Enriquecimento Ambiental Alimentar em Macacos-Prego (Cebus apella)
do Parque Ecológico Municipal Bióloga Tania Mara Netto Silva da
Cidade de Ourinhos-SP
Environmental Enrichment in Prey-monkeys (Cebus apella) of the
Municipal Ecological Park Biologist Tania Mara Netto Silva of the City of
Ourinhos-SP
¹Suélem Lavorato de OLIVEIRA, ¹Luara Evangelista SILVA, ¹Nathalia Soares de MORAES, ²Isabela Bazzo da COSTA
suelemlavorato.medvet@gmail.com
RESUMO
O enriquecimento ambiental é definido como boas condições físicas e mentais para os animais principalmente de cativeiro, podendo ser dividido em cinco grupos, o enriquecimento físico, sensorial, cognitivo, social e alimentar. Tem como função promover um ambiente próximo ao natural, completo e interativo. A primeira fase desse trabalho contou com um estudo do ambiente em que os animais vivem, já a segunda foi à introdução da caixa de forrageamento e a terceira fase, a análise comportamental do animal após o enriquecimento alimentar. O objetivo deste trabalho foi empregar a técnica de enriquecimento ambiental alimentar para macacos-prego do Parque Ecológico Municipal da Cidade de Ourinhos-SP e a avaliação do seu comportamento antes, durante e após o enriquecimento.
Palavras-chave: Bem-estar; Alimento; Animais; ABSTRACT
Environmental enrichment is defined as good physical and mental conditions for animals mainly from captivity, and can be divided into five groups: physical, sensory, cognitive, social and food enrichment. Its function is to promote an environment close to natural, complete and interactive. The first phase of this work had a study of the environment in which animals live, the second was the introduction of the foraging box and the third phase, behavioral analysis of the animal after food enrichment. The objective of this work was to use the environmental enrichment technique for prey monkeys of the Municipal Ecological Park of Ourinhos-SP and the evaluation of their behavior before, during and after enrichment.
Keywords: Welfare; Food; Animals;
INTRODUÇÃO
O Cebus apella, ou vulgarmente conhecido como macaco-prego, pertence à ordem Primates e é classificado como primata do Novo Mundo. Isso se deve a presença de narinas situadas para baixo e voltadas para o lado do focinho que é mais curto e tufos eretos na cabeça, semelhante a um topete (VIEIRA, 2012). Essa espécie apresenta hábitos generalistas de alimentação, mas preferem principalmente frutas e artrópodes. A alimentação desses animais em cativeiros apresenta grandes dificuldades devido à ausência de contato sociais, variação sazonal da alimentação e nutrição na natureza (AGUIAR, 2011; ALCANTARA, 2012).
Para isso, são utilizados programas de enriquecimento ambiental, como o físico, que está ligado à estrutura física do recinto e o sensorial que se à estimulação dos cinco sentidos (tato, olfato, paladar, audição e visão) dos animais. O cognitivo estimula o aprendizado do animal através de treinamento com humanos. O social é a relação com outros animais da mesma espécie ou não. O alimentar é a introdução de novos alimentos na dieta sendo administrado de forma diferenciada (ALCANTARA, 2012; VIEIRA, 2012; BORGES, 2011).
O objetivo deste trabalho foi utilizar a técnica de enriquecimento ambiental alimentar para macacos-prego do Parque Ecológico Municipal da Cidade de Ourinhos-SP, avaliando o seu comportamento pré, durante e após o enriquecimento. Bem como a melhoria do bem-estar e necessidades básicas dos animais.
MATERIAIS E MÉTODOS
O trabalho foi realizado no Parque Ecológico Municipal Bióloga Tania Mara Netto Silva da Cidade de Ourinhos-SP, onde residem aproximadamente 35 macacos-prego. Os animais foram observados primeiramente ad libitum, avaliando os seus comportamentos, alimentação, água e excretas (Fig 1 A e B). Para as observações preconizou uma distância de aproximadamente 2 m.
Após a observação ad libitum, foram fornecidas três caixas de forrageamento com banana, maça, mamão, melão, laranja, abacate, ovo, berinjela e jiló escondidos em meio a folhas colocadas na caixa (Fig 1 D). Estas caixas foram distribuídas em três pontos distintos do parque e então foi observado o comportamento dos animais durante o consumo dos alimentos contidos nas caixas.
