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Você na universidade federal de Mato Grosso Do Sul: orientação profissional na visitação ao campus de PARANAÍBA-MS / You at the federal University of Mato Grosso Do Sul: professional guidance on campus visitation from PARANAÍBA-MS

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Academic year: 2020

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 20977-20990, sep. 2019 ISSN 2525-8761

Você na universidade federal de Mato Grosso Do Sul: orientação

profissional na visitação ao campus de PARANAÍBA-MS

You at the federal University of Mato Grosso Do Sul: professional

guidance on campus visitation from PARANAÍBA-MS

DOI:10.34117/bjdv5n10-265

Recebimento dos originais: 12/09/2019 Aceitação para publicação: 21/10/2019

Ana Cláudia dos Santos

Psicóloga, Doutora em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP

Instituição: Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – Campus Paranaíba (UFMS/CPAR)

Endereço: Avenida Pedro Pedrossian, 725 – Bairro Universitário, Paranaíba-MS, Brasil E-mail: anaclau_santos@yahoo.com.br

Keila Patricia Gonzalez

Historiadora, Mestre em História pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - UNESP

Instituição: Instituto Federal de São Paulo - Campus Barreto e (UFMS/CPAR) Endereço: Avenida C-U, 250 – Bairro Res. Ide Daher, Cidade de Barretos – SP CEP

14781-502

Aline Assis Andretta

Acadêmica do curso de Psicologia

Instituição: Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – Campus de Paranaíba (UFMS/CPAR)

Endereço: Avenida Pedro Pedrossian, 725 – Bairro Universitário, Cidade Paranaíba-MS, Brasil

E-mail: alineassisandreta1998@gmail.com

Bárbara Melo do Carmo

Acadêmica do curso de Psicologia

Instituição: Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – Campus de Paranaíba (UFMS/CPAR)

Endereço: Avenida Pedro Pedrossian, 725 – Bairro Universitário, Cidade Paranaíba-MS, Brasil

E-mail: barbara3melo@gmail.com

Brunna de Oliveira Freitas

Acadêmica do curso de Psicologia

Instituição: Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – Campus de Paranaíba (UFMS/CPAR)

Endereço: Avenida Pedro Pedrossian, 725 – Bairro Universitário, Cidade Paranaíba-MS, Brasil

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 20977-20990, sep. 2019 ISSN 2525-8761

Gabriela Del Negri Rocha

Psicóloga pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – Campus de Paranaíba (UFMS/CPAR)

Instituição: Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – Campus de Paranaíba (UFMS/CPAR)

Endereço: Avenida Pedro Pedrossian, 725 – Bairro Universitário, Cidade Paranaíba-MS, Brasil

E-mail: gabriela.delnegri@gmail.com

Jennifer Oliveira Rodrigues

Acadêmica do curso de Psicologia

Instituição: Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – Campus de Paranaíba (UFMS/CPAR)

Endereço: Avenida Pedro Pedrossian, 725 – Bairro Universitário, Cidade Paranaíba-MS, Brasil

E-mail: jenniferoliveira.gp@gmail.com

Jhonatan Saldanha do Vale

Acadêmico do curso de Psicologia

Instituição: Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – Campus de Paranaíba (UFMS/CPAR)

Endereço: Avenida Pedro Pedrossian, 725 – Bairro Universitário, Cidade Paranaíba-MS, Brasil

E-mail: jhon_saldanha@hotmail.com

Lucas Caetano da Silva

Acadêmico do curso de Matemática

Instituição: Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – Campus de Paranaíba (UFMS/CPAR)

Endereço: Avenida Pedro Pedrossian, 725 – Bairro Universitário, Cidade Paranaíba-MS, Brasil

