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A avaliação das estratégias de controlo visual na corrida de aproximação no salto com vara : um estudo realizado com atletas de elite masculinos durante a época de pista coberta

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Academic year: 2021

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(1)A avaliação das estratégias de controlo visual na corrida de aproximação no Salto com Vara: Um estudo realizado com atletas de elite masculinos durante a época de Pista Coberta. Susana Gonçalves Garrido de Lima Martins. Porto, 2007.

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(3) A avaliação das estratégias de controlo visual na corrida de aproximação no Salto com Vara: Um estudo realizado com atletas de elite masculinos durante a época de Pista Coberta. Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e Educação Física, na área de Alto-Rendimento de Atletismo, da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. Orientador: Prof. Doutor Filipe Conceição Susana Gonçalves Garrido de Lima Martins. Porto, 2007.

(4) Monografia Martins, S. (2007). A avaliação das estratégias de controlo visual na corrida de aproximação no Salto com Vara. Um estudo realizado com atletas de elite masculinos durante a época de Pista Coberta. Porto: S. Martins. Dissertação de licenciatura. Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. Palavras-chave: SALTO COM VARA, CORRIDA DE APROXIMAÇÃO, CONTROLO VISUAL..

(5) Agradecimentos. Um trabalho desta natureza só se torna possível através da intervenção e colaboração de um conjunto de pessoas. Neste sentido, é minha intenção expressar os meus sinceros agradecimentos a todos aqueles que, de diferentes formas estiveram envolvidos e contribuíram para que fosse possível levar a cabo todo este processo que levou a conclusão desta tarefa. Ao Professor Doutor Filipe Conceição, meu orientador, pela paciência, disponibilidade e compreensão, mas sobretudo pela sabedoria e competência com que conduziu este estudo. Ao Mestre João Carvalho pela constante disponibilidade no desenrolar do presente estudo, mas sobretudo pelos conselhos que se tornaram marcantes para a conclusão do mesmo. Ao Mestre Branco Dias pelo incentivo e conselhos prestados. Aos professores que durante estes cinco anos me ajudaram a percorrer o caminho, em especial aos docentes da opção de Atletismo. Ao Pedro Novais e Eng. Pedro Gonçalves pelo apoio e disponibilidade. Ao sector de saltos da Federação Portuguesa de Atletismo e aos atletas que se disponibilizaram a participar no estudo, assim como, os atletas e treinadores que constituem o Centro de Treino de Atletismo de Salto com Vara. Ao Fixe pela ajuda, conselhos, companheirismo, …pela amizade. À Gabi e ao João pela amizade e disponibilidade. Ao André Carvalho por continuar a ser o eterno atleta. Aos meus amigos pelo apoio aquando das inúmeras dificuldades, momentos de incertezas e alguma angústia e que sem eles ultrapassá-las teria sido mais difícil. Aos meus pais pelo apoio, carinho e dedicação, assim como a restante família.. III.

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(7) ÍNDICE GERAL. 1.. Introdução ............................................................................................ 1. 2.. Revisão da literatura ............................................................................ 3 2.1.. Salto com Vara ............................................................................. 3. 2.1.1. 2.2.. Fases do Salto com Vara....................................................... 4. A precisão na corrida de aproximação........................................ 15. 3.. Objectivos e hipóteses ....................................................................... 25. 4.. Material e métodos............................................................................. 27. 5.. 4.1.. Caracterização da amostra ......................................................... 27. 4.2.. Protocolo experimental ............................................................... 28. 4.2.1.. Procedimentos gerais para a recolha de dados................... 28. 4.2.2.. Tratamento dos dados cinemáticos provenientes do radar. 30. 4.2.3.. Tratamento estatístico dos dados........................................ 31. Apresentação e Discussão dos Resultados ....................................... 33 5.1.. Velocidade máxima na corrida de aproximação ......................... 33. 5.2.. Reprodutibilidade da corrida de aproximação............................. 34. 5.3.. Determinação de estratégias de controlo visual através da auto-. correlação .................................................................................................... 41 6.. Conclusões ........................................................................................ 49. 7.. Bibliografia ......................................................................................... 51. 8.. Anexos .................................................................................................. I. V.

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(9) Índice Figuras. ÍNDICE DE FIGURAS. Figura 1 – Modelo técnico de Salto com Vara – a) Corrida de aproximação; b) Apresentação da vara; c) Chamada; d) Fase aérea com apoio; e) Transposição da fasquia; f) Queda (Adaptado de Sainz, 1994). .............................................. 4 Figura 3 – Apresentação da vara (Adaptado de Sainz, 1994)............................ 9 Figura 4 – Introdução da vara e chamada (adaptado de Sainz, 1994)............. 10 Figura 5 – Fase de penetração (Adaptado de Sainz, 1994). ............................ 11 Figura 6 – Fase de pêndulo largo (Adaptado de Sainz, 1994). ........................ 12 Figura 7 – Fase de engrupar (Adaptado de Sainz, 1994). ............................... 12 Figura 8 – Fase de extensão e rotação. Colocação dos membros superiores nas posições “J” (b) e “I” (c) (Adaptação de Sainz, 1994). ............................... 14 Figura 9 – Transposição da fasquia, queda e recepção (Adaptado de Sainz, 1994). ............................................................................................................... 15 Figura 10 - Desvio padrão médio da distância dedo-tábua de chamada na corrida de aproximação para não saltadores, principiantes e saltadores de elite. Na figura salientam-se os valores obtidos no 5 passo antes da chamada (J) (Adaptado de Scott et al. 1997)........................................................................ 18 Figura 11. – Representação esquemática. do. esquema do. protocolo. experimental..................................................................................................... 29 Figura 12 – Exemplo gráfico da evolução da velocidade média (m/s) da corrida de aproximação, da velocidade (m/s) em função da distância (m) e tempo (s) do S5. ............................................................................................................... 36 Figura 13 – Curvas de reprodutibilidade da corrida de aproximação do S1, onde estão representadas a velocidade (m/s) em função da distância até à chamada (m) e do tempo. ................................................................................................ 38 Figura 14 – Curvas de reprodutibilidade da corrida de aproximação do S4, onde estão representadas a velocidade (m/s) em função da distância até à chamada (m) e do tempo. ................................................................................................ 39 Figura 15 – Curvas de reprodutibilidade da corrida de aproximação do S2, onde. VII.

