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O Servidor Municipal na Constituição Federal de 1967

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O Servidor M u n ic ip a l

na C o n stitu içã o Federal

de 1967

CLENfCIO DA SILVA DUARTE C onsultor Ju ríd ico do DASP

SUMARIO

I — Introdução: 1. A tradição da autonom ia de estipulação do regim e ju ríd ic o do servidor, con fe rid a aos Estados e M unicípios. 2. Cassação dessa autonom ia pela Carta P olítica de 1967. Razões que a teriam ditado. 3. Unificação do regim e tam bém para os três Poderes. O p rin c ip io da paridade.

II — O Regime Jurídico do Servidor Público: 4. A s várias categorias de servido re s. Como se c on stituíram . 5. Natureza ju ríd ic a do vínculo em pre- g atício entre o fu n cio n á rio pú blico e o Estado. 6. O d ire ito alienígena e o d ire ito brasileiro. 7. A C onstituição de W eimar, de 1919, e sua grande inova­ ção, que só teve seguidores no D ireito C onstitucional brasileiro. 8. A relação ju ríd ic a entre o fun cion ário pú blico e o Estado é esta tu tá ria ou legal, com vinculação co n stitu cio n a l. Que s ig n ific a essa vinculação.

III — As Novas Disposições Constitucionais Aplicáveis ao Funcionário Público Municipal: 9. A po ssib ilidad e de dupla aposentadoria para os fu n ­ cio ná rios pú blicos estaduais e m unicipais, de corre nte dos arts. 13, n? V, e 108, caput, da C onstituição Federal. 10. O utras inovações con stitucio na is. 11. O fu n cio n á rio pú blico e o m andato eletivo m unicipal. 12. N ecessidade de pronta regulam entação dos institu tos m od ifica dos ou in tro du zido s desde a vig ên cia da C onstituição de 1967.

I cíp io s p a ra estabelecer, respeitado a p e ­ nas aquêle m ín im o, o regim e ju ríd ico dos IN TR O D U Ç ÃO seus servidores p ú b licos, co m o que se E stabelecera-se co m o tra d içã o n o D i- p od eria m am pliar, q u an to a êstes, os d i­ reito C on stitu cion a l brasileiro, n o que reitos e garan tias fu n d a m en ta is, desde con cern e ao servid or p ú b lico, a livre que, ev id en tem en te, n ã o colidissem com discip lin ação do seu regim e ju ríd ico p e - os superiores interêsses da coletiv id a d e a los E sta d os-M em b ros e M u nicípios. (*) que serviam . (3 e 4)

F ix a ra -se, tod avia, co m o p rin cíp io de Essa a u ton o m ia n a d iscip lin a çã o do ob ed iên cia o b rig a tória em tôd as as U n i- regim e ju ríd ico dos seus fu n cio n á rios, dades F ederadas u m m ín im o de direitos c o n fe rid a aos E stados e M u nicípios, d e s-e garan tias a qus-e n ã o s-era lícito fu r ta r - de a C on stitu içã o de 1934, n ã o fo i bem se o servidor p ú b lico esta d u a l o u m u n i- exercid a, p elo que o legislad or co n s ti-cipal, em con d içõ e s id ên tica s ao fu n c io - tu in te de 1967 en ten d eu de re tirá -la , ttário fe d e ra l (2), sendo, n o en ta n to, tra n sfe rin d o p a ra a co m p e tê n cia da atribuída com p etên cia , n as C onstitu ições U nião as n orm as relativas aos fu n c io n á -Pederais, aos E sta d os-M em b ros e M u n i- rios p ú blicos dos E stados e M u nicípios

(2)

(Const. de 1967, art. 13, n.° V, quer na prim itiva redação, quer n a decorren te da E m enda C onstitu cion al n.° 1, de 17 de outubro de 1969). (5)

Se, p or um lado, im portou essa ce n ­ tralização em p erda de alguns poucos direitos e vantagens, liberalm ente c o n ­ cedidos, p o r ou tro, com o se verá mais adiante, redundou em atribuir-se um a con cessão excep cion al, o que talvez te ­ n h a passado despercebido ao p róprio le ­ gislador, e que m uito representa n a vida do servidor público.