E-mail: lucascaetano.kairos@gmail.com

RESUMO

O presente projeto de extensão “Você na Universidade de Mato Grosso do Sul: orientação profissional na visitação ao Campus de Paranaíba” atende às necessidades dos jovens cidadãos da comunidade que ao final do 3º ano do ensino médio alguns podem decidir por ingressar no ensino superior, continuar os estudos no ensino técnico ou, parar de estudar e ir para o mercado de trabalho. Os jovens estudantes das escolas públicas recebem o convite para conhecer o Campus e participam de uma atividade dividida em dois momentos: discussão sobre a escolha de uma profissão por meio de uma atividade participativa de autoconhecimento e outra, apresentação do sistema ENEM e SISU, e dos cursos oferecidos na UFMS e outras instituições presentes na cidade ou próximas. Para os alunos a visitação ao Campus promove a discussão sobre a escolha profissional, o contato com uma universidade pública e suas formas de ingresso e, a proximidade com a universidade e os acadêmicos que organizam e acompanham as atividades. Para os acadêmicos, participar do projeto colabora para o conhecimento da realidade dos alunos da escola pública da comunidade local, prepara para possíveis intervenções a partir do conhecimento vivido e os exercita a uma prática profissional

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 20977-20990, sep. 2019 ISSN 2525-8761 futura. Sendo assim, o presente projeto tem como objetivo conhecer e refletir sobre as influências vividas na escolha de uma profissão utilizando-se de metodologias participativas; apresentar as formas de ingresso na universidade e conhecer os cursos oferecidos pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.

Palavras-Chave: Comunidade, Educação Superior, Escolha Profissional, Informação,

Conhecimento

ABSTRACT

The present extension project “You at the University of Mato Grosso do Sul: professional guidance in the visit to Paranaíba Campus meets the needs of the young citizens of the community that at the end of the 3rd year of high school some may decide to enter higher education , continue studies in technical education or, stop studying and go to the job market. Young students from public schools are invited to know Campus and participate in an activity divided into two moments: discussion of choosing a profession through a participatory self-awareness activity and another, presentation of the ENEM and SISU system, and courses offered at UFMS and other institutions present in or near the city. For students, the visitation to the Campus promotes the discussion about the professional choice, the contact with a public university and its forms of admission, and the proximity with the university and the academics that organize and accompany the activities. For academics, participating in the project contributes to the knowledge of the reality of the students of the local community public school, prepares for possible interventions from the lived knowledge and exercises them for future professional practice. Thus, this project aims to know and reflect on the influences experienced in choosing a profession using participatory methodologies; present the forms of university entrance and know the courses offered by the Federal University of Mato Grosso do Sul.

Keyword: Community, Higher Education, Career Choice, Information, Knowledge.

1. INTRODUÇÃO

Houve uma intensa expansão da educação superior nos últimos anos. Segundo dados disponibilizados pela Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação entre os 2003 e 2013, a oferta de cursos de graduação evoluiu de 16.505 opções para 32.049, o que representa um crescimento de 94%. Esse crescimento foi acompanhado pelo desenvolvimento de alterações no sistema de ingresso no ensino superior, especialmente das universidades federais. As inovações implantadas para prover a ocupação das vagas a partir de 2009 ocorreram com a reformulação do ENEM e sua utilização como mecanismo de seleção para o ingresso no ensino superior.

O crescimento do sistema da educação superior foi uma estratégia necessária e inadiável para o país, pois possibilitou a inúmeros jovens o alcance a universidade, o acesso à educação como formação geral e a possibilidade de ascensão social por meio de uma proposta

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 20977-20990, sep. 2019 ISSN 2525-8761 de profissionalização. Além disso, a universidade tem um papel fundamental na formação de uma sociedade para os valores humanos e culturais mais caros (SILVA E OURIQUE, 2012).

Acompanhando a expansão do ensino superior, foi implantado o sistema de cotas afirmativas, estabelecido pela Lei nº 12.711/2012 e regulamentado pelo Decreto nº 7.824/2012. Essa legislação institui a reserva de parte das vagas das universidades federais para grupos considerados vulneráveis socialmente a discriminações, que são estudantes oriundos de escolas públicas, com reserva específica para pretos, pardos e indígenas. Outro ponto que merece destaque nesse novo cenário da educação superior brasileira é o Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES), que visa a permanência de estudantes de baixa renda matriculados em cursos de graduação presencial das instituições federais de ensino superior (IFs) oferecendo várias ações como auxílio moradia, transporte, alimentação entre outros.

