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CERTIFICAÇÃO DA PESCA SUSTENTÁVEL: UMA UTOPIA PARA O BRASIL

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Academic year: 2020

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Elisabete Coentrão Marques1, Stella Regina Reis da Costa2

1 Discente do Programa de Pós-graduaçãoStricto Sensuem Ciência e Tecnologia de Alimentos da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). e-mail: ecoentrao@ig.com.br

2 Docente do Departamento de Tecnologia de Alimentos, Instituto de Tecnologia, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). e-mail: stellare@ig.com.br

RESUMO

A gestão ambiental marinha tornou-se uma necessidade mundial frente a grande diversidade de atuações no setor pesqueiro. As lacunas percebidas servem para repensar o sistema de ordenamento pesqueiro brasileiro em uma perspectiva que permita aos pescadores exercer a qualidade através da regulamentação de seus produtos com um selo de qualidade que demonstre o equilíbrio entre a produção e a sustentabilidade. Objetivou-se neste trabalho verificar se é possível haver produção de pescado de forma sustentável sem extrapolar a exploração dos estoques marinhos. Analisou-se duas propostas feitas ao Marine Stewardship Council (MSC) para certificação da pesca responsável: argentina e brasileira de frutos do mar. As avaliações permitem considerar a pesca brasileira como distante da sustentabilidade mesmo com os esforços para tal finalidade. Concluiu-se por uma melhor análise situacional da pesca como forma de produção primária que requer atenção pelas autoridades governamentais e comprometimento de todos pela gestão ambiental.

Termos para indexação:Sustentabilidade, setor pesqueiro, gestão da qualidade.

CERTIFICATION OF SUSTAINABLE FISHERIES: A UTOPIA FOR BRAZIL

ABSTRACT

The marine environmental management has become a worldwide necessity face the great diversity ofroles in fishing sector. The perceived shortcomings serve to rethink the system of fishery management in Brazil in a perspective that allows fishermen to carry the quality through the regulation of their products with a quality seal that demonstrates the balance between production and sustainability. In this work, the possibility ofhaving fish production in a sustainable way without extrapolating the exploitation marine stocks was verified. Two proposals made to the Marine Stewardship Council (MSC) were analyzed for the certification of responsible fisheries: Argentinean and Brazilian seafood. The assessments allow considering the Brazilian fisheries far from sustainability even with the efforts for this purpose. We concluded that a better situational analysis for fishing as a primary production requires attention by government authorities and commitment ofall for the environmental management.

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INTRODUÇÃO

O alto grau de competição, a presença de produtos importados e a expectativa com relação aos produtos adquiridos levam as empresas a reconsiderar a qualidade com um bom planejamento e controle da produção. Com base no cliente, em que a qualidade do produto final está vinculada a sua percepção, o desafio é elaborar produtos capazes de cativá-lo, além de atender as suas necessidades. Importa saber o tamanho do mercado consumidor, a inserção de cada mercado em uma lógica global e a produtividade sistêmica, fator este decisivo para o sucesso

(FREITAS, 2003).

As certificações são formas de demonstrar ao consumidor a qualidade do produto que está utilizando em seu cotidiano. Tais certificações podem ser concedidas através de organismos nacionais, internacionais ou por

decisão própria.

Certificações de produtos ligados diretamente à saúde do consumidor como são os alimentos necessitam de um enfoque e aprofundamento detalhado do processo produtivo para se conseguir a segurança na sua ingestão, mas atrelado ao alimento também está a sua fonte de origem que precisa ser conservada em suas características intrínsecas ao próprio alimento e ambientais. A sustentabilidade ambiental coloca-se como um fator importante na produção de alimentos de forma a manter sua qualidade e quantidade em equilíbrio com a exploração de suas áreas de cultivo. No setor pesqueiro, períodos de defeso e educação ambiental contribuem para reposição dos estoques marinhos.

