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Um estudo de pressupostos comportamentais nas relações contratuais de serviços de tecnologia de informação (TI) / A study of behavioral assumptions in the contractual relations of information technology services (TI)

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 7, p. 8992-9012 jul. 2019 ISSN 2525-8761

Um estudo de pressupostos comportamentais nas relações contratuais de serviços de tecnologia de informação (TI)

A study of behavioral assumptions in the contractual relations of information technology services (TI)

DOI:10.34117/bjdv5n7-102

Recebimento dos originais:10/06/2019 Aceitação para publicação: 04/07/2019

Flavia Mayara Segate

Mestranda em Administração pela Universidade Estadual de Maringá Instituição: Universidade Estadual de Maringá (UEM)

Endereço: Av. Colombo, 5790 - Jd. Universitário, Maringá - PR - Brasil E-mail: flaviasegate@gmail.com

Deisy Cristina Corrêa Igarashi

Doutora em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina, Instituição: Universidade Estadual de Maringá,

Endereço: Av. Colombo, 5790 - Jd. Universitário, Maringá - PR - Brasil E-mail: deisyigarashi@gmail.com

Barbara Johann Borges

Mestranda em Administração pela Universidade Estadual de Maringá Instituição: Universidade Estadual de Maringá (UEM)

Endereço: Av. Colombo, 5790 - Jd. Universitário, Maringá - PR - Brasil E-mail: barbarajohannb@gmail.com

RESUMO

O setor de serviços relacionados à Tecnologia da informação (TI) tem crescido e apresentado impacto para a economia do País, além ser uma importante ferramenta estratégica para as organizações. Porém, uma das garantia de sucesso da contratação de serviços de TI é a formulação de contratos completos. Assim, analisar a contratação de serviços TI sobre a ótica da Economia de Custo de Transação (ECT) contribui para a eficiência dos arranjos contratuais proposto por Williamson (1985). Nesse sentido, se propõe neste estudo identificar a configuração dos pressupostos comportamentais a partir da relação contratual de terceirização de serviços de TI para o contratante. Para este fim a metodologia aplicada foi o Multicritério em Apoio à Decisão (MCDA), cujo levantamento dos dados para a construção de seus descritores, foi feito a partir de uma pesquisa documental e entrevistas semiestruturadas com três contratantes. Os resultados alcançados demonstram que a racionalidade limitada se configura em desconhecimento da tecnologia adquirida e quantidades necessárias de customizações e usuários e o comportamento oportunista deriva da dependência para com o fornecedor e frequência na transação. Além disso, nota-se a formulação de contratos incompletos que permitem um comportamento oportunista do prestador de serviços de TI.

Palavras chave: Pressupostos comportamentais; Serviços de Tecnologia de Informação (TI);

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 7, p. 8992-9012 jul. 2019 ISSN 2525-8761

ABSTRACT

The services sector related to Information Technology (IT) has grown and presented an impact for the country's economy, besides being an important strategic tool for organizations. However, one of the guarantors of success in hiring IT services is the formulation of complete contracts. Thus, analyzing the contracting of IT services from the perspective of Transaction Cost Economics (ECT) contributes to the efficiency of the contractual arrangements proposed by Williamson (1985). In this sense, it is proposed in this study to identify the configuration of behavioral assumptions from the contractual relationship of outsourcing IT services to the contractor. For this purpose the methodology applied was the Multicriteria in Decision Support (MCDA), whose data collection for the construction of its descriptors was done from a documentary research and semi-structured interviews with three contractors. The obtained results demonstrate that the limited rationality is configured in ignorance of the acquired technology and necessary quantities of customizations and users and the opportunistic behavior derives from the dependence to the supplier and frequency in the transaction. In addition, we note the formulation of incomplete contracts that allow opportunistic behavior of the IT service provider.

Keywords: Behavioral assumptions; Information Technology (IT) services; contracts. 1 INTRODUÇÃO

O setor de serviços é crescente e importante para geração de emprego e para o PIB brasileiro, sendo que no 1º Trimestre de 2018 teve 72,5% de representatividade no PIB, enquanto que a indústria obteve participação mediana de 20,8% e a agropecuária uma participação ainda menor, de apenas 6,7% (SEBRAE, 2018). No que diz respeito aos serviços relacionados à informação, há um montante de receitas líquidas geradas anualmente que representa considerável impacto econômico e na geração de empregos (IBGE, 2017).

Neste contexto, os serviços de tecnologia de informação (TI) tem sido crescentes, pois além ganhar representatividade econômica e geração de empregos no país, é fundamental para as organizações, pois com as rápidas evoluções tecnológicas, estas buscam a adoção de estratégias para manter-se atualizadas e melhorar seu desempenho frente à inovação (BERGAMASCHI, 2004; GORLA, SOMENS, 2014).

