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Desmatamento para produção de carvão e suas consequências. Estudo de caso: Comparação entre o Município do Lubango (Província da Huíla) e o Município da Bibala (Província do Namibe)

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Academic year: 2021

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DESMATAMENTO PARA PRODUÇÃO DE CARVÃO E SUAS CONSEQUÊNCIAS

ESTUDO DE CASO: COMPARAÇÃO ENTRE O MUNICÍPIO DO LUBANGO (PROVÍNCIA DA HUILA) E O MUNICÍPIO DA BIBALA

(PROVÍNCIA DO NAMÍBE)

MESTRADO EM AGRONOMIA E RECURSOS NATURAIS

Francisco Botelho de Vasconcelos

Orientador: Professor Associado, com Agregação do ISA, José Carlos Augusta da Costa

Huambo, Maio 2015

UNIVERSIDADE JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

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DESMATAMENTO PARA PRODUÇÃO DE CARVÃO E SUAS CONSEQUÊMCIAS

ESTUDO DE CASO: COMPARAÇÃO ENTRE O MUNICÍPIO DO LUBANGO (PROVÍNCIA DA HUILA) E O MUNICÍPIO DA BIBALA

(PROVÍNCIA DO NAMÍBE)

MESTRADO EM AGRONOMIA E RECURSOS NATURAIS

Francisco Botelho de Vasconcelos

FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Agrárias da Universidade José Eduardo dos Santos, para obtenção do

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Orientador: Professor Associado, com Agregação do ISA, José Carlos Augusta da Costa

Huambo, Maio 2015 FINANCIAMENTO

O Mestrado em Agronomia e Recursos Naturais foi co-financiado pelo Instituto Camões de Cooperação e da Língua, sob gestão do Centro de Estudos Tropicais para o Desenvolvimento (CENTROP) e do Instituto Superior de Agronomia (ISA) da Universidade de Lisboa, Portugal em parceria com a Faculdade de Ciências Agrárias (FCA) da Universidade José Eduardo dos Santos de Angola.

As aulas foram maioritariamente ministradas por docentes do Instituto Superior de Agronomia (ISA).

A todos, os nossos sinceros agradecimentos.

O autor

Francico Botelho de Vasconcelos UNIVERSIDADEJOSÉEDUARDODOS

SANTOS

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ÍNDICE DEDICATÓRIA...I AGRADECIMENTOS...II RESUMO...III ABSTRACT...IV I- INTRODUÇÃO...1

II -CARACTERIZAÇÃO DA PROVINCIA DA HUILA...3

2.1- VEGETAÇÃO...9

2.2- FLORESTA ABERTA (BRACHYSTEGIA, JULBEMARDIA)...10

2.3- MOSAICO DE FLORESTA ABERTA E MATO DENSO SECO...11

2.4- SAVANA ARBORIZADA COM DOMINÂNCIA DE ACACIA KIRKII...12

2.4.1- MATOS CERRADOS OU BALCEDOS (CROTON, PELTOPHORUM, PTELEOPSIS)...12

2.4.2- ESTEPE COM ARBUSTOS E SUBARBUSTOS...13

2.4.3- PSEUDO ESTEPE (“ANHARAS DE ALTO”)...13

III- CARACTERIZAÇÃO DA PROVÍNCIA DO NAMIBE...14

3.1- VEGETAÇÃO...18

3.2- MATO BRENHOSO COM BAIKIAEA PLURIJUGA...20

3.3- FLORESTA ABERTA (MATA DE PANDA)...20

3.4- COMUNIDADES ARBORIZADAS DE ADANSONIA, STERCULIA E COMMIPHORA...21

3.5- FORMAÇÕES DE COLOPHOSPERMUM MOPANE, COM SPIROSTACHYS AFRICANA...22

3.6- FORMAÇÕES ESTÉPICAS DE COLOPHOSPERMUM MOPANE...23

3.7- ESTEPES COM ARBUSTOS E SUBARBUSTOS (ACACIA)...25

3.8- ESTEPES GRAMINOSAS (ARISTIDA)...26

CAPÍTULO IV- MATERIAIS E MÉTODOS...28

CAPÍTULO V- RESULTADOS...30

5.1- MUNICÍPIO DO LUBANGO...30

5.2- MUNICÍPIO DA BIBALA...32

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VII- BIBLIOGRAFIA...39 VIII- ANEXOS...41

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1- Terras Altas da Huíla...4

Figura 2-Esboço Geológico e Litológico...5

Figura 3- Diagrama Ombrotérmico do Lubango...7

Figura 4- Diagrama ombrotérmico da Humpata...7

Figura 5 - Diagrama ombrotérmico da Bibala...8

Figura 6 - Esboço da vegetação...10

Figura 7 - Litoral - Sul...15

Figura 8 - Diagrama ombrométrico da Cidade do Namibe...17

Figura 9 - Esboço de vegetação...19

Figura 10 - Esboço Pedológico...24

Figura 11 - Exemplares de Mutiati - Kihita-Huila...41

Figura 12 - Forno de carvão - zona do Lubango...41

Figura 13 - Sacos de carvão em exposição para venda - zona do Lubango...42

Figura 14 - Revendedor de carvão -troço Huambo-Benguela...42

Figura 15 - Sacos de carvão em exposição para venda - zona de Benguela...43

Figura 16 - Sacos de carvão em exposição para venda - zona de Benguela...43

Figura 17 - Floresta de mutuati em recuperação – zona do Muninho - Bibala...44

Figura 18 - Floresta de mutuati em recuperação no Munhino - Bibala...44

Figura 19 - Sacos de carvão em exposição para venda zona do Munhino - Bibala...45

Figura 20 - Um tipo de forno para produção de carvão - zona do Lubango...45

Figura 21 - Características de uma antiga zona de corte de árvores para produção de carvão - zona do Lubango...46

Figura 22 - Sacos de carvão em exposição para venda zona da Kilemba Velha - Bibala ...46

Figura 23 - Características de uma antiga zona de corte de árvores para produção de carvão na zona do Lubango...47

Figura 24 - Características de antiga zona de corte de árvores para produção de carvão na zona do Lubango...47

Figura 25 - Sacos de carvão em exposição para venda no Bengo...48

Figura 26 - Sacos de carvão em exposição para venda no Bengo...48

Figura 27 – Exemplares jovens de Mutuati em exposição para venda na zona da Comuna da Lola - Bibala...49

Figura 28 - Mata de Mutuati na Comuna da Lola - Bibala...49

Figura 29 - Mata de Mutuati na Comuna da Lola - Bibala...50

Figura 30 - Mata de Mutuati na Comuna da Lola - Bibala...50

Figura 31 - Exemplares jovens de Mutiati em exposião para venda - zona da Comuna da Lola - Bibala...51

Figura 32 - Tentativa de perservação de árvores dentro da Comuna da Kilemba - Lubango...51

Figura 33 - Tentativa de persevação de árvores na Comuna da Kilemba - Lubango...52

Figura 34 - Antiga zona de corte de árvores para produão do carvão na zona da Kilemba Velha - Bibala...52

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S.O.S

CIDADÃOS, AS FLORESTAS ANGOLANAS CLAMAM POR AJUDA URGENTE DE TODOS, ANTES QUE SEJA TARDE.

ANÓNIMO

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DEDICATÓRIA

À memória dos meus pais: José e Felicidade À minha família, em particular, aos meus netos: Alexis, Ayla, Ayami, Celine, Chimela, Daniel, Luan, Brayner, Kataleya. Em especial para as gêmeas: Ilda e Eloisa

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AGRADECIMENTOS

Este trabalho foi realizado sob a orientação do Professor José Carlos Costa, a quem exprimo sincero José Carlos Costa, a quem exprimo sincero reconhecimento, pela sua dedicação e impulso que deu para que o mesmo chegasse ao fim.

Aos demais Professores, colegas que me incentivaram para que fosse possível chegar a este ponto, aos responsáveis do herbáreo do ISCED do Lubango que deram o seu contributo na identificação das espécies.

À colega Rosa Geremias um agradecimento especial, pelo aspecto estético que este trabalho apresenta.

À todos o meu muito obrigado

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RESUMO

Este trabalho tem como objectivos gerais, alertar e sensibilizar a quem de direito sobre as consequências nefastas do desmatamento na sua generalidade e em particular, o corte de árvores para a produção de carvão.

No Município do Lubango foi constatado que as espécies utilizadas na produção do carvão são: Julbernardia paniculata (Benth) Troupin (Fabaceae); Brachystegia spiciformis Benth (Fabaceae); a Brachystegia tamarindoides Welw. Ex Bent (Fabaceae).