Observa-se crescente preocupação com a preservação do meio ambiente, evidenciada por aumento da rigidez das leis e fiscalização ambiental, bem como pela adesão das indústrias às normas ISO 14.000 de gestão ambiental. Novas tecnologias voltadas à remediação, reaproveitamento, redução e monitoramento de resíduos são esperadas (GIL, 2007).

Pretende-se neste artigo confrontar dois casos de avaliação para certificação da pesca sustentável aplicados no setor pesqueiro, discutindo suas implicações para o produto final oferecido pelo próprio site do Marine Stewardship Council (MSC). Optou-se por verificar a certificação do único caso da América do Sul e o caso brasileiro, ambos com frutos do mar.

MATERIAL E MÉTODOS

A presente pesquisa é de caráter exploratório por

proporcionar maior familiaridade com o problema e de cunho documental por utilizar materiais que não receberam ainda um tratamento analítico ou que ainda podem ser reelaborados como os relatórios dos casos em estudo de acordo com os objetivos da pesquisa (GIL, 2008). Verificou-se junto aos dados disponibilizados no site do Marine Stewardship Council os casos de certificação da pesca ecológica no Brasil e na Argentina com a estrutura de planejamento da captura ecológica feitos para serem aceitos no programa de certificação. Teceu-se considerações finais sobre a pesca responsável em questão.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Setor Pesqueiro no Brasil e no mundo

A produção mundial da pesca por captura e da aquicultura foi em torno de 142,2 milhões de toneladas de peixe para consumo humano em 2008 (Tabela 1) (FAO, 2009). Mundialmente a maior produção de pescado ainda se manteve sobre a captura marinha, sendo uma parcela significativa do setor pesqueiro entre os anos de 2004 até 2008.

Tabela 1:Produção mundial em toneladas continental, marinha e total, da pesca extrativa e aquicultura entre os anos de 2004 a 2008

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) o sistema estatístico da pesca possui falhas, como a não identificação do pescado ser inteiro ou eviscerado na descarga, a carência de levantamentos sobre a pesca artesanal, a desativação das estatísticas de pesca extrativa marinha em alguns Estados, desinformação quantitativa por espécie devido à dimensão territorial do país, sua variedade e falta de informações sobre os estoques pesqueiros (IBGE, 2002).

No Brasil observa-se que a produção de pescado vem crescendo auxiliada pela aquicultura que atualmente participa com uma parcela significativa de sua produção, mas ainda assim, a pesca extrativa marinha se sobrepõe (Tabela 2).

Tabela 2:Produção nacional de pescado em toneladas da pesca extrativa e aquiculturaentreosanosde2005 a2009

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a 17 mil toneladas/ano (BRASIL, 2010).

A pesca marítima pode ser classificada em pesca amadora, de subsistência, artesanal ou de pequena escala e empresarial/industrial. A pesca amadora é praticada em todo o litoral como turismo, lazer ou desporto e o produto não pode ser comercializado ou industrializado. A pesca de subsistência tem por objetivo a obtenção do alimento e não a finalidade comercial. A pesca artesanal está associada à subsistência e ao comércio. A pesca empresarial/industrial subdivide-se em duas subcategorias: a empresarial e a industrial. A pesca empresarial é desenvolvida por armadores de pesca podendo os proprietários das embarcações participarem ou não do processo produtivo,função delegada ao mestre da embarcação e por ser de maior porte exige divisão de trabalho: mestre, cozinheiro, gelador, maquinista, pescador, etc. Na pesca industrial, a empresa é proprietária das embarcações, organizada em diversos setores e às vezes além da captura também fazem o beneficiamento e a comercialização. A pesca industrial é mais importante nas regiões Sudeste e Sul e a artesanal é mais representativa no Norte e Nordeste (DIAS NETO, 2003).

Políticas governamentais estimulam o

crescimento do setor pesqueiro no Brasil. Para tal, foi criado o Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) pela Lei nº 11.958/2009 para estimular e manter o crescimento do setor pelo aumento das exportações (BRASIL, 2009; CARLINI JÚNIOR, 2006).

