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Em busca do espírito olímpico: maturação biológica e iniciação esportiva no minibasquetebol

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Academic year: 2021

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0 | Abstract

This research aimed to investigate the biological maturation level and the process of selection of mini-basketball players within the Olympic spirit. Forty-three young boy players, 11 and 12 years of age, constitute the sample. They played in the best four teams of 1999 mini-basketball championship of Rio Grande do Sul. The Tanner Test was used to evaluate biological maturation level of the athletes. It determines the degree of the secondary sexual characteristic of pubic hair. The self-assessment method was used. A questionnaire designed by the researchers and used as instrument for data collection was answered by the coaches to identify the presence of the biological maturation aspect in the planning and selection of the young players for participation in competitions. The coaches were also interviewed by the researchers to define which criteria had been established for the selection of athletes. The main conclusion was that

Em busca do espírito olímpico:

maturação biológica e iniciação

esportiva no minibasquetebol

Nelson Schneider Todt

Faculdade de Educação Física e Ciências do Desporto Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Brasil

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the young athletes who had been selected for competitions were in either maturate or post-maturate conditions.

1 | Introdução

O esporte exerce significativa influência nos processos de desenvolvimento desde a infância. A preparação de jovens atletas é uma etapa complexa dentro da Iniciação Esportiva, pois centra sua atenção nas relações inter-pessoais. Esta afirmação se justifica pelo fato do esporte, a partir do ponto de vista psicológico e motor, abranger o jogo, seus objetivos, funções, meios, treinamentos, a comunicação no grupo, os tipos de vínculos que se estabelecem entre jogadores, técnicos, familiares e torcedores, além das próprias instituições, entre tantos outros pontos possíveis de serem investigados.

Este estudo busca uma melhor compreensão do esporte como marco social para as crianças, aliando as idéias da Carta Olímpica aos valores e realidade esportiva, mas também, de forma mais objetiva, apresentar uma perspectiva pedagógica sobre a infância e o esporte.

Neste sentido vale ressaltar que o movimento desportivo tem estado ligado aos princípios ditados por Pierre de Coubertin e pelos pedagogos do século XIX, sem preocupar-se em refazer um discurso adaptado à nova dimensão, função social e evolução de algumas práticas que alcançam dimensões diferentes e até antagônicas com as postuladas inicialmente.

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Mas, afinal, qual é o papel do esporte no desenvolvimento infantil? É comum aceitarmos como positivas as atividades físicas e esportivas desenvolvidas, provocando um processo de crescimento e como meio de incremento do desenvol-vimento funcional da criança. Pode-se dizer que as ativida-des físicas não só são importantes, senão necessárias para um crescimento sadio.

A iniciação esportiva e a especialização esportiva precoce Especialistas de diversas áreas, especialmente da Educação Física, apontam os benefícios das atividades esportivas na infância, mas também alertam para o aspecto demasiadamente competitivo dessa prática.

As práticas institucionalizadas de atividades físico-esportivas entre crianças e jovens originaram-se nas escolas de ginástica do século XVIII (I SANT, 1992).

O esporte favorece o desenvolvimento da capacidade motriz infantil. Isto ocorre enquanto é desejado pela criança e quando é organizado de forma consciente pelos adultos. Entretanto, muitas vezes estas características se perdem, quando o esporte começa a ser muito desejado e/ou imposto pelos adultos.

Podem-se identificar duas faces na Iniciação Esportiva Infantil: uma que considera o esporte como elemento importante de cultura, com relevante importância nos programas educativos; e outra que o considera como um elemento de comparação, seleção e competitividade que

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conduz em certas circunstâncias a excessos, submetendo as crianças, durante a atividade esportiva, a responsa-bilidades de adultos, mas que fora deste contexto seguem sendo crianças.

Durant (apud Pérez, 1992) diz que os esportes oferecem às crianças oportunidades de mostrarem sua competência motora e adquirirem hábitos que permitam, no futuro, empregar seu tempo livre e, também, uma fonte de enriquecimento pessoal, daí a necessidade de valorizar o positivo (o desfrutar o jogo) e diminuir o negativo (ganhar a todo custo). Esta maneira de pensar contribuirá para evitar o abandono precoce de esportistas, que é evidenciado principalmente nas práticas sistemáticas de uma única modalidade esportiva, na qual os treinamentos são intensos, visando o alto rendimento em competições.