Os profissionais especializados no seguimento de TI podem oferecer uma melhor qualidade no serviço realizado, tornando a contratação de serviços de TI uma ferramenta de geração de valor agregado para as organizações (BERGAMASCHI, 2004; PRADO, TAKAOKA, 2002). Além disso, ao transferir a execução total ou parcial das atividades para prestadores de serviços, estas podem ser executadas de melhor forma, já que seu parceiro se especializa somente naquele determinado seguimento (GIRARD, 1999; BERGAMASCHI, 2004).

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 7, p. 8992-9012 jul. 2019 ISSN 2525-8761 e maior vantagem competitiva, o que exige das organizações o acompanhamento das constantes mudanças tecnológicas e aperfeiçoamento da qualidade do produto ofertado, proporcionando uma nova realidade organizacional, que busca por meio da contratação de serviços de TI, parcerias e alianças estratégicas, que estabelecem uma relação de confiança e cooperação estimuladas pelo desenvolvimento (GIRARDI, 1999; PRADO, TAKAOKA, 2002; WALDEN, HOFFMAN, 2007). Afinal, as empresas com tecnologia da informação desenvolvidas podem rapidamente dominar o mercado e se destacar (CHENG, LEE, SHOMALI, 2012).

A relação entre cliente e provedor, pode promover diversas outras vantagens como a especialização por segmento e a valorização dos recursos humanos (BERGAMASCHI, 2004; WALDEN, HOFFMAN, 2007). Portanto, é possível notar que a opção das empresas por contratar os serviços de TI pode estar relacionada não apenas à redução de custos financeiros, mas também à qualidade dos serviços, assim como ao direcionamento estratégico pretendido pela empresa, a qual poderá enfatizar a busca por profissionais especializados para suprir tal demanda (PRADO E TAKAOKA, 2002).

Em contrapartida, uma das garantias de sucesso na contratação de serviços de TI, se refere à elaboração de contratos estruturados com as expectativas das organizações bem definidas (SANTILLI, LUCIANO, TESTA, 2011; SCHERMANN, DONGUS, YETTON, KRCMAR, 2016). Os estudos da ECT colocam a problemática das organizações como um problema de contratação. Com isso, os contratos têm importância e a definição da melhor forma contratual fará com que haja redução dos custos de transação, que são gerados a partir dos arranjos contratuais entre as partes relacionadas (SILVA; CALEMAN, 2014; WILLIAMSON, 1985; SCHERMANN, DONGUS, YETTON, KRCMAR, 2016).

Conforme Williamson (1979) o processamento eficiente da informação que será inserido nos arranjos contratuais entre as partes e a forma como estes contratos irão direcionar a transação, é fundamental, pois os possíveis custos de transação gerados poderão inviabilizar a operação. Portanto, ao decidir contratar os serviços, deve-se haver preocupação não somente com a maximização de lucros ou economia de custos monetários, mas também com os custos de transação decorrentes dos riscos contratuais (WILLIAMSON, 1979).

Neste sentido, North (2006) ao afirmar que todas as operações de um sistema econômico estão sujeitas aos custos de transação, permite englobar os serviços às tratativas da ECT. Deste modo, ao considerar que toda transação é passível da geração de custos de transação, a ECT permite analisar os atributos das transações (especificidade dos ativos,

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 7, p. 8992-9012 jul. 2019 ISSN 2525-8761 incerteza e frequência), os pressupostos comportamentais (racionalidade limitada e oportunismo), aspectos dos contratos, o ambiente institucional e o ambiente organizacional de toda transação, inclusive a transação de contratação de serviços de TI.

Portanto, esta pesquisa se propõe a analisar como se caracterizam os pressupostos comportamentais, pela ótica da Economia dos Custos de Transação (ECT), na contratação de serviços, mas especificamente a contratação de serviços de TI, com o intuito de responder a seguinte pergunta: Como se configuram os elementos vinculados aos pressupostos comportamentais na contratação de serviços de TI, sob a ótica de contratos?

Tendo em vista o determinado problema, o objetivo desta pesquisa consiste em identificar a configuração dos pressupostos comportamentais a partir da relação contratual de terceirização de serviços de tecnologia de informação (TI) para o contratante. Para tanto, utilizou-se a Metodologia de Multicritério em Apoio à Decisão (MCDA), que auxiliou no alcance do objetivo proposto.

Assim, a exploração do tema, por meio dos elementos utilizados na ECT podem aumentar as possibilidades de eficiência na transação e auxiliar na formulação de contratos incompletos que impactam diretamente na estrutura de governança (WILLIANSON, 1985). Além disso, pode contribuir cientificamente para o setor de terceirização de serviços de TI, dada à escassez de trabalhos que analisem o contexto a partir da lente teórica da ECT.

