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Detecção de destacamentos de revestimentos argamassados externos de fachadas com auxílio da termografia infravermelha

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Academic year: 2020

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DETECÇÃO DE DESTACAMENTOS DE REVESTIMENTOS

ARGAMASSADOS EXTERNOS DE FACHADAS COM

AUXÍLIO DA TERMOGRAFIA INFRAVERMELHA

DETECTION OF DETACHMENTS OF EXTERNAL MORTAR

FACING OF FACADES WITH THE ASSISTANCE OF

INFRARED THERMOGRAPHY

DETECCIÓN DE DESTACAMENTOS DE REVESTIMIENTOS

ARGAMASADOS EXTERNOS DE FACHADAS CON AYUDA

DE LA TERMOGRAFÍA INFRARROJA

Camila Akemi Sakamoto1

Marcela Luana Sutti2

Maiara Oliveira Silva de Aguiar3

Cesar Fabiano Fioriti4

Resumo: Foi aplicada a técnica da termografia para que eventuais destacamentos do revestimento argamassado externo pudessem ser detectados por meio de variações na temperatura superficial das fachadas de duas edificações objeto de estudo. Com os resultados foi verificado que a aplicação da termografia se fez útil, pois apresentou variações quando comparadas as áreas com e sem a presença de anomalias. Concluindo que esta técnica deve ser realizada mais de uma vez na área afetada, variando os períodos do dia, para que se possam comparar os resultados e descobrir qual é a área destacada do revestimento argamassado.

Palavras-chave: Destacamentos. Degradação. Termografia. Anomalias.

Abstract: The thermography technique was applied so that eventual detachments of the external mortar coating could be detected by means of variations in the surface temperature of the facades of two buildings under study. With the results it was verified that the application of the thermography became useful, since it presented variations when compared the areas with and without the presence of anomalies. Concluding that this technique should be performed more than once in the affected area, varying the periods of the day, so that the results can be compared and find out the highlighted area of the mortar coating.

Keywords: Detachments. Degradation. Thermography. Anomalies.

1 Graduada em Arquitetura e Urbanismo. Bolsa de IC FAPESP. Universidade Estadual Paulista - FCT/UNESP. Presidente Prudente. E-mail: sakamotocamila@hotmail.com.

2 Graduanda em Arquitetura e Urbanismo. Bolsista FAPESP de IC. Universidade Estadual Paulista - FCT/UNESP. Presidente Prudente. E-mail: malusutti@hotmail.com.

3 Graduanda em Arquitetura e Urbanismo. Bolsista FAPESP de IC. Universidade Estadual Paulista - FCT/UNESP. Presidente Prudente. E-mail: macioliveira@yahoo.com.br.

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Resumen: Se aplicó la técnica de la termografía para que eventuales destacamentos del revestimiento mortero externo pudieran ser detectados por medio de variaciones en la temperatura superficial de las fachadas de dos edificaciones objeto de estudio. Con los resultados se verificó que la aplicación de la termografía se hizo útil, pues presentó variaciones cuando comparadas las áreas con y sin la presencia de anomalías. Concluyendo que esta técnica debe realizarse más de una vez en el área afectada, variando los períodos del día, para que se puedan comparar los resultados y descubrir cuál es el área destacada del revestimiento mortero.

Palabras-clave: Desprendimientos. Degradación. Termografía. Anomalías.

Envio 23/03/2018 Revisão 23/03/2018 Aceite 11/07/2018

Introdução

A termografia infravermelha é uma técnica que trabalha convertendo a radiação térmica, emitida por um determinado objeto, em uma imagem visual, os chamados termogramas. Isso se dá pelo princípio de todos os materiais, estando eles acima do zero absoluto (-273°C), emitirem energia na forma de calor. Assim, a câmera detecta milhares de pontos de radiação emitidos pelo corpo e a transforma em imagem térmica (Silva, 2007).

