma trena metálica foi mensurado o comprimento rostro-sacral de cada animal, tendo como referência a extremidade do focinho até a inserção da cauda.

Os cadáveres foram posicionados em decúbito lateral direito para acesso a porção torácica da aor-ta, através de incisão realizada entre o 6° e o 10° espaço intercostal. A artéria foi canulada com sonda uretral número oito ou dez (variável em função do diâmetro do vaso) sendo presa com barbante para evitar extravasamentos e manter a pressão intra-vascular. A fixação foi feita injetando-se, através da sonda, solução de formaldeído a 10% (volume variável em função do peso do cadáver) em sentido cranial.

Imediatamente após a fixação dos cadáveres, foi injetada solução de Petrolátex S65 (Refinaria Duque de Caxias – REDUC- Petrobrás/ Duque de Caxias/ RJ) corado com pigmento Suvinil para pre-enchimento de todo o sistema arterial. Em seguida os cadáveres foram imersos em caixas de polietile-no de baixa densidade de capacidade de 500 litros contendo solução de formaldeído a 10 % para a fi-nalização do processo de fixação e polimerização do látex. Decorridos sete dias da injeção do látex,

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os cadáveres foram lavados em água corrente e dis-secados.

Este experimento faz parte do projeto intitula-do Anatomia vascular no gato: estuintitula-do destinaintitula-do à prática cirúrgica, experimental e ao diagnóstico por imagem, que foi submetido e aprovado pelo comitê de ética e pesquisa da UFRRJ, sob o processo de número 23083.005334 / 2009 – 49.

Análise Estatística

Foram calculadas a média e o desvio padrão do comprimento da artéria basilar, do crânio e do ani-mal (rostro-sacral). Essas medidas foram compa-radas entre os sexos através do teste t não pareado. Com o intuito de verificar se a distribuição de fre-quências observadas para os 50 animais examina-dos está de acordo com a literatura, aplicou-se o teste do χ2 para testar se a hipótese de nulidade é

verdadeira, no que diz respeito à forma da artéria basilar.

Em relação ao comportamento conjunto da arté-ria basilar em função do comprimento rostro-sacral e do crânio, optou-se por calcular o coeficiente de correlação r, que pode variar entre –1 e + 1, isto é, -1 < r < + 1. Considerou-se um p < 0,05. Todo o processamento dos dados foi realizado no Software Graphpad Prism5.

RESULTADOS

Em todos os machos e fêmeas examinados as artérias vertebrais, direita e esquerda foram evi-denciadas na transição do bulbo com a medula es-pinhal, onde sofreram anastomose e continuaram caudorrostralmente como artéria basilar e rostro-caudalmente, como artéria espinhal ventral.

A artéria basilar dos machos apresentou média de comprimento de 2,06 cm com desvio padrão de 0,15 cm. Em 100% dos machos a artéria basilar originou-se da fusão das artérias vertebrais, direita e esquerda, seguindo de forma retilínea em direção a base do encéfalo em 19 (76%) machos e de for-ma sinuosa em seis (24%) for-machos. Em seguida em ambos os casos emitiu seu primeiro ramo que se di-vidiu em ramo direito e esquerdo denominado de artéria cerebelar caudal direita e esquerda (Figura 1), que apresentaram simetria de posição em rela-ção aos antímeros em 10 machos (40%) e assimetria de posição em 15 (60%) seguindo sentido rostral dando origem a ramos para ponte que variaram de dois a cinco e para o bulbo variando de três a cinco em todos os machos.

No ponto de sua bifurcação, a artéria basilar em sua porção rostral, emitiu ramos direito e esquerdo denominado artéria cerebelar rostral direita e es-querda (Figura 1).

Nas fêmeas a artéria basilar apresentou média de comprimento de 1,92 cm com desvio padrão de 0,22 cm. Em 100% das fêmeas a artéria basilar ori-ginou-se da fusão das artérias vertebrais, direita e esquerda, seguindo de forma retilínea em direção a base do encéfalo em 12 (48%) fêmeas e de forma si-nuosa em 13 (52%) fêmeas (Figura 2). Em seguida, em ambos os casos emitiu seu primeiro ramo que se dividiu em ramo direito e esquerdo denominado de artéria cerebelar caudal direita e esquerda, que apresentaram simetria de posição em relação aos antímeros em 14 fêmeas (56%) e assimetria de po-sição em 11 (44%) seguindo sentido rostral dando origem a ramos para ponte que variaram de dois a cinco e para o bulbo variando de dois a quatro em todas as fêmeas. No ponto de bifurcação da artéria basilar, em sua porção rostral, emitiu ramos direito e esquerdo denominado artéria cerebelar rostral di-reita e esquerda.

Figura 1. Fotomacrografia mostrando a artéria basilar e suas ramificações principais: AB= artéria basilar; AV = artéria ver-tebral; ACC= artéria cerebelar caudal; ACR= artéria cerebe-lar rostral; RP= ramo para ponte.