Essa expansão e ampliação na oferta de cursos superiores no Brasil demanda toda uma mobilização dos egressos do ensino médio para compreenderem o funcionamento e as possibilidades de prosseguimento dos seus estudos neste nível de ensino. O aumento na oferta dos cursos superiores também gera maiores possibilidades de escolhas, que muitas vezes vêm acompanhadas de insegurança e desconhecimento da carreira profissional a seguir. Para Coutinho (1993) a escolha de uma profissão está relacionada com aquilo que o sujeito reflete e articula em seu projeto profissional, buscando determinar o caminho de sua futura relação produtiva com o mundo. A escolha de uma profissão passa pela relação entre este sujeito, quem ele é, como foi construído e como constrói o mundo e, o próprio mundo, suas relações sociais, políticas, econômicas, ou seja, as relações de produção presentes no mundo do trabalho. Além disso, as profissões estão em constantes mudanças, em um cenário de transformação e crises, para os jovens, tudo pode se tornar confuso se não obtiver informações suficientes sobre as profissões e souber a maneira correta de ingresso nas instituições de ensino superior.

No caso do Campus de Paranaíba (CPAR) a equipe de Assistência Estudantil acompanha as dificuldades dos alunos nos processos de seleção para ingresso na universidade, especialmente dos cotistas, os quais hoje correspondem a 50% das vagas disponibilizadas pelos cursos da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). As dificuldades desses alunos são a falta de conhecimento sobre os mecanismos de seleção, inclusive as cotas; a opção de curso feita de forma aleatória e limitada, no sentido que muitas vezes esses ingressantes não conhecem todos os cursos e modalidades de ensino ofertadas pelas instituições de ensino

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 20977-20990, sep. 2019 ISSN 2525-8761 superior, optando entre os que conhecem aquele que pensa ser capaz de entrar e se manter. E, será que por essa falta de identificação com o curso escolhido, a falta de orientação para exercê-lo que, em muitos casos, torna-se o fator causador de evasão? Daí o objetivo deste projeto que pretende promover a divulgação entre os estudantes do 3º ano do ensino médio das escolas públicas do município de Paranaíba, os mecanismos e várias possiblidades de ingresso nas universidades federais, à familiarização com funcionamento desse nível de ensino, os conhecimentos dos cursos oferecidos pela UFMS e os programas de assistência estudantil para permanência no ensino superior. Além disso, a realização desse projeto permitiu desenvolver nos alunos perspectivas concretas sobre ingresso no ensino superior, dando a possiblidade a eles de escolha da carreira a seguir pautada em suas aptidões. Atualmente no munícipio de Paranaíba há uma média de 700 alunos no nível médio, que de forma geral possui pouca informação sobre os diferentes cursos que a UFMS disponibiliza.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O início da vida profissional acontece na adolescência ou juventude e pode sofrer alterações, de acordo com a cultura e a condição socioeconômica. A profissão possibilita a inclusão no mundo do trabalho e o trabalho é reconhecido socialmente pela colaboração no desenvolvimento e formação do ser. Obter informações sobre as profissões e saber sobre uma prática de trabalho é importante, porque colabora para aqueles que querem fazer um curso técnico ou universitário, ou mesmo, para pessoas que ainda não puderam estudar e o pretendem fazer (LUCCHIARI,1993).

A escolha de uma profissão compreende um aprendizado educacional que é feito nas universidades ou em instituições técnicas tendo em vista o nível tecnológico que as sociedades vivem. O ingresso no ensino superior sempre foi um desejo dos jovens em nosso país, sendo algo constatado desde a década de 70-80. Os estudos sobre a entrada na universidade estavam relacionados ao processo seletivo, as provas, testes e fatores socioeconômicos que influenciavam o desempenho dos jovens no vestibular. Havia pouca pesquisa naquela época que visava investigar o motivo de 98% dos jovens ter o desejo de continuar os estudos no ensino superior (FRANCO, 1985).

Conforme aponta Franco (1985), o ensino superior sempre esteve relacionado à formação das elites em nosso país, ou seja, estudar era um privilégio de uma classe social. As pesquisas sobre o ensino superior eram ligadas ao vestibular ou as técnicas de ingresso, mas estes estudos deixavam de identificar que o vestibular não é a única barreira, nem talvez a mais

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 20977-20990, sep. 2019 ISSN 2525-8761 importante barreira da seleção efetuada pela escola. O espaço escolar, desde o período colonial esteve reservado aos senhores de terra e ao clero, mantendo a distância necessária entre as elites e as demais camadas sociais.