Foi observado que os animais analisados se dirigiram até as caixas de forrageamento, cheiravam-nas, reviravam as folhas e começavam a pegar os alimentos (Fig 1 D). Cada animal pegava pelo menos dois fragmentos de frutas e se locomoviam para a mata para fazer a ingestão. Sendo que isso se repetiu até esgotar as frutas das caixas. Após isso os animais voltaram às atividades normais.
O enriquecimento é um método utilizado principalmente em locais de reabilitação de animal e de pesquisa, pois os animais que residem nesses espaços tende a ter altos níveis de estresse. O uso desta técnica tende a diminuir o estresse e criar ambiente parecido com o natural (FURTADO, 2006). No caso desse trabalho o método utilizado foi o enriquecimento ambiental alimentar para macacos-prego, com o intuito de estimular os animais à procura de seus alimentos, fornecer diferentes fontes de vitaminas e minerais e até mesmo a conscientização de visitantes, corroborando com Borges (2011) e Furtado (2006).
A alimentação dos animais durante o enriquecimento seguiu a seguinte sequência banana, mamão, melão, ovo, berinjela, maçã, laranja, abacate e jiló. A banana como primeira escolha se deve a alimentação rotineira deles com essa fruta. O odor, coloração e a própria escolha dos outros, serviram de fatores de interferências para eles (LOUSA, 2013; VIERIRA, 2012). Após o enriquecimento os animais voltaram às suas atividades normais.
Os alimentos da caixa de forrageamento seguiram o que foi descrito por Aguiar (2011). Avaliando os níveis de macronutrientes (proteínas, lipídeos e carboidratos) e micronutrientes (vitaminas e minerais), pois os primatas necessitam de alimentação balanceada (ALCANTARA, 2012). A variação da alimentação dos animais é utilizada também para diminuir o aparecimento de deficiências nutricionais, baratear os custos por utilizar frutas da estação e ainda diminuir o ambiente entediante que acaba desestimulando os animais (AGUIAR, 2011; BORGES, 2011, DALLABRIDA, 2015).
Figura 1: A e B comportamento dos animais ad libitum; C animal explorando a caixa de forrageamento;
D caixa de forrageamento;
Podemos concluir que o enriquecimento ambiental seja ele o físico, sensorial, cognitivo, social e alimentar é importante para animais de cativeiros, principalmente por apresentam comportamentos estereotipados devido ao habito de vida exposto a eles. O enriquecimento alimentar além de fornecer melhoria para o bem estar do animal também oferece melhorias quanto aos níveis de nutrientes como vitaminas e minerais para os mesmos.
REFERÊNCIAS
1. AGUIAR, K. C., MARINHO, E. F., FERNANDES, J. L. Análise nutricional da alimentação de cebusapella (primates, cebidae) mantidos em cativeiro [resumo 759]. In: 38º CONBRAVET; 2011.
2. BORGES, M. P., BYK, J., CLARO, K. D. Influência de técnicas de enriquecimento ambiental no aumento do bem-estar de Callithrixpenicillata (E. Geoffroy, 1812) (Primates: Callitrichidae). Revista Biotemas, v. 24, n. 1, p. 83-94, 2011.
3. DALLABRIDA, S. B., FORTES, C. H. M., SCHAEFER, P. G. J., NASCIMENTO, C. A., MARTINEZ-PEREIRA, M. A. Importância do enriquecimento ambiental para os animais silvestres mantidos em zoológicos e cativeiros. In: XX Seminário Interinstitucional de Ensino, Pesquisa e Extensão; 2015.
4. FURTADO, O. M. Uso de ferramentas como enriquecimento ambiental para macacos-prego (Cebusapella) cativos. 92 f. Dissertação (Mestrado). São Paulo: Instituto de Psicologia da USP; 2006.
5. LOUSA, T. C. Influências dos alimentos antrópicos no comportamento e ecologia de macacos-prego. 60 f. Dissertação (Mestrado). Brasília: Instituto de Psicologia da UnB; 2013.
6. VIEIRA, A. G., GEORGETE, M. F., OLIVEIRA, L. W. Enriquecimento ambiental físico para macacos-pregos (cebusapella) cativos na associação mata ciliar. Enciclopédia Biosfera, v. 14, n. 8, p. 1216, 2012.
7. ALCÂNTARA, A. O. R., et al. Dicionário dos alimentos. Programa de Mobilização e Educação para o Consumo Alimentar. Belo Horizonte. 2012.