Os cortes e produção de carvão, são feitos entre 15 à 20 Km dos locais de venda, visto que até a essa distância foram feitas desmatações consideráveis, encontrando-se a espaços, a mata a recuperar de uma forma mais lenta, dando a entender, que as árvores jovens terem sido também utilizadas para a produção do carvão. Por outro lado, na zona Sul do Município da Bibala, concretamente, na área mais conhecida por Mangueiras-Tampa, depois da estrada da Leba, para quem vai no sentido Lubango-Namibe, é uma excepção, onde são utilizadas as seguintes espécies: Spirostachys africana Sond. (Euphorbiaceae); Diospyros mespiliformis Hochst. Ex A.DC (Ebenaceae); Terminalia prunioides M.A.Lawson; Acacia sp (Fabaceae), já que no resto do Município, apenas é utilizado o Colophospermum mopane (J.Kirk ex Bent.) J.Léonard (Fabaceae).

Constatou-se que no Município da Bibala, as matas de Colophospermum mopane

estão em plena recuperação, encontrando-se árvores jóvens, uniformes e bem robustas, pressupondo que a fiscalização da parte do I.D.F. (Instituto de Desenvolvimento Florestal), tem estado a surtir efeitos positivos.

A transportação é feita de motorizadas, burros, zorras, e carroças, havendo casos em que o transporte é feito à cabeça das mulhere,nos dois municípios.

Na generalidade, os camponeses inquiridos dos Municípios do Lubango e do Município da Bibala, estão receptivos em aceitar outro tipo de ocupação, sem ser o corte de árvores para a produção de carvão, concretamente, a produção de mel e cera.

Assim como aceitam a ideia da reflorestação, desde que lhes sejam fornecidas as espécies a plantar ou semear, técnicos para orientar a actividade e os respectivos instrumentos de trabalho.

A única razão apresentada, segundo o inquérito efectuado, para a produção do carvão, na grande maioria dos camponeses é o desemprego.

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ABSTRACT

This work has as general objectives, alert and sensitize the rightful about the negative Consequences of deforestation in general and in particular the cutting of trees for charcoal production.

In the city of Lubango was found that the species used in the production of coal is Julbernardia paniculata (Benth) Troupin (Fabaceae); Brachystegia spiciformis Benth

(Fabaceae); a Brachystegia tamarindoides Welw. Ex Bent (Fabaceae).

Cuts and coal production are made between 15 to 20Km of sales outlets, sinse the distance to the considerable brush clearing, lying were made, and the spaces of the forest to recover mor slowly, implying that young trees have also been used for the production of coal.

On the other hand, in the south of Country Bibala, specifically in the area known mor for Mangueira-Tampa, after road Leba, who goes towards Lubango-Namibe, is an exception, where the following is used: Spirostachys africana Sond. (Euphorbiaceae);

Diospyros mespiliformis Hochst. Ex A.DC (Ebenaceae); Terminalia prunioides M.A.Lawson; Acacia sp (Fabaceae), since the rest of city, only the Colophospermum mopane (J.Kirk ex Bent.) J.Léonard (Fabaceae) is used.

It appears that the City Bibala, Colophospermum mopane forests are in full

recovery, lying young, uniform and well robust trees, assuming that checking the part of the IDF (Institute for Forestry Development), has been have positive effects.

The transportation is made of motorbikes, donkeys, dollies and carts, with cases where shipping is done at the head of the women in the two municipalities.

In general, the farmes surveyed in the muncipalities and the Citys of Lubango and Bibal are ceceptive to accept another type of occupation, without the cutting of trees for charcoal production, namely the production of honey and wax.

So they accept the idea of reforestation, provided they are given the species to plant or sow, as well as technicians to guide the activity and its tools.

The only reason given by farmers, according to the survey conducted for the production of coal is unemployment.

Keywords: coal production¸species used; peasants.

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I- INTRODUÇÃO

Enquanto o homem, recolector, caçador, pescador e morador de carvernas, a floresta estava em paz com essa espécie, actualmente com tendência e espírito destruidor.

Entretanto,com a descoberta do fogo, e da necessidade de construção de abrigos para se proteger das intempéries e de outros perigos, o homem, até então amigo da floresta, passou paulatinamente a destruí-la, claro, sem grande impacto, tendo em conta a população existente, isso recuando no tempo.

Com o aumentou da população mundial, e com ela também incrementaram as suas necessidades, e concomitantemente a pressão exercida sobre a floresta, quanto aos seus numerosos usos económicos, sociais, agrícolas, ambientais, etc.

A exploração florestal encontra-se em pleno crescimento tanto formal como informal. A contínua e desenfreada desmatação das florestas tropicais, em que as queimadas constituem, possivelmente o principal agente de destruição, para além de provocar desequilíbrios nos ecossistemas, contribui também para a destruição e dimuição irreversível da biodiversidade, tanto vegetal como animal. Tornando mais difícil o uso racional da florestal.

Nos países em via de desenvovimento, a única fonte energética que as populações campesinas e ganadeiras a que têm acesso, é na maioria das vezes, a madeira.

O abate indiscriminado de árvores para produção de lenha, construção de casas, cerco de currais, fabrico do carvão e queimadas para agricultura, são as principais causas para a destruição da floresta angolana. O carvão não é usado pelos próprios, mas sim para venda a terceiros, constituindo uma fonte económica para as famílias camponesas e ganadeiras.

É bem visível que estas numerosas pressões, sobre a floresta, têm consequências graves, como a perda da biodiversidade, aumento das emissões de gases com efeito estufa, redução das fontes de água, erosão dos solos, etc. Esta problemática não se combate com discursos, de quem de direito, quando se comemora o “Dia Internacional

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da Floresta” ou datas afins, é necessário que medidas efectivas sejam tomadas, acompanhadas e controladas para minimizar os efeitos acima referidos.

As árvores são a maior fonte de reserva de carbono e ao destruí-las e transformando-as em carvão, além de diminuir essa reserva de carbono, ainda provoca a libertação do dióxido de carbono para a atmosfera, indo contra todas as políticas actuais, a nível mundial, que a captura e o armanezamento do dióxido de carbono, a fim de evitar o efeito de estufa e o aquecimento global.

Este trabalho não tem o propósito de se referir sobre a produção de carvão em si, mas o, que o norteou foi a identificação das espécies utilizadas, nos Município do Lubango (Província da Huila) e Município da Bibala (Província do Namibe) e caracterizar as populações que enveredaram para essa actividade. Alertar e sensibilizar a quem de direito, concretamente o Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas da República de Angola, o Ministério do Ambiente e o Instituto Nacional de Desenvolvimento Florestal, sobre as consequências nefastas do desmatamento na sua generalidade. Fazer chegar às autoridades Provinciais, Municipais e Comunais, as populações participantes no corte das árvores e produção do carvão e aos utilizadores desse produto, a preocupação existente e as possíveis formas de minimizar os efeitos negativos daí resultantes

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II -CARACTERIZAÇÃO DA PROVINCIA DA HUILA

O Município do Lubango, é constityuido por 5 comunas: comuna do Lubango, comuna do Hoque, Comuna da Huila, comuna da Kilemba e comuna da Arimba, e a população é

de 731.575 habitantes.

Segundo [ CITATION Din06 \l 2070 ], conhecida como Zona Agrícolas 30 Terras Altas da Huila: situação, limites e características gerais, a Zona Agrícola 30 localiza-se no sudoeste de Angola (fig.1) e corresponde a um conjunto de superfícies planálticas, de altitude média das mais elevadas da parte meredional do território. Constituindo habitat tradicional do povo muila, importante ramo do grupo étnico nhaneca-humbe (11) (Carvalho, E. Cruz de,), dentro da vastíssima região planática em que se enquadra, diferencia-se bem a zona de terras altas, com os aspectos fisiográficos e agro-ecológicos bem vincados, de tal modo que não se torna difícil destacá-la desse mesmo todo regional.

A designação de “Terras Altas da Huila” torna-se assim naturalmente expressiva, reflectindo um conjunto de factores que envolvem e caracterizam um espaço ecológico e geo-económico bem individualizado. Por outro lado e como resultante desses mesmos condicionalismos mesológico, tem ainda a caracterizá-la uma já antiga ocupação alienígena, respeitante a grande parte da área, que lhe transmite uma feição sócioeconómica bastante particularizada (75). (Missão de Inquéritos Agrícolas de Angola, 1964).

Além dos muilas, que se agrupam na área que tem por centro Lubango, há a considerar os handas, tribo que se distribui na parte nordeste com centro no Hoque.

A zona com o máximo desenvolvimento no sentido SW-NE e ao longo duns 140 km, tem os seus limites naturalmente bem definidos em todo o contorno voltado ao oeste e a noroeste, em correspondência com a crista da alterosa escarpa que a separa à superfície a nível inferior, conhecida por Serra Abaixo. Em contrapartida, os limites da parte restante da área, voltada ao interior, esbatem-se na continuidade da superfície planáltica. Os seus pontos extremos são coincidentes com os paralelos 14º 22’ e 15º 26’ de latitude Sul e os meridianos 13º 11ʼ e 14º 31ʼ de longitude Este. Com uma área de cerca de 8000 km2, corresponde a 0,64% do território angolano.

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A zona é circulada pelas importantes vias de comunicação que ligam o norte a sul de Angola e daqui ao Sudoeste Africano, e ainda pela estrada e caminho-de-ferro que de Namibe se dirigem para o interior leste angolano (Cuando-Cubango). Todas estas vias de comunicação se cruzam no Lubango, capital da Província da Huila e o mais importante centro populacional e comercial do sudoeste de Angola, localizado em plena zona das terras altas. Uma rede de estradas e de picadas carreteiras ligam os pequenos núcleos populacionais entre si e também às rodovias principais.

Figura 1- Terras Altas da Huíla

Fonte: (Extraído de Diniz, 2006)

Segundo Grilo (1962) as rochas predominantes são granitos profiróides, ocorrendo ainda gneisses e migmatitos, calcários dolomíticos, quartzitos e grés siltitos, doloritos e complexo gabro-anortosítico (fig.2)

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Figura 2-Esboço Geológico e Litológico

Fonte: (Extraído de Diniz, 2006)

No aspecto climático há a considerar duas estações climáticas: a das chuvas, correspondendo um período de seis meses (meados de Outubro a meados de Abril) e a seca correspondente aos restantes meses do ano.

Os valores da precipitação anual aproximam-se dos 1200 mm a norte e descem abaixo dos 750 mm no extremo limite sul da zona. Registam-se dois máximos de precipitação, um em Novembro e o outro em Março; em Janeiro-Fevereiro tem lugar um pequeno período seco de duas a três semanas, nalguns anos sensivelmente mais prolongado. A distribuição das chuvas é bastante variável não só de ano para ano, como ao longo dos meses, manifestando-se, sobretudo, com inícios tardios e finais precoces. Por outro lado verificam-se interrupções extemporâneas e prolongadas, aspectos estes tanto mais salientes quanto mais se avança para sul e sudoeste. Estas irregularidades do regime pluviométrico reflecte-se desfavoravelmente nos resultados da agricultura de sequeiro. Quanto à temperatura média anual, a zona fica envolvida, sensivelmente, pela isotérmica dos 19ºC, com uma diminuição gradual para o interior e à medida que a

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altitude se eleva (18,5ºC no Lubango). Na superfície planáltica da Humpata, de cota mais elevada, desce para 17ºC, com valores de ordem dos 15ºC na Estação Zootécnica do Sul. No pequeno Planalto do Bimbe, a maior altitude, as temperaturas médias são ainda mais baixos. As médias das temperaturas máximas anuais no mesmo sentido, oscilando à volta dos 25-27ºC, excepto na superfície altiplânica mais elevada, que se aproxima dos 20ºC. Do Planalto do Bimbe, a maior altitude, as temperaturas médias são ainda mais baixos. As médias das temperaturas máximas anuais no mesmo sentido, oscilando à volta dos 25-27ºC, excepto na superfície altiplânica mais elevada, que se aproxima dos 20ºC.

Do mesmo modo se verifica tal variação quanto às médias das temperaturas mínimas anuais, com valores que oscilam, entre o 9º e 11ºC. A amplitude térmica anual varia entre 5º e 7ºC, valores relativamente pequenos, comparativamente às amplitudes térmicas diárias que atingem no período frios (Maio a Agosto) números muito elevados, da ordem dos 30ºC, principalmente nos meses de Junho e Julho, os mais frios do ano. Ao longo do período frio, são frequentes as geadas, com forte incidência nos meses de Junho e Julho. Este facto, aliado às acentuadas oscilaçóes térmicas diárias e à extrema secura do ar (humidade relativa muito baixa), determina fortes condicionalismos às culturas perenes, sobretudo fruteiras das regiões tropicais e subtropicais. O período quente do ano vai de Setembro a Abril, envolvento a época chuvosa e os meses que a antecedem; Outubro é, para toda a área, o mês mais quente do ano.

A humidade relativa média anual às 9 horas oscila entre 50 e 60% coincidindo os valores mais baixos com o período frio e ainda mais acentuado por o sol se encontrar quase sempre a descoberto, porquanto é o período quente que regista os maiores índices de nebulosidade.

De acordo com a classificação racional de Thornthwaite, o clima em toda a área é mesotérmico, sub-húmido C2 na metade setentrional e sub-húmido seco C1 na metade

merdional; na faixa limítrofe sudeste e sul é semiárido (D). Na classificação de Koppen a quase totalidade da área é do tipo climático Cwb (clima mesotérmico, húmido, de estação seca no inverno); exceptua-se uma faixa meridional que é do tipo BSh (clima seco, de estepe, quente).

Segundo a Wordwild Bioclimate Classification (Rivas-Martínez et al., 2011) Lubango tem bioclima tropical pluviestacional termotropical superior, sub-húmido inferior eu-hiperoceânico como se observa no diagrama ombortérmico (fig. 3); Humpata

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o bioclima é tropical pluviestacional mesotropical inferior, sub-húmido inferior eu-hiperoceânico (fig. 4); e Bibala situa-se em bioclima tropical xérico termotropical inferior, seco inferior eu-hiperoceânico (fig. 5) (Cardoso, 2014)

Figura 3- Diagrama Ombrotérmico do Lubango

J A S O N D J F M A M J 0 20 40 60 80 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 LUBANGO (1931-1960) 14º56' S 13º34' E 1760m P= 908.5mm T= 18.6º m= 7.9º M= 23.6º Ic= 5 Tp= 2237 Tn= 0 Itc= 501 Io= 4.1

Temper-atura (ºC) Precipi-tação (mm)

Tropical pluviestacional termotropical superior sub-húmido inferior eu-hiperoceânico

T ( º C ) P ( m m )

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Figura 4- Diagrama ombrotérmico da Humpata J A S O N D J F M A M J 0 20 40 60 80 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 HUMPATA (1951-1970) 15º03' S 13º24' E 1850m P= 852mm T= 17.2º m= 5.2º M= 22.7º

Ic= 5 Tp= 2063 Tn= 0 Itc= 451 Io= 4.1

Temperatura (ºC)

Precipitação (mm)

Tropical pluviestacional mesotropical inferior sub-húmido inferior eu-hiperoceânico

T ( º C ) P ( m m )

Fonte: (Extaído de CARDOSO, J. F. 2014)

Figura 5 - Diagrama ombrotérmico da Bibala

J A S O N D J F M A M J 0 20 40 60 80 100 120 0 50 100 150 200 BIBALA (1931-1960) 14º45' S 13º21' E 920m P= 745.6mm T= 24.4º m= 13º M= 30.7º Ic= 4.8 Tp= 2934 Tn= 0 Itc= 681 Io= 2.5

Temper-atura (ºC)

Tropical xérico termotropical inferior seco inferior eu-hiperoceânico

T ( º C ) P ( m m )

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Segundo [ CITATION Din06 \l 2070 ], A ocupação agrícola do tipo empresarial assume destacada importância na maior parte da zona. A mancha de maior expressão corresponde a uma larga faixa com centro em Lubango, a qual envolve o Planalto da Humpata, a chamada Bacia do Lubango e, na sua continuidade para leste, a bacia do Caculuvar. De menor importância, há a considerar a norte a área do Hoque e a sul a do Jau-Chibia. A ocupação agrícola manifesta-se mais incisivamente ao longo dos rios e principais linhas de água, com a preocupação da utilização dos solos das baixas marginais, naturalmente drenadas e mais férteis.

Por outro lado, o regime pluviométrico, quanto à irregularidade e frequente insuficiência de chuvas, torne aleatória a exploração de sequeiro, excepto na parte nordeste. As probabilidadeleste angolanos de sucesso deste tipo de exploração vão diminuindo à medida que se avança no sentido dolimite meridional, pelo que o regado a partir de determinado ponto se torna prática aconselhável como garantia duma maior rendibilidade das culturas. Neste aspecto o pequeno regadio, incidindo em especial nos terrenos ribeirinhos e encostas de vale e declives suavizados, encontra plena justificação.

A criação de bovinos, em regime puramente extensivo, constitui o principal modo de vida das populações nativas e está fortemente vincada na faixa meridional, com apoio numa agricultura meramente subsidiária (massango e milho); na parte central tal actividade pecuária é ainda expressiva assumindo, todavia, mais um carácter complementar da agricultura de subsistência e de mercado (milho), que a norte é já a principal ocupação das populações. A interpenetração na zona de ambos os tipos de ocupação em que se verifica de norte para sul uma uma diminuição da actividade agrícola e no mesmo sentido um aumento da vocação pecuária “leva a considerar todo o conjunto das Terras Altas da Huila como uma zona agro-pecuária de transição entre as pecuárias do sul e as agrícolas típicas dos planaltos do norte” (75). (Missão de Inquéritos Agrícolas de Angola, 1964).

2.1- VEGETAÇÃO

No mapa-esboço da vegetação (fig. 6) delimitaram-se os agrupamentos vegetais mais representativos da zona das Terras Altas da Huíla.

Da sua observação ressalta que a floresta aberta ou “mata de panda”, com carácter de dominância total na metade N-NE, aí bem relacionada com os solos

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Ferralíticos muito espessos e tipos climáticos húmidos, vai gradualmente cedendo lugar a formações mais secas com fácies de mato cerrado, de difícil penetração. Numa extensa faixa intermédia, em que o eixo central corresponde sensivelmente ao paralelo de Sá da Bandeira-Olivença a Nova, bem como no Planato da Humpata, os casos de interpretação de ambos os tipos de vegetação são bastante frequentes, conferindo à paisagem aspecto típico de mosaico.

Figura 6 - Esboço da vegetação

Fonte: (Extraído de Diniz, 2006)

Para sul do paralelo da Chibia a formação de mato cerrado passa a ter representação continuada, assumindo aspecto fisionómico de característico balcedo, já relacionado com tipos climáticos seco e sob influência de solos delgados, por ocorrência de materiais lateríticos ou de estrato rochoso a pouca profundidade, ou então a texturas mais ligeiras, características que tornam o meio ambiente ainda mais ressequido.

Entre os dois grandes agrupamentos vegetais climáticos, há a considerar outras comunidades florísticas, sobretudo as que se inter-relacionam com factores de carácter local, sendo umas inerentes aos edáficos e outras aos climáticos, neste último caso quando dependentes, por exemplo, duma maior altitude.

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2.2- FLORESTA ABERTA (BRACHYSTEGIA, JULBEMARDIA)

Esta comunidade florestal reveste importantes áreas que se estendem do centro para nordeste, tendo continuidade para além dos limites da zona, envolvendo quase integralmente os planaltos do interior de Angola. Assinala-se ainda no Planalto da Humpata, ocupando as áreas aplanadas de solos Ferralíticos bastante espessos, vindo a construir aí o limite sudoeste da sua representação em Angola.

A “mata de panda”, designação regional desta formação, varia no porte e densidade das espécies componentes, bem como no respeitante à sua composição florística, de acordo com as características do solo, principalmente nas suas relações com a drenagem e intervenção humana. Assim, nota-se que as formações mais típicas, ou seja aquelas em que os elementos do estrato superior são de porte elevado e uniforme, começam a ter tanta maior dominância quanto mais afastadas estão das áreas de mais tradicional ocupação agrícola, como sucede na parte nordeste. Aí em comunidades de floresta aberta integral, Julbernardia paniculata e Brachystegia spiciformis são as grandes dominantes, sendo ainda frequentes Brachystegia gossweileri, Brachystegia floribunda, Monotes caloneurus, Uapaca spp., e nalgumas áreas Pteleopsis anisoptera. No estrato arbustivo, que nas formações de floresta aberta mais puras é pouco representativo, é vulgar Swartzia madagascariensis, Uapaca benguelensis, Uapaca nitida, Combretum mechowianum, Combretum psidioides e Strychnos spp.

Em toda a faixa central, intensamente influenciada pelo homem, a savanização é progressiva, deparando-se-nos comunidades induzidas da primitiva floresta aberta com fácies de savana arbustiva ou de savana bosque, onde se torna dominante Isoberlinia angolensis. Também é de crer que as formas de matagal denso, aí alternando com rudimentos de “mata de panda”, estejam relacionadas com acentuada ocupação do solo ou degradação da vegetação.

2.3- MOSAICO DE FLORESTA ABERTA E MATO DENSO SECO

A partir do limite sudoeste da floresta aberta integral, esta formação passa a alterar com matos cerrados, tornando o conjunto aspecto fisionómico de balcedo, comunidade que progressivamente adquire dominância à medida que se avança em altitude e ao encontro de ambiente cada vez mais secos. As comunidades de

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Brachystegia e Julbernardia estão por sua vez profundamente alteradas, apresentando-se com fécies de savana bosque ou até de savana arbustivo-arbórea, com elementos lenhosos profusamente distribuídos, entre os quais se reconhecem muitas das espécies que são características da formação atrás assinalada.

Do mato cerrado reconhecem-se como dominantes Combretum spp., Pteleopsis anisoptera, Lannea edulis, Ziziphus sp., Pterocarpus antunesii, Ximenia caffra, Crysophyllum antunesii, Grewia spp., Ximenia americana, Acacia brevispica e Tarchonanthus camphorathus.

Na faixa limítrofe da mancha de mosaico, as formações de balcedo passam a dominar em toda a superfície, confinando-se a mata de panda às formas de relevo mais movimentado, que ficam arrimadas à escarpa, ou então revestindo-a a ela própria nas faces coltadas ao interior.

2.4- SAVANA ARBORIZADA COM DOMINÂNCIA DE ACACIA KIRKII

Esta formação tem representação bastante restrita, ocorrendo na faixa limítrofe interior, relacionada com manchas de solos de textura pesada, em regra com Barros negros mais ou menos espessos. Há apenas a assinalar duas manchas, de certa extensão, uma no saliente oeste em correspondência com Barros negros fluviais e a outra no limite sudeste.

A espécie dominante e quase exclusiva é Acacia kirkii – “omuluveia” – associando-se frequentemente a Acacia subalata e a Ziziphus abyssinica.

2.4.1- MATOS CERRADOS OU BALCEDOS (CROTON, PELTOPHORUM,

PTELEOPSIS)

As formações de balcedo, com xerofitismo bem marcado, revestem continuadamente as faixas sudeste e sul da zona, já de clima semiárido, onde as condições de secura, por outro lado, se agravam devido à fraca espessura ou à excessiva permeabilidade do solo.

São características as formações cerradas, de difícil penetração, que se iniciam na área da Chibia, e se prolongam muito para além do limite zona.

Além de diversas espécies dos géneros considerados, envolvendo extensas superfícies do sudoeste de Angola.Combretum e Grewia, são componentes mais

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abundantes Pteleopsis diptera, Peltophorum africanum – “omupalala” – Dalbergia nitidula, Croton sp., Dichrostachys cinérea subsp. Africana, Terminalia prunioides, Pterocarpus antunesii, Commiphora angolensis, Ziziphus abyssinica, Ximenia americana, Carissa edulis e Acacia brevispica.

Em relação aos mesmos tipos de solos o avanço em latitude é marcado por um mais acentuado xerofitismo da vegetação, passando as acácias a tornarem-se frequentes. As ligeiras depressões de vale, de solos mais profundos, começam por se revestir de Colophospermum mopane, formação que se vai alargando gradualmente para além dos limites da zona dos limites da zona, associando-se a Spirostachys africanum.

2.4.2- ESTEPE COM ARBUSTOS E SUBARBUSTOS

Em correspondência com a superfície mais elevada do Planalto da Humpata, depara-se-nos uma comunidade de feição estépica ou, mais propriamente, uma estepe de altitude. O tapete de gramínes é ralo e de porte baixo, e os elementos lenhosos, do tamanho do subarbustos e arbustos, distribuem-se um tanto esparsamente, referindo-se, pela sua frequência, Stoebe cinerea; Clematopsis scabiosifolia e Artemisia afra. A ocorrência de Podocarpus milangianus nestas elevadas superfícies, em especial nas ravinas e nos sítios pedrogosos, é notável. Nos limites da formação estépia nota-se, entre outros arbutos, abundância de elementos dos géneros Parinari, Monotes, Maprounea, Burkea e Swartzia (75). (Missão de Inquéritos Agrícolas de Angola, 1964).

2.4.3- PSEUDO ESTEPE (“ANHARAS DE ALTO”)

Às àreas muito aplanadas e existentes do Planalto da Humpata corresponde uma bancada encouraçada de laterite superficial ou subsuperficial, que impede a instalação dum estrato lenhoso. Por outro lado manifesta-se encharcamento, por deficiência de escoamento, no período chuvoso. A cobertura vegetal resume-se a um estrato herbáceo de feição estépica dominado principalmente por Loudetia simplex, nalguns locais com presença de estrato rasteiro de rizomatosas. Estas superfícies graminosas, que regionalmente são conhecidas por “anharas”, têm aspecto semelhante às “anharas de alto” do planalto central angolano.

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III- CARACTERIZAÇÃO DA PROVÍNCIA DO NAMIBE

O Município da Bibala tem uma população de 55.221 habitantes, distribuida pelas Comunas de: Comuna Sede, Kapangombe, Lola e Caitou.

Segundo [ CITATION Din06 \l 2070 ], zona agrícola 22/29 Litoral Sul. Situação, limites e características gerais:

Esta zona agrícola (fig. 7), que se situa a S-SW do território, corresponde a orla baixa costeira e a vasta superfície interior que lhe fica imediatamente adjacente. No extremo fronteiriço inflecte para leste ao longo do Cunene, interceptando este rio num ponto localizado um pouco a montante das quedas do Ruacaná (Calueque).

Os seus limites são em quase toda a sua extensão naturalmente bem definidos. Assim, a norte coincidem com o curso do rio Balombo no seu troço jusante e a leste seguem a base da grande escarpa até ao vale do Catumbela, a qual marca transição abrupta para as superfícies mais elevadas do interior. Sensivelmente por alturas do paralelo 15º S e até ao Curoca o contorno é definido pelo sopé da Serra da Chela, esbatendo-se a partir daqui na vasta aplanada interior do Baixo Cunene (Feio, 1946,; Feio, 1964). A sul os limites da zona são coincidentes com o curso do Cunene e a oeste com o Oceano Altântico.

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Figura 7 - Litoral - Sul

Fonte: (Extraído de Diniz, 2006)

A zona agrícola tem os extremos mais salientes definidos pelos paralelos 11º 54’ S (foz do Balombo) e 17º 26’ S (rio Cunene) e pelos meridianos 11º 27’ E (Ponta Albina) e 14º 33’ E (Calueque). A largura máxima é de 300 km no limite sul, e a mínima de 30 km no extremo norte, aproximando-se das cinco centenas de quilómetros no seu desenvolvimento em latitude. Ocupa uma área total de 79760 km2, ou seja 6,4%

do território angolano.

Climaticamente e de acordo com a classificação de Thornthwaite, a zona fica quase totalmente incluída na região árida (E) do sudoeste de Angola, de clima mesotérmico ao longo da faixa litoral a sul de Benguela e megatérmico a norte desta

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cidade e em toda a extensão interior. Na classificação de Koppen o “Litoral” reparte-se, fundamentalmente por dois tipos climáticos: BWh (clima seco, desértico, quente), correspondente á faixa litoral que se desenvolve a sual da Lucira, e BWh (climaseco, desértico, muito quente) na restante área. Vasta superfície de fáceis desérticas, o prolongamento do “Namib Desert” do Sudoeste Africano, desenvolve-se sensivelmente para oeste do meridiano que da Lucira se prolonga até à fronteira sul, passando pelo Iona. Nesta faixa ocidental a média das precipitações anuais é inferior a 100 mm e todos os meses do ano se podem considerar secos. A característica mais notável desta orla litoral desértica reside nos elevados valores da humidade relativa do ar (médias anuais excedendo os 70%). Para sul do Coporolo e até ao Cunene, desenha-se uma linha divisória que segue relativamente próxima da periferia interior da zona, mas dela se afastando a sudeste, para além da qual o clima é do tipo semiárido (estação de chuvas já definida e com valores da precipitação excedendo os 400 mm). Nalguns pontos de reentrância desta periferia interior atinge-se médias de pluviosidade da ordem dos 500 mm. Quanto à temperatura média anual é de considerar que em grande parte a zona está envolvida nas isotermas dos 23ºC e 24ºC, registando-se os valores mais elevados a oriente duma linha que coincide sensivelmente com o meridiano do 12º 30’. A ocidente as temperaturas médias.

Decrescem acentuadamente, atingindo na orla marítima Baía dos Tigres-Foz do Cunene valores dos 17ºC, quanto à temperatura média anual.

O bioclima da cidade do Namibe é tropical hiperdesértico termotropical superior, hiperárido inferior hiperoceânico atenuado (Costa et al. 2012; Cardoso, 2014) (fig. 8).

A economia da zona agrícola alicerça-se em três actividades principais pesca, agricultura e pecuária. Quanto ao primeiro desses sectores, alguns centros piscatórios se estabeleceram ao longo da costa, nas enseadas e baías de que esta parte do território angolano é particularmente dotada. As possibilidades de desenvolvimento neste domínio são extraordinárias, tomando em consideração que se trata de uma faixa marítima muito fértil em espécies piscícolas e em quantidade de pescado, e desde que, por outro lado, se ergam as infra-estruturas necessárias de molde a possibilitar a sua exploração económica e racional.

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Figura 8 - Diagrama ombrométrico da Cidade do Namibe J A S O N D J F M A M J 0 5 10 15 20 25 0 10 20 30 40 50 NAMIBE (1931-1960) 15º12' S 12º09' E 44m P= 50.2mm T= 20.6º m= 12.8º M= 19.8º

Ic= 8.1 Tp= 2464 Tn= 0 Itc= 532 Io= 0.2

temperatura precipitação

Tropical hiperdesértico termotropical superior hiperárido inferior hiperoceânico atenuado

T ( ºC ) P ( m m )

Fonte: (Extaído de CARDOSO, J. F. 2014)

No aspecto agrícola há a entender que as áreas de possível utilização agrícola são muito restritas, a bem dizer confinadas às manchas aluvionares dos rios que somente se definem expressivamente em plena orla costeira. Estes locais privilegiados quanto ao seu potencial agrícola, verdadeiros oásis verdejantes implantados num meio extremamente árido e ressequido, são susceptíveis de proporcionar elevadas produções unitárias, desde que a exploração agrícola se possa apoiar no regadio, aliás facilmente alimentável a partir de abundantes mananciais aquíferos, que ocorrem a maior ou menor profundidade. Alguns dos mais importantes núcleos de culturas regadas do território angolano estão estabelecidos nesta zona agrícola: cana sacarina nas baixas aluvionais do Catumbela, Cavaco e Coporolo; palmeira dendém nas do Balombo, Cubal da Hanha e Coporolo; bananeira no Cavaco e Cubal da Hanha, e produtos hortícolas no Cavaco, S.Nicolau, Bero, Giraúl e S.Nicolau.

Na faixa periférica interior a criação de gado bovino está essencialmente ligada à vida dos mucubais, importante tribo do grupo étnico herero, de largas tradições pastoris, cuja adaptação aos condicionalismos do meio é verdadeiramente notável. A prática da transumância é tradicional no maneio do gado, encaminhando e distribuindo as suas

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manadas, no período da seca, pelas áreas melhor providas quanto a recursos aquíferos e pascigosos. No sector empresarial, a pecuária tem adquirido nos últimos anos acentuada expansão territorial, tendo-se aí estabelecido diversos empresários que se dedicam essencialmente à criação de gado bovino em regime extensivo. Na área desértica do Namibe é ainda de mencionar a ocupação com algumas explorações de ovinos caraculo, apoiadas tecnicamente por um posto experimental especialmente dedicado a tal actividade.

À parte os povos pastores referidos, outras tribos bantos se disseminam muito esparsamente pela zona do Litoral Sul, quase que confinando-se às áreas sob influência dos vales dos rios principais (umbundus do rio Balombo até ao Cabo de Santa Maria e hereros desde este ponto até ao Cunene). Outros grupos étnicos distribuem-se na faixa subdesértica do Namibe, como os cuissis e um reduzido núcleo de cuepes próximo da foz do Curoca, ambos considerados como povos não-bantos. Dignos de menção os centros urbanos do Lobito, Benguela e Namibe, e bem assim a orla marítima compreendida entre as duas primeiras cidades, pela sua elevada concentração populacional, constituindo interessantes pólos de atracção, presentemente em fase de franco desenvolvimento.

Estes centros urbanos do litoral, que são términos de importantes vias de comunicações e pontos de irradiação para o exterior, ligam grande parte das suas actividades às do vasto “interland” que servem, estando directamente na dependência da sua evolução económica.

3.1- VEGETAÇÃO

No mapa-esboço da vegetação de Castanheira Diniz (2006) fig. 9) estão representados os principais agrupamentos vegetais que se distribuem na zona litoral sul. O factor que imprime maior carácter ao meio vegetal é o clima, que pela acentuada aridez lhe transmite fácies xerofítica muito notável, com larga dominância de espécies de folhagem reduzida e caduca, destacando-se a representação das espinhosas. Este rigorismo climático atinge a sua máxima expressão em toda a orla sudoeste.

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Figura 9 - Esboço de vegetação

Fonte: (Extraído de Diniz, 2006)

De acordo com a classificação dos grandes agrupamentos florísticos para o continente africano, o revestimento vegetal da zona, excluindo os rudimentos de floresta aberta – “mata de panda” – muito localizados, poder-se-á enquadrar dentro das comunidades estépicas de arbustos ou de arbustos e árvores, umas vezes com os elementos lenhosos densamente distribuidos, caso das faixas interiores periféricas menos secas, e outras vezes muito esparsamente, como acontece na orla litoral. Dentro desta panorâmica geral, a maior ou menor densidade do estrato lenhoso, os particularismos do seu aspecto fisionómico e bem assim da sua composição florística, são o reflexo das características do solo. Por outro lado, o desenvolvimento e a densidade do revestimento graminoso estão directamente relacionados, em certa medida, com o grau de coberto que esse mesmo estrato lenhoso provoca.

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3.2- MATO BRENHOSO COM BAIKIAEA PLURIJUGA

Relativamente à zona agrícola, esta comunidade vegetal surge no canto S-SE confinada aos solos Cromopsâmicos, que se relacionam com os sedimentos grosseiros do Kalahari. É constituida por dois estratos: o arbustivo, de fáceis brenhosa, sobretudo nas formas degradadas, e o erbóreo, de porte mediano, do qual Baikiaea plurijuga é espécie dominante. No seu estádio integral esta formação semicaducifólia, relativamente à, “nomenclatura dos tipos de vegetação da África Tropical e Subtropical” adoptada em Yangambi, engloba-se na “floresta densa seca” (17), (Centro de Botânica, 1962), porquanto o arvoredo e distribuido de tal modo que a folhagem chega a constituir coberto continuado, permitindo, no entanto passagem fácil da luz. Todavia raros são os núcleos preservados deste tipo de floresta, uma vez que esta essência, regionalmente conhecida por “muiumba”, é objecto de acentuada depredação em resultado do seu interesse comercial e deste modo, o aspecto fisionómico que mais vulgarmente surge é o de balcedo, onde apenas desponta uma ou outra árvore.

Como espécies mais vulgares desta formação cerrada citam-se: Combretum spp., Grewia bicolor, Croton sp., Ximenia caffra, Terminalia prunioides, Baphia obovata, Pteleopsis diptera e Bauhinia macrantha. De notar que o matorral é de tal modo cerrado que mal possibilita ou mesmo impede a instalação de cobertura graminosa. Nas formas mais degradadas desta formação são abundantes as acácias, a par da presença de Terminalia sericea, Croton sp. E Hippocratea spp.

3.3- FLORESTA ABERTA (MATA DE PANDA)

Esta comunidade florestal, de que são espécies dominantes Brachystegia spp., instala-se normalmente nas áreas caracterizadas por uma estação chuvosa bem marcada e de valores de precipitação ultrapassando os 800/900 mm, a qual alterna com um período seco relativamente prolongado e de baixa humidade relativa. Na zona agrícola considerada, essencialmente árida, esta formação pode todavia ocorrer em determinados lugares, como resultado de factor ou factores de natureza especificamente local. Assim, na periferia interior e próximo à escarpa da Chela, os cimos e as abas dos mais alterosos montes-ilha, sobretudo naquelas voltadas aos ventos secos do leste, recobrem-se de

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mata de panda. Em tais situações orográficas o meio é mais seco no período do cacimbo, mais pluvioso na época chuvosa e os solos Paraferralíticos são dominantes. A mancha assinalada no esboço da vegetação (fig. 9) é o mais importante núcleo deste tipo de floresta aberta, em correspondência com o topo e as abas do grande maciço da Serra da Neve. Entre as espécies arbóreas mais características da formação citam-se: Brachystegia tamarindoides, Brachystegia spiciformis, Isoberlinia angolensis, Monotes caloneurus e Uapaca spp.

Nas áreas de transição para as comunidades vegetais mais secas ocorrem elementos arbóreos destas. Tais como: Spirostachys africana, Commiphora africana, Commiphora mollis e Croton sp..

3.4- COMUNIDADES ARBORIZADAS DE ADANSONIA, STERCULIA E

COMMIPHORA

Na faixa periférica interior a norte do Coporolo, e em geral em correspondência com solos Fersialiticos, ocorre uma formaçáo arborizada com fácies de mato cerrado nuns locais, de floresta densa seca noutros, e até por vezes tomando aspectos de parque. A formação é bastante típica, devido à dominância de determinadas espécies notáveis, como sejam: Adansonia digitata, Sterculia quinqueloba, Spirostachys africana, Commiphora mollis, Commiphora africana, Sclerocarya caffrae diversos combretos, entre os quais Combretum zeyheri e Combretum psidioides. Além destes, outros elementos arbóreos são frequentes como: Afzelia cuanzensis, Pterocarpus tinctorius, Pteleopsis diptera, Croton angolensis, Terminalia sericea, Terminalia brachystemma e um aloés arborescente (Aloe palmiformis).

Nas áreas em que a vegetação adquire feição cerrada de mato de espinheiras, tal se deve à dominância de Dichrostachys cinerea subsp. Africana, formações muitas vezes impenetráveis quando no estado puro. Frequentemente esta espinheira associa-se a outras arbustivas, particularmente a espécies de Combretum, e Croton angolensis, Pteleopsis diptera e Grewia welwitschii.

Nos lugares mais secos, e tanto mais incidentemente quanto mais nos encaminhamos para o litoral, Sterculia setigera torna-se notável pela sua presença, associando-se ao imbondeiro, enquanto que, os morros de amontoados caóticos se disseminam de Euphorbia conspicua. Por sua vez as componentes arbóreas e arbustívas tendem nesses lugares mais secos a dipersar-se, adquirindo o meio vegetal o aspecto de

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parque ou, melhor, o do de uma estepe de arbustos e árvores. Aí o estrato herboso é dominado por diversas gramíneas, entre as quais são destacáveis Eragrostis superba, Urochloa bulbodes, Heteropogon conturtus e Panicum maximum. Dos arbustos é de referir a dominância de Terminalia prunioides e, sob o coberto do arvoredo, Sansevieria cylindrica forma povoamentos continuados.

3.5- FORMAÇÕES DE COLOPHOSPERMUM MOPANE, COM SPIROSTACHYS

AFRICANA

As comunidades de Colophospermum mopane, o “mutiati”, que a sul do Coporolo revestem extensas superfícies, patenteiam-se na faixa periférica interior com uma composição florística bastante variada. Além do mutiati, que domina largamente, outras espécies são carasterísticas da formação, como por exemplo Spirostachys africana, Peltophorum africanum, diversos combretos, entre os quais Combretum psidioides e Combretum zeyheri, Pteleopsis diptera, Pterocarpus antunesii, Commiphora angolensis, Commiphora caffra. Esta comunidade apresenta-se em certos locais com aspecto de mata densa seca. Todavia, à medida que se progride no sentido do litoral, mais árido, a composição florística torna-se menos variada, prevalecendo os elementos lenhosos mais acentuadamente xerófíticos que em tais circunstâncias vão reduzindo gradualmente o seu porte.

O mutiati mantém-se na mancha considerada com um porte arbóreo característico e o imbondeiro, distribuindo-se esparsamente, confina-se preferivelmente aos lugares mais húmidos das linhas de água.

Esta importante comunidade vegetal correlaciona-se essencialmente com os solos Fersialíticos tropicais, num ambiente climático de tipo semiárido, mas acentuadamente mais seco no período de estiagem (valores de humidade relativa mais baixos), em confronto com a mancha imediatamente a norte e atrás descrita.

Às baixas aluvionares das linhas de água, secas, mas onde o lençol freático permanece a relativamente pouca profundidade, corresponde um tipo de formação florestal semicaducifólia bem característico, em que são notáveis determinados elementos arbóreos de elevado parte como: Acacia albida, Ficus spp., Adansonis digitata, Combretum imberbe, Pterocarpus tinctorius e Afzelia cuanzensis.

A cobertura de gramíneas, pela sua variada composição e por manter boa palatabilidade mesmo quando seca, possui elevado valor pascigoso, a par do interesse forrageiro das vagens das acácias, da folhagem seca do mutiati e de outras arbóreas. Das

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espécies de gramíneas destacam-se Eragrostis superba, Eragrostis variegata, Eragrostis rigidior, Tricholaena monachne, Chloris myritachya, Urochloa bublodes, Schmidtia pappophoroides e Aristida rhiniochloa (124) Teixeira, J. M Brito; Pinho, M. I. C. de). É no aproveitamento destas espécies graminosas e ainda de alguns dos elementos arbustivos, em especial das leguminosas, que os povos pastores da região – mucubais – fundamentam a sua actividade pastoril.

3.6- FORMAÇÕES ESTÉPICAS DE COLOPHOSPERMUM MOPANE

Esta comunidade estépica de mutiati, que se desenvolve na continuidade da precedente e no sentido do mar, recobre extensas superícies aplanadas e secas, de clima essencialmente árido, relacionando-se com terrenos originários de rochas graníticas e metamórficas, ou semimetamorfizadas, do Maciço Antigo. Os solos mais representativos destas superfícies são os Arídicos tropicais, além dos Fersialíticos que intimamente surgem associados àqueles na faixa limítrofe leste da mancha assinalada no mapa-esboço (fig.63). As vastas planuras pedregosas ou do terreno rochoso, que são quase condição permanente a sul do rio Bero e até ao Cunene, revestem-se desta comunidade estépica de arbustos.

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Fonte: (Extraído de Diniz, 2006)

O mutiati – Colophospermum mopane – é o elemento lenhoso largamente dominante. Do estrato arbustivo são ainda bastante frequentes Terminalia prunioides, Commiphora africana, Commiphora angolensis, diversas acácias, entre as quais Acacia giraffae, Acacia tristis, Acacia mellifera subsp. detinens e alguns Combretum, como por exemplo Combretum psidioides.

No limite ocidental desta formação estépica, em que o mutiati se torna mais esparso, salienta-se a frequência de outros elementos arbustivos, em especial de acácias e comíforas.

Nas linhas de água, ou mais propriamente nas orlas marginais dos rios importantes, que embora secas, mantém níveis freáticos a pouca profundidade, ocorrem diversas espécies arbóreas, específicas destes meios ripícolas, entre as quais Acacia albida, Combretum imberbe e Ficus spp. No saliente sudeste são característicos os Figura 10 - Esboço Pedológico

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agrupamentos de Hyphaene ventricosa, principalmente nos locais baixos periodicamente encharcados ou afectados por salgamento.

Nas encostas alcantiladas dos morros, em geral excessivamente pedregosas observa-se maior incidência de comíforas e de cactos-eufórbias

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3.7- ESTEPES COM ARBUSTOS E SUBARBUSTOS (ACÁCIA)

As condições ecológicas, propícias à instalação e adaptação das comunidades estépicas de mutiati, vão-se tornando progressivamente adversas à medida que se progride para ocidente, por influência dum meio cada vez mais árido. Nos seus limites os elementos lenhosos são já muito esparsos de reduzido porte. A bem dizer, apenas surge um ou outro exemplar de Colophospermum mopane em situaçóes topográficas especiais e acácias de baixo porte.

O tipo de vegetação da faixa litoral que se inicia no rio Balombo, a norte, e se prolonga até ao Curoca, primeiramente em faixa estreita, para depois se alargar progressivamente até por alturas do paralelo 13º 30’ S, é característicamente uma estepe com arbustos e subarbustos, bastante esparsos nuns locais e mais densos noutros. A partir da foz do Bentiaba (S. Nicolau), esta faixa estépica arbustivada afasta-se da costa para ceder lugar a uma outra comunidade mais xerofítica, que caracteriza o chamado Deserto do Namibe.

Os principais elementos lenhosos da formação de estepe com arbustos são as acácias, principalmente Acacia melífera subsp.detinens, Acacia etbaica, Acacia mellifera subsp. mellifera e Acacia gossweileri.

Nas superficies mais aplanadas de solos Arídicos e psamíticos, além da dominância das acácias referidas, ocorrem diversos outros arbustos: Bascia macrophylla, Salvadora persica, Mareua angolensis, Balanites angolensis, Ximenia americana, Maprounea africana e Croton angolensis.

Nos morros pedrogosos, e duma maneira geral em todas as superfícies enrugadas e rochosas, locais de extrema secura que abundam por todos os lados, apenas algumas das espécies referidas aí ocorrem. Em contrapartida, outras são aí frequentes ou até específicas desses meios, tais como: Pachipodium lealli, Hoodia parviflora, Adenium bohemium, Euphorbia sp., Commiphora spp., Terminalia prunioides, Aloe palmiformis, Aloe littoralis e Boscia welwitschii.

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Ao longo da faixa litoral e em correspondência com esta mancha (fig. 9), há ainda a considerar as formações arbóreas e arbustivas das aluviões marginais dos cursos de água de regime torrencial, formações estas que estão na comunidade das que, em idênticas situações a montante, foram descritas na alínea anterior. Mercê da utilização do solo, somente em manchas muito restritas se poderão observar resquícios, mais ou menos conservados, destas galerias de vegetação ripícola. Assim, as formações de Acacia albida, que são observáveis nos solos Aluvionais das regiões quentes, de baixa altitude e de climas secos, têm o seu limite setentrional no vale do Cavaco. Esta acácia de porte majestoso é aí acompanhada por Combretum imberbe, Ficus spp. Adansonia digitata e Pterocarpus tinctorius. É também curioso o facto de no vale do Cavaco ter o seu limite merional uma outra acácia – Acacia welwitschii – que é característica das regiões climáticas secas, mas mais pluviosas e de humidade relativa muito elevada ao longo do ano. Nas aluviões do Catumbela e Cavaco possivelmente introduzidos pelo homem, são muito típicos os povoamentos de Acacia nilotica.

A sul do rio Calunjamba, a estepe de arbustos e subarbustos esbaste-se gradualmente nas formações gramíneas de Aristidada orla litoral desértica do Namibe. Observa-se que a linha divisiória de ambas as comunidades florísticas coincide, sensivelmente, com o contacto do Complexo de Base e da orla sedimentar do litoral. Neste último conjunto geológico, por constituir um meio mais dessecado, as condições de aridez acentuam-se de tal modo que a vegetação lenhosa se reduziu extraordinariamente.

Entre o Carunjamba e o Curoca, já na faixa de transição para a estepe desértica, mas ainda em solos originários de rochas cristalofílicas, o género Acacia é dominante. Aí se assinalam Acacia mellifera subsp. mellifera, Acacia mellifera subsp. detinens, Acacia tortilis, Acacia reficiens, Commphora spp., Grewia bicolor e Boscia welwitschii. Nos morros rochosos observa-se maior incidência de espécies de Commiphora spp., Sterculia setigera, Euphorbia spp, Terminalia prunioides, Cyphostemma currori, etc.

3.8- ESTEPES GRAMINOSAS (ARISTIDA)

Estas comunidades herbosas correlacionam-se com a faixa desértica do sudoeste de Angola, conhecida por deserto do Namibe, a qual começa a tomar expressão a sul do

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Carunjamba, e cujos limites a leste se desvanecem nas formações de estepe com arbustos. Sensivelmente pelo paralelo 15ºS a periferia oriental desta faixa passa um pouco aquém do Posto Experimental do Caraculo, e no paralelo 17ºS pelo Posto Administrativo do Iona.

Imediatamente a sul da foz do Curoca, entre a formação estépica desértica e o mar, interpõem-se as dunas, que são desprovidas de vida vegetal.

A vegetação característica desta faixa estépica é essencialmente graminosa, dominada por espécies do género Aristida, em especial Aristida prodigiosa. A cobertura herbácea, além de rasteira e esparsa, é efémera, isto é: desenvolve-se, floresce e frutifica no curto período em que as escassas chuvas o permitem. Durante a prolongada seca que se segue, os colmos ressequidos acabam por desaparecer, sendo levados pelo vento ardente do deserto.

Apesar de tudo, uma reduzida vegetação lenhosa subsiste e adapta-se ao meio, devido a um xerofitismo levado ao extremo, caracterizado sobretudo por um sistema radicular abundante e profundo e uma parte aérea muito reduzida. Espécie que são normalmente de porte arbustivo noutras comunidades florísticas persistem aqui, nanificando-se, como é o caso de certas acácias e comíforas.Outras espécies lenhosas, endémicas deste meio, tormam-se prostradas ou rastejantes, tal é o caso da famosa Welwitschia mirabillis, do Sarcocaulon mossamendensis e de Orthanthera stricta. As plantas suculentas, que são específicas da vida dos desertos, estão também aqui representadas e, entre elas, merecem referência especial Hoodia currori e Cyphostemma uter, o “ôdre do deserto”.

Na comunidade desértica de Welwitschia mirabilis, além de várias gramíneas do género Aristida (A. prodigiosa, A. subacaulis, A. gracilior), nalgumas outras espécies herbáceas se associam, e ainda a subarbustiva, de porte rasteiro, Sarcocaulon mossamedensis. Em certos locais assinala-se a presença de Aloe littoralis. Mais para o interior, já em solos Litóicos ou Arídicos pardos, mas pedrogosos, de rochas gnáissicas, ou xistosas, a comunidade enriquece-se de elementos lenhosos, mais ainda de porte ananisado como: Acacia tortillis, Acacia reficiens, Maerua angolensis e Salvadora persica (72) Matos, G. Cardoso de; Sousa, J. N. Baptista de,). Nos sítios de relevo mais dobrado, polvilhados de “ilhas de rochas”, Welwitschia mirabilis continua a marcar presença nas áreas mais aplanadas, distribuindo-se, por vezes, com certa densidade. Nos morros rochosos e duma meneira geral nas superfícies excessivamente pedregosas,

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Welwischia mirabilis desaparece, mas observa-se maior concentração de elementos arbustivos e subarbustivos.

Além das acácias referidas, anota-se a presença da Acacia millifera subsp. detinens, Commiphora angolensis, Sterculia setigera, Grewia bicolor, Bascia welwitschii e Salvadora persica.

A nordeste da cidade do Namibe, nas planuras recobertas de pedras e blocos rochosos, é notável a associação de Cyphostemma uter e Sarcocaulun mossamedensis.

CAPÍTULO IV- MATERIAIS E MÉTODOS

Foram inquiridos 74 camponese no Município do Lubango, dos quais 45 mulheres e 29 homens, nas seguintes localidades: Comuna do Toc: aldeia Nombongo e bairro do Toco; na Comuna do Hoque: bairro Hoque; Comuna Kilemba Nova: bairro Kilemba Nova; Comuna da Huila: aldeia Pacaha; aldeia Viquenji e aldeia Tchiquindo. No Município da Bibala, foram inquiridos 147 camponeses, sendo 82 do sexo feminino e 65 do sexo masculino, das seguintes aldeias: Mangueira-Tampa; Assunção; Munhengo; Munhino; Cacanda; Mutipa; Humbia; Rio de Areia; Caraculo Kilemba Velha e Chiculunjiro; Canupapa; Jamba, Lola; Caitó e Muhonguela.

Foram utilizados para o trabalho os inquéritos directos com as seguintes perguntas:

- Quais as espécies usadas para a produção do carvão? - Valor de uso?

- Processo de fabrico? - Retorno económico?

- Disponibilidade para mudar de prática? - Se tem outra actividade, qual?

É de referir que os inquéritos no terreno, inicialmente, pretendia-se que fossem individuais, tendo-se tornado colectivos, já que não é fácil controlar os camponeses, e a

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dificuldade do domínio da lingua nacional nhaneca, o que facilitaria esse controlo, tornando-se numa lacuna grande na condução dos trabalhos.

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CAPÍTULO V- RESULTADOS

5.1- MUNICÍPIO DO LUBANGO

No Município do Lubango foi possível visitar na Comuna do Toco, as aldeias de Nombungo e arredor do Toco, onde foi constatado que apenas a população de origem nhaneca é que se dedica à produção e venda de carvão e a de origem umbundo, uma parte não significativa, pratica a revenda.

O corte das árvores é feito maioritáriamente por homens, embora com alguma participação de mulheres, estas dedicam-se mais na produção do carvão, ou seja, nas restantes etapas que constituem essa produção: arrumação dos troncos, cobertura dos fornos, não escavados, com terra, e posterior ensacamento do produto pronto.

As formadas só ficam prontas depois de quatro a sete dias de queima, e o transporte do local da produção, que dista entre 10 a 15 Km, é feita maioritariamente por motorizadas, e ainda são utilizados outros meio como: burros, carroças e zorras e também à cabeça de mulheres desprovidas de possibilidades de pagamento de outros meios de transporte. Por saco, são cobrados 500.00K de transporte, e a venda do mesmo é de 900.00 à 1.000.00Kz/saco.

Na aldeia de Nombungu utilizam a Brachystegia tamarindoides Welw. Ex Bent (Fabaceae) – muhamba em nhaneca; Julbernardia paniculata (Benth) Troupin (Fabaceae) – mumue em nhaneca; Brachystegia spiciformis Benth (Fabaceae) – mupanda em nhaneca.

Na aldeia no arredor do Toco utilizam a Brachystegia tamarindoides Welw. Ex Bent (Fabaceae) – muhamba em nhaneca; Julbernardia paniculata (Benth) Troupin (Fabaceae) – mumue em nhaneca;

Nos arredores da Comuna do Hoque a atividade de produção de carvão é efectuada só por nhanecas, também com a utilização das seguintes espécies Brachystegia spiciformis Benth (Fabaceae) – mupanda em nhanecae em umbundu Omanda; a Brachystegia tamarindoides Welw. Ex Bent (Fabaceae) – muhamba em nhaneca e osansa em umbundu; Julbernardia paniculata (Benth) Troupin (Fabaceae) – mumue em nhaneca e omumue em umbundo.

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A transportação é feita também por motorizadas, burros, zorras, e carroças e havendo casos em que é feita sobre a cabeça das mulheres.

Caso curiosos é a existência, na zona do Hoque, de uma faixa com algumas espécies de árvores, com bom porte, ao longo de alguns quilómentos, a beira da estrada, incluindo espécies utilizadas para a produção de carvão, tendo sido constatado que são terrenos propriedades de alguns camponeses que não permitem que se faça corte de árvores por razões que não foram especificadas.

Na Comuna da Kilemba Nova, as populações na sua maioria produz carvão, porque é a única fonte de sobrevivência, não só pela falta de emprego, mas também pela estiagem que assola aquela comuna há já três anos, o que dificulta a agricultura de sequeiro.

As espécies utilizadas para a produção do carvão são as seguintes: mutundo - em nhaneca; Brachystegia spiciformis Benth (Fabaceae) – em nhaneca mupanda; Julbernardia paniculata (Benth) Troupin (Fabaceae) – mumue em nhaneca e Pteleopsis anisoptera (Welw. Ex. M.A,Lawson) Engl. & Diels (Combretaceae) -designada em nhaneca de muhihi.

Alguns camponeses nesta localidade produzem mel, em pequenas quantidades para consumo próprio, principalmennte para o fabrico de bebidas alcólicas, macau e hidromel.

Nessa localidade, os sacos de carvão praticamente não se encontram exposto, devido a fiscalização, e a curta distância (18Km) que a separa do mercado do João de Almeida, para onde é transportado, de madrugada, e vendido o carvão, evitando deste modo que às autoridades de direito exercão a sua função.

Na comuna da Huila, concretamente, na aldeia conhecida como Pacaha, as espécies utilizadas são as seguintes: Brachystegia spiciformis Benth (Fabaceae), em nhaneca mupanda; Julbernardia paniculata (Benth) Troupin (Fabaceae), conhecida em nhaneca por mumue; Pteleopsis anisoptera (Welw. Ex. M.A,Lawson) Engl. & Diels (Combretaceae) - designada em nhaneca de muhihi; Brachystegia longifolia (Benth), mungolo em nhaneca e Brachystegia tamarindoides Welw. Ex Bent (Fabaceae) conhecida em nhaneca por muhamba.

Está bem visível, nesta localidade, a grande pressão que foi exercida sobre a floresta, com grandes descampados a perder de vista.

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O corte de árvores e produção de carvão que era feita por homens e mulheres, diminuiu considerávelmente, estando essa actividade confinada a indivíduos com limitações físicas, pela idade, já que a maioria dos camponeses se dedica à extração da pedra, por ser mais rentável, produto esse que é vendido às empresas de construção civil.

O mel é produzido em pequenas quantidades, apenas para o consumo das famílias.

Ainda na Comuna da Huila, foram contactados os camponeses das aldeias de Viquenji e Tchiquindo, as espécies utilizadas para a produção do carvão são respectivamente: Julbernardia paniculata (Benth) Troupin (Fabaceae) – mumue em nhaneca; Combretum engleri Schinz (Combretaceae) – muhihi em nhaneca; Brachystegia longifolia Benth. (Fabaceae) – mungolo em nhaneca.

Ainda na aldeia de Tchiquindo é produzido carvão com a Brachystegia tamarindoides Welw. Ex Bent (Fabaceae) – em nhaneca muhamba e a Brachystegia spiciformis Benth (Fabaceae), em nhaneca mupanda em nhaneca.

E na aldeia de Viquenji, além das espécies acima citadas, ainda utiliza a espécie Pterocarpus lucens Lepr. Ex Guill & Perr. Subsp. Antunesii (Taub.) Rojo (Fabaceae), conhecida em nhaneca por muviu.

5.2- MUNICÍPIO DA BIBALA

Na zona Sul do Município da Bibala, concretamente, na área mais conhecida por Mangueiras-Tampa, depois da estrada da Leba, para quem vai no sentido Lubango-Namibe, existe um grande número de camponeses espalhador por pequenos aglomerados, estimados em 7.000, segundo o responsável (soba), em número considerável, dedica-se à produção de carvão, porque parte dela ficou desempregada das fazendas que existiam nessa zona depois de privatizadas.

Embora exista na zona um número considerável de Colophospermum mopane (J.Kirk ex Bent.) J.Léonard (Fabaceae) conhecida na zona como mutuati e não mutiati designação utilizada na Província da Huila, a sua localização encontra-se em áreas de difícil acesso, ou seja nas montanhas, tornando o corte da espécie e produção do carvão

Referências

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