ECONOMIA DE TINTA DE IMPRESSÃO UTILIZANDO UM NOVO SISTEMA DE COTAS NAS UNIDADES DA UNICAMP
ALEXANDRE BENEDETTI ROSSI*1, ANDRÉ PAIM CAROLLO DOS SANTOS1, DANILO BELI1, EDUARDO BERTONI DA FONSECA1
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Curso de Graduação -Faculdade de Engenharia Mecânica/UNICAMP * E-mail do autor correspondente: a.benedetti.rossi@gmail.com
RESUMO: Este artigo avalia as diferentes políticas de impressão de alguns institutos e faculdades da Unicamp, revelando um grande potencial de redução de custos. Em nenhuma das unidades pesquisadas os alunos são incentivados a economizar os recursos de impressão, por isso propõe-se uma diferenciação nas cotas em função do modo de impressão (normal ou rascunho). Utilizando uma balança de resolução adequada, foi medida a massa de tinta utilizada para imprimir uma folha padrão em modo normal e em modo rascunho. A partir dos dados levantados, determinou-se a economia que poderia ser obtida utilizando o modelo de cotas proposto. Os resultados apresentados neste artigo revelam que as sugestões aqui feitas podem gerar grandes economias, tanto de tinta quanto de papel.
PALAVRAS-CHAVE: impressão, cotas de impressão, tonner, economia de tinta
PRINTING INK ECONOMY USING A NEW QUOTA SYSTEM IN UNICAMP UNITS
ABSTRACT: This paper evaluates the different printing policies of some institutes and faculties of Unicamp, revealing a large potencial for cost reduction. In none of the units surveyed students are encouraged to conserve printing resources, so we propose a differentiation in quotas due to printing mode (normal or draft). Using a balance of proper resolution, we measured the mass of ink used to print a pattern leaf in normal mode and in draft mode. From the data collected, it was determined that the economy could be obtained using the quotas model proposed. The results presented here show that the suggestions made here can generate big savings, both ink and paper.
INTRODUÇÃO
Na grande maioria dos Institutos e Faculdades da Unicamp, os estudantes recebem semestralmente uma cota de impressões a ser utilizada de acordo com seus interesses e necessidade. No atual sistema de cotas, porém, não há distinção entre as diferentes qualidades de impressão (rascunho, normal e impressão otimizada).
Na Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM) são impressas, em média 65.000 páginas por semestre, o que corresponde a mais de 6 tonners de impressão neste mesmo período, considerando-se que cada tonner tem capacidade
de impressão média de 10.000 páginas (Hewllet-Packard, 2010).
Nota-se, entretanto, que grande parte das impressões realizadas é para utilização temporária e não oficial, de modo que a qualidade de impressão não é relevante. Neste cenário, propusemos e estudamos a implementação de um novo sistema de cotas para impressão e os reflexos deste na economia de tinta de diferentes institutos e faculdades. Neste sistema, 50% das cotas semestrais seriam do tipo rascunho (600 dpi, modo econômico) e os outros 50% para impressões em qualidade
normal (1.200 dpi), ficando a critério de cada estudante a utilização de um ou outro modo.
A utilização do novo sistema de cotas induziria os estudantes a uma reflexão sobre a real importância da impressão, além de reduzir consideravelmente o consumo de tinta na Universidade.
Este trabalho tem por objetivo fazer um comparativo entre o consumo atual de tonners de impressão em diversas unidades da Unicamp e o consumo estimado com a implantação do sistema de cotas proposto, evidenciando a economia gerada. O consumo é estimado através de uma página padrão de impressão proposta pela norma ISO-IEC 19752:2004 (International Organization for Standardization, 2004), apresentada na Figura 1.
Figura 1. Página padrão para determinação de
performance de impressoras, norma ISO-IEC 19752:2004.
MATERIAIS E MÉTODOS
Inicialmente, realizamos um estudo sobre o consumo atual de tinta de impressão nos principais centros de informática de diversos institutos da Universidade. Neste estudo, evidenciou-se a quantidade média de impressões por semestre, a cota disponibilizada para cada estudante e o número de tonners de impressão utilizados.
Em seguida, obtivemos cem folhas A4 e cem cotas de impressão no Sistema de Informática da FEM (SIFEM). As folhas foram agrupadas em dez amostras de dez unidades. Então, utilizando uma balança analítica com precisão de 1 mg, disponiblizada pelo Laboratório de Corrosão e Eletroquímica Aplicada da FEM, medimos a massa de cada amostra antes da impressão. Cinco das amostras foram impressas em modo normal e as demais em modo rascunho, todas utilizando o texto padrão da norma ISO-IEC 19752:2004. Enfim, as folhas foram pesadas novamente e assim verificamos a diferença de massa entre folhas impressas em modo normal e rascunho.
Em todo processo, procurou-se manter as folhas livres de influências atmosféricas, uma vez que uma pequena variação na umidade poderia acarretar um aumento significativo na massa da folha. Entretanto, durante a impressão, as folhas são aquecidas e, portanto, perdem umidade. Por isso, após a impressão, as amostras foram guardadas por algumas horas para atingirem o equilíbrio com o ambiente, retomando a umidade inicial.
Para finalizar, considerando os dados do fabricante de tonners, que estima uma média de 10.000 impressões normais por tonner, calculamos a economia obtida pelo novo sistema de cotas em função da proporção entre impressões em modo normal e rascunho.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Entre os Institutos e Faculdades da Unicamp, foram notadas grandes discrepâncias quanto ao número de cotas disponibilizadas aos estudantes. Enquanto, por exemplo, a Faculdade de Engenharia Mecânica disponibiliza 100 cotas semestrais por aluno, o Instituto de Química fornece 50 cotas por mês. Os dados referentes aos outros institutos e faculdades pesquisados estão no Figura 2.
