ABSTRACT
The ectopic thyroid is any thyroid tissue located outside its usual topography, which may present in the midline of the neck or, more rarely, in the lateral cervical region. Some theories try to explain the origin of ectopic thyroid tissue: failure of the gland to descend, sequestration of thyroid nodules, presence of thyroid tissue in the cervical lymph node capsule, teratomatous f o r m a t i o n , s e c o n d a r y t o b r a n c h i a l abnormalities. In the diagnostic approach, several tests have been used. Cases with thyroid ectopic tissue without topical thyroid are uncommon. It is concluded that the presence of ectopic thyroid tissue should be included in the differential diagnosis of cervical masses. The authors report a case of sublingual ectopic thyroid tissue in a female patient who had never performed a previous imaging test and reported cervical bulging.
INTRODUÇÃO
Tireoide ectópica foi primeiramente 1
descrita por Hickmam em 1969 , sendo definida como qualquer tecido tireoideano não localizada em sua topografia habitual, ou seja, anteriormente ao segundo, terceiro e quarto anéis traqueais, na linha média cervical. Mais frequente em mulheres (3-4:1) (2), é uma desordem embriológica rara, com uma incidência aproximada de 1 caso para cada 3 0 0 . 0 0 0 n a s c i m e n t o s , r e l a t a d o s aproximadamente 440 casos até o momento (3-a
Faculdade de Medicina de Jundiaí. Disciplina de Radiologia, Departamento de Clínica Médica.
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Faculdade de Medicina de Jundiaí. Professor Assistente da Disciplina de Radiologia, Departamento de Clínica Médica
E m a i l d o A u t o r C o r re s p o n d e n t e . : h g r i l l o j u n q u e i r a @ h o t m a i l . c o m
RESUMO
A tireoide ectópica é qualquer tecido tireoideano localizado fora de sua topografia habitual, podendo apresentar-se na linha mediana do pescoço ou, mais raramente, na região cervical lateral. Algumas teorias tentam explicar a origem do tecido tireoideano ectópico: falha na descida da glândula, sequestro de nódulos tireoideanos, presença de tecido tireoideano na cápsula de linfonodos cervicais, formação teratomatosa, secundário a a n o m a l i a s b r a n q u i a i s . N a a b o rd a g e m diagnóstica, diversos exames têm sido utilizados. Casos com tecido ectópico tireoideano sem tireóide tópica são incomuns. Conclui-se que a presença de tecido ectópico tireoideano deve ser incluída no diagnóstico diferencial de massas cervicais. Os autores relatam um caso de tecido ectópico tireoideano sublingual, em paciente do sexo feminino que nunca havia realizado exame de imagem prévio e relatava abaulamento cervical.
Avaliação por métodos de imagem de tireoide ectópica sublingual.
Evaluation by imaging methods of sublingual ectopic thyroid Palavras-chave: Tireoide; Ectópica; Radiologia; Acidental; Diagnostico.
Key-words: Thyroid; Ectopic; Radiology; Accidental; Diagnosis.
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Hellora Grillo Junqueira
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Thays Bueno de Carvalho
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Pedro Henrique Carminatti
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Caroline von Abel de Souza Giovanni Suzan
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13). É a causa mais comum de hipotireoidismo em crianças, constituindo-se 52% das disgenesias tireoidianas.
Na maioria dos casos relatados, o tecido ectópico está localizado no trajeto do ducto tireoglosso (4), sendo as apresentações mais comuns ao longo da linha média, desde a base da língua até o mediastino (5). Dentre as diversas localizações que o tecido ectópico pode se apresentar, a mais comum é a apresentação lingual(6). A presença de tireoide ectópica submentoniana em região sublingual é rara, respondendo por menos de 10% de todos os casos de tecido tireóideo ectópico (4-7). Casos apresentando tireoide ectópica com ausência total de tecido tireóideo tópico são bastante incomuns(3-6). Neste artigo, será relatado um caso de uma paciente de 5 anos apresentando tireoide ectópica em região lingual sem a presença de tecido tireóideo em sua topografia habitual.
RELATO DO CASO
Paciente de 5 anos, sexo feminino, natural e procedente de Jundiaí, São Paulo. Procurou atendimento médico em março de 2018 apresentando abaulamento em região cervical anterior, de evolução lenta, consistência fibroelástica, indolor. Realizou primeiramente uma ultrassonografia revelou formação sólida, heterogênea, medindo 1,8 cm no seu maior eixo, na topografia de do assoalho da boca, adjacente ao osso hioide, sugestiva de tireoide ectópica. Solicitou-se, para melhor elucidação do caso e complementação diagnóstica, uma tomografia computadorizada com uso de contraste iodado endovenoso, que evidenciou imagem nodular na projeção do assoalho da boca, adjacente ao osso hioide, com intensa captação pelo meio de contraste, medindo cerca de 18 cm, sugestiva de tireoide ectópica. Além disso, não foi identificada em nenhum dos dois exames de imagem citados acima, tireoide tópica, concluindo-se portanto que tal achado na região sublingual se tratava de tireoide ectópica na região sublingual.