Por ser uma técnica de ensaio sem necessidade de contato, nem de tempo para estabilização das temperaturas, permite sua utilização em situações onde não seria possível realizar medições e análises com outras técnicas (Hart, 1991). Mas, para uma correta análise dos termogramas, é fundamental um operador capacitado, com conhecimento das técnicas de construção e fenômenos da transmissão de calor, ar, umidade e também conhecimentos sobre teorias da radiação infravermelha e de outros fatores que poderão influenciar nas medições (Barreira, 2004).

Vem crescendo cada vez mais a aplicação da termografia, não só no campo da engenharia civil, mas também na ciência e na indústria, como cita Barreira (2004), alguns exemplos onde ela é utilizada como aliada: medicina, medicina veterinária, astronomia, setor industrial, manutenção de sistemas mecânicos, manutenção de sistemas elétricos, arqueologia, fins militares, entre outros.

A construção civil tem feito uso das técnicas não destrutivas para a caracterização de manifestações patológicas nos mais diversos elementos, materiais e partes da edificação. Nesse sentido, a termografia é a ferramenta que pode ser usada como diagnóstico, uma vez que a maior parte dos problemas dos materiais e componentes estar associada à variação de temperatura, sua utilização se torna uma grande aliada para auxiliar e compreender os fenômenos da origem das anomalias.

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Assim, problemas nas edificações, que muitas vezes são detectados apenas depois que já são aparentes, como aparecimento de trincas, manchas, fissuras, que muitas vezes se manifestam tardiamente e possivelmente irreversíveis, poderiam ter sido identificados precocemente e com isso, minimizando gastos, danos estruturais e melhor eficiência (Barreira, 2004).

Um exemplo disso, é dado por Sousa (2013), em seus estudos sobre a termografia analisando paredes de concreto, revelou que as manifestações patológicas no concreto devem ser levadas em consideração pelo fato de que nas paredes de concreto não há barreiras, como rebocos ou cerâmicas, que impeçam a penetração de água. Outro fato é que há uma grande dificuldade de se identificar rapidamente anomalias nessas superfícies, pois elas não são visíveis, aumentando silenciosamente os riscos à estrutura. Assim, o uso da termografia, por ser rápido e sem danos, é indicado para que haja tempo de solucionar os problemas.

Como outros exemplos de problemas detectados pela técnica (Barreira, 2004): localizar fissuras e áreas degradadas, manutenção e reabilitação de edifícios, problemas estruturais em diques/barragens/pontes, detectar defeitos nos isolamentos térmicos, definir pontos de infiltração, problemas causados pela umidade, entre outros.

Com relação à luz solar, para Labat et al. (2011) trata-se de uma fonte de calor estranha, e talvez a mais relevante proveniente do exterior. Em dias limpos, o calor irradiado pelo sol para a fachada do edifício encobre completamente os resultados das transferências de calor através da envolvente. A informação obtida pelo interior também pode ser alterada, não só devido ao aquecimento da fachada exterior, que altera o fluxo normal de calor do interior para o exterior, como também devido à incidência direta dos raios solares na superfície em estudo, através das janelas. Para evitar esta interferência, as janelas devem ser tapadas algum tempo antes do início do ensaio. Mesmo em um dia nublado, a radiação solar difusa pode afetar os padrões térmicos do exterior do edifício. Por estas razões, os ensaios exteriores são efetuados normalmente durante a noite, enquanto os ensaios interiores ou são efetuados a noite ou em dias encobertos.

Um ensaio termográfico não deve começar imediatamente após o pôr do sol, uma vez que as superfícies expostas à radiação solar armazenam calor durante certo período de tempo, mesmo depois de ter sido removida a fonte. O tempo necessário para que o calor armazenado

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se dissipe depende da inércia térmica da envolvente e da diferença de temperatura entre a superfície e o ambiente exterior (Silva, 2012).

Dependendo do tipo de ensaio, a radiação solar pode ser benéfica e utilizada num método de ensaio ativo, pois este método implica a utilização de uma fonte de calor aplicando um impulso térmico no material.

Diante do exposto, a termografia infravermelha é efetivamente utilizada para análise de problemas em edifícios, pois o diagnóstico é realizado de forma não destrutiva e sem a necessidade de proximidade entre o objeto e a câmara. Atualmente as câmaras termográficas são pequenas e portáteis, sendo mais prática a sua utilização em ensaios in situ. Porém, neste tipo de análise é fundamental a calibração do equipamento, uma vez que se pretende obter os valores reais da temperatura para o objeto em estudo. Por fim, o conhecimento das principais características da câmara termográfica é fundamental para que possa ser aplicada a futuras pesquisas.

Objetivo

Aplicar a termografia para que eventuais destacamentos do revestimento argamassado externo possam ser detectados através de variações na temperatura superficial das fachadas orientadas a Norte de duas edificações. Os destacamentos serão visualizados nos termogramas por meio da existência de maior temperatura, durante a fase de aquecimento, e de áreas de menor temperatura, durante a fase de arrefecimento.

Metodologia

 Condições iniciais e equipamento

Foi desenvolvida uma campanha de ensaios in situ com o objetivo de validar a metodologia de detecção de destacamentos nas fachadas reais de edificações. As medições foram efetuadas nas fachadas Norte de duas edificações que compõem o Centro de Museologia, Antropologia e Arqueologia – CEMAARQ da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista – FCT/UNESP, que apresenta destacamentos pontuais do revestimento externo de argamassa. As fachadas estudadas são compostas por argamassa de revestimento ( 1,5 cm de espessura) e alvenaria de tijolo comum (12,5 cm de espessura).

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A câmera termográfica Flir Série E40, utilizada neste estudo, possui as seguintes especificações técnicas: faixa de temperatura: -20ºC a 650ºC; precisão: 2%; sensibilidade térmica (NETD): <0,05ºC; tamanho do display colorido: 3.5" LCD touchscreen; resolução detector (pixels): 160 x 120; foco: manual; mira laser; iluminador de alvo; resolução câmera visual: 3.1 MP; 60 Hz; peso: 825 g. Trata-se de um equipamento de alta sensibilidade radiométrica, que capta a energia infravermelha emitida pela superfície de um objeto e converte-a em sinais elétricos, através do detector em matriz bidimensional não arrefecida, sendo o sinal de temperatura analógico amplificado e convertido em um sinal digital. O sinal digital é exibido como imagens térmicas coloridas ou monocromáticas.

 Procedimentos adotados

Os procedimentos de ensaio consistiram em efetuar termogramas com o equipamento posicionado perpendicularmente à fachada (com auxílio de um tripé de alumínio), a uma distância de 1m da área objeto (revestimentos argamassados externos), utilizando os ganhos solares ao longo do dia para permitir uma análise dinâmica. Foi escolhido um dia com Sol em que se efetuou uma inspeção das fachadas Norte das duas edificações do CEMAARQ, procurando detectar as zonas com a manifestação patológica destacamento do revestimento argamassado (Figura 1). Após verificação adicional das zonas destacadas, que foram realizadas recorrendo à percussão com auxílio de martelo de borracha, foram selecionadas as zonas de forma a colocar a câmara termográfica perpendicular às fachadas. A emissividade utilizada na câmera termográfica foi de 0,91.

Foram obtidos termogramas horários em três fases: sem o Sol a incidir nas fachadas Norte, com o Sol a incidir diretamente nas fachadas Norte e após o Sol ter incidido nas fachadas Norte.

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Resultados e análise

 Edificações objeto de estudo

Duas edificações constituem o CEMAARQ, uma delas construída no ano de 1972 (doravante denominada Edifício 1) e a outra em 1983 (Edifício 2), Figura 2.

As edificações objeto de estudo já passaram por algumas manutenções ao longo dos anos, mas ainda apresentam fissuras visíveis, destacamentos, entre outras anomalias no revestimento argamassado externo das fachadas

Figura 2. Vista superior das duas edificações do CEMAARQ. Fonte: Google Maps, com modificações.

Assim, os ensaios foram realizados nas fachadas Norte das duas edificações, ou seja, no Edifício 1 – fachada 6 e no Edifício 2 – fachadas 1 e 4 (Figura 3). As fachadas estudadas são compostas por base (alvenaria de tijolo comum), chapisco, argamassa de revestimento (massa única) e acabamento (tinta látex).

Figura 3. Enumeração das fachadas das edificações do CEMAARQ.  Horários de realização dos ensaios

Em um dia ensolarado, os ensaios foram realizados nos seguintes horários: a) 7:45h da manhã (sem incidência de Sol),

b) 15:00h (com incidência do Sol); c) 17:45h (após a incidência do Sol).

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 Edifício 1 (fachada 6)

A Figura 4 apresenta a localização da fachada 6, bem como uma foto real da mesma.

Figura 4. Esquema da localização da fachada 6 e foto real.

A Figura 5 se refere ao termograma da fachada 6, do Edifício 1, pela manhã, antes do Sol se incidir na fachada. Durante a tarde, nesse mesmo local da edificação, foi realizado o ensaio tanto as 15:00h (horário com incidência do Sol) e as 17:45h, logo após o Sol se por. Pelo fato de haver uma árvore em frente a essa fachada 6, ela não apresentou incidência direta do Sol em sua face.

O procedimento constituiu em localizar com a ajuda de um martelo de borracha, próprio para um ensaio de percussão, um ponto onde o som soava oco, indicando a presença de um descolamento de revestimento. Logo após, com o auxílio da câmera termográfica nesse ponto oco, realizou-se os três ensaios durante os três horários distintos para analisar se essa anomalia poderia ser vista por essa técnica.

Comparando os três resultados, pode-se notar pouca mudança entre os ensaios. A temperatura variou bastante, aquecendo durante o dia e voltando a esfriar no último horário do ensaio. Pouca variação visual pode ser notada, apenas no termograma da Figura 6 apareceram algumas manchas que podem indicar a presença da anomalia, mas que não foram visualizados nos outros dois horários: 7:45h (Figura 5) e 17:45h (Figura 7).

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Figura 5. Termograma e imagem real da fachada 6 – Edifício 01, as 7:45h.

Figura 6. Termograma e imagem real da fachada 6 – Edifício 01, as 15:00h.

Figura 7. Termograma e imagem real da fachada 6 – Edifício 01, as 17:45h.

No Quadro 1, referente às imagens e temperaturas nos três horários analisados, foram adicionados dois pontos. O ponto Sp1 se refere à área onde com o ensaio de percussão apresentou som cavo, e o Sp 2 é área em que não se apresentou a manifestação patológica pela verificação da percussão. Logo, foi possível por meio da comparação dessas duas áreas avaliar se elas absorveram calor de forma diferente.

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Quadro 1. Comparação das temperaturas com os horários no ponto de destacamento.

O que se pode notar é que a área com destacamento apresentou sempre uma temperatura mais elevada quando comparada ao seu entorno, mas que os acréscimos e diminuições de temperatura registrada foram constantes nas duas áreas. Isso pode ter ocorrido devido a não incidência direta do Sol nessa fachada, dificultando a absorção de calor e por isso não há variações entre as áreas.

 Edifício 2 (fachada 1)

A Figura 8 apresenta a fachada 1, em que por meio da comparação das Figuras 9, 10 e 11, que são respectivamente correspondentes aos termogramas das 7:45h, 15:00h e 17:45h,

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pode-se notar que por mais visível (nas imagens reais) que a manifestação patológica é, nos termogramas em que o Sol não se fez incidente (7:45h e 17:45h) ela quase não se pronunciou nos termogramas. Isso pode ser visto, analisando o termograma das 15:00h (Figura 10), em que a delimitação da parte destacada é bem visível, apresentando uma temperatura maior do que o restante da parede.

Figura 8. Esquema da localização da fachada 1 e foto real.

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Figura 10. Termograma e imagem real da fachada 1 – Edifício 2, as 15:00h.

Figura 11. Termograma e imagem real da fachada 1 – Edifício 2, as 17:45h.

Pelo Quadro 2 pode ser notado que o ponto de destacamento no primeiro termograma apresenta temperatura de 17°C, quando o ensaio foi realizado as 7:45h. As 15:00h, o destacamento apresentou temperatura superior à 30°C, com uma demarcação clara da linha de descolamento. O terceiro ensaio mostrou temperatura de 24,3°C, com a linha de descolamento resfriada. Isso demonstra que a anomalia se aquece e arrefece mais rápido que o restante do corpo.

Ao se comparar as temperaturas nos dois pontos dos termogramas mostrados no Quadro 2, sendo o ponto Sp1 situado acima da manifestação patológica e o ponto Sp2 situado fora dela. Diante do exposto, pode ser visualizada uma tendência de o descolamento aquecer e se resfriar mais e mais rápido do que a parte do revestimento que não apresenta a anomalia.

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Quadro 2. Comparação das temperaturas com os horários no ponto de destacamento.

 Edifício 2 (fachada 4)

A Figura 12 apresenta a edificação objeto de estudo, com destaque para a localização da fachada 4.

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Figura 12. Esquema da localização da fachada 4 e foto real. Ponto 1

Comparando os termogramas pode ser notada uma grande variação das cores nos três horários de ensaio. A área escolhida para a realização dos termogramas apresentou um destacamento bastante saliente, visível a olho nu, e foi bastante visível também nos termogramas.

As 7:45h, no primeiro termograma (Figura 13), mesmo sem a presença do Sol, já se podia observar uma mancha mais escura do que o restante do revestimento. Com a presença do Sol, as 15:00h (Figura 14), pode ser notado que a mesma área que antes apresentava essa coloração mais escurecida se mostrou bem mais clara, pois se aqueceu mais do que as outras partes. E as 17:45h (Figura 15) a fachada volta a resfriar, apresentando, assim como na Figura 34, a mancha escura.

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Figura 14. Termograma e imagem real da fachada 4 – Edifício 2, as 15:00h.

Figura 15. Termograma e imagem real da fachada 4 – Edifício 2, as 17:45h.

O Quadro 3 apresenta uma comparação dos três termogramas que foram obtidos, listando suas temperaturas e parâmetros no momento da realização da medição. Foram levados em consideração a observação de dois pontos nos termogramas. O ponto Sp 1 está no local em que se mostrava descolado e ponto Sp2 no local onde não se mostrava presente a manifestação patológica. Com isso, pode ser notado uma tendência da anomalia se aquecer e se resfriar mais rápido do que todo o restante da fachada analisada. Diante disso, as 15:00h o Sp1 apresentou temperatura superior à 50°C, enquanto o ponto Sp2 ficou em torno de 40°C. No último momento da realização do ensaio, as 17:45h, as temperaturas mostraram que a área em que se apresentava o problema patológico volta a resfriar mais rápido do que o restante do corpo.

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Quadro 3. Comparação das temperaturas com os horários no ponto de destacamento.

Ponto 2

Também pode ser notada uma grande variação das cores nos três horários de ensaio. Assim como no ponto1, a área escolhida no ponto 2 apresentou destacamento bastante saliente, visível a olho nu, e visível nos termogramas.

As 7:45h, no primeiro termograma (Figura 16), mesmo sem a presença do Sol, se pode observar uma mancha mais escura do que o restante do revestimento. Com a presença do Sol, as 15:00h (Figura 17), foi possível notar que a mesma área que antes apresentava essa coloração mais escurecida se mostrou bem mais clara, se aquecendo mais do que as outras

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partes. E as 17:45h (Figura 18) a fachada volta a resfriar, apresentando, assim como na Figura 16, a mancha escura.

Figura 16. Termograma e imagem real da fachada 4 – Edifício 2, as 7:45h.

Figura 17. Termograma e imagem real da fachada 4 – Edifício 2, as 15:00h.

Figura 18. Termograma e imagem real da fachada 4 – Edifício 2, as 17:45h.

O Quadro 4 mostra a comparação dos três termogramas, listando suas temperaturas e parâmetros no momento da medição. Foram também localizados dois pontos nos termogramas, o Sp 1 que ficou locado no ponto em que se mostrava destacado, e o Sp2 no ponto onde não se mostrava presente a anomalia. Com isso, ficou notório a tendência da

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anomalia se aquecer e se resfriar mais rápido do que todo o restante da fachada analisada. Diante disso, as 07:45h, à área fora da manifestação patológica se apresentou mais fria e com o passar do tempo, com a incidência dos raios de Sol nessa fachada, foram se aquecendo. As 15:00h, o ponto Sp1 apresentou temperatura superior à 50°C, enquanto o ponto Sp2 em torno de 40°C. No último momento de ensaio, as 17:45h, as temperaturas foram respectivamente de 25,7°C e 28,6°C, mostrando que a área em que se apresentava a anomalia volta a resfriar mais rápido do que o restante do corpo.

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Análise crítica dos resultados

Pela comparação dos ensaios realizados, no que diz respeito à aplicação da termografia na visualização de destacamentos em revestimentos argamassados externos de fachada, foi possível perceber em quase todos os ensaios, que esse tipo de anomalia se apresentou evidente quando comparada entre os três períodos do dia. Como nos ensaios ocorreu a busca de comparar os termogramas em três períodos distintos (manhã, tarde e fim de tarde), pode ser entendido como as temperaturas na fachada se alteraram conforme a incidência do Sol acontece nesse local.

Na maioria dos casos, as temperaturas nos termogramas obtiveram as mesmas alterações, que foram: nos locais em que o destacamento ocorreu, elas se apresentaram com uma variação mais intensa, e nos locais em que não havia a presença da anomalia, as temperaturas variaram de forma mais lenta. Assim, as partes destacadas, sem a presença do Sol, se apresentavam mais frias, e com a presença do Sol, mais quentes do que todo seu entorno.

O ensaio realizado no Edifício 1 – fachada 6 – foi o único exemplo em que essas constatações não ocorreram. As temperaturas tanto na área destacada, quanto na área sem a anomalia variaram igualmente, aquecendo e resfriando nas mesmas proporções. Isso pode ter ocorrido, como pode ser observado nos termogramas, porque era uma área em que não havia a incidência direta do Sol, pois uma árvore fazia desta área um local de penumbra. Assim, a parede não se aqueceu muito, dificultando que o gradiente de cor se tornasse evidente. Outro fator pode ter sido pela anomalia não ser muito evidente, diferentemente dos outros ensaios, esse destacamento era o menor, menos evidente, sendo constatado apenas pelo ensaio de percussão e não visualmente, como nos outros casos analisados. Isso pode significar que em destacamentos de baixa intensidade a termografia se faz de difícil visualização.

Comparando os três ensaios se observou as mesmas alterações, ou seja, apresentaram as mesmas pré-condicionantes. As três apresentavam destacamentos visualmente grandes, como pode ser observado no Quadro 5. Diferentemente no caso descrito no parágrafo anterior, nesses três casos, não houve a necessidade de um ensaio de percussão para identificar pontos de destacamento do revestimento, pois esses se apresentavam visualmente. Os três casos também não apresentaram obstruções na incidência dos raios solares em suas faces, podendo absorver o máximo possível de calor durante todo o dia, fazendo com que as áreas destacadas

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absorvessem mais e por isso aqueceram mais durante o dia, e também perderam calor mais facilmente do que o restante da face, que não apresentava a manifestação patológica.

Quadro 5. Comparação dos destacamentos analisados.