As norm as dos arts. 13, n .° V, e 108 d a Carta P olítica de 1967, n a redação dada pela E m enda C onstitu cion al n.° 1, de 1969, vieram determ in ar um a v er­ dadeira u n ifica çã o do regim e ju ríd ico do fu n cion á rio pú blico, n ão só nas três es­ feras da F ederação (U nião, Estados e M unicípios) com o, de certo m odo, nos três Podêres, pelo m enos no que tange, quanto a êstes, à cla ssifica çã o de cargos e respectivos níveis de ven cim en to (art 108, § 1 ° ) .

As liberalidades que se ou torgavam em leis estaduais e m unicipais, ou em reso­ luções das Assem bléias L egislativas e das Câm aras M unicipais, redundaram nessa orien tação, que se con stitui em m ais um a in cu rsão na au ton om ia estadual e m u n i­ cipal, m as que n ão poderia ser de ou tro m odo, pelos abusos com etidos, p rin cip a l­ m ente n o que diz respeito a con tagen s de tem po de serviço, o que ch egou a ser o b je to de um ato in stitu cion al. («)

Outras m edidas de u n ifica çã o, já agora quanto aos dois outros Podêres (o L egislativo e o J u d iciá rio), tam bém se es- taleceram , com o a do art. 98, n a red a ­ ção atual, que estatui, em con son â n cia co m o § 1 ° do art. 108, a paridade de ven cim en tos, vale dizer, a im p osição de que os estipêndios de cargos de a tribu i­ ções iguais ou assem elhadas naqueles P o­ dêres n ã o p od erã o ser superiores aos p a ­ gos pelo P od er E xecutivo.

E, ob je tiv a n d o resguardar êsse p rin cí­ pio de paridade, retirou-se, pela E m enda C onstitu cion al n .° '1, de 1969, a tra d icio­ n a l com p etên cia do P od er Legislativo p a ­ ra, sem in te rfe rê n cia do E xecutivo, criar cargos de sua S ecretaria e fix a r-lh e s os v en cim en tos através de sim ples resolu­ ção, esta tu in d o-se que essa cria çã o e f i ­ x a çã o só se fa rã o p or lei, c u ja in iciativa com p ete à respectiva C âm ara (arts. 40 n .° III, e 42, n.° I X ) . P or efeito dessa alteração, o E xecutivo terá to ta l c o n tr o ­ le sôbre os cargos do Legislativo, n ã o só

quanto ao seu núm ero e cla ssifica çã o, com o aos ven cim en tos que lhes forem con feridos. E, se assim n ão se dispusesse, a paridade, de si já tão d ifícil de o b te r- se, seria, evidentem ente, letra m orta, c o ­ m o tantas outras p receituações con sti­ tucionais que atravessaram várias C ons­ tituições sem que fôssem observadas d u ­ rante a vigên cia de qualquer delas.

I I

O REGIM E JU RÍD ICO DO SERVIDOR PÚBLICO

Na sistem ática do nosso D ireito C onstitucional, secu n dado p elo D ireito A dm inistrativo, duas categorias de ser­ vidor pú blico se fix a ra m desde lo g o : a do fu n cion á rio pú blico p rop ria m en te dito e a do servidor regido pela legislação trabalhista.

A pós o advento do D ireito do T ra b a ­ lh o e até recen tem en te, n ã o se adm itia vin cu lação e m p re g a tíc ia -c o m o E stado (en ten d id o o têrm o em a cep çã o am pla) que tivesse ou tro regim e que n ã o o es­ tatutário ou o da legislação trabalhista. As disposições do C ódigo Civil, n o que se refere à lo ca çã o de serviços, após a C onsolidação das Leis do T ra b a lh o (7) e legislação posterior, n ã o se ad m itiam para regular o vín cu lo em p rega tício e n ­ tre o P od er P úblico e o seu em pregado. C om o D e creto -le i n .° 900, de 29 de se­ tem bro de 1969, en tretan to, d a n d o n ov a red ação a vários artigos do D e cre to -le i n .° 200, de 25 de fevereiro de 1967, entre o s quais o de n .° 122, in trod u ziu -se o § 2.°, que, nos casos de A ssessoram ento Superior d a A dm in istração Civil, p re - ceitua que a respectiva rela çã o de em - p rêgo “ revestirá a form a de lo ca ç ã o de serviços regu lada m ediante co n tra to in ­ dividu a l” , o que sig n ifica que o regim e ju ríd ico será o do C ódigo Civil.