Carvalho (1994), afirma que a educação da classe trabalhadora atrelada à capacidade tecnológica do setor produtivo, são fatores fundamentais para aceleração do progresso técnico. Em outras palavras, o desenvolvimento científico e tecnológico possibilita a geração e crescimento de riquezas no país. A educação se fortalece como medida para o ingresso e permanência no mundo do trabalho, além de ser fundamental para o desenvolvimento da prática social, com valores relacionados à cidadania. Fazer um curso superior ou técnico, dar continuidade aos estudos, é um direito do cidadão e responsabilidade das instituições educacionais. A universidade deve informar sobre as ofertas dos cursos e possíveis recursos, como bolsa de estudo, moradia, transporte, etc.

Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) no Censo de Educação Superior, desde 2003 vem ocorrendo uma tendência positiva de pessoas frequentando a educação superior. Em 2012, esse percentual representa 30% da população brasileira na faixa etária entre 18 e 24 anos, e 15% encontra-se na idade teoricamente adequada para cursar esse nível de ensino. Dentre a evolução de matrículas entre as instituições públicas e privadas, constatou-se que as instituições federais representam mais da metade das matrículas, sendo nessas, o maior aumento significativo de matrículas nos cursos de graduação no período analisado, 2012.

Apesar de haver um aumento no número de matrículas no ensino superior, a realidade é diferente quando se discute o término do curso. Segundo Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE,2010), 11,26% dos brasileiros com 25 anos ou mais, possuem o ensino superior. Neste aspecto, é importante investigar por que alguns alunos não conseguem terminar o curso. Almeida (2007) pesquisou a permanência de estudantes com desvantagens socioeconômicas em uma conceituada universidade pública, constatou que as dificuldades apresentadas estavam relacionadas a falta de tempo para as tarefas exigidas. Além, pontua outras dificuldades, como a distância da moradia dos estudantes, pagamento de transporte, alimentação, dinheiro para xerox, aquisição de livros, entre outros.

Há também dificuldades simbólicas ou culturais que se referem aquelas relacionadas à inserção no ambiente acadêmico, como leitura de textos em línguas estrangeiras, apresentação de seminários e desenvolvimento de trabalhos científicos. Nesse sentido, é importante saber as dificuldades encontradas pelos alunos conforme a realidade de cada universidade, para que

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 20977-20990, sep. 2019 ISSN 2525-8761 a instituição possa entender a vivência do aluno no contexto acadêmico e se responsabilizar pela parte que lhe cabe. Aquilo que não é de sua alçada, colocar-se à disposição do estudante para ajudá-lo na resolução dos problemas (ALMEIDA, 2007).

A não identificação com o curso também é outro aspecto que colabora para a desistência do ensino superior. Frischenbruder (2005) destaca que a escolha de uma profissão pelos jovens ajuda na preparação de papéis sociais e a inserção no mundo dos adultos por meio da execução de um trabalho. A profissão propicia a aquisição econômica, o ganhar a vida, assim como o desenvolvimento psíquico, quando a pessoa identifica que seus interesses são reconhecidos e pode manifestar-se sobre eles, praticando e adquirindo habilidades. Então, a profissão deve vir carregada de sentido e significado para o sujeito, pois não é ter uma profissão, mas ser um profissional e realizar uma ação com um sentido determinado pelo sujeito.

Obter informações sobre as profissões, as carreiras profissionais e os cursos, são parte do processo de escolha das pessoas. Greca (2000) afirma que o abandono e a desistência nos cursos superiores têm chegado a índices de 40% nas universidades brasileiras. A autora aponta que em 1987, na Universidade Federal do Paraná, a apenas 3 meses antes da inscrição no vestibular, 87% dos estudantes tinham dúvidas quanto ao curso ou não tinham definido sua escolha. Neste sentido, se observa uma incapacidade dos jovens no processo de escolha, dificultada pelo fato de não conseguirem projetar-se no futuro, até porque o ensino em nosso país existe.