Entretanto, as conclusões apontadas por estudos realizados em vários países, invariavelmente são os mesmos: “só uma percentagem muito reduzida de campeões em idade jovem chega a campeão na idade de altos rendimentos” (Marques, 1997, p.23).

Este sistema de treinamento e disputa caracterizados anteriormente pode ser definido como Especialização Esportiva Precoce (EEP), que ocorre, principalmente, entre crianças desde os 10 a 12 anos de idade.

Considera-se a EEP como um fenômeno multifatorial, relacionado ao nível de crescimento e desenvolvimento da

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própria criança e a sua interação com o meio. Uma melhor compreensão da dinâmica psico-biológica da criança em desenvolvimento pode, em muito, contribuir para o aperfei-çoamento das estratégias e técnicas a ela direcionadas.

2 | O desenvolvimento infantil e a maturação biológica Outro aspecto muito importante parece não ser percebido nos programas de Iniciação Esportiva: o fenômeno do crescimento que ocorre na puberdade. Cada indivíduo tem um “relógio biológico” inato que regula seu progresso para o estado maduro.

O conceito de maturação relaciona o tempo biológico com o tempo calendário.

O crescimento e a maturação biológica de uma criança, necessariamente, não se relacionam diretamente com o desenvolvimento calendário ou com a idade cronológica da criança, pois a puberdade começa em diferentes idades, em diferentes indivíduos, mesmo naqueles do mesmo sexo. Assim, uma criança ou adolescente, participando de um campeonato realizado dentro dos moldes de um campeonato adulto, estará competindo com outras de igual idade cronológica, porém de diferentes idades biológicas (idade que realmente corresponde à fase em que se encontra).

Segundo Papalia & Olds (2000), aqueles que amadurecem antes são mais musculosos, mais fortes e podem ser melhores nos esportes, têm uma imagem corporal mais favorável.

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Nota-se assim que este tipo de evento torna-Nota-se inadequadamente seletivo, uma vez que beneficia as crianças com crescimento acelerado ou com maior idade biológica, em detrimento das demais.

Assim, faz-se necessário referir o Princípio Fundamental nº 6 da Carta Olímpica, que estabelece que como um dos objetivos do Movimento Olímpico educar a juventude por meio do esporte praticado sem qualquer tipo de discriminação e dentro do espírito olímpico, que exige compreensão mútua, amizade, solidariedade e fair-play.

3 | Resultados e discussão

O presente estudo relaciona as competições e treinamentos para minibasquetebolistas com alguns fatores como o fenômeno do crescimento que ocorre na puberdade e o aspecto formativo do esporte. A amostra é constituída por 43 minibasquetebolistas do sexo masculino, com idades entre 11 e 12 anos, pertencentes às quatro equipes finalistas do Campeonato Gaúcho de Minibasquetebol de 1999.

Para avaliar o nível de maturação biológica dos atletas, utilizou-se o Teste de Tanner que determina o grau de deutilizou-senvolvimento da característica sexual secundária - pelos pubianos. De acordo com a tabela de graus de desenvolvimento da pelugem pubiana, os estados de maturação deste estudo, estão assim classificados: P1 - pré-púbere, P2, P3 e P4 - púbere e P5 - pós-púbere (Bonjardim & Hegg, 1988).

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Os dados revelam uma tendência para a seleção de atletas que se encontram nos estágios P3, P4 e P5, que estão associados com a saída da puberdade e com a categoria pós-pubere. Esta seleção é caracterizada neste trabalho pelo desempenho técnico dos atletas, a partir da opinião dos seus respectivos treinadores.

Quanto à maturação é sabido que, nos esportes em que o rendimento depende de níveis superiores da altura e do peso, como no basquetebol, os atletas jovens tendem a ser maturacionalmente avançados. Mais uma vez, verifica-se o efeito provável da verifica-seleção dentro de cada esporte.

Os resultados referentes ao estadiamento puberal ou nível de maturação biológica, dos atletas das equipes finalistas do Campeonato Gaúcho de Minibasquetebol, do naipe Masculino, demonstram que, nesta faixa de idade cronológica as equipes apresentam entre si, e individualmente, um perfil diferenciado do estado maturacional que aponta para uma fase de grande transformação biológica.