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DISCUSSÃO

Morfometria e origem da artéria basilar

A média e o desvio padrão do comprimento da artéria basilar nos machos foram de 2,06 ± 0,15 e nas fêmeas de 1,92 ± 0,22, não apresentando dife-rença estatística (P= 0, 0156). Na literatura consul-tada não foram observados valores correspondentes a medida desse vaso.

A artéria basilar, tanto nos machos quanto nas fê-meas, formou-se a partir da anastomose das artérias vertebrais, direita e esquerda, concordando com os achados de Lima et al. 2006.

Jewell (1952) em estudo com cães afirmou que a artéria vertebral se juntava à artéria espinhal ven-tral na superfície venven-tral da medula espinhal, após receber anastomose das artérias occipitais originan-do rostralmente a artéria basilar. De La Torre et al. (1962) entretanto, relataram em cães que esta arté-ria era formada pela união dos ramos dorsais direito e esquerdo do ramo occipito-vertebral , semelhan-te aos resultados obtidos por Gillilan (1976) que também usou o cão e o gato. Diferente dos autores acima, Pais et al. (2009) observaram que, em todos os cães analisados, as artérias vertebrais direita e esquerda foram as responsáveis pela formação da artéria basilar, corroborando com os resultados da presente investigação.

Em estudo com encéfalo de fetos de búfalos sem raça definida (Faria & Prada 2001) e em fetos de

bovinos azebuados (Melo & Prada 1998), a artéria basilar se apresentou como um vaso ímpar resultan-te da convergência dos ramos caudais, direito e es-querdo, da artéria carótida; diferente do observado por Ocal et al. (1999) em camelo (Camelus drome-drarius) e Brudnicki (2000) em caprinos onde em ambos os casos a arteria basilar era formada pela anastomose das artérias vertebrais e artéria espinhal ventral.Os resultados acima diferem dos obtidos na presente investigação.

Almeida & Campos (2011) estudaram a sistema-tização dos vasos arteriais do cérebro do jacaré do papo amarelo (Caiman latirostris) e observaram que a artéria basilar era formada a partir da anastomose das partes convergentes do ramo caudal da artéria carótida interna, arranjo semelhante ao observado por Nazer (2009) no cérebro de Avestruz, onde a artéria basilar apresentou-se como um vaso único em 80%, de forma dupla em 13,3% e em forma de ilha em 6,7% das amostras diferente dos resultados da presente pesquisa onde a artéria basilar se apre-sentou apenas de forma única.

Variações na artéria basilar foram descritas por Paiva-de-Souza et al. (2010) em equinos mestiços com a frequência variável da artéria caroticobasilar, uma anastomose entre a artéria carótida interna e a artéria basilar observada na face ventral do tronco encefálico .

Depedrine & Campos (2003) estudaram o cére-bro da raposa (Pseudalopex gymnocercus), e obser-varam que a artéria basilar originou-se da artéria vertebral direita e esquerda e pela bifurcação ter-minal rostral da artéria espinhal ventral, entretanto, de acordo com Wiland (1966), a artéria basilar na raposa forma-se através da união dos ramos da arté-ria vertebral e occipital. Em ambos os autores acima citados, os resultados obtidos diferem dos verifica-dos na presente investigação.

Em estudo realizado com roedores da espécie Hystrix cristata e Spalax leucodon, Aydin et al. (2005, 2008), respectivamente, observaram que em ambas as espécies a artéria basilar originou-se da fusão das artérias vertebrais direita e esquerda; este mesmo arranjo foi observado por Reckziegel et al. (2001) em estudo realizado em capivaras (Hydro-choerus hydrochoeris) e também nos resultados ob-tidos na presente investigação.

Em pesquisa sobre as artérias da base do encé-falo de equinos Puro Sangue Inglês, Campos et al. (2003) observaram que a artéria basilar formou-se a partir da convergência das artérias occipitais direita Figura 2. Fotomacrografia mostrando a forma sinuosa da

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e esquerda, diferente do que foi observado na pre-sente pesquisa.

Lima et al. (2005) em estudo realizado com en-céfalos de suínos da linhagem Camborough 22, Fer-reira & Prada (2005) em suínos sem raça definida e Oliveira & Campos(2005) no javali (Sus scrofa scrofa), observaram que a rede admirável epidural caudal e ainda a artéria espinhal ventral foram as responsáveis pela formação da artéria basilar, dife-rente do verificado na presente investigação.

Em chinchilas (Chinchilla lanígera) Araujo & Campos (2005), observaram que em 96,7% dos animais dissecados a artéria basilar formou-se pela convergência das artérias vertebral direita e esquer-da, enquanto que, em 3,3%, a artéria basilar foi formada pela artéria carótida interna esquerda. Os resultados desses autores, apesar de não estarem expressos separados pelo sexo, assemelham-se, em parte, com os do presente estudo, pois em 100% dos animais dissecados as artérias vertebrais, direi-ta e esquerda, foram responsáveis pela formação da artéria basilar.