Neste aspecto, é importante que se construa projetos vocacionais ou de orientação profissional que estejam vinculados a projetos de vida. Torna-se necessário que as pessoas possam se questionar sobre o que desejam para suas vidas, reconheçam e retomem toda sua história, seu ciclo de vida, identifiquem suas necessidades e obstáculos. Possibilitando assim, a construção de um projeto de vida, onde a profissão, através do exercício do trabalho será a ferramenta de transformação de si e do mundo, ao qual faz parte.

Nesse sentido, a universidade pública tem um papel social para além do ensino no modelo expositivo. Esta deve ser pública em todos os aspectos, não retendo seus saberes dentro de seus muros, mas o extrapolando. Situa-se assim, a extensão universitária. A base da extensão se dá pela finalidade de contribuição social, com esta, a universidade vai até a comunidade, ou por vezes, convida-a a ir até ela, atendendo algumas de suas necessidades e prestando-lhe serviços. Contudo, um equívoco comum neste sentido é alimentado no imaginário social, de que a ciência é a detentora do saber absoluto e os demais, seriam passivos

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 20977-20990, sep. 2019 ISSN 2525-8761 nesse processo de disseminação. Entretanto, se deve entender esse processo como uma via de mão dupla, uma troca de saberes entre a comunidade acadêmica e a população. Outrossim, o acadêmico tem a oportunidade de atuar, ir para a práxis do seu conhecimento acadêmico, além de possibilitar a formação de acadêmicos preocupados com a sociedade que pertence e de reconhecer seu papel como privilegiado nessa comunidade por estar dentro de uma instituição pública (SILVA, 1997 apud NUNES, SILVA, 2011).

A extensão universitária deve atuar como elo entre a universidade e a sociedade, sobretudo com os segmentos menos favorecidos. Por meio de diversas ações distribuídas em várias áreas temáticas como educação, saúde, comunicação, cultura, meio ambiente, direitos humanos, tecnologia e trabalho. A esperança é que a extensão universitária, muitas vezes relegada a um lugar periférico, seja dinamizada e ocupe a melhor

dimensão no contexto da universidade (SILVA, 1997 apud

NUNES, SILVA, 2011, p. 130).

A partir desses pontos, o projeto de extensão “Você na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul: orientação profissional na visitação ao Campus de Paranaíba” tem como objetivo instrumentalizar os estudantes do último ano do ensino médio e alunos da Educação

de Jovens e Adultos (EJA) na disseminação de informações sobre os cursos oferecidos pela

Universidade Federal do Mato Grosso do Sul em seus diversos Campus e demais universidades do Mato Grosso do Sul, explicando as formas de ingresso e permanência nessas.

3. MÉTODO

Minayo (2010, p. 46) aponta que a metodologia não se trata de uma descrição formal daquilo que se pretende realizar, mas indica “as conexões e a leitura operacional que o

pesquisador fez do quadro teórico e de seus objetivos de estudo.” As atividades do projeto

foram organizadas permitindo que os jovens pudessem participar do projeto construindo o conhecimento junto com a equipe de mediadores e com os próprios colegas.

A cidade de Paranaíba tem quatro escolas estaduais que oferecem ensino médio, com matrículas anuais no 3º ano em torno de 387 alunos (Lemann, 2019), como aconteceu em

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 20977-20990, sep. 2019 ISSN 2525-8761 2018. Em 2015 observou-se um desconhecimento dos alunos com a instituição federal de ensino superior e dos cursos oferecidos e, além disso, os acadêmicos eram originalmente no curso de Psicologia do estado de São Paulo e, nos cursos de Administração e Matemática, havia um número considerável de moradores na cidade. Diante desta realidade, a proposta era divulgar a universidade entre os alunos da escola pública do município para que pudessem conhecer e se fosse de sua escolha, prestar o ENEM com opção para estudo naquele Campus.