2 REVISÃO DA LITERATURA

A Nova Economia Institucional (NEI) propõe que as organizações passaram a ser analisadas como arranjos institucionais, nos quais contratos formais e informais, regulados por regras institucionais, conduzem as transações (ZYLBERSZTAJN, 2005). Além disso, para as análises de tais arranjos ao estudar as organizações, são aplicadas duas vertentes macro analítica e micro analítica (ZYLBERSZTAJN, 2005).

A primeira vertente busca entender as mudanças e estruturas que constroem o ambiente institucional, com base nos estudos desenvolvidos pela Economia dos Custos de Mensuração por Yoram Barzel (2005). A segunda vertente estuda as características particulares das transações, por meio da Economia de Custos de Transação (ECT) por Oliver Williamson (1985) analisando as estruturas de governança em microinstituições, que regulam transações específicas (ZYLBERSZTAJN, 2005; AZEVEDO, 2000).

Conforme aborda Williamson (1985) além dos custos de produção, existem custos relacionados a trocas entre agentes, chamados custos de transação. Tais custos consideram

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 7, p. 8992-9012 jul. 2019 ISSN 2525-8761 pressupostos e atributos atrelados às relações de trocas que impactaram nas estruturas de governança, principalmente no que tange as relações contratuais (WILLIAMSON, 1985). Deste modo, um alinhamento entre as estruturas de governança e as transações, tem o propósito de obter uma estrutura de governança mais adequada, eliminando custos de transação (SILVA; CALEMAN, 2014, WILIAMSON,1985).

Conforme Williamson (1985) os problemas de governança desapareceriam quando os pressupostos comportamentais, racionalidade e oportunismo fossem presumidos ausentes. Desta forma, a busca pela eficiência, a partir da redução dos custos de transações faz com que os agentes utilizem mecanismos para regular as transações, ou seja, a estrutura de governança mais eficiente (WILLIAMSON, 1985). A ECT aponta que os custos de transação podem ser ex ante, ocorrendo antes da formulação de um contrato e ex post, como adaptações, ajustes e reparos gerados após a formulação do contrato, a fim de corrigir imperfeições encontradas na execução da transação resultantes da incompletude contratual (WILLIAMSON, 1985; SILVA E CALEMAN, 2014).

Para explicar a formulação de contratos incompletos, em circunstancias altamente complexas e incertas de uma transação, a ECT parte da ideia de que natureza humana é vista a partir de dois pressupostos comportamentais básicos, sendo a racionalidade limitada, que reconhece limites na competência cognitiva e o oportunismo, que pode ser caracterizado como a busca do autointeresse (FIANI, 2003; WILLIAMSON, 1985). Deste modo, a racionalidade limitada e o oportunismo são características intrínsecas do ser humano e impactam nos custos de transação (SORRELL, 2007).

A racionalidade limitada é caracterizada por um comportamento intencionalmente racional dos agentes, porém com limitações em sua capacidade cognitiva para processar informações (WILLIAMSON, 1985; AZEVEDO, 2000). Deste modo, Azevedo (2000) afirma que devido a tais limites cognitivos, não é possível estabelecer contratos que deem suporte a todas as contingências futuras de uma transação, além disso, implica na impossibilidade da resolução de problemas complexos.

Williamson (1985) afirma que a racionalidade limitada pode tomar duas formas: uma relacionada a processos de decisão e outra às estruturas de governança, no qual a ECT focaliza seus estudos. Neste contexto, Zylbersztajn (2005) afirma que se houvesse a racionalidade plena por parte dos agentes envolvidos na transação, seria possível a formulação de contratos perfeitamente completos, o que não causaria a necessidade de estruturar formas sofisticadas de governança. A limitação dos atores humanos decorre da complexidade do ambiente que

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 7, p. 8992-9012 jul. 2019 ISSN 2525-8761 cerca a decisão, assim estes não conseguem atingir a racionalidade plena (ZYLBERSTAJN, 2005). Azevedo (2000) complementa esta definição afirmando que da racionalidade limitada decorre a noção de incompletude contratual, deste modo, os limites cognitivos que caracterizam os agentes, impossibilitam o estabelecimento de contratos que deem conta de todas as contingências futuras.

O segundo pressuposto comportamental tratado pela ECT é o comportamento oportunista, que pode ser considerado como uma ação intencional em que os agentes econômicos buscam os seus próprios interesses nas transações, agindo em benefício próprio, aproveitando-se de lacunas ou omissões contratuais em detrimento dos parceiros (WILLIAMSON, 1985). Assim sendo, o oportunismo está relacionado à divulgação de informações incompletas ou distorcidas, o qual se chama assimetria de informação, especialmente quando isto ocorre de modo intencional com a finalidade de enganar a outra parte (WILLIAMSON, 1985). Deste modo, se não fosse pelo oportunismo, todo comportamento poderia ser governado por regras orientadas pela cooperação na maximização conjunta dos lucros (WILLIAMSON, 2010).