Figura 2. Cotas de impressão disponibilizadas
por semestre por aluno em cada unidade pesquisada. (* Alunos do IB têm também direito
a cotas da FCM)
Por outro lado, na Faculdade de Engenharia de Alimentos, uma folha de rosto é impressa a cada arquivo que é enviado para impressão. No ano de 2008, por exemplo, cerca de 83.000, ou 20% das páginas impressas, eram
folhas de rosto. Este mesmo sistema também é utilizado pela FEEC, onde se estima que sejam impressas 2.500 folhas diariamente.
A partir do experimento realizado, foi possível prever a massa média de tinta que é adicionada à folha em cada modo impressão. Os dados obtidos pelas etapas de pesagem estão disponíveis na Erro! Fonte de referência não encontrada.3. As amostras de 1 a 5 foram impressas em modo normal e as amostras de 6 a 10, em modo de rascunho.
Erro! Fonte de referência não encontrada.3. Massa média de tinta calculada em cada amostra para os dois modos de impressão.
A diferença entre os modos de impressão fica clara quando se observa a massa média de tinta que é utilizada para imprimir cada amostra. Utilizando a impressão normal, são gastos, em média, 328 mg de tinta para imprimir 10 páginas. Já no modo rascunho, são necessários apenas 224 mg para imprimir o mesmo número de páginas, o que representa uma redução de cerca de 30%.
Tendo como base a estimativa do fabricante de que um tonner pode imprimir, em média, 10.000 páginas em modo normal, estima-se que o mesmo tonner possa realizar 14.600 impressões em modo de rascunho, ou seja, um aumento de 46% no número de páginas. Dessa forma, se metade das impressões fossem feitas em modo rascunho, como é proposto neste artigo, a economia em tonners seria de quase 20%.
A principal fonte de desperdícios nas unidades é, no entanto, a impressão de folhas de rosto. Somando os dados de todos os institutos que utilizam este forma de controle, calcula-se que 200.000 folhas de rosto são impressas por ano. Isto representa um enorme desperdício de papel, que poderia muito bem ser eliminado utilizando um simples sistema de controle na tela do computador do usuário, como já é feito em outros institutos.
Cada tonner custa em média R$450,00, e a produção de cada um deles gasta cerca de 3 litros de óleo combustível (INK Brasil, 2010). Portanto, se as medidas propostas neste trabalho fossem adotas pelos institutos entrevistados, seriam economizados por ano 35 tonners, ou seja, quase R$16.000,00, mais de 100 litros de óleo combustível e, se a impressão das folhas de rosto fosse eliminada, 20 árvores seriam salvas.
Além disso, durante a impressão, partículas de tonner são lançadas no ar, podendo ser inaladas e causar problemas respiratórios (Paraí, 2010 & Unison, 2002). Dessa maneira, um menor uso de tonners propiciará uma
melhora na qualidade de vida dos funcionários e alunos nos centros de informática.
Os resultados apresentados neste artigo revelam que as sugestões aqui feitas podem gerar grandes economias, tanto de tinta quanto de papel. Além de ajudar a preservar o meio ambiente e a conscientizar os funcionários e alunos da Universidade, estas medidas resultariam numa economia considerável das verbas. Estas, poderiam então ser melhor alocadas e direcionadas para garantir a qualidade do ensino da Instituição.
Com os resultados em mãos, fomos consultar os funcionários do SIFEM. Fomos informados que a implementação do sistema de cotas é algo que ser pode feito pela simples manipulação do software de impressão. Caso seja aprovado, o sistema poderá então ser posto em prática e servirá de exemplo para os outros Institutos e Faculdades da Unicamp.
AGRADECIMENTOS
Gostaríamos de agradecer a todos os funcionários dos Institutos e Faculdades pesquisados, pela extrema atenção e fidelidade das informações transmitidas, e ao SIFEM, pelo incentivo e pelas cotas de impressão disponibilizadas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
HEWLLET-PACKARD. Cartucho de impressão HP LaserJet CC364A preto com tecnologia de impressão Smart (CC364A) – Especificações. Disponível em: http://h10010.www1.hp.com/ wwpc/br/pt/sm/WF06c/A1-12771-64209-4548-64548-3670681-3670684.html Acesso em 27 out. 2010.
HEWLLET-PACKARD. Rendimentos de páginas da LaserJet. Disponível em: http://www.hp.com/pageyield/pt-419/articles/
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INK BRASIL. Impacto ambiental. Disponível em: http://www.inkbrasil.com.br/meioambien te.html . Acesso em 20 nov. 2010.
INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION. Norma ISO/IEC 19752:2004(E) – Annex C (normative): Standard test page. Disponível em: http://standards.
iso.org/ittf/PubliclyAvailableStandards/ . Acesso em 03 nov. 2010.
PARAÍ SOLUÇÕES INOVADORAS. Testes dos Limites de Tolerância da Quantidade de Agentes Químicos Provenientes do Pó de Tonner no Ambiente de Trabalho. Disponível em: http://www.ink3000.com.br/estacoes-de-toner . Acesso em 24 nov. 2010.
UNISON. Health and Safety Information Sheet. Laser Printers and Photocopiers. Maio 2002. 3 páginas.