Azambuja (2006) estudou os vasos da base do encéfalo do ratão do banhado (Myocastor ciypus) e observou que a artéria basilar nesses animais for-mava-se a partir da anastomose dos ramos terminais das artérias vertebrais direita e esquerda, semelhan-te ao observado em gatos na presensemelhan-te investigação e aos resultados de Ferreira & Prada (2001) em es-tudo sobre os vasos da base do encéfalo do macaco--prego (Cebus apella).

Sinuosidade/retilíneo

Almeida & Campos (2011) no cérebro do jacaré do papo amarelo (Caiman latirostris) observaram que a artéria basilar apresentou trajeto retilíneo em 76,6%, e ligeiramente sinuoso em 23,3% das amos-tras, arranjo este que se assemelha aos resultados percentuais totais verificados na presente investiga-ção.

No encéfalo de fetos de búfalos sem raça defini-da, Faria & Prada (2001) verificaram que a artéria basilar é um vaso ímpar que apresentou trajeto re-tilíneo em 66,7%, sinuosidade discreta em 30,0% e sinuosidade evidente em 3,3% das amostras, asse-melhando-se aos resultados percentuais totais veri-ficados na presente investigação ainda que os referi-dos autores tenham utilizado o critério de avaliação com três arranjos.

Para Gillian (1976) a artéria basilar no gato é retilínea, enquanto no cão este vaso e seus ramos

terminais sofrem certo grau de tortuosidade. De maneira semelhante, Alcântara & Prada (1996a) in-formaram que a referida artéria em cães tem trajeto sinuoso em 70%, e retilíneo em 30% sem, no entan-to, separar os percentuais encontrados em função do sexo. Pais et al. (2009) observaram que a morfo-logia da artéria basilar foi particularmente variável em 80% dos casos onde a artéria basilar seguiu de forma retilínea e em poucos casos apresentou-se de forma sinuosa. Nos resultados obtidos na presente investigação, foram observados trajetos retilíneos e sinuosos em ambos os sexos dos gatos com percen-tuais diferenciados.

Em estudo realizado com suínos (Ferreira & Pra-da 2005) a artéria basilar apresentou-se retilínea em 33%, com sinuosidade discreta em 60% ou com-pletamente desalojada da fissura mediana ventral do bulbo em 6,7%; no javali (S. s. scrofa) a arté-ria basilar apresentou leve sinuosidade em 86,7% e sinuosidade mais evidente em 13,3% das amostras observadas (Oliveira & Campos 2005). Na presente investigação foram verificadas em ambos os sexos apenas os arranjos morfológicos retilíneos e sinuo-sos.

Reckiegel et al. (2001) comentam que nas ca-pivaras (H. hydrochoeris) os ramos terminais da artéria basilar apresentam trajeto extremamente re-tilíneo, até o ponto de origem da artéria oftálmica interna, quando adquire certa tortuosidade Em ga-tos de ambos os sexos dissecados no presente expe-rimento foram observados os arranjos morfológicos retilíneos e sinuosos.

Lima et al. (2006) observaram em estudo com gatos, que a artéria basilar, após sua origem das artérias vertebrais, direita e esquerda, apresenta-se com sinuosidade bastante evidente em 20%, sinu-osidade discreta em 63,33% e disposição retilínea em 30% até a sua bifurcação nos ramos terminais direito e esquerdo.

Em relação ao número total de animais utiliza-dos na presente pesquisa, em 62% a artéria basilar apresentou-se de forma retilínea enquanto que, em 38%, essa artéria apresentou-se de forma sinuosa. Esses dados diferem dos observados por Lima et al. (2006) levando-se em consideração que os refe-ridos autores utilizaram três arranjos. Ainda assim os referidos autores não apresentaram os resultados por sexo conforme a presente pesquisa. Através do teste do χ2, foi observado que existe o predomínio

da forma retilínea nos machos e sinuosa nas fêmeas (P = 0,0414).

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Ramificações principais

Em todos os animais dissecados a artéria basilar emitiu como ramos principais, a artéria cerebelar caudal que se apresentou de forma simétrica e assi-métrica em relação ao antímero, seguida de ramos variados em número, e de menor calibre para ponte e bulbo e como último ramo, as artérias cerebelares rostrais, direita e esquerda. Esses resultados asse-melham-se aos obtidos por Lima et al. (2006) para gatos e Alcântara & Prada (1996 a,b) para o cão.

CONCLUSÃO

O comprimento da artéria basilar não difere nos dois sexos. Existe um predomínio da forma retilí-nea da artéria basilar nos machos e sinuosa nas fê-meas. Não houve correlação entre o comprimento da artéria basilar e o comprimento do crânio e do animal.

Agradecimentos. À CAPES, pelo apoio finan-ceiro para realização do projeto.

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