A red a çã o dada ao art. 106 da C on sti­ tu ição F ederal pela E m enda C o n stitu cio ­ n al n .° 1, de 1969, segundo a qual “ o regim e ju ríd ico dos servidores adm itidos e m serviços de ca rá ter tem porá rio ou con tra ta d os para fu n ções de n atu reza té cn ica especializada será estabelecid o em lei e sp e cia l” , deixa claro que se p o ­ derá prever ou tra vin cu la çã o ju ríd ica que n ã o a estatutária, a tra b a lh ista ou a d ecorren te de disposições do C ódigo Civil. N orm as esp ecífica s se p od erã o b a i­ xar, sem que h a ja m de en q u a d ra r-se nos figu rin os legais preexistentes.

E stabelecidas essas con sid erações, que p od em levar ao reco n h e cim e n to de q u a ­

(3)

tro categorias de servidores pú blicos, quanto ao seu regim e ju r íd ico : o esta ­ tutário, o regido p ela legislação tra b a ­ lhista, o Assessor S uperior d a A dm in is­ tração Civil, que se d isciplin a p elo C ó­ digo Civil, e o té cn ico especializado te m ­ porário, com regim e esp ecia l a ser esta ­ tuído, se ja m -n o s perm itidas algum as o b ­ servações sôbre a n atu reza do vín cu lo em pregatício do fu n cion á rio p ú b lico p ro ­ p riam ente dito com o Estado.

O regim e ju ríd ico do fu n cio n á rio p ú ­ blico se a ch a d iscip lin ad o em disposições con stitucion ais, em p receitos de leis o r ­ dinárias e em n orm as regu lam en tares O cód ig o b á sico dos fu n cio n á rios p ú b li­ cos federais, atu alm ente em vigor, é a Lei n.° 1.711, de 28 de ou tu bro de 1952, devendo ser em fu tu ro p róx im o su bsti­ tuída p or outra, c u jo a n te p ro je to já se en con tra e la b ora d o pelo P od er E xecutivo.

M uito se discutiu sôbre a n a tu reza ju ­ rídica d a relação de em prêgo entre o fu n cion á rio p ú b lico e o E stado. P re te n - deu-se, in icia lm en te, co n c e itu á -la com o con tratu al, isto é, h a veria d isposições b i­ laterais n o a côrd o de von ta d es p a ra es­ ta b elecim en to do vín cu lo em p regatício. H oje, essa teoria n ã o tem m ais segu i­ dores, e se co n ceitu a ta l n atu reza ju r í­ d ica co m o estatutária ou legal, n o sentido de que os direitos, deveres e ob riga ções do fu n cion á rio p ú b lico são estabelecidos u nilateralm en te pelo Estado, a derin do o servidor, tã o -sòm e n te , a essas p re ce itu a - Ções, sem que possa co n tra p o r con d ições diversas das estabelecidas nos_ diplom as legais que lhe regu lam a rela çã o de e m ­ prêgo.

A o con trá rio do que ocorre n os a u - tros países, a rela çã o ju ríd ica entre os fu n cion á rios p ú b licos e o Estado, entre nós, tem raízes m ais p ro fu n d a s do que as sim ples disposições de leis ordinárias. Há, nas C onstitu ições da R epú b lica , des­ de a de 1934 até a atual, garan tias fu n ­ dam en tais asseguradas ao fu n cio n á rio Público, que, p o r êsse efeito, n ã o p od em ser su prim idas p or leis ord in árias. É um a specto de gran de im p o rtâ n cia para a co n ce itu a çã o da n a tu reza ju ríd ic a d es­ sa relação de em prêgo.

A p rim eira C on stitu içã o a assegurar garantias fu n d a m en ta is aos fu n cion á rios Públicos, em b ora o ten h a fe ito tim id a ­ m ente, fo i a s o c ia l-d e m o cr á tica de W e i- m ar, de 1919. D ela as reproduzim os, com m a ior am plitu de, n a nossa C on stitu ição de 1934, dep ois n a de 1937, n a de 1946 (a m ais liberal a resp eito) e, fin a lm en te,

n a de 1967 e E m enda C on stitu cion a l n.° 1, de 1969, co m algum as restrições de gran de p orte em relação à de 1946.