Os acadêmicos conduziriam a discussão sobre a escolha de uma profissão e apresentariam o Campus. O primeiro momento seria um contato com as escolas, realizando o convite aos alunos. O segundo momento, a visita que poderia ocorrer tanto no período da manhã quanto noturno, incluindo também os alunos do EJA – Educação De Jovens e Adultos e Escolas Rurais. A proposta inicial era o atendimento a 100 jovens por mês, divididos de 15 em 15 dias, no período dos três meses anteriores ao ENEM. Cada encontro foi dividido em dois momentos:

Primeiro momento – Sensibilização para a escolha profissional: o aluno é convidado a participar de uma atividade em grupo, com seus colegas, com a mediação de um acadêmico do curso de Psicologia. O grupo participa de uma técnica de orientação profissional ‘Gosto e Faço’ (LUCCHIARI, 1993), que propicia um olhar sobre si mesmo. Os alunos são estimulados a refletirem sobre o que gostam de fazer, o podem fazer, mas não gostam, o que gostariam de fazer, mas não podem. A atividade possibilita com que os jovens possam pensar e discutirem com os colegas sobre diversos aspectos de sua vida pessoal, a percepção sobre si mesmo, além de contribuir para os colegas a partir de seu próprio olhar. Os jovens devem exercitar o diálogo, a capacidade de escuta e, assim, a identificar habilidades que possuem a partir do cotidiano e em conjunto com outras habilidades e competências, pode tornar-se um caminho possível para a escolha de uma profissão.

Segundo momento – Conhecendo os cursos: pela exposição dialogada dos acadêmicos sobre os cursos de Administração, Matemática e Psicologia, os estudantes do ensino médio recebem informações sobre os cursos que a universidade oferece no Campus e seus horários de estudos, atuação no mercado de trabalho de cada curso e perspectiva de desenvolvimento profissional. Os jovens são informados sobre os outros cursos superiores desenvolvidos na cidade ou, em cidades próximas. Os alunos também recebem informações sobre os sistemas

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 20977-20990, sep. 2019 ISSN 2525-8761 de ingresso, datas e documentos necessários. Da mesma forma, direitos a que possam ter acesso, como bolsa de estudo.

Ao final dos dois momentos, os alunos são incitados a refletirem sobre a escolha profissional, que cursos gostariam de fazer e de que maneira devem se organizar para isto, já refletindo sobre a possibilidade de construção de um projeto de vida.

4. ANÁLISE E RESULTADOS

O projeto teve início em 2016 e optou-se para melhor conhecer a comunidade convidar somente uma escola do município com uma turma de 3º ano do ensino médio de 12 alunos. Ao apresentar a universidade os alunos manifestaram desconhecer os cursos e local, não sabiam que em Paranaíba existia uma Universidade Federal e o ensino oferecido era totalmente gratuito. A atividade com os alunos teve dois momentos, possibilitando uma reflexão sobre a escolha profissional.

Para esta primeira experiência com os alunos, além da discussão sobre a escolha profissional, os acadêmicos acompanharam os alunos em alguns simulados que o processo ENEM oferece antes da prova final. Ao identificarem suas dificuldades em português e matemática, foi organizado um cursinho ‘Café com Atualidades’ que, em revezamento com os acadêmicos ensinaram redação, o português e faziam exercícios de matemática para esclarecer a dúvidas.

Como resultado neste primeiro ano, dos 12 alunos, 5 (42%) ingressaram na UFMS, nos cursos de Administração (2), Matemática (2) e, Psicologia (1).

Em 2017 o projeto teve continuidade com a participação de duas escolas do município. Os acadêmicos tiveram dificuldades na continuidade do cursinho, devido a falta de tempo e incentivo financeiro. O projeto trouxe alunos das escolas ao Campus, mas não foi possível desenvolver outras atividades como acompanhá-los nos simulados devido a rotina dos próprios alunos na escola, sua agenda de provas ou atividades recreativas.

Em 2018 e 2019 o projeto concorreu a duas bolsas de auxílio ofertadas aos acadêmicos, possibilitando uma disponibilidade maior de tempo e dedicação para acompanhar o projeto.

A cidade contava com quatro escolas estaduais em 2018 que ofereciam o ensino médio e foi possível trazer todas as turmas do 3º ano para conhecer o Campus, a não ser a turma da Escola Rural, que no dia da atividade estava em outra ação. Foram 208 alunos, ou seja, 53% dos estudantes do período matutino ou noturno do ensino médio, em um total de 387 (Lemann, 2019). Os alunos que não participaram não estavam no dia da atividade na escola.