A assimetria de informação acontece quando as partes em uma transação têm diferentes quantidades de informação, o que reflete tanto na transação, quanto na relação entre elas (WILLIAMSON, 1985). A literatura utiliza termos como informação oculta, seleção adversa, risco moral para remeter-se ao comportamento oportunista (MIRANDA et al., 2010). Dentro deste contexto, a “contratação oferece apenas uma solução imperfeita ao problema do oportunismo e é provável que se torne menos atraente à medida que o grau de complexidade ou incerteza associada à transação aumente” (MASTEN; MEEHAN; SNYDER 1991).

Assim, o oportunismo é “responsável por condições reais ou artificiais de assimetria de informação, que complicam significativamente os problemas da organização econômica” (WILLIAMSON, 1985, p. 47). Este comportamento por parte dos agentes, para obter ganhos para si mesmo, impõe prejuízos ao outro agente envolvido na transação (AZEVEDO, 2000). Deste modo, Azevedo (2000) afirma que as partes sempre agem de forma a se precaver do comportamento dos demais envolvidos, de modo que sejam utilizadas coleta de informações e salvaguardas contratuais para evitar prejuízos decorrentes da ação oportunista. Porém, embora as condições de racionalidade e oportunismo sejam universais, também há variações de um setor para outro (MASTEN; MEEHAN; SNYDER, 1991).

No que diz respeito aos atributos relacionados à transação, segundo Williamson (1985) estes juntamente aos pressupostos comportamentais, impactam na escolha da estrutura

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 7, p. 8992-9012 jul. 2019 ISSN 2525-8761 de governança. Entre os três atributos, incerteza, frequência e especificidade de ativos, este último é considerado o mais importante e que melhor distingue a economia dos custos de transação dos outros tratamentos da organização econômica, mas os outros dois desempenham papéis significativos (WILLIAMSON, 2010).

A incerteza tem importância fundamental para o entendimento da ECT, em razão do pressuposto da racionalidade limitada e do oportunismo dos agentes, visto que os autores são incapazes de estabelecer um contrato que contemple todas as contingências futuras (MELLO; PAULILLO, 2009). Assim, a incerteza surge naturalmente entre os envolvidos em uma transação devido a esta incapacidade de prever todas as contingências e pela limitação em predizer o que pode acontecer na medida em que as transações ocorrem (SIGNORINI; ROSS; PETERSON, 2015).

Já a especificidade dos ativos, representando o mais importante indutor da forma de governança, correspondendo a investimentos duráveis que se realizam em apoio a transações particulares e específicas (WILLIAMSON, 1985). Deste modo, a especificidade de ativos informa a “perda possível por uma ou todas as partes participantes em um contrato, no caso de ruptura pós-contratual” (ZYLBERSZTAJN, 2005, p. 399). Para Mello e Paulillo (2009) os ativos específicos podem ser qualquer objeto físico com características específicas e assim, quanto maior sua especificidade, maior é a perda associada a uma ação oportunista.

O último atributo se trata da frequência, que é considerado uma medida da recorrência com que uma transação se efetiva (WILLIAMSON, 1985; AZEVEDO, 2000), de modo que quanto maior a frequência, maior a dependência entre as partes. Em contrapartida, segundo Mello e Paulillo (2009, p. 682) "Este atributo é importante porque quanto mais transações houver, maior a possibilidade de diluir os custos de adoção de um mecanismo de governança complexo".

Quanto às estruturas de governança Williamson (1985) afirma estas são classificadas em mercado, formas híbridas coordenadas via contratos, e formas hierárquicas de integração vertical. Cada uma dessas formas se diferencia da outra por aspectos contratuais, podendo ser observada na adaptabilidade e na utilização de instrumentos de incentivo e controle (SILVA; CALEMAN, 2014). A transação via mercado, segundo Zylbersztajn (2005, p. 397) “é visto como uma instituição, que demanda regras definidas para sua operação”. A dinâmica da oferta e da demanda é o que guia as transações via mercado, sendo o elemento preço relevante nesse cenário (MÉNARD, 2004). Para Williamson (1985) a governança via mercado é a principal estrutura de governança para transações não específicas de frequência ocasional e recorrente.

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 7, p. 8992-9012 jul. 2019 ISSN 2525-8761 Já a integração vertical, apresenta como vantagem a promoção de adaptações de forma mais dinâmica (WILLIAMSON, 1985).

Em relação às formas híbridas ou contratos, as variadas possibilidades de especificação entre as partes, podem envolver múltiplos participantes e ser amparada por complexos mecanismos de salvaguardas (ZYLBERSZTAJN, 2005). Deste modo, o contrato completo necessita do entendimento de que é possível prever e determinar o comportamento frente a qualquer contingência (MASTEN, 1998). Enquanto que o contrato incompleto abandona a ideia de uma formulação completa devido à racionalidade limitada, ao oportunismo e à assimetria de informação (WILLIAMSON, 1985).

No contrato incompleto há lacunas que podem gerar ineficiência, de modo que a incompletude contratual está relacionada ao pressuposto da racionalidade limitada (ZYLBERSZTAJN, 2005). Inclusive existe possibilidade de a incompletude contratual ser utilizada como estratégia para obtenção de benefícios (CAMINHA, LIMA, 2014,), uma vez que as partes podem “reinterpretar os termos contratuais para se adequarem a eles” (ZAHERR; VENKATRAMAN, 1995, p. 377).

3 METODOLOGIA

Esta pesquisa tem caráter qualitativo, pois pretendem compreender o que fundamenta e justifica os diferentes pontos de vista sobre determinado fenômeno (GASKELL, 2002). Podendo, portanto, oferecer descrições ricas e fundamentadas, explicando sobre processos em contextos locais identificáveis, além de permitir mapear e compreender a vida dos participantes da pesquisa com o objetivo de expor as relações entre atores sociais e o contexto (GASKELL, 2002; VIEIRA, 2004).

Quanto ao delineamento esta pesquisa se classifica como descritiva e exploratória. A classificação é exploratória, pois o que se propõe é investigar elementos teóricos pertinentes aos objetivos do estudo (TRIVIÑOS, 1987). Além disso, buscou-se explorar informações sobre a contratação de serviços de TI, sua importância e limitações para as partes envolvidas. Na pesquisa descritiva, “os fatos são observados, registrados, analisados, classificados e interpretados, sem que o pesquisador interfira sobre eles, ou seja, os fenômenos são estudados, mas não são manipulados pelo pesquisador” (PRODANOV; FREITAS, 2013).

Além disso, conforme Triviños (1987), Diehl e Tatim (2004, p. 54) apontam, uma pesquisa descritiva tem como objetivo descrever fatos e fenômenos de determinada realidade, a fim de obter informações a respeito de um problema a ser investigado e, assim estabelecer

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 7, p. 8992-9012 jul. 2019 ISSN 2525-8761 as relações entre as variáveis. Deste modo, esta pesquisa se classifica como descritiva, pois o que se busca é conhecer o fenômeno da contratação de serviços de TI no setor industrial e relacioná-lo com as variáveis da Economia dos Custos de Transação (ECT).

Com base no problema de pesquisa e exposição das características abordadas na ECT, foi selecionado a Metodologia de Multicritério em Apoio a Decisão (MCDA), pois tal metodologia permite a construção de um modelo que estrutura o contexto decisional, considerando a opinião dos decisores pela contratação de serviços a respeito daquilo que seja, para eles, o mais adequado (ROCHA, 2014; ROY, 1993).

A coleta de dados ocorreu por meio de entrevista semiestruturada com os gerentes de três empresas na região de Maringá – PR que terceirizam os serviços de TI. Além disso, foi realizada uma análise documental. No que diz respeito a entrevistas semiestruturadas, estas são úteis para a pesquisa qualitativa e parte de questionamentos básicos apoiados na teoria (TRIVIÑOS, 1987). conforme Triviños (1987) e Minayo (2009) pode oferecer amplo campo de interrogativas que vão surgir conforme as respostas dos entrevistados, por possibilitar o entrevistado discorrer sobre o tema, sem se prender ao questionamento realizado.

Quanto à análise de documentos, para Triviños (1987) é um tipo de estudo descritivo que permite ao pesquisador reunir uma grande quantidade de informações do objeto, tal como se exige em estudos descritivos. Segundo Minayo (2009) as fontes para a coleta de dados documental são diversas, podendo ser livros, artigos científicos, jornais, revistas, periódicos, documentos e estatísticas oficiais, teses, dissertações, entre outros bancos de dados físicos e virtuais disponíveis ao pesquisador. Nesta pesquisa, em alinhamento aos objetivos e ao suporte teórico da ECT, os documentos analisados serão os contratos de serviço de TI, firmados entre as partes.

Deste modo, por meio dos dados coletados, foi possível a elaboração do modelo da MCDA, permitindo identificar e analisar como se configuram os pressupostos comportamentais da ECT na contratação de serviços de TI para o contratante dos serviços.

3.1 PROCEDIMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DO MODELO (MCDA)

Esta seção apresenta o detalhamento do processo de construção do modelo do MCDA como instrumento para alcance do objetivo proposto nesta pesquisa, cujo processo de construção inicia com a definição de um problema inicial, representação dos pontos de vista fundamentais e construção dos descritores.

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 7, p. 8992-9012 jul. 2019 ISSN 2525-8761 O processo de intervenção da MCDA é operacionalizado de forma sistêmica e sistemática (LONGARAY, ENSSLIN; 2014). Primeiramente, é necessário o entendimento do problema para, posteriormente, identificar, caracterizar e organizar os fatos considerados relevantes no processo de análise por meio da elaboração de uma estrutura hierárquica arborescente, que representa os julgamentos do decisor, permitindo a elaboração do modelo multicritério para o caso em estudo (KEENEY, 1992; LONGARAY, ENSSLIN; 2014).

Conforme Ensslin, Neto e Noronha (2001, p. 125) a estrutura arborescente demonstra que um critério mais complexo de ser mensurado é decomposto em subcritérios de mais fácil mensuração, de modo que o critério de nível hierárquico superior seja definido pelo conjunto de critérios inferiores ligados a ele na estrutura arborescente. Tal realização se faz com o auxílio da abordagem de enquadramento proposta por Keeney (1992). De acordo com Keeney (1992), realizar o enquadramento significa delinear um quadro do processo decisório no qual constem os objetivos dos decisores projetados em pontos de vista fundamentais (PVF).

Cada ponto de vista fundamental deve servir de base para a mensuração do impacto das ações e para a comparação das consequências relativas e absolutas dessas ações, podendo estar agrupados em uma mesma área de interesse (LONGARAY, ENSSLIN; 2014). O instrumento que viabiliza esse processo é chamado de descritor (KEENEY, 1992). Para este estudo, foram desenvolvidos dois pontos de vistas fundamentais, cujas áreas de interesse foram os pressupostos comportamentais sob a lente teórica da ECT, sendo, portanto, a racionalidade limitada e oportunismo.

Tornou-se necessário o desmembramento dos PVFs em pontos de vistas elementares (PVE) para facilitar a operacionalização e entendimento do modelo. A título de ilustração, a Figura 1 demonstra o desmembramento do PVF Racionalidade limitada em sete PVE, dois quais dois sofreram mais um nível de desmembramento.

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Figura1: Desmembramento do ponto de vista fundamental em pontos de vistas elementares

Fonte: Elaborada pela autora com base em dados primários e secundários.

Já o descritor, é configura do em uma escala ordinal que mede atributos que se distinguem em grau ou intensidade, de forma que, além das relações de igualdade ou desigualdade, podem-se reconhecer relações de ordem (LONGARAY, ENSSLIN; 2014). Na construção dos descritores do caso utilizou-se um processo interativo em que os gerentes das empresas que contrataram serviços de TI, foram incentivados, por meio da entrevista semiestruturada, a descrever uma escala que representasse, segundo seu julgamento de valor, a intensidade e o ordenamento dos atributos de cada PVF.

Para permitir a comparação entre os descritores, procedeu-se à ancoragem dos níveis da escala de cada descritor, um neutro e um bom. Conforme apresenta Ensslin, Neto e Noronha (2001), o nível Neutro (desempenho mínimo aceitável) é representado numericamente por 0 e, o nível Bom (desempenho satisfatório) é representado por 100. Uma ação com impacto abaixo do nível Neutro da escala apresenta desempenho comprometedor. Se o impacto estiver entre os níveis Neutro e Bom, a performance é considerada boa, já um impacto acima do nível Bom representa excelência (ENSSLIN, NETO, NORONHA; 2001). Deste modo, foram construídos 25 descritores para os 14 pontos de vistas fundamentais,

Cumprida a etapa de construção das escalas ordinais, onde ficaram definidos os níveis em que se podem avaliar as ações potenciais em cada ponto de vista fundamental e o desenvolvimento de um modelo multicritério, é possível ser feita a análise dos pressupostos comportamentais na relação contratual de TI, sob o ponto de vista do contratante.

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4 ANÁLISE DO MODELO

Por meio da elaboração do modelo, foi possível elencar conforme a consideração dos entrevistados, os itens com maior relevância para o contratante. Os gráficos 1 e 2 nas sessões seguintes, apresentam os resultados das três empresas relacionados ao comportamento oportunista e racionalidade limitada, no momento da elaboração do contrato.

Conforme elaboração dos descritores do modelo da MCDA, foi considerado o número 0 para o desempenho mínimo aceitável e 100 para o desempenho satisfatório. Deste modo, o que fica abaixo de 0 representa um alto grau de racionalidade limitada ou comportamento oportunista, enquanto que pontuações acima de 100 representam a ausência ou a presença mínima aceitável de ambos.

4.1. RACIONALIDADE LIMITADA

A racionalidade limitada é caracterizada por um comportamento intencionalmente racional dos agentes, porém com limitações em sua capacidade cognitiva para processar informações, o que não permitindo estabelecer contratos que deem suporte a todas as contingências futuras de uma transação. (WILLIAMSON, 1985; AZEVEDO, 2000). Deste modo, foi analisado se há capacidade de prever contingências futuras e processar informações a respeito dos serviços de TI, que se configuram em racionalidade limitada por parte do contratante, além de avaliar o impacto da racionalidade limitada percebida na formulação dos contratos de serviços.

Conforme o Gráfico 1, as empresas A; B e C obtiveram pontuação abaixo de 0 para a customizações do software, que tem o intuito de atender às necessidades específicas da empresa, no momento da contratação dos serviços. Tal fato relaciona-se à racionalidade limitada por parte do contratante por não conhecer a tecnologia adquirida, conforme percebido em entrevistas. Esse comportamento proporciona, segundo Williamson (1985), a elaboração de contratos incompletos, permitindo um possível comportamento oportunista por parte do contratado ao ser solicitado ferramentas adicionais ou customizações.

Conforme relato obtido na entrevista à empresa B percebe-se um comportamento oportunista por parte do fornecedor dos serviços em relação aos prazos para atendimento, pois com o desconhecimento de como as ferramentas do sistema são operacionalizadas, o contratante deixou de firmar em contrato quantidade necessária e prazos mínimos para atendimento: “eu não sabia de tudo que ia precisar dentro do sistema, ai quando peço um

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querem pra atender, isso porque não definimos data, nem prazos, nem nada, ai ficamos dependendo da boa vontade deles”.

Todas as empresas A, B e C, relataram que no momento de formular o contrato, os gerentes não conheciam o software em sua totalidade, não podendo prever como as rotinas seriam operacionalizadas por meio dele, além de não conhecer a fundo as atividades de TI e o impacto deste serviço em suas rotinas de trabalho.

Uma das maiores dificuldade da empresa C, conforme o Gráfico 1, estava relacionada ao desconhecimento do limite de usuários fornecido para acesso ao sistema, deste modo, foram cobrados valores adicionais altos para a inclusão de mais usuários. Porém, ao questionar se o mesmo foi alertado sobre as consequências do limite de acessos, este afirma que sim, o que demonstra desconhecimento do contratante à repeito da operacionalização do sistema e, possivelmente, desconhecimento da quantidade de pessoas disponíveis ou necessária para seu manuseio.

Os demais pontos elencados evidenciam um conhecimento razoável ou mínimo aceitável dos contratantes, permitindo afirmar que, embora os atores não possam atingir a racionalidade plena (ZYLBERSTAJN, 2005), foram capazes de prever alguns pontos importantes para obtenção de um bom resultado dos serviços de TI. Porém, mesmo com as afirmativas dos contratantes do conhecimento razoável da maioria dos pontos demonstrados, por meio da analise documental, percebeu-se que ainda não houve a inclusão destes nos contratos, o que gera lacunas que podem causar ineficiências (ZYLBERSTAJN, 2005).

Portanto, nota-se que embora haja um conhecimento razoável sobre as necessidades tecnológicas da empresa contratante, não há conhecimento suficiente das atividades de TI e operacionalização do sistema, impossibilitando a previsão de contingências futuras relacionadas ao serviço de TI, resultando em incompletude contratual.

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Gráfico 1: Respostas relacionadas ao PVF racionalidade limitada

Fonte: Elaborada pela autora com base em dados primários e secundários.

4.2. COMPORTAMENTO OPORTUNISTA

O comportamento oportunista pode ser considerado como uma ação intencional em que os agentes econômicos buscam os seus próprios interesses nas transações, agindo em benefício próprio, aproveitando-se de lacunas ou omissões contratuais em detrimento dos parceiros (WILLIAMSON, 1985). Neste sentido, o contratado apresentou comportamento oportunista em algumas situações, principalmente nas empresas B e C, cuja dependência para com o fornecedor dos serviços é maior, conforme o Gráfico 2.

Além disso, ambas as empresas são as que apresentam maior frequência na transação, ou seja, uma medida da recorrência maior com que uma transação se efetiva (WILLIAMSON, 1985; AZEVEDO, 2000), confirmando a premissa de Williamson (1985) de que quanto maior a frequência, maior a dependência entre as partes.

Deste modo, nota-se um comportamento oportunista por parte do contratado devido à dependência gerada pela frequência da transação. Tal fato também se confirma ao analisar a empresa A, que não apresentou nenhum comportamento oportunista fora do aceitável, já que em entrevista verificou-se que o fornecedor havia sido contratado no mesmo ano, demonstrando, portanto, baixa frequência na transação. Conforme Sorrell (2007) contratos mais longos podem limitar a capacidade do cliente para substituir o contratante e para negociar melhores condições ou para se adaptar às novas condições.