Outras C onstitu ições estrangeiras n ão seguiram o m od êlo da de W eim ar, de 1919, n em m esm o a atu al d a R epú b lica F ederal A lem ã, que só d ed ica aos fu n c io ­ n ários p ú b licos algum as alíneas do art. 33 e o seu art. 34, m as sem assegurar qualquer das garan tias fu n d a m en ta is que o nosso D ireito C on stitu cion al o fe re ce àqueles servidores.

Assim, a C on stitu ição atu al da Itália, de 1947, bem co m o a da F rança, de 4 de outubro de 1958, que n en h u m a garan tia asseguram , fica n d o a m atéria para a le ­ gislação ord in ária, co m o se a ch a ex p res­ sam en te estabelecido em um a das alíneas do art. 34 da C onstitu ição F rancesa de 1958, n os seguintes têrm os: “ A lei fix a rá as n orm as relativas às garan tias fu n d a ­ m en tais con ferid a s aos fu n cio n á rio s c i ­ vis e m ilitares do E stado.”

Dêsse m od o, a lei o rd in á ria co n ce d e direitos, assim co m o p od erá lei p osterior retirá -los.

D iversa, en treta n to, é a situ a çã o n o B rasil, qu ando h á disposições co n stitu ­ cion a is expressas assecuratórias de g a ­ ran tias fu n d a m en ta is dos fu n cion á rios p ú blicos, insuscetíveis d e m o d ific a ç ã o p e ­ la legislação ord in ária. A crescen te-se, ainda, que, p ela n orm a con stitu cion a l que assegura o resguardo ao direito a d ­ quirido (C onst. F ederal, art. 153, § 3 .°), n em m esm o lei o rd in á ria p osterior p o ­ derá retira r direitos assegurados em leis anteriores.

D essa o rd e m de con sid era ções se in ­ fere que, ao con trá rio do direito e stra n ­ geiro, seria um a m eia verdade apen as d i­ zer que a n a tu reza ju ríd ica da relação em p reg a tícia en tre o fu n cion á rio p ú b lico e o E stado (U nião, E sta d os-m em b ros e M u n icíp ios) é ap en as estatutária o u le ­ gal, quando, ao que en ten d em os, devia a cre sce n ta r-se : esta tu tá ria ou legal, c o m v in cu la çã o con stitu cion a l, p a ra escla recer que à lei ord in á ria é d efeso restringir d i­ reitos ou torg a d os p ela Lei M aior o u p o r legislação an terior, já d efin itiv a m e n te in co rp o ra d o s ao p a trim ô n io do fu n c io n á ­ rio p ú b lico. ( 8)

A diversidade de pressupostos legais do direito brasileiro em rela çã o ao a lie ­ n íg en a n ã o pode redu ndar, sem êrro in ­ descu lpável, co m o é ób v io, n a a firm a tiv a de id en tid a de de efeitos.

(4)

nr

AS NOVAS DrSPOSIÇõES

CONSTrTUCIONArS APLrCAVErS AO

FUNCTONÁRIO PÚBLrCO MUNICIPAL

P or fô rça da n orm a do art. 13, n.° V, com b in a d a com o art. 108, am bos da C onstituição Federa.l, na redação dada pela E m enda C onstitucional n.° l, de 1969, isto é, com p etin do à União fix a r as norm as relativas aos fu n cion ários esta­ duais e m unicipais, ao m esm o tem po em que se declara que a Seção destinada aos F un cionários Públicos ap lica -se aos “ dos tres Podêres da U nião e aos fu n cion á rios em geral, dos Estados, do D istrito F ederal’ dos T erritórios, e dos M u nicípios” (art. 108, ca p u t), é im ediata a in cidên cia aos fu n cion á rios estaduais e m unicipais dos direitos e garantias assegurados aos fu n ­ cion á rios federais, nas m esm as co n d i- çoes cm que o são a êstes. D estarte as leis ordinárias federais em vigor p a s­ saram a in cidir sôbre aquêles fu n cio n á ­ rios, no m esm o sentido em que se a o li- cam aos federais.