Figura 2: ultrassonografia da região de topografia habitual da tireoide
Figura 3: tomografia computadorizada sem
contraste da região sublingual corte sagital
Figura 4: tomografia computadorizada com
DISCUSSÃO
A glândula tireoide é originada de um divertículo localizado em posição mediana na parede ventral da faringe primitiva. O tecido tireóideo derivado desse divertículo penetra profundamente no tecido mesenquimal s u b j a c e n t e e d e s c e p o r a l o n g a m e n t o anteriormente ao osso hioide e às cartilagens laríngeas até a região inferior do pescoço. O
caminho formado pela retração do divertículo forma o ducto tireoglosso e este irá originar em sua porção proximal o forame cego e, em sua porção distal, poderá originar o lobo piramidal da tireoide. (8) A tireoide ectópica pode ser encontrada em qualquer posição do trajeto s u p r a c i t a d o e a t é m e s m o e m ó rg ã o s subdiafragmáticos (9). É geralmente cervical mediana (90%), e sua malignização é rara (6). Porém, é importante avaliar todos os pacientes com tecidos tireóideos ectópicos(3). A localização lingual corresponde a 90% dos casos (4-9). Consequentemente, todas as outras l o c a l i z a ç õ e s , i n c l u i n d o a s u b l i n g u a l , correspondem a apenas 10% dos casos. A tireoide sublingual pode ser supra-hioidea, infra-hioidea ou estar ao nível do osso hioide (10), como no caso relatado.
A ultrassonografia é um bom método para diferenciar lesões sólidas de lesões císticas, avaliar a possibilidade de linfonodomegalias em abaulamentos cervicais, avaliar a vascularização da lesão com o uso do estudo Doppler e em casos mais específicos, nos quais se tenha uma suspeita clínica de tecido tireoideano ectópico, analisar formações císticas que estejam associadas a esse diagnóstico, como cisto do ducto tireoglosso, porém para topografar o local no qual o tecido tireoidiano se localiza avaliar a densidade e o realce desta estrutura, para maior elucidação diagnóstica, a tomografia é um método mais eficaz (13). Devido a isso, após a realização da ultrassonografia, sem ser caracterizada tireoide tópica, apresentando formação nodular em uma topografia possível para tireoide ectópica, optou-se pela realização de uma tomografia computadorizada com contraste, avaliando tanto a topografia da lesão com maior precisão quanto a densidade antes e após a injeção do meio de contraste iodado endovenoso, com as características de realce similares apresentadas pelo tecido tireoideano.
Assim como no presente estudo, a a p re s e n t a ç ã o s u b l i n g u a l g e r a l m e n t e c a r a c t e r i z a - s e p o r p a c i e n t e p re d o m i n a n t e m e n t e d o s e x o f e m i n i n o , assintomática, com massa cervical anterior, indolor, móvel, de consistência macia, com crescimento progressivo, podendo se mover com a deglutição(10).
Pode-se utilizar a ultrassonografia
Figura 5: tomografia computadorizada com
contraste da região sublingual corte sagital
Figura 6: tomografia computadorizada da região
cervical, tomografia computadorizada e ressonância magnética para melhor avaliar a extensão e a localização da tireoide ectópica. No caso relatado, foram realizadas a u l t r a s s o n o g r a f i a e a t o m o g r a f i a computadorizada, evidenciando tecido ectópico tireoideano em região sublingual, devido ao padrão da massa e a sua captação do meio do contraste, bem como da ausência de tireoide em sua topografia típica.
A experiência clínica permite-nos citar como diagnósticos diferenciais para a apresentação clínica acima exposta as seguintes afecções: cisto do ducto tireoglosso, cisto dermóide, linfadenopatia, lipoma, linfangioma, higroma cístico, além de neoplasias. A associação da clínica com os exames complementares contribuíram para o diagnóstico de tireoide ectópica no caso exposto.
Em algumas situações, em geral onde há e l e v a ç ã o d o m e t a b o l i s m o c o r p ó r e o (puberdade,mesntruação, gestação,infecções, traumas, cirurgias e outras situações de estresse), com hiperestimulação hormonal do tecido ectópico tireoideano, este, até então assintomático, aumenta de volume passando a ser percebido pelo paciente (1) ,como ocorrido neste relato, pois associado ao abaulamento da região cervical, passagem possuía imagem de consolidação no tórax, apresentando clínica compatível com pneumonia.
Não há consenso sobre a melhor estratégia terapêutica, dada a raridade da afecção(9). O tratamento resume-se a observação nos pacientes assintomáticos e à tireoidectomia em p a c i e n t e s c o m s i n t o m a s o b s t r u t i v o s , s a n g r a m e n t o , d e g e n e r a ç ã o c í s t i c a e m a l i g n i d a d e . A l g u n s r e c o m e n d a m tireoidectomia total pela possibilidade de transformação maligna da lesão(11). Pacientes com hipotireoidismo podem ser tratados clinicamente com reposição exógena de hormônio tireóideo, suprimindo os níveis de TSH e reduzindo o tamanho da glândula. Tal t r a t a m e n t o n ã o t e m u m a b o a t a x a d e sucesso(12). No caso relatado, foi optado pelo tratamento da pneumonia inicial, para posteriormente observar se a paciente se mantém sintomática ou se o quadro retornará a ser assintomático, sendo então realizado apenas acompanhamento.
CONCLUSÃO
A tireoide ectópica situada em região sublingual corresponde à minoria dos casos desta rara enfermidade. Relatamos no presente trabalho o caso de uma paciente de 5 anos que apresentou tireoide localizada ao nível do osso hioide e que foi submetida ao tratamento da infecção, provável exacerbadora do quadro sintomático de abaulamento cervical por hiperestimulação do tecido tireoideano, para posterior acompanhamento do mesmo. O profissional deve ter em mente a possibilidade de que uma massa em região submentoniana pode tratar-se de uma tireoide ectópica, e que esta pode, ainda que raramente, apresentar malignização.
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