Ed. 2 – fachada 1

Ed. 2 – fachada 4 (ponto 1)

Ed. 2 – fachada 4 (ponto 2)

Como os ensaios envolveram a análise juntamente com a radiação solar, é preciso se atentar às variações que podem ocorrer juntamente com ela. Além de obstruções no entorno do local a serem aplicadas a termografia, as cores das fachadas também devem ser levadas em consideração. Em todos os casos estudados, as fachadas apresentavam cores homogêneas (sem levar em consideração as sujidades), e por isso não foi preciso tomar cuidado com a diferente absorção que as cores têm.

Foi notado que as fachadas que receberam mais incidência de Sol apresentaram melhor visualização dos destacamentos de revestimento.

Conclusão

Entende-se assim, que os resultados apresentados aqui são fruto de uma condição térmica e espacial e de aparelho específica, que podem mudar de acordo com possíveis variações das condicionantes.

Com os ensaios in situ realizados, é possível afirmar, se baseando nos resultados das experimentações realizadas, dentro dos parâmetros que foram levados em conta e das limitações do equipamento utilizado no programa experimental, que a aplicação da termografia para a detecção de destacamentos de revestimentos argamassados externos de fachada se fez útil e aplicável, uma vez que apresentou variações quando comparadas as áreas com e sem a presença da manifestação patológica. Concluindo que a aplicação desta técnica para essas áreas degradadas, a partir dos ensaios, deve ser realizada em mais de um ensaio,

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qual é a área destacada do revestimento argamassado. Essa técnica se torna melhor do que o ensaio de percussão em áreas de difícil acesso e em edifícios mais altos, além de áreas onde o destacamento já é maior e em fachadas em que há a incidência de raios solares durante algum período do dia.

Por fim, podemos afirmar que é possível ampliar ainda mais os conhecimentos sobre a aplicação da termografia na construção civil, analisando comportamentos distintos de outros paramentos que nesse trabalho não foram levados em consideração.

Agradecimentos

À FAPESP – Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo, pela concessão da bolsa de iniciação científica as autoras.

A CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, pelo auxílio financeiro para aquisição do equipamento termográfico.

Referências

BARREIRA, E. Aplicação da termografia ao estudo do comportamento higrotérmico dos

edifícios. 2004. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Universidade do Porto, Porto, Portugal, 2004, 196p.

HART, J. M. A practical guide for infra-red termography for building surveys. Garston, Watford, BRE, 1991.

LABAT, M.; GARNIER G.; WOLOSZYN; M.; ROUX, J. J. Infrared measurements on ventilated cladding for assessing its surfasse temperature and insulated part of the envelope using a simulation tool. In: NBS 2011 – 9TH NORDIC SYMPOSIUM ON BUILDING PHYSICS, TAMPERE, Finland 29 May – 2 June 2011 – Volume 1 – Hygrothermal performance of envelope assumblies and air tightness of building. Session A7 – Walls in field measurements, 2011, 315-322p.

SILVA, D. D. S. Diagnóstico de patologias em fachadas utilizando termografia. 2012. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Universidade do Porto, Porto, Portugal, 2012, 82p.

SILVA, R. N. T. Estudo da termografia por infravermelho: aplicações na engenharia e determinação de parâmetros termofísicos e geométricos de materiais. 2007. Dissertação

(Mestrado em Engenharia Mecânica) – Universidade Federal de Pernambuco, Recife – PE, 2007, 90p. SOUSA, J. S. A análise de paredes de concreto moldadas in loco utilizando a termografia como ensaio não destrutivo. 2013. Trabalho de Conclusão de Graduação de Bacharel em Engenharia Civil – Universidade Católica de Brasília. Brasília – DF, 2013.

Imagem

Figura 1. Esquema de destacamento do revestimento argamassado estudado.
Figura 2. Vista superior das duas edificações do CEMAARQ. Fonte: Google Maps,  com modificações
Figura 4. Esquema da localização da fachada 6 e foto real.
Figura 7. Termograma e imagem real da fachada 6 – Edifício 01, as 17:45h.
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