Ora, assegurando a C onstituição F e­ deral, nos casos que especifica, a p osen ta ­ doria aos fu n cion á rios públicos federais

(arts. 101 e 102), esta aposentadoria tam bém e aplicável aos estaduais e m u ­ nicipais, o que n ão constitui novidade pois ja assim se entendia. O que a p a ­ rece com o inova,ção é que, n ão havendo n orm a con stitu cion a l que esclareça com o e con ced id a essa aposentadoria, vale d i­ zer, p o r quem é ela custeada, terá o in térprete de se valer da legislação o r - d in a n a federal, in ciden te sôbre os fu n ­ cion ários da União, que assegura essa aposentadoria, em qualquer caso, gratui­ tam ente, isto e, o fu n cion á rio da União n ad a descon ta com êsse ob jetiv o p revi- denciario, sendo a aposentadoria cu stea­ da pela p róp ria União.

É certo que, com o n ad a esclarece a respeito dêsse custeio a C onstituição F e­ deral, lei ord in á ria poderá vir a deter­ m inar diferentem en te, m esm o para os fu n cion á rios federais, ou apenas em re­ lação aos estaduais e m unicipais. Mas enquanto n ão surgir essa lei, terá de ap licar-se, p or efe ito dos dois dispositi­ vos citados (arts. 13, n .° V, e 108 capu t) o m esm o critério ad otad o p a ra os fu n ­ cion ários da União. Em conseqüência, a partir de 15 de m a rço de 1967, pois qu an ­ to a êsse aspecto o p rin cíp io fo i in tro ­ duzido desde a p rim itiva redação da C onstituição (arts. 13, n.° V, e 106, caput,

n a redaçao a n terior), os fu n cion á rios públicos estaduais e m unicipais, que vêm sofren d o descontos em seus ven cim en tos para o b en efício da in atividade rem u ­ nerada, têm direito a dupla a p o sen ta d o ­ ria: a gratuita, correspon dente à do fu n cion á rio da União, e a cu steada pelos institutos de previdên cia social de que sejam associados, com o con tra p resta çã o pelos prêm ios do seguro pagos. (*>)

Cremos que o legislador con stituin te talvez n ao ten h a aten tado para as c o n - sequencias dos p receitos citados, que, se restringiram alguns direitos, con ferira m esse grande ben efício.

° utras ^ o v a ç õ e s se in troduziram com a C onstituição Federal de 1967, quer desde a sua prim itiva redação, quer p or r ^ ? -1? 0^a ça ? de Preceituações de A tos in stitu cion a is pela E m enda C on stitu cio­

n a l ' •’ í16, 1? 69’ ou disposições in tro d u ­ zidas originariam en te p o r essa E m enda. Assim, a redu ção da ca teg oria dos fu n ­ cion ários vitalícios apenas aos m a g istra ­ dos e m em bros dos T ribunais de C o n ­ tas (io ); em bora se h a ja assegurado a situaçao dos que eram vitalícios pela le - gislaçao anterior, isto é, os ca ted rá ticos e titulares de o fício de ju stiça , n om ead os ate 15 de m a rço de 1967. ( i i)

A estipulação da p rop orcion a lid a d e dos p roven tos de dispon ibilidade, orig i­ n ária de n ova red ação dada à C onsti­ tu ição pelo A to C om p lem en tar n 0 40 de 30 de dezem bro de 1968, con v a lid a d o p e ­ lo A to In stitu cion a l n .° 6, de 1.° de fe v e ­ reiro de 1969 (art. 3 .°), fo i inserta, com a E m enda C on stitu cion a l n.° 1, de 1969, n o p a rá g ra fo único do art. 100, ao m es­ m o tem po em que se estabelecia n ova form a de disponibilidade, p o r d e cla ra - çao de desnecessidade do cargo fe ita p e ­ lo P od er E xecutivo. (12)

D esde a prim itiva red ação da C on sti­ tu ição de 1967 se estatuiu que os p r o ­ ven tos da in atividade n ão p od eria m e x ­ ced er a rem u n eração p erceb id a n a a ti­ vidade, revog a n d o-se, assim , disposições estatutárias que asseguravam v a n ta ­ gens pecu niárias ex cep cion a is aos fu n ­ cion á rios que se aposentavam .