4 | Conclusão e considerações finais

De acordo com os resultados expostos anteriormente, a especialização das competições se faz acompanhar, necessariamente, da especialização do treino (Marques, 1997; Bompa, 2000; Lima, 2000). Como resultado disso, os treinadores passam a especializar as crianças precocemente, ocasionando, com freqüência, um processo de seleção que não leva em conta o critério da maturação biológica.

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Este tipo de avaliação pode conduzir a erros de predição quando efetuada sem suporte científico ou mecanismos que justifiquem os critérios de seleção adotados, devido à “instabilidade” que caracteriza a dinâmica evolutiva do processo de crescimento e desenvolvimento da criança.

Pela importância das questões levantadas nesta investigação, novas propostas e modelos se tornam indispensáveis no processo de Iniciação Esportiva.

O sistema competitivo tradicional, por se assemelhar muito ao do esporte de alto nível, não é o mais indicado no esporte para crianças. A preocupação, em alterar a estrutura e os regulamentos das competições é antiga. Apesar disto, até hoje há muita resistência por parte de treinadores, dirigentes e até pais, pois muitas vezes eles consideram que estas alterações, mesmo concretizadas, nada acrescentam à experiência dos jovens esportistas, na formação e na seleção para o esporte de alto nível.

Nem todas as competições contribuem na formação das crianças. Elas devem estar ajustadas aos níveis de desenvolvimento, aos estados de prontidão dos atletas. Dessa maneira podem ser diminuídas as taxas de abandono e aumentadas as de ingresso de jovens para o esporte, porque é cada vez mais urgente a promoção de atividades físicas e desportivas para este grupo etário.

A estratégia a ser utilizada na preparação de atletas deve decorrer de princípios que são valorizados na sua formação,

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fazendo da disputa uma extensão da atividade de treino e não o contrário. No esporte, como quase em tudo, o tempo de formação é de preparação do futuro.

Marques (apud Todt, 2001, p.72) ainda ressalta que: “[...] muitos treinadores trocam os resultados do futuro pelos ilusórios sucessos do presente e os pequenos títulos de hoje por aqueles que verdadeiramente importam [...] No desporto de rendimento, as vitórias das crianças e adolescentes são importantes para os jovens atletas, mas não podem ser para os treinadores”.

Ressalta-se o pensamento de Bento (1989, p.34), quando afirma: “Para que o esporte de alto rendimento possa constituir um modelo válido de referência e de inspiração para o esporte infanto-juvenil, não basta tornar aquele mais perfeito. É preciso torná-lo mais humano”.

5 | Referências

BENTO, J. A criança no treino e desporto de rendimento. Revista Kinesis, Santa Maria, v. 5, n.1, p. 34, 1989.

BOMPA, T. Total training for young champions. Champaing: Human Kinetics, 2000.

BONJARDIM, E.; HEGG, R. Crescimento e desenvolvimento pubertário em crianças e adolescentes brasileiros. São Paulo: Brasileira de Ciências, 1988.

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ISANT, J. El deporte como marco social del niño. In: MINISTERIO DE ASUNTOS SOCIALES. Infancia y sociedad. Los deportes. Madrid: Centro de Publicaciones, 1992. p. 25-37.

LIMA, T. Competições para jovens. In: CEFD (Ed.). O melhor da revista Treino Desportivo. Lisboa: CEFD, 2000. p. 235-248.

MARQUES, A. A preparação desportiva de crianças e jovens. O sistema de competições. In: GUEDES, O. (Org.). Atividade Física: uma abordagem

multidimensional. João Pessoa: Idéia, 1997.

PAPALIA, D.; OLDS, S. Desenvolvimento Humano. 7. ed. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.

PÉREZ, L. Actividades físicas y desarrollo motor en la infancia. In: MINISTERIO DE ASUNTOS SOCIALES. Infancia y sociedad. Los deportes. Madrid: Centro de Publicaciones, 1992. p.5-16.

TODT, N. A maturação biológica e a seleção de atletas no minibasquetebol. 2001. 107 f. Dissertação (Mestrado em Ciências do Movimento Humano) - Programa de Pós-Graduação, Escola de Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2001.

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