Aplicando a qualidade no setor pesqueiro

Para Barçante (1998) existem diferentes definições da qualidade, sendo cinco consideradas as mais relevantes: transcendental, produto, usuário, fabricação e

valor agregado.

No enfoque transcendental, qualidade é sinônimo de excelência nata, sendo constituída de padrões elevadíssimos, universalmente reconhecidos e relacionados a sua marca. Com relação ao produto, a qualidade é um conjunto de atributos que podem ser medidos e controlados. O foco no usuário está associado a uma visão

BARÇANTE, 1998).

Armand Feigenbaum formulou o controle total da qualidade onde o objetivo era um controle preventivo desde o início do projeto dos produtos até o fornecimento aos clientes (apud BARÇANTE, 1998). Para Genichi Taguchi o foco estava no projeto do produto ou processo para aumentar o lucro e a qualidade dos produtos (DAVIS, 2001; TAGUCHI, 1986).

Segundo Deming (2003) a qualidade baseia-se nas necessidades dos consumidores, oferecendo produtos que os satisfaçam, seduzindo com uma mercadoria que reúna

atributos próprios de sua finalidade.

O sistema de controle da qualidade representa o resultado de projeto, instalação e manutenção, disciplinados e estruturados, de uma série completa de procedimentos para a qualidade, realizados por pessoas, máquinas e informações, as quais garantirão qualidade ao consumidor

(FEIGENBAUM, 1994).

As ações de agrobusiness direcionadas apenas ao aumento da produção não são suficientes em um mercado globalizado e competitivo, necessitando criar critérios de segurança alimentar, monitoramento por análises microbiológicas, boas práticas e rastreabilidade para identificar a origem do produto. A certificação pode ajudar a imagem da empresa, pois objetiva proporcionar ao cliente a garantia quanto à conformidade às normas ou especificações técnicas, adotando padrões de qualidade e sistemas de monitoramento internacionalmente aceitos, aumentando a coordenação da cadeia, redução de custos e aumento da

qualidade dos produtos (CONCEIÇÃO, 2005).

A certificação é uma ferramenta incorporada ao segmento agroalimentar, principalmente em países desenvolvidos

(ZYLBERSTAJN, 2003).

Os consumidores também estão preocupados com a responsabilidade das empresas sobre o meio ambiente. Nos anos 70 houve a conscientização e divulgação de que os problemas ambientais advinham do desenvolvimento econômico e tecnológico e que isso deveria ser modificado. A NBR ISO 14.001 publicada em 1992 e republicada em 1994, chegando ao Brasil em 1996, é uma norma não

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A certificação Marine Stewardship Council ou Conselho de Curadoria Marinha (MSC)

MSC é uma grande organização com sede em Londres e vários escritórios regionais. A MSC é regida por um Conselho Curador que tem o parecer da Assessoria Técnica do Conselho e do Conselho das Partes Interessadas. Os órgãos diretivos incluem representantes da indústria, grupos ambientais e cientistas de diferentes regiões geográficas (GREENPEACE, 2011).

A norma MSC ambiental foi desenvolvida na sequência de uma consulta internacional com as partes interessadas entre 1997 e 1999 para realizar a certificação de pescarias segundo os Princípios e Critérios do MSC para a pesca bem administrada. O MSC foi criado por iniciativa da UNILEVER (Multinacional Holandesa) e o World Wildlife

Fund (WWF).

Seu objetivo é fomentar a pesca marítima sustentável mediante o estímulo do uso de técnicas de pesca responsáveis, apropriadas e adequadas ao meio ambiente, socialmente benéficas e economicamente viáveis, conservando ao mesmo tempo a biodiversidade, a obrigatória e de âmbito internacional, que fixa a

especificação da certificação e avaliação do Sistema de Gestão Ambiental e a NBR ISO 14.004 dá as diretrizes gerais dos princípios, sistemas e técnicas de apoio.

A certificação cria uma imagem “verde”, abre acesso a novos mercados, reduz e/ou elimina acidentes ambientais, leva ao uso racional de energia e recursos naturais, facilitando linhas de crédito (DENARDIN, 2000). A adoção da certificação pode ser por decisão própria, onde as empresas elevam seus controles, a fim de fornecer melhor qualidade de produtos e processos aos seus clientes, por negociação entre o setor público e privado e por setor público que estimula as empresas a adotar certos critérios de certificação. O consumidor encontra, nessas organizações, um sinal de diferenciação do produto e um apoio na sua decisão de compra (ZYLBERSTAIN, 2003). A certificação da qualidade de alimentos encontra problemas como a uniformização de estratégias para capitalizar as oportunidades como consumo de alimentos frescos e minimamente processados internacionalmente, regulamentações internacionais de saúde e de segurança de alimentos (Figura 1), conscientização dos consumidores sobre qualidade, preocupação das empresas com seus fornecedores e diversidade de sistemas certificadores que às vezes não são internacionalmente aceitos (MARZALL, 2000).

Figura 1. Mapa mundial da segurança dos alimentos Fonte: ZYLBERSZTAJN, 2003.

A rotulagem ecológica na pesca permite atualmente uma ação sobre a exploração dos estoques pesqueiros, impedindo a diminuição da biodiversidade e melhorando o gerenciamento sustentável. Melhoras tecnológicas da pesca aumentam o ritmo de produção com aparelhos de alta capacidade, motores a diesel, fábricas de gelo apropriadas e fibras sintéticas.

O preço do pescado varia em função do mercado, da espécie, da estação do ano, do tamanho do peixe e outros parâmetros, observando as várias leis, decretos, portarias, licenças e outras normas legais que regem a exploração pesqueira (PEREIRA, 2004).

A produção dos barcos pesqueiros é acondicionada,

Los Estados y los usuarios de los recursos acuáticos vivos deberían conservar los ecosistemas acuáticos. El derecho a pescar lleva consigo la obligación de hacerlo de forma responsable a fin de asegurar la conservación y la gestión efectiva de los recursos acuáticos vivos. La ordenación de la pesca debería fomentar el mantenimiento de la calidad, la diversidad y disponibilidad de los recursos pesqueros en cantidad

suficiente para las generaciones presentes y futuras, en el contexto de la seguridad alimentaria, el alivio de la pobreza, y el desarrollo sostenible. Las medidas de ordenación deberían asegurar la conservación no sólo de las especies objetivo, sino también de aquellas especies pertenecientes al mismo ecosistema o dependientes de ellas o que están asociadas con ellas.

transportada e vendida em gelo. Como não há infra-estrutura suficiente, peixes de segunda categoria capturados acabam sendo descartados para ceder lugar às espécies mais importantes. O período de desova é o momento mais apropriado para aplicação das leis de defeso (SANTOS, 2005).

Os planos de manejo devem abranger toda sua área de distribuição alicerçados em princípios de sustentabilidade que foquem na atividade pesqueira, nas condições humanas do entorno e na qualidade da água (SANTOS, 2005).

Segundo a FAO (2011), artigo 6 dos princípios gerais:

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Custódia" que garante a rastreabilidade dos produtos do desembarque até a venda, permitindo o uso do logotipo MSC nas embalagens e nos balcões de peixe, cardápios de restaurantes, etc (GREENPEACE, 2011).

O MSC estabeleceu um padrão reconhecido internacionalmente e a empresa pesqueira deve conseguir a manutenção e o restabelecimento de populações saudáveis de espécies-alvo, a manutenção da integridade dos ecossistemas, o desenvolvimento e manutenção de sistemas eficazes de gestão da pesca, levando em conta todos os aspectos relevantes da sua biologia, tecnológico, econômico, social, ambiental e comercial, em conformidade com as leis locais, nacionais e internacionais. Se cumprirem podem usar o rótulo ecológico MSC em seus produtos de pesca, a fim de informar aos consumidores de que são uma boa escolha do ponto de vista ambiental. Atualmente existem 154 pescas

certificadas no programa MSC (Figura 2).

Figura 2. Certificações MSC no mundo. Fonte: MSC, 2011

Situação da única certificação conseguida na América do Sul

A espécie certificada como sustentável foi a Vieira da Patagônia ou Vieira Patagônica (Zygochlamys patagonica) em dezembro de 2006 e recertificada em abril de 2012.

Embora possam viver em profundidades de 40 a 200 metros, a captura da Vieira da Patagônia dentro da plataforma continental argentina nas águas ocorre cerca de 60 a 120 metros de profundidade entre o limite Norte com o Uruguai e uma linha traçada entre as Ilhas Malvinas e Tierra

braços laterais que arrastam duas redes (arrasto duplo). As redes de arrasto operam de cada lado da embarcação. O tamanho da malha é de 10 cm. Normalmente um arrasto dura de 4 a 5 horas. Neste tipo de pesca sustentável, o arrasto de apenas 10 minutos é muito rápido, não permitindo amassamentos do produto e morte da fauna acompanhante.

As vieiras só são capturadas se tiverem 55 milímetros ou mais, pois são sexualmente maduras com 40

milímetros, preservando os estoques futuros.

A fauna acompanhante e as vieiras de tamanho não comerciais são separadas por tanques e devolvidas ao mar dentro de dois a três minutos, maximizando suas chances de sobrevivência.

Há controle do ciclo reprodutivo da espécie e consequentemente da biomassa e investigação das melhores práticas de gestão, impedindo a diminuição da biodiversidade. Assim, utiliza em seu rótulo o símbolo da pesca ecologicamente responsável.

Cerca de 50% das vieiras congeladas são vendidas nos mercados europeus, 40% nos Estados Unidos e o restante fica no país ou é exportada para outros países. Atualmente com um rótulo ecológico, eles conseguiram aumentar suas vendas, padronizar o processo, reconhecimento internacional e identificação fácil pelo comprador de produto de qualidade (MARINE STEWARDSHIP COUNCIL, 2011).

Situação da única certificação tentada no Brasil Uma tentativa de certificação foi feita com uma pequena comunidade do litoral do Ceará (Fortaleza, Brasil) a Prainha do Canto Verde que usa armadilhas para capturar lagostas (Panulirus argus ou lagosta vermelha e Panulirus laevicauda ou lagosta cabo verde ou lagosta verde). Sua frota é mecanizada em 90% da pescaria e 10% por jangadas. Utilizam covos também conhecidos como manzuás como armadilhas que são cestos rígidos, cônicos e compridos feitos de bambu e tela de arame com abertura para entrada do crustáceo e um funil que orienta a lagosta até o interior e dificulta sua saída. A lagosta habita

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locais de vegetação ou rochosos e são reptantes. Assim, os covos com iscas dentro são colocados no fundo do mar, já que sua preferência é por 50 a 100 metros de profundidade eespera-seatéaentradadalagosta.

Na pré-avaliação o MSC deveria coletar informações sobre a descrição da pescaria, histórico da atividade na área, atividades da vizinhança, a situação dos estoques na região, os impactos ecológicos ambientais e a solidez do sistema de ordenamento da pesca

(FORTALEZANET, 2011).

Eles não conseguiram a certificação, já que evidenciou-se que os estoques marinhos estavam em sério declínio histórico, pois passaram de 0,936 e 0,410 kg/covo/dia em 1965 para 0,097 e 0,019 kg/covo/dia em 1997 para Panulirus argus e Panulirus laevicauda respectivamente. A avaliação foi arquivada e impedida de continuar logo na primeira fase.

Concluiu-se que a comunidade possui excelentes medidas de ordenamento local, mas o ordenamento da pesca da lagosta praticado pelo governo federal não atenderia aos critérios rígidos do MSC em ordenar a pesca e em repor os estoques. Seria necessário a retirada da condição de sobrepesca no local através de um plano estratégico de longo prazo e fiscalização rígida da reproduçãodasespéciesemanutençãodosestoques.

Os problemas da sustentabilidade do setor pesqueiro estão relacionados a redução dos estoques pesqueiros e demais efeitos negativos como modificação das regiões costeiras, o assoreamento (SANTOS, 2005), a poluição das águas, água de lastro, destruição de mangues, pescadores obrigados a pescar cada vez mais longe, aumento do número de dias no mar e o represamento de rios, precisando de políticas ambientais voltadas para a preservação e sustentabilidade dos recursos naturais. A garantia da qualidade ocorre por um planejamento dos processos, de evidências do cumprimento desses planos e da verificação da conformidade das atividades pela melhoria contínua. Este fato demonstra que os planos precisam ser modificados. As normalizações estão no processamento, na tecnologia, na qualidade de vida para a saúde da população, segurança e a preservação do meio ambiente. O setor pesqueiro brasileiro precisa melhorar, para que se consiga um equilíbrio entre a demanda e a produção.

CONCLUSÕES

Após análise das duas situações de tentativas de certificação, observou-se que o Brasil ainda possui

obstáculos a enfrentar quanto a sua forma de se relacionar comomeioaquático.

Não existe um certificado ou mecanismo formal de regulamentação para pesca. O que se pode tentar são mecanismos informais feitos pelas próprias empresas de pesca como uma iniciativa deste setor em sistematizar sua prática e incorporar medidas de controle da produção com os programas de requisitos de qualidade sobre o produto, processo produtivo, sistema de gestão, melhor delimitação geográfica da captura das espécies, ação fiscalizadora do IBAMA no período do defeso e ações deste sobre o

monitoramento dos estoques.

As boas práticas que deveriam ser estimuladas pelo IBAMA são uma excelente alternativa de conscientização do pescador. Com atuação do Estado e do setor privado pode-se aplicarmetas de sustentabilidade e incremento dapesca. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARÇANTE, L. C.Qualidade total: uma visão brasileira: o impacto estratégico na universidade e na empresa. Rio de Janeiro: Campus, 1998.

BRASIL. Ministério da Pesca e Aquicultura. Lei nº 11.958/2009. Dispõe sobre a transformação da Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca da Presidência da República em Ministério da Pesca e Aquicultura, Diário Oficial da União de 29 de junho de 2009.

BRASIL. Ministério da Pesca. Disponível em:

<http://www.mpa.gov.br/#imprensa/2010/AGOSTO/nt_AG O_19-08-Producao-de-pescado-aumenta.consultado>. Acesso em: 23 out. 2010.

CARLINI JÚNIOR, R. J.; BARRETO, C. F.; LISBOA FILHO, W. A utilização do controle de qualidade de acordo com o sistema de análise de perigos e pontos críticos de controle (APPCC) na indústria pesqueira brasileira: o caso da Netuno Pescados no Estado do Rio de Janeiro. Organizações Rurais & Agroindustriais, Lavras, v.8, n.1,

p.11-24, 2006.

CONCEIÇÃO, J. C. P. R. da; BARROS, A. L. M. de. Certificação e rastreabilidade no agronegócio: instrumentos cada vez mais necessários. Brasília: IPEA, 2005.

DAVIS, M. M.; AQUILANO, N. J.; CHASE, R. B. Fundamentos da administração da produção.

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DIAS NETO, J.; MARRUL FILHO, S.Síntese da situação da pesca extrativa marinha no Brasil. Brasília: IBAMA, 2003.

FAO. Organización de las Naciones Unidades para la Agricultura y la Alimentación. El estado mundial de la pesca y la acuicultura 2008. Roma: FAO, 2009.

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http://www.fao.org/DOCREP/005/V9878S/V9878S00.HTM #1 >. Acesso em: 17 abr. 2011.

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Figura 1. Mapa mundial da segurança dos alimentos Fonte:
Figura 2. Certificações MSC no mundo. Fonte: MSC, 2011

Referências

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