O utro p rin cíp io in trod u zid o co m a red a çã o da C on stitu ição de 1967 fo i o da n ã o -ob rig a to rie d a d e , em se tra ta n d o de m a n d a to eletivo m u n icipal, de a fa sta r-se o fu n cio n á rio fed era l ou estadual do exercício do seu ca rg o e fe ­ tivo, p elo que p od eria m ser exercidos, con com ita n tem en te, o ca rg o p ú b lico f e ­ deral e estadual com o m a n d a to eletivo

(5)

m unicipal, h a v en d o com p a tib ilid a d e e sendo êste gratuito. Se rem u n erado, p o ­ deria lice n cia r-se o fu n cio n á rio fed era l ou estadual, p erd en do o ven cim en to do seu cargo. Q u an to ao fu n cio n á rio m u ­ nicipal, n a red a çã o prim itiva da C ons­ tituição F ederal de 1967, o afastam en to, fôsse ou n ã o gratu ito o m a n d a to, era obrigatório, pelo p rin cíp io da separação de poderes, segundo o qual quem se in ­ veste n a fu n çã o de um dêles n ã o p od erá exercer a de ou tro ( 1S), salvo as ex ce ­ ções previstas n a p róp ria C onstitu ição. Com a E m en da C on stitu cion a l n .° 1, de 1969, en treta n to, passou a p erm itir-se essa co n co m itâ n cia de e x ercício, p o r res­ salva con stitu cion a l expressa (art. 104, § 3.°), p elo que o fu n cio n á rio m u n icipa l eleito V ereador p od erá e x ercer o cargo execu tivo e o m a n d a to legislativo, se n ­ do gratu ito êste, se h ou v er co m p a tib i­ lidade de h orário. In ex istin d o esta, a fa s ta r -s e -á n os dias em que co m p a re ­ cer às sessões da C âm ara, sem perda das v a n ta gen s do seu cargo. S en do r e ­ m unerado o m a n d a to, se n ão h ou v er lei m u n icipa l que assegure op çã o, será li­ cen cia d o do ca rg o, p erceb en d o tã o -s ò - m ente o subsídio do m a n d a to, pois n ão é lícita a p ercep çã o cu m u lativa de a m ­ bas as retribuições pecu niárias, o que só N O

(1) A estipu laçáo c o n stitu c io n a l de d ireitos e garantias fu n d a m en ta is dos fu n c io n á r io s p ú b lic o s su rgiu, entre nós, c o m a C on sti­ tu içã o de 1934 (arts. 168 e segs.). A té então, n ã o havia norm as c o n stitu c io n a is e sp ecífi­ cas para os fu n c io n á r io s p ú b lic o s. Essas g aran tias con stitu cio n a is estatuíd as para os fu n c io n á r io s da U nião se aplicavam , com o u m m ín im o, aos fu n c io n á r io s estaduais e m u n icip ais, p elo p rin cíp io d o art. 7.°, n .° IV, segun do o qu al com p etia aos Estados “ exercer em geral to d o e qu alqu er p oder o u d ireito qu e lhes n ã o fô r n ega do ex p lí­ cita o u im p licita m en te p or cláu su la expres­ sa desta C o n stitu iç ã o ” . Daí ser possível aos Estados, através de suas C on stitu ições, e aos M u n icíp ios, p or m eio de suas Leis O rgâ­ n icas, a trib u ir d ireitos e garan tias além das m ín im a s consagradas n o D ip lom a Básico F ederal. Essa situ a çã o vig orou , c o m o se v iu n o texto, até 15 de m a rço de 1967. (2) C f., ao p rop ósito, HELY LOPES MEIRELLES,

D ireito M u n icip al Brasileiro, vol. I, págs. 215 e 222.

(3) “ P or igual, as prerrogativas m ín im a s assegu­ radas aos servidores p ú b lic o s n ã o se s u je i­ tam a restrições, e p odem m esm o ser a m ­ p liadas até o lim ite cm q u e n ã o cerceiem os p oderes leg ítim os da A d m in is tra çã o" (HEIiY LOPES MEIRELLES, ob. e vol. cits., p. 222). (4) Não só as C on stitu ições estaduais e Leis

O rgânicas M u n icip a is p od em am pliar, salvo p rescrição expressa o u im p lícita em c o n ­ trário na Carta Federal, d ireitos e garan ­ tias ou torg a d os na Lei M aior. T am bém o legislad or ord in á rio tem essa com p etên cia . C f., ao p rop ósito, nossos E studos de D ireito A d m in istrativ o, Im prensa N acional, vol. II, 1965, págs. 271 e 272.

seria adm issível se se tratasse de p r o ­ ven tos de in ativid ad e (C onst. Fed., art. 99, § 4.°, n a redação da E m enda C on s­ titu cio n a l n .° 1, de 1969).

Essas, em lin h as gerais, as grandes a l­ terações in trodu zidas n o D ireito C on s­ titu cion a l Brasileiro, n o que con cern e ao servidor p ú b lico dos três graus h ie rá r­ quicos da F ed era çã o e dos três Podêres do Estado, que estabeleceram p rofu n d a s m od ifica çõ e s n o D ireito A dm in istrativo, n a parte em que diz com o regim e ju r í­ d ico do servidor pú blico.

T ais tra n sform a ções ca recem de r e ­ gu la m en ta çã o adequada, a ser b a ix a d a o quanto antes, quer em alguns casos, m ed ian te leis com p lem en tares, previstas expressam en te n a p róp ria C onstitu ição F ederal, quer p or via de legislação o r d i­ n ária ( 14), que atualizem os in stitu tos p ro fu n d a m e n te m o d ifica d o s € d isp o­ n h a m sôbre a n ov a o rd em legal in tro ­ duzida, de m an eira a se n ã o estabelecer um a b abel de in terp reta ções, pelas n o v i­ dades n em sem pre bem assim iladas, p a ­ ra as quais, em alguns casos, n ã o estava o P od er P ú blico prep a ra d o, o u n em m es­ m o con ta v a co m sua exten são, co m o nos .parece ser a h ip ótese de dupla a p o ­ sen tad oria a que já nos referim os. ' A S

(5) A Lei O rgânica d os M u n icíp ios do Estado de Sâo P aulo (L ei Estadual n .° 9.842, de 19 de setem b ro de 1967), fa ze n d o tábu la rasa d o art. 13, n .° V, da C on stitu içã o F e­ deral, dispôs, in co n s titu cio n a lm e n te , n o seu art. 2.°, n .° III, ser da com p etên cia do M u n icíp io "esta b elecer o regim e ju r íd ic o de seus servidores” , q u a n d o êsse regim e é f i ­ xad o p e’ a U nião.

(6) A to In s titu cion a l n .° 7, de 26 de fevereiro de 1969.

(7) D ecreto-lei n .° 5.452, de 1-5-1943.

(8) A tese exposta n o texto é rep rod u çã o da qu e se con tém em n ossos Estudos de D i­ reito A d m in istrativo, cits., vol. III, págs. 97 e segs.

(9) C f., q u a n to ao fu n d a m e n to da d u p la a p o ­ sen tadoria, nossos E studos de D ireito A d ­ m in istra tiv o, cits., vol. I, págs. 386 e segs. (10) Nos M u n icíp ios, apenas fic o u em fu n c io ­

n a m en to o T rib u n a l d e C ontas d o M u n ic í­ p io de São P au lo (C on st. Fed., art. 191, na redação dada pela E m enda C on stitu cion a l n .» 1, de 1969).

(11) C f. C onst. Fed., de 1967, art. 177, ca p u t, da redação p rim itiv a, e 194, cap u t, da atual, dada pela E m en da C on stitu cion a l n .° 1, dé 1969.

(12) Essa form a de d isp on ib ilid a d e fo i in t r o d u ­ zid a p elo cita d o A to C om p lem en tar n .° 40, de 1968, c on v a lid a d o p elo A to In s titu c io n a l n .° 6, de 1969, cita d o .

(13) Const. Fed., art. 6.°, p arágrafo ú n ic o , quer da p rim itiv a, qu er da atual red a çã o. (14) Não há qu e estranhar o co n c e ito qu e d ife ­

rencia a lei com p lem en ta r da ordin ária, pois, p elo q u oru m exigido para a prim eira (C on st. Fed., art. 50, n a n ov a r ed a çã o), sua hierarqu ia é su perior.

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