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 7, p. 8992-9012 jul. 2019 ISSN 2525-8761 Em entrevista à empresa C o comportamento oportunista se configura na quantidade de customizações ofertada, conforme exposto no Gráfico 2, pois como há necessidade de customizações que eram desconhecidas pelo contratado antes da formulação do contrato, há cobrança de valores altos para a criação das mesmas, já que não há limite de valores firmados em contrato.

Porém, para a empresa B a quantidade ofertada de customizações foi considerada boa, o que revela um comportamento oportunista somente em relação ao prazo para atendimento às customizações. Além disso, em relação aos prazos para atendimento ao suporte, a empresa B evidência o mesmo problema relacionado ao prazo para customizações, revelando um ganho para o fornecedor relacionado ao tempo para atendimento, que requer mais pessoal especializado disponível em tempo hábil.

O desconhecimento do limite de usuário, da quantidade de customizações necessárias e dos prazos necessários para atendimento, pode ser resultado de uma assimetria de informação, que acontece quando uma das partes em uma transação têm diferentes quantidades de informação, resultando em incompletude contratual, pois o contratado poderá reter informações no momento da elaboração do contrato para beneficiar-se posteriormente, revelando um comportamento oportunista (WILLIAMSON, 1985). Por outro lado, o contratante, também pode reter informações á respeito das rotinas de sua empresa que evidenciam a quantidade de customizações que será preciso para operacionalizá-las e a quantidade de usuários necessários, visando à obtenção de pacotes de serviços mais baratos.

A incompletude contratual, portanto, também pode estar relacionada a estratégias para obtenção de benefícios a fim de possibilitar reinterpretações de termos contratuais e aberturas para negociações futuras para ambas as partes (CAMINHA, LIMA, 2014; ZAHERR; VENKATRAMAN, 1995, p. 377). Pois, muitas vezes, a racionalidade limitada não é apenas por parte do contratante, mas também do contratado, por conhecer a fundo somente a atividade que oferece, não podendo prever a operacionalização das ferramentas tecnológicas na atividade do contratante e como suas atividades se adaptarão às rotinas do outro.

Outra justificativa encontrada para a formulação dos contratos incompletos esta relacionada à confiança estabelecida entre as partes, devido à reputação das empresas no mercado, conforme exposto pelo gerente da empresa C em entrevista: “A gente perguntou pra

outras empresas como era o sistema lá e se valia a pena contratar. Dai a gente contratou e fez um contrato simples, porque sabia que o negocio ia funcionar.”.

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Gráfico 2: Respostas relacionadas ao PVF oportunismo

Fonte: Elaborada pela autora com base em dados primários e secundários.

5 CONCLUSÕES

O presente estudo teve como objetivo analisar como se configura os pressupostos comportamentais da teoria da ECT na contratação de serviços de TI, sob a ótica de contratos. Deste modo, para este estudo de caso utilizou-se a Metodologia Multicritério de Apoio á Decisão (MCDA) para a realização das analises, identificando os pontos de vistas fundamentais (PVF) e elementares (PVE) da relação contratual, por meio dos pressupostos comportamentais abordados na Economia de Custos de transação (ECT) e, posteriormente, a formulação dos descritores atribuindo uma escala aos PVF e PVE.

Para obtenção dos dados a serem analisados, optou-se por realização de entrevista semiestruturada com três empresas contratantes do serviço de TI e analise documental dos contratos firmados entre as partes. Como resultado às análises, percebeu-se que a racionalidade limitada se configura em desconhecimento da tecnologia ofertada e atividades realizadas pelo fornecedor, não podendo prever quantidades de customizações necessárias, limite mínimo de usuários e o tempo mínimo aceitável para realização das customizações. Deste modo, percebeu-se a formulação de contratos incompletos e que esta incompletude contratual propiciou um comportamento oportunista por parte do contratado, confirmando as premissas expostas na ECT em relação aos pressupostos comportamentais: Racionalidade limitada e oportunismo.

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 7, p. 8992-9012 jul. 2019 ISSN 2525-8761 Percebeu-se que a dependência do cliente para com o fornecedor cresce conforme a frequência da transação e que quanto maior a frequência, maior a possibilidade de um comportamento oportunista. Além disso, sugere-se que a incompletude contratual pode estar relacionada a assimetria de informação, proporcionado o benefício próprio a uma das partes por meio das lacunas contratuais ou como estratégias para possíveis renegociações ou reinterpretações, conforme Williamson (1985); Caminha e Lima (2014) e Zaherr e Venkatraman (1995).Tal fato pode estar relacionado, também, a preferência por contratos informais devido a confiança estabelecida entre as partes, julgando-se ser desnecessário a formulação de contratos formais que sustentem a relação.

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Gráfico 1: Respostas relacionadas ao PVF racionalidade limitada
Gráfico 2: Respostas relacionadas ao PVF oportunismo

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