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 20977-20990, sep. 2019 ISSN 2525-8761 E, em 2019 o projeto continua com o objetivo de trazer todas as escolas para conhecer o Campus e iniciar atividades de avaliação, como conhecer quantos alunos passaram pelo projeto e estão estudando ou, se os alunos que ingressaram, houve evasão e sua justificativa. A proposta é entender a adaptabilidade do aluno ao curso e ao Campus, ou seja, ao ambiente universitário, ainda um fenômeno a ser investigado.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O projeto “Você na Universidade”, apelido que carinhosamente os acadêmicos lhe deram, nesses três anos é uma referência no Campus, um momento para trazer os alunos da escola pública à Universidade.

Os cursos e as formas de ingresso no ensino superior público, para os alunos da escola pública, ainda apresentam dúvidas mesmo sendo o ENEM e o SISU um sistema discutido pelos professores no ensino médio. Há também um encantamento pelo espaço universitário quando visitam o Campus, pela sua organização e estética. Os alunos ficam impressionados com a Biblioteca pela quantidade de livros e disposição, assim como a Seção de Psicologia, que não conheciam um local de estudo e atendimento ao mesmo tempo.

E este encantamento pode colaborar em seu interesse no ingresso no ensino superior. Outro aspecto que o projeto colabora é na atividade com os jovens que incita o autoconhecimento e possibilita a reflexão sobre a escolha de uma profissão. O depoimento dos jovens é que não param para pensar sobre as atividades do dia-a-dia e que pode existir uma relação com a escolha profissional. Assim, é por meio das risadas de si mesmo e dos colegas, de depoimentos do que fazem e gostariam de fazer, que os jovens partem para uma descoberta de uma nova possibilidade de vida, que para muitos, não haviam pensado sobre isso. Os depoimentos dos alunos mostram a realidade após o término do ensino médio: irem trabalhar na venda do bairro ou na fábrica da cidade mas, sem saberem o que fazer a não ser continuar trabalhando ou procurando um emprego, sem perspectiva de projetar um futuro atrelado ao estudo.

E, o contato com os acadêmicos, pois, muitos deles tiveram a mesma história que os alunos, com origem no ensino público, ingresso na universidade pública no curso que almejaram é que possibilita aos alunos um incentivo a continuidade dos estudos, seja naquela universidade ou em outra, ou mesmo em um curso técnico.

Para os acadêmicos, o projeto de extensão abre portas para o conhecimento de uma realidade que não conheciam no município onde a universidade está instalada e podem

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 20977-20990, sep. 2019 ISSN 2525-8761 planejar possíveis intervenções aliadas às disciplinas que estão cursando. Neste aspecto, amplia seu repertório cultural e o acadêmico se apropria de um conhecimento originário de uma experiência junto à comunidade. Além disso, todas as atividades do projeto são desenvolvidas pelos acadêmicos, seja o convite à escola para conhecer o Campus que propicia o contato com profissionais da área de educação que os acadêmicos negociam o espaço na agenda e apresentam o projeto. Junto aos alunos, organizam e coordenam todas as atividades, desde recebê-los no Câmpus, até incitá-los a pensar sobre uma profissão. Assim, os acadêmicos exercem um papel profissional ali, já coordenando, organizando, planejando as atividades, experimentando uma parte de sua possível prática profissional futura.

Há necessidade de desenvolver outras ações como a pesquisa com os alunos que participaram do projeto e atualmente são acadêmicos e, identificar também os motivos que podem levar ao abandono da universidade. De qualquer maneira, a atividade de extensão se mostrou necessária tanto para a comunidade externa à universidade que intensificou a parceria e para os acadêmicos que participam do projeto e lhes proporciona uma vivência que deve contribuir para sua formação profissional.

REFERÊNCIAS

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 20977-20990, sep. 2019 ISSN 2525-8761 CENSO DEMOGRÁFICO 2010: educação e deslocamento. Disponível em < http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/educacao_e_deslocamento/. Acesso em 10 ago 2015.

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