(10) Índice Figuras. estão representadas a velocidade (m/s) em função da distância até à chamada (m) e do tempo. ................................................................................................ 40 Figura 16 - Curvas de reprodutibilidade da corrida de aproximação do S6, onde estão representadas a velocidade (m/s) e distância até à chamada (m). ........ 40 Figura 17 – Curvas de reprodutibilidade da corrida de aproximação do S7, onde estão representadas a velocidade (m/s) em função da distância até à chamada (m) e do tempo. ................................................................................................ 41 Figura 18 – Exemplo gráfico de uma corrida de aproximação utilizando a autocorrelação. Salienta-se o facto de existir um ponto de inflexão muito evidente.42 Figura 19 – Representação percentual do ponto onde ocorre uma alteração na autocorrelação.................................................................................................. 45 Figura 20 – Exemplo de uma representação gráfica da corrida de aproximação de um saltador em comprimento utilizando a auto-correlação. ........................ 47. VIII.

(11) Índice Quadros. ÍNDICE DE QUADROS. Quadro 1 – Classificações das fases do salto com vara segundo diversos autores (Adaptado de Dias, 2006)...................................................................... 5 Quadro 2 – Caracterização geral da amostra – Idade (anos), peso (Kg), altura (m), número de passadas e recorde pessoal no Salto com Vara (m). ............. 27 Quadro 3 – Instrumentos utilizados no estudo. ................................................ 28 Quadro 4 – Média das velocidades máximas (m/s) obtidas pelos sujeitos. ..... 34 Quadro 5 – Variações das velocidades (m/s) e distâncias (m), para Vx e Vt obtidas pelos sujeitos. ...................................................................................... 35 Quadro 6 – Desvio padrão máximo de Vx (SdMax (Vx)) obtido nos momentos que antecedem a chamada. .................................................................................... 37 Quadro 7 - Desvio padrão máximo de Vt (SdMax (Vt)) obtido nos momentos que antecedem a chamada. .................................................................................... 37 Quadro 8 – Desvio padrão mínimo de Vx (Sdmin (Vx)) obtido nos momentos que antecedem a chamada. .................................................................................... 38 Quadro 9 – Desvio padrão mínimo de Vt (Sdmin (Vt)) obtido nos momentos que antecedem a chamada. .................................................................................... 38 Quadro 10 – Valores médios da covariância da distância (m) e do tempo (s). 43 Quadro 11 – Normalização dos pontos de inflexão da corrida de aproximação de cada sujeito. ................................................................................................ 44. IX.

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(13) Índice de equações. ÍNDICE DE EQUAÇÕES. Equação 1 - Equação da correlação cruzada................................................... 31. XI.

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(15) Índice de Anexos. ÍNDICE DE ANEXOS. 8.1. Velocidades médias da corrida de aproximação .................................. I 8.2. Gráficos referentes à auto-correlação ............................................... IV. XIII.

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(17) Resumo. RESUMO. A corrida de aproximação tem um papel preponderante no resultado de um Salto com Vara, na medida em que é nela que o atleta produz energia necessária para saltar, (i) sem que prejudique a execução dos gestos técnicos e (ii) numa posição precisa e adequada. A literatura tem apresentado diversos estudos que apontam para a adopção de estratégias de controlo visual por parte dos atletas nos últimos passos de corrida, ao aproximarem-se da chamada. O objectivo deste trabalho consiste em verificar se os atletas portugueses de Salto com Vara recorrem a estratégias de controlo visual para regular a corrida de aproximação. Para tal, recolhemos com o auxílio de um velocímetro doppler a velocidade da corrida de aproximação de 9 varistas participantes no Torneio Rio Largo Cidade de Espinho e no Campeonato de Portugal de Pista Coberta. Para o tratamento estatístico dos dados foi realizada uma correlação cruzada. Através desta técnica comparamos diferentes sinais tendo em consideração a velocidade em função do tempo e da distância. Dada a particularidade do Salto com Vara procedeu-se à comparação do sinal original com ele próprio, que constitui uma variante da correlação cruzada, a autocorrelação. A análise dos resultados permitiu-nos concluir que: i) os atletas que constituíram a amostra não adoptaram estratégias de controlo visual para regular a corrida de aproximação; ii) a reprodutibilidade da corrida de aproximação aumenta à medida que se aproxima da chamada; as alterações observadas na corrida de aproximação devem-se à correcção da postura do tronco no início desta, contrariando o escrito pela literatura. Palavras-chave: ATLETISMO, SALTO COM VARA, CORRIDA DE APROXIMAÇÃO, CONTROLO VISUAL.. XV.

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(19) Abstract. ABSTRACT. The approach run plays a fundamental role on the result of the Pole Vault, since that it is where the athlete produces the necessary energy to jump, i) without harming the execution of technical movements and ii) in a precise and adequate position. Several studies have been presented that athletes adopted strategies of visual control in the last steps of the approach run before the takeoff. The aim of this paper is to verify if the Portuguese athletes of Pole Vaulting make use of visual control strategies to regulate the approach run. To come to this conclusion we performed analyses of the approach run velocity using a Doppler speedometer, applied in 9 participants on the Torneio Rio Largo Cidade de Espinho and in the Indoor Portuguese Championship. For the statistical data treatment we performed cross-correlation. Through this technique, we have compared different signals taking into account the velocity as function of time and distance. Considering Pole Vault specificity, we compared the original signal with itself, which constitutes a variant of the crosscorrelation, the self-correlation. The analysis of the results allowed us to conclude that: i) athletes from our sample did not use visual control strategies to regulate the approach run; ii) the reproducibility increased along the approach run particularly in its final part; iii) the changes observed in the approach run are due to the posture adjustment of the torso at beginning, which is not in accordance with literature. Key words: ATHLETICS, POLE VAULT, APPROACH RUN, VISUAL CONTROL.. XVII.

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(21) Résumé. RESUME. La course d’elan a un rôle prépondérant dans le résultat d’un Saut à la Perche, étant donné que l’athlète y produit l’énergie nécessaire au saut (1) sans préjudice de l’exécution des gestes techniques (2) en position correcte et adéquate. Plusieurs études signalent l’adoption de stratégies de contrôle visuel de la part des athlètes pendant les derniers pas de la course, dès qu’ils approchent l’appel. Le but de ce travail est de vérifier si les athlètes portugais de Saut à la Perche ont recours à des stratégies de contrôle visuel pour régler (mettre au point) la course d’elan. Pour y parvenir, en nous aidant d’un vélocimètre doppler, nous avons mesuré la vitesse de la course d’approche de 9 perchistes participants au Tournoi Rio Largo Cidade de Espinho et au Championnat du Portugal de Piste Couverte. La procédure pour le traitement des donnés a compris une corrélation croisée, au moyen de laquelle on a comparé plusieurs signes, en tenant compte du temps et de la distance. Etant donné la spécificité du Saut à la Perche, le signe original a été comparé avec lui-même, c’est à dire une variable de la corrélation croisée, l’auto – corrélation. L’analyse des résultats nous a permis de conclure que: i) les athlètes constituant l’échantillon n’ont pas adopté des stratégies de contrôle visuel pour régler la course d’approche; ii) la reproductibilité de la course d’elan augment a à mesure qu’on s’approche l’appel; iii) les changements observés. dans la. course d’approche sont dûs à la correction de la posture du tronc a sont début, au contraire de ce qui est dit par la littérature. Mots-clés: ATHLETISME, SAUT A LA PERCHE, COURSE D’ELAN, CONTROLE VISUEL.. XIX.

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(23) Abreviaturas e símbolos. ABREVIATURAS E SÍMBOLOS. X. Média. Sd. Desvio padrão. Vx. Velocidade em função da distância. Vmax. Velocidade máxima. Vt. Velocidade em função do tempo. Sdmax (Vx). Desvio padrão máximo para a curva velocidade em função da distância. Sdmax (Vt). Desvio padrão máximo para a curva velocidade em função do tempo. Sdmin (Vx). Desvio padrão mínimo para a curva velocidade em função da distância. Sdmin (Vt). Desvio padrão mínimo para a curva velocidade em função do tempo. Sdmin. Desvio padrão mínimo. SdMax. Desvio padrão máximo. XXI.

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(25) Introdução. 1.. INTRODUÇÃO. O movimento humano é caracterizado pela sua mutabilidade. O ser humano apresenta uma enorme capacidade de desenvolver diferentes formas de locomoção, como caminhar, nadar, saltar e correr entre outros movimentos que evidenciam uma fácil adaptação a distintas situações impostas pelo meio ambiente (Conceição, 2004). Não é em vão que esta capacidade permitiu ao Homem primitivo sobreviver aos ataques dos animais e caça-los para se alimentar. A modalidade que incorpora nas suas diferentes especialidades as formas básicas de locomoção do Homem é o Atletismo. É nela que as habilidades motoras básicas, correr, saltar e lançar se transformam em desporto num processo. evolutivo. de. regulamentação. e. sistematização. de. técnicas. específicas. A ambição de superação ao saltar, correr ou lançar é tão velha como a própria história do Atletismo. No entanto, apesar da aparente facilidade e beleza exibida, durante as diferentes tarefas motoras estas apresentam uma elevada complexidade de modo a obter uma estrutura técnica óptima (Conceição, 2004) Uma questão pertinente que tem preocupado muitos investigadores diz respeito ao controlo da locomoção e à manipulação de objectos, sendo que o controlo depende do meio ambiente e não do cérebro Gibson (1958, cit. Warren, 1998)(Warren, 1998) . O sistema sensorial que melhor se adapta ao controlo da locomoção é a visão, sendo que, ela fornece (i) informação ambiental à distância. (ii) informação global acerca do seu próprio movimento, através do ambiente (iii) informação postural e do movimento de um segmento do corpo relativamente aos restantes e ao ambiente (Patla, 1998). A comunidade científica publicou ao longo destes últimos anos uma série de estudos que apontam para o uso da imagem visual como estratégia utilizada. 1.

(26) Introdução. pelos atletas para melhorarem a precisão durante um salto precedido de uma corrida de aproximação (Cornus & Roal, 2006; Glize & Laurent, 1997; Hay, 1988a, 1988b; Lee, Thomson, & Lishman, 1982). No caso do salto com vara a precisão não se centra na validação do salto mas sim na correcta colocação dos diferentes segmentos corporais no momento da chamada. Seguindo esta linha de raciocínio, o problema central do nosso trabalho será, então, encontrar respostas para duas questões fulcrais: - Será que os saltadores com vara portugueses recorrem a estratégias de controlo visual para regularem a corrida de aproximação? O presente estudo encontrar-se-á dividido em seis partes distintas. Assim, em primeiro lugar apresentamos a revisão bibliográfica centrada em aspectos directamente relacionados com o tema em questão, para que alguns conceitos fundamentais para a compreensão do estudo possam ser clarificados. A esta revisão seguir-se-á a apresentação dos objectivos e hipóteses do nosso trabalho. Posteriormente apresentamos a metodologia utilizada para a recolha e tratamento dos dados, bem como a caracterização da amostra utilizada. Na quarta surgem os resultados, seguida da discussão, no intuito de permitir uma leitura mais fluida e encadeada do nosso trabalho. Por fim, procederemos à apresentação das conclusões do nosso estudo, bem como toda a bibliografia utilizada.. 2.

(27) Revisão da literatura. 2.. REVISÃO DA LITERATURA. 2.1.. Salto com Vara. O Salto com Vara por possuir diferentes exigências na sua execução é considerada uma disciplina de elevada complexidade, pois nela estão presentes quase todas as capacidades motoras, quer sejam condicionais, como coordenativas básicas ou complexas (Dias, 2006). Pereira (2002), citando Katsikas (2000) acrescenta que esta disciplina exige várias qualidades bem equilibradas no mesmo individuo e que um varista bem sucedido deverá ser muito talentoso e, simultaneamente, possuir uma boa organização psicológica. O Salto com Vara é também conhecido pelas suas habilidades gímnicas (Linthorne, 2000). Esta característica pode ser constatada nos movimentos gímnicos que ocorrem particularmente na fase aérea. De facto à primeira vista verificamos similaridades com os aparelhos de suspensão da Ginástica (Dias, 2006). Semelhanças estas, que nos permitirão desenvolver a técnica no espaço, pois são muito semelhante com esta modalidade (Goriot, 1989). Em tempos, as Federações de Atletismo e de Ginástica envolveram-se numa “batalha”, no sentido de definir quem administraria a competição da disciplina de Salto com Vara. Esta decisão coube em 1929, ao Comité Olímpico Internacional a favor da Federação Internacional de Atletismo. De entre muitos argumentos, importa destacar a filosofia e essência de cada uma das modalidades. Ao contrário da Ginástica, no Atletismo pretende-se saltar o mais alto possível e não o mais correctamente possível. Se para a Ginástica os objectivos da competição assentam-se num cariz qualitativo, no Atletismo centram-se num cariz quantitativo. Portanto, o modelo técnico do Salto com Vara a utilizar deve ser um meio e não um fim (Dias, 2006). Tendo em conta o referido até então, o objectivo que se pretende com o salto com vara consiste em transpor, após uma corrida de aproximação, uma fasquia, o mais alto possível, com a ajuda de uma vara que se apoia numa. 3.

(28) Revisão da literatura. caixa de apresentação situada no fim do corredor da corrida de aproximação (Houvion, 1986). Pode-se considerar que é a única especialidade do Atletismo, onde o saltador deve alcançar a máxima altura possível, suspenso numa alavanca que é a vara elevando-a com o seu próprio impulso, agarrando o mais alto possível e realizando ao mesmo tempo uma perfeita sincronização de movimentos técnicos pré estabelecidos e muitas vezes ensaiados nos treinos (Giménez, 1992). 2.1.1. Fases do Salto com Vara Todo o gesto técnico do Salto com Vara, desde o momento que começa a corrida até ao momento em que entra em contacto com o colchão, considerase como um movimento único, contudo por razões didácticas dividem-se em várias fases (Figura 1) (Sainz, 1994).. a. b. c. d. e. f. Figura 1 – Modelo técnico de Salto com Vara – a) Corrida de aproximação; b) Apresentação da vara; c) Chamada; d) Fase aérea com apoio; e) Transposição da fasquia; f) Queda (Adaptado de Sainz, 1994).. Embora pareçam bastante distintas, estas fases devem ser vistas como uma “cadeia contínua” de movimento (Falk, 1995; cit. Pereira, 2002). No. 4.

(29) Revisão da literatura. entanto, para maior facilidade e lógica, na análise do Salto com Vara realiza-se uma divisão em fases parciais mais simples (Lundin, 1987; cit. Pereira, 2002). Czingon (1999; cit. Pereira, 2002), acrescenta que o Salto com Vara é uma disciplina com um grande número de parciais, mas com uma conexão muito estreita entre si em que o encadeamento de movimentos parciais se produz tanto de forma sucessiva como simultânea. É sob esta última forma que podemos encontrar, por exemplo, a sub-fase de apresentação (Figura 1 – b) da vara em coexistência com as fases de corrida (Figura 1 – a) e de chamada (Figura 1 – c). No Quadro 1, apresentamos as diferentes classificações das fases do Salto com Vara que surgiram ao longo do tempo. Quadro 1 – Classificações das fases do salto com vara segundo diversos autores (Adaptado de Dias, 2006). Autor Houvion (1976) Ecker (1985) Petrov (1985) Railsback (1987) Woicik (1988). Tidow (1991). Giménez (1992). Sainz (1994). Kruber, Kruber e Adamczevski (1995). Fases do salto com vara 1 – Corrida de aproximação e impulsão; 2 – Penetração e inversão; 3 – Rotação e transposição da fasquia. 1 – Corrida de aproximação e apresentação da vara; 2 – Chamada e pêndulo; 3 – Puxar - rodar - repulsão da vara; 4 – Chamada; 5 – Balanço e rotação. 1 – Agarre e transporte da vara; 2 – Corrida de aproximação e apresentação da vara; 3 – Introdução da vara; 4 – Chamada; 5 – Balanço e rotação. 1 – Corrida de aproximação; 2 – Apresentação da vara; 3 – Chamada; 5 – Balanço e rotação. 1 – Corrida de aproximação; 2 – Transição (Preparação para a apresentação da vara); 3 – Apresentação da vara; 4 – Chamada; 5 – Pêndulo longo; 6 – Pêndulo curto (engrupar); 7 – Extensão; 8 – Puxar e rodar; 9 – Repulsão da vara; 10 – Transposição da fasquia. 1 – Corrida de aproximação; 2 – Preparação da apresentação e apresentação da vara; 3 – Apresentação da vara e chamada; 4 – Penetração e pêndulo; 5 – Puxar – rodar - repulsão da vara e transposição da fasquia 1 – Agarre e transporte da vara; 2 – Corrida de aproximação e aferição; 3 – Apresentação e introdução da vara; 4 – Chamada; 5 – Penetração. Pêndulo e engrupar; 6 – Extensão; 7 – Transposição da fasquia. 1ª Parte (realizada no solo): 1 – Agarre da vara; 2 – Corrida de aproximação; 3 - Transporte da vara; 4 – Apresentação da vara; 5 – Introdução da vara e chamada. 2ª Parte (fase aérea com apoio): 6 – penetração; 7 – Pêndulo largo; 8 – Engrupar; 9 – Extensão e rotação. 3ª Parte (fase aérea sem apoio): 10 – Transposição da fasquia, queda e recepção. 1 – Corrida de aproximação; 1.1 – Transporte da vara; 1.2 – Ritmo da corrida; 2 – Apresentação - chamada; 3 – Chamada - pêndulo longo; 4 – Pêndulo longo - pêndulo curto e extensão da bacia para a posição I; 5 – Puxar e rodar para a transposição da fasquia.. 5.

(30) Revisão da literatura. A classificação de Sainz (1994) parece ser a que melhor descreve o salto com vara. Este autor caracteriza o salto dividindo-o em três partes: (i) a primeira parte, que diz respeito aos movimentos realizados no solo, (ii) a segunda parte, que coincide com o início da fase aérea, mas que possui apoio vara, (iii) e por fim a parte aérea realizada sem apoio. Para além disso, cada uma das partes encontra-se sub-dividida num total de 10 fases. De seguida apresentaremos as diferentes fases referidas por Sainz (1994). Para tal consideraremos um saltador que realiza a pega superior com a mão direita e a perna de chamada é a esquerda, transportando a vara do lado direito do corpo durante a Corrida de Aproximação. 2.1.1.1. 1ª parte (realizada no solo): 2.1.1.1.1.. Agarre da vara. A vara é agarrada do lado direito do corpo na extremidade superior com ambas as mãos, de maneira que no momento da chamada, a mão direita esteja acima da esquerda. Uma pega desadequada da vara irá dificultar as fases seguintes do salto (Sainz, 1994), assim os atletas devem considerar os efeitos que a pega poderá ter durante a fase de chamada do salto (AnguloKinzler et al., 1994). A. distância. entre. as. mãos. varia. segundo. as. características. antropométricas de cada atleta (estatura, largura dos ombros, comprimento dos membros superiores, força, flexibilidade dos ombros, etc.) (Petrov, 2005; Sainz, 1994), sendo para um adulto entre 40 a 60 cm, como refere Dias (2006). 2.1.1.1.2.. Corrida de aproximação. O objectivo desta fase do salto é desenvolver o máximo de velocidade possível, sem que prejudique a execução dos gestos técnicos e de modo a atingir a chamada numa posição precisa e adequada. Pode-se então deduzir que a corrida de aproximação determina a qualidade de todo o salto (Sainz, 1994). A corrida deve ser progressiva e harmoniosa com uma passada ampla e uniforme. No fim da mesma, estas devem ser realizadas correctamente, isto é,. 6.

(31) Revisão da literatura. com uma aceleração constante, para que a apresentação da vara e chamada ocorram muito depressa, criando condições necessárias para um bom salto (Petrov, 1985). O facto da vara ao longo da corrida descer até à realização da chamada provoca movimentações no centro de gravidade e pressões para a frente. Estas pressões devem ser contrariadas e integradas positivamente na acção de aceleração com elevação da bacia e dos joelhos e aumentando a frequência de passadas (Sainz, 1994). A similaridade entre a corrida de aproximação do Salto em Comprimento e salto com vara fazem supor que os comportamentos adoptados no primeiro evento poderão ocorrer também no segundo (Hay, 1988a). Hay, no seu estudo de 1988, analisando a corrida de aproximação do Salto em Comprimento, aponta o objectivo desta como o de conduzir o atleta até à tábua de chamada (i) com a máxima velocidade que possa controlar, (ii) de forma a colocar a zona limite frontal do pé de chamada o mais próximo possível da linha de validade do salto, e (iii) com o corpo numa posição em que se verifique uma grande velocidade vertical com a menor perda de velocidade horizontal durante a chamada. P. McGinnis (comunicação pessoal, 28 de Fevereiro de 2007) num estudo semelhante mas aplicado ao Salto com Vara, apresenta o objectivo da corrida de aproximação desta disciplina com uma diferença: a precisão da corrida, pois no Salto em Comprimento caso se pise a tábua de chamada o salto deixa de ser válido, enquanto que no Salto com Vara a validade do salto está dependente da queda da fasquia. 2.1.1.1.3.. Transporte da vara. A corrida no salto com vara, mais precisamente a velocidade, é condicionada pelo facto do o atleta ter de transportar consigo a vara que irá utilizar nas fases seguintes (Pereira, 2002). O transporte desta depende de vários factores, como o peso do aparelho, a velocidade de corrida de aproximação e o agarre da vara (Petrov, 1985). O transporte também deve ser cómodo, para que o saltador realize a corrida descontraidamente permitindo movimentos rítmicos dos ombros e dos membros superiores próprios da. 7.

(32) Revisão da literatura. corrida. Na posição de partida, a vara encontra-se quase na vertical, enquanto que no momento em que se inicia a corrida se deva avançar um pouco a ponta desta de forma a provocar um ligeiro desequilíbrio, auxiliando o início da corrida (Petrov, 1985). O membro superior direito deve estar junto ao tronco com a mão ao nível da anca direita e o esquerdo deve estar flectido com a mão à altura e à frente do lado esquerdo do peito Figura 2 – Transporte da. vara (Adaptado de Sainz,. (Figura 2) (Petrov, 1985). Durante a descida da vara os 1994).. cotovelos encontram-se junto ao corpo com os membros superiores flectidos, a mão direita é a mão mais atrasada e deve estar ao lado da anca direita, com a palma da mão para a frente e o polegar a apontar para baixo. Por sua vez, a mão esquerda agarra a vara com a palma da mão para baixo e polegar a apontar para a frente (Sainz, 1994). Embora no início, o peso da vara na posição vertical seja sustentado principalmente pela mão direita, durante a corrida de aproximação e com o abaixamento da parte inferior da vara o peso passa para a mão esquerda (Petrov, 1985). 2.1.1.1.4.. Apresentação da vara. Esta fase tem como principal objectivo preparar a chamada elevando a extremidade proximal da vara para cima e para a frente do saltador e aumentar a velocidade na chamada (Sainz, 1994). Uma boa apresentação é o resultado de uma boa corrida de aproximação (Railsback, 1987; cit. Dias, 2006). Normalmente esta fase realiza-se nas últimas duas passadas da corrida o que é o mesmo que dizer durante os últimos três apoios (Figura 3). Neste momento a vara encontra-se na posição horizontal, começando-se a elevar a mão direita e a baixar a extremidade distal da vara. A mão esquerda não deve baixar a posição adoptada na corrida de aproximação, mas sim mover-se para cima e para a frente. No penúltimo apoio com o pé direito (“perna livre”), a mão direita está ao. 8.

(33) Revisão da literatura. nível da cara (mas não muito afastada) e a extremidade distal da vara vai descendo em direcção à caixa. No final do penúltimo passo, a mão direita deve estar situada acima do ombro, formando uma linha imaginária com a bacia e o pé direito (Pereira, 2002). Depois surge a fase mais delicada, em que a acção da perna direita deve suportar duas importantes acções: ajudar a empurrar a vara para a frente e para cima; manter a bacia elevada de forma a garantir que a perna de chamada inicie o contacto já em extensão e consiga manter uma elevada rigidez durante a actuação (Pereira, 2002). É importante que o movimento de elevação da parte proximal da vara se realize continuamente sem paragens (Sainz, 1994), assim como a velocidade durante a fase de apresentação, que deve ter a menor perda possível (Arampatzis, Brüggemann, & Metzler, 1999).. Figura 3 – Apresentação da vara (Adaptado de Sainz, 1994).. 2.1.1.1.5.. Introdução da vara e chamada. O objectivo é gerar um grande impulso final e colocar o corpo numa posição apropriada, aumentando ao máximo o ângulo da vara com o solo para transferir adequadamente para o salto, a energia cinética adquirida durante a corrida de aproximação. A chamada desenrola-se ao longo do último apoio, desde o instante de recepção do pé esquerdo, até ao instante de saída sendo esta fase considerada como a mais importante por diversos autores, tais como, Attig (s/d), McGinnis (2000), Strawderman (s/d) e Yokoyama (s/d) (cits. Dias, 2006). De forma a minimizar as perdas de transmissão de energia na ligação da apresentação da vara com a chamada, esta é realizada debaixo da projecção vertical da mão superior (direita) do saltador. Isto permite ao saltador alcançar. 9.

(34) Revisão da literatura. com a pega superior a máxima altura (Tidow, 1991). De forma a manter a pega durante a chamada, a mão direita deve deixar de se dirigir para cima e para a frente, assim como a mão esquerda deve favorecer a penetração. A chamada deve ser uma transmissão suave do peso do corpo para a vara. Por isso a ponta da vara não deverá tocar o fundo da caixa até que se inicie a fase activa da chamada, por outras palavras, quando o corpo estendido do saltador passar a posição vertical do pé de chamada, dessa linha para a frente (Figura 4). Só neste momento o varista começa suavemente a apoiar-se na vara, e para não perder energia, o saltador deve ter uma atitude caracterizada pela tonicidade muscular.. Figura 4 – Introdução da vara e chamada (adaptado de Sainz, 1994).. 2.1.1.2. 2ª Parte (fase aérea com apoio) A fase aérea com apoio tem como objectivo acumular a energia adquirida durante a corrida de aproximação (flectindo a vara) e colocar o corpo na melhor posição de modo a rentabilizar essa energia. Esta fase divide-se em duas grandes partes, desde que o pé de chamada abandona o solo até à máxima flexão da vara e da máxima flexão da vara até quando se larga a vara. Por sua vez estas duas fases subdividem-se em mais duas: a primeira composta pela penetração e pêndulo largo, e a segunda que possui o engrupar e a extensão e rotação. 2.1.1.2.1.. Penetração. O atleta através do impulso da chamada encontra-se suspenso pela sua mão direita (alta e centrada) avançado com o seu corpo até que a vara pare a. 10.

(35) Revisão da literatura. flexão. O pé da perna livre adianta-se à mão direita e ao pé de chamada para que o atleta penetre no salto pelo peito e não pela bacia. Esta acção produz uma tensão devido ao estiramento de toda a musculatura da parte anterior do corpo e acumula energia potencial muito útil para o posterior movimento de inversão. Por sua vez, o membro superior esquerdo deve estar direccionado para a frente e para cima de forma a permitir uma melhor penetração (Figura 5) (Sainz, 1994).. Figura 5 – Fase de penetração (Adaptado de Sainz, 1994).. 2.1.1.2.2.. Pêndulo largo. Após atingir a posição anterior o atleta deverá colocar a bacia ao nível da cabeça, com os membros inferiores flectidos, quando a vara alcança a máxima flexão (Figura 6). Aproveitando a energia acumulada na penetração, o saltador balanceia-se para a frente através de duas acções consecutivas: 1. Com o movimento para a frente e para cima os membros inferiores, principalmente o membro inferior esquerdo deve estar o mais estendido possível. O membro inferior direito (perna livre) permanece flectido pelo joelho e pela bacia com o tronco 2. Com uma acção dos ombros para trás o mais afastado da vara com uma completa extensão dos membros superiores. Durante esta fase a cabeça mantém-se numa posição natural, no alinhamento do corpo.. 11.

(36) Revisão da literatura. Figura 6 – Fase de pêndulo largo (Adaptado de Sainz, 1994).. 2.1.1.2.3.. Engrupar. A transição do pêndulo largo para o engrupar tem lugar quando o varista se encontra para além da corda da flexão da vara (Tidow, 1991) e mantém um ângulo entre os alinhamentos do membro superior direito com o membro inferior esquerdo, o mais próximo possível dos 180º. O eixo do corpo neste momento deve fazer um ângulo de 45º com a horizontal (Dias, 2006). O atleta após a elevação da bacia e dos pés e o atraso dos ombros, flecte o corpo pela bacia e pelos joelhos (engrupado) até as costas ficarem paralelas ao solo. De acordo com (Tidow, 1991) a flexão máxima da vara acontece quando o tronco do saltador está horizontal e paralelo com a extremidade da vara por cima dele. Nesta fase os braços mantêm-se estirados para que os ombros estejam o mais afastado da vara (Figura 7) (Dias, 2006). A posição de engrupado não significa que se tenha de fazer uma paragem no salto, mas passar por ela num só momento (Dias, 2006).. Figura 7 – Fase de engrupar (Adaptado de Sainz, 1994).. 12.

(37) Revisão da literatura. 2.1.1.2.4.. Extensão e rotação. De acordo com Petrov (1985) no momento da máxima flexão da vara, as forças de flexão e as forças elásticas alcançam um equilíbrio, mas como a aceleração do centro de massa é negativa, a pressão sobre a vara diminui e esta começa a endireitar-se. A tarefa principal do saltador com vara nesta fase é levar o seu centro de massa o mais perto possível do eixo da vara, para que o corpo se encontre na melhor posição para aproveitar a energia da vara de forma a ser capultado para a frente. A extensão do corpo dá-se com a “abertura” pela bacia e estendendo os membros inferiores para cima não devendo o saltador ficar afastado da vara. A cabeça por sua vez segue o prolongamento natural da coluna vertebral. Ao mesmo tempo, o corpo passa por duas posições características: a posição J (Sainz, 1994) ou L e a posição I (Figura 8) (Tidow, 1991). Nesta fase o membro superior direito mantém-se estendido, ao contrário do membro superior esquerdo que se flexiona. O início da rotação coincide com um momento em que se chega à total extensão do membro superior esquerdo, por uma acção de tracção dos membros superiores para baixo, procurando que a bacia se mantenha próximo da vara ou no seu prolongamento vertical, sendo assim o saltador encontra-se numa posição a 90º em relação à direcção da corrida (Tidow, 1991). Durante este movimento de rotação, o ombro direito também é levado para junto da vara, de modo a que o braço superior flectido possa dar um impulso residual ao corpo em aceleração ascendente ao executar a acção de empurrar a vara para baixo. Nesta fase a acção dos membros superiores conjuga-se com o impulso proporcionado com a extensão da vara. O membro superior esquerdo empurra a vara até estar completamente estendido, soltando-a (Tidow, 1991). O movimento ascendente continua com auxílio do membro superior direito, empurrando a vara até à sua total extensão, enquanto que os membros inferiores se dirigem estendidos para cima da fasquia (Sainz, 1994).. 13.

(38) Revisão da literatura. Figura 8 – Fase de extensão e rotação. Colocação dos membros superiores nas posições “J” (b) e “I” (c) (Adaptação de Sainz, 1994).. 2.1.1.3. 3ª Parte (fase aérea sem apoio) 2.1.1.3.1.. Transposição da fasquia, queda e recepção. Esta fase inicia-se a partir do momento em que o atleta perde o contacto com a vara e termina no momento em que entra em contacto com o colchão. Os movimentos do atleta visam organizar o seu corpo de forma a evitar a fasquia (Pereira, 2002). Na transposição o atleta procura envolver a fasquia perpendicularmente, arqueando o corpo, flexionando pela cintura e mantendo a cabeça baixa (Sainz, 1994). Para Tidow (1991), a fase de transposição da fasquia é óptima se, no ponto culminante da trajectória imediatamente acima da fasquia, o saltador conseguir criar um arco com o corpo em forma de “ferradura” ou em “v” invertido pela flexão rápida da bacia. Quando o peito está por cima da fasquia, o atleta endireita-se e lança os braços para cima. Esta acção deve ser rápida mas nunca brusca e descontrolada de forma a não tocar na fasquia com o peito ou com os braços (Figura 9). Na queda o corpo continua a rotação iniciada na transposição, para que a recepção se faça com a parte superior das costas (Dias, 2006). A recepção efectua-se sobre a parte superior posterior do tronco, devido à acção de rotação que se cria durante a transposição da fasquia. Se a queda fosse realizada de pé existia o perigo de lesionar os ligamentos dos pés ou dos joelhos (Sainz, 1994).. 14.

(39) Revisão da literatura. Figura 9 – Transposição da fasquia, queda e recepção (Adaptado de Sainz, 1994).. 2.2.. A precisão na corrida de aproximação. Perante a obrigação de alcançar uma boa prestação, o facto do atleta realizar uma corrida de aproximação fluida, rápida e precisa parece ser crucial. Mas muito frequentemente, nem sempre é fácil para o aluno gerir a sua fase de aproximação para se aproximar suficientemente perto da tábua de chamada, mantendo a velocidade (Cornus & Roal, 2006). Segundo Dias (2006), a velocidade é uma consequência do aumento da passada no início da aceleração e aumento da frequência no fim desta (Dias, 2006). Deste modo, durante a aproximação o saltador deve aumentar gradualmente a velocidade até atingir a sua velocidade máxima no momento da chamada (Falk, 1978; cit. Dias, 2006). Para a maioria das tarefas, a precisão é afectada de uma forma proporcionalmente inversa em relação à velocidade. Deste modo, à medida que a velocidade aumenta a precisão diminui e o contrário também acontece. Outro ponto que é importante analisar e que influencia o resultado final são as componentes da velocidade da corrida de aproximação. Correr rápido é uma consequência do produto da amplitude e frequência do passo da corrida (P. McGinnis, comunicação pessoal, 28 de Fevereiro de 2007). Assim sendo, à medida que a velocidade cresce, ambas as componentes aumentam e quando ambas diminuem reflecte-se na velocidade de corrida. Com o objectivo de atingir uma chamada rápida e precisa, o varista deve desenvolver três habilidades. Em primeiro lugar, deve desenvolver um padrão de corrida consistente, para que a primeira parte desta seja previsível e repetitivel, de salto para salto. A segunda habilidade diz respeito à capacidade para reconhecer que a corrida necessita de correcções. E por fim, o saltador. 15.

(40) Revisão da literatura. deve desenvolver uma habilidade que lhe permita ajustar os restantes passos da corrida de aproximação, para corrigir os erros, o mais cedo possível. Assim, ao longo da corrida, tanto nos saltadores horizontais como verticais, a maioria dos atletas, de modo a diminuir a imprecisão usam uma fase de aceleração na corrida de aproximação e posteriormente uma fase de controlo visual (P. McGinnis, comunicação pessoal, 28 de Fevereiro de 2007). Outro modo utilizado pelos atletas, para corrigirem os erros acumulados ao longo da corrida de aproximação, é o recurso da marca de controlo por parte do treinador (P. McGinnis, comunicação pessoal, 28 de Fevereiro de 2007). Alguns atletas localizam-na quatro passos antes da tábua de chamada. Para determinar se a marca de saída foi ajustada apropriadamente, durante uma tentativa de salto, a diferença observada entre a marca do treinador e a posição do pé corresponderá aos ajustes que terão de ser efectuados no início da corrida. Assim, se o pé que realiza o apoio estiver colocado um pouco à frente da marca de controlo, a marca de partida é movida para trás; se pelo contrário é colocado atrás da marca de controlo a marca de partida é movida para a frente (Hay & Koh, 1988). Segundo estes autores, estes procedimentos apoiam-se em duas suposições: primeiro, que a habilidade programada do atleta é muito bem desenvolvida e segundo que a adopção de estratégias de controlo visual ocorre no ponto em que a marca de controlo é localizada. Nas estratégias de controlo que o atleta deve efectuar ao longo da corrida de aproximação, Conceição (2004) menciona quatro pontos importantes: (a) o comportamento da velocidade ao longo de toda a corrida de aproximação, destacando o ponto onde se verifica o seu valor máximo, (b) o controlo visual, (c) a precisão da corrida de aproximação e (d) a reprodutibilidade da corrida de aproximação. P. McGinnis (comunicação pessoal, 28 de Fevereiro de 2007) acrescenta que o varista deverá considerar duas tarefas a ter em conta durante a corrida de aproximação, (i) a primeira, que será correr o mais rápido possível e gerar velocidade vertical na chamada, (ii) e a segunda, correr o mais rápido possível com precisão na chamada. Como expõe o mesmo autor, o padrão da passada de corrida afecta ambas as tarefas, pois estas estão interrelacionadas. Durante muito tempo admitiu-se que a corrida de aproximação permitiria. 16.

(41) Revisão da literatura. reproduzir um padrão de deslocação estereotipada para chegar ao local de chamada adequado, daí a importância das marcas para estabilizar o deslocamento. Em 1982, Lee et al. põem em causa esta ideia reorientando-se para paradigmas mais ecológicos onde as questões põem o sistema atletameio envolvente no centro das preocupações (Cornus & Roal, 2006). Neste estudo, utilizaram três saltadoras do sexo feminino durante duas sessões normais de treino com uma semana de diferença. Os autores ao analisarem a variabilidade existente entre as corridas constataram que as atletas quando se aproximavam da tábua de chamada deixavam de utilizar uma corrida estereotipada para começarem a usar estratégias de recurso da percepção visual que as ajudavam a regular a corrida de aproximação. Quando as atletas se apercebiam que estavam muito próximos da tábua encurtavam a passada, enquanto que quando estavam longe da tábua de chamada, alongavam a passada (Lee et al., 1982). As pesquisas de Lee et al. (1982), mostraram que a corrida de aproximação de três saltadoras em comprimento, apresentaram um padrão de passada consistente até estarem a alguns passos da tábua de chamada, e então elas mudavam de estratégia tentando reproduzir um padrão de corrida estereotipado, de modo a regular a sua corrida de acordo com a percepção visual relativamente à tábua de chamada. Mostraram também que o desvio padrão dos atletas aumentava gradualmente até atingirem o quinto passo anterior à chamada. A partir desse momento as atletas começavam a diminuir esta variabilidade até chegar à chamada (Scott, Li, & Davids, 1997). Com base na inflexão da variabilidade da curva os autores observaram, a existência de duas fases na corrida de aproximação. A primeira, a fase de aceleração, também chamada de fase programada (P. McGinnis, comunicação pessoal, 28 de Fevereiro de 2007), durante a qual os atletas produziam um padrão de passada estereotipado, e a segunda, a fase de controlo visual (Hay, 1988b; Lee et al., 1982), também designada de fase correctiva (P. McGinnis, comunicação pessoal, 28 de Fevereiro de 2007). Esta última fase, corresponde aos últimos passos até à chamada e onde os atletas ajustam a sua passada para eliminar os erros espaciais, que se acumularam ao longo da primeira fase. 17.

(42) Revisão da literatura. da corrida (Figura 10). Estes erros são acumulados devido a factores internos e externos ao atleta, tais como o vento, o público, a adrenalina, etc. (P. McGinnis, comunicação pessoal, 28 de Fevereiro de 2007; (IAF Biomechanics Research Project Athens, 2002).. Figura 10 - Desvio padrão médio da distância dedo-tábua de chamada na corrida de aproximação para não saltadores, principiantes e saltadores de elite. Na figura salientam-se os valores obtidos no 5 passo antes da chamada (J) (Adaptado de Scott et al. 1997).. Como descreve P. McGinnis (comunicação pessoal, 28 de Fevereiro de 2007), se um atleta realizasse uma corrida consistente de salto para salto, com a mesma marca de partida e padrão de passada, ele estaria sempre a utilizar uma corrida estereotipada e consequentemente a localização do pé de chamada seria constante durante cada ensaio. Contudo, o mesmo não acontece, devido aos factores já referidos. Desta forma, os atletas no decurso da corrida de aproximação até à chamada vão acumulando erros de passo para passo, que se irão reflectir na precisão da chamada, caso não ocorram correcções no decorrer da mesma. Estas correcções surgem na fase que antecede a chamada, a fase de controlo visual. Ao controlo visual Lee et al. (1982; cit. Berg & Mark, 2005) também se referiu como the inverse of the rate of dilation of the image of the board, contudo Wlliams, Davids & Williams (1999; cit. Berg & Mark, 2005) denominaram-no de tau local, ou controlo visual local. Este controlo refere-se à. 18.

(43) Revisão da literatura. fonte de informação temporal do momento em que pode ser localizado um objecto específico ou uma área de superfície dentro do fluxo global da informação óptica. Em oposição, surge o tau global ou controlo visual global, referindo-se a uma fonte de informação temporal que está disponível no meio ambiente em vez do local, no campo de fluxo visual (Berg & Mark, 2005). Para além dos dois tipos de controlo visual referidos, foram propostos mais dois, que podem ser úteis na regulação do comprimento da passada. Uma terceira versão chamada de tau compósito ou controlo visual compósito foi idealizado por Bootsma e Graig (2002, Berg & Mark, 2005) e refere-se a uma combinação do ângulo subjacente ao objecto, tal como o local ou a tábua de chamada, no ponto de observação (i. e., o controlo visual local) e o ângulo entre a direcção olho-objecto e uma linha imaginária que vai através do ponto de observação (i. e., o controlo visual global). A quarta representação do controlo visual consiste na combinação do ângulo formado pela vertical e a direcção olho-objecto e a sua variação (de Rugy, Montagne, Buekers & Laurent, 2000, cit. Berg & Mark, 2005). De acordo com Hay (1988b), o estudo de Lee, et al. apresenta algumas limitações importantes. O pequeno número de sujeitos utilizado no estudo (n=3), o facto da amostra ser toda do sexo feminino, a homogeneidade em relação à habilidade das saltadoras e o facto das conclusões terem sido obtidas com base nos resultados destas três atletas. Porém, apesar das limitações encontradas, este estudo apresentou descobertas importantes que originou a necessidade de recriá-lo numa escala maior (Hay, 1988a). Desta forma, Hay (1988b) conduziu dois estudos, de modo a replicar e compreender o trabalho desenvolvido por Lee et al. (1982), embora desta vez com uma amostra superior e incluindo atletas de ambos os sexos. O primeiro desses dois estudos revelou que todos os sujeitos do estudo (n=28 saltadores em comprimento de elite femininos e masculinos) usaram estratégias de controlo visual durante as passadas finais da corrida de aproximação, enquanto que no segundo os sujeitos (n=19 saltadores em comprimento de elite femininos e masculinos) em média adoptaram estratégias de controlo visual a cinco passos da tábua. Estes resultados corroboram o. 19.

(44) Revisão da literatura. estudo de Lee et al. (1982) na medida em que se verificou uma tendência ascendente e descendente na variabilidade da posição do pé ao longo da corrida. Neste trabalho, o autor também verificou que a maioria dos ajustes (67%) ocorrem principalmente nas últimas duas passadas (Hay, 1988b). No entanto Hay & Koh (1988) demonstraram que nem todos os atletas de elite apresentam um padrão similar na variabilidade, como comprovaram Lee, et al. (1982) e (Hay, 1988b), nos seus estudos. Isto é, nem todos os sujeitos apresentaram uma fase descendente na parte final da corrida. Dos 49 sujeitos que participaram no estudo de Hay & Koh (1988), 32 apresentaram uma clara tendência ascendeste e descendente, 4 sujeitos tinham um alto nível de consistência da variabilidade de todas as fases de aproximação e 7 atletas mostraram uma tendência ascendente da variabilidade até à chamada. Apesar de Hay (1988b) ter solucionado uma lacuna nesta área da investigação, ainda faltava estudar outros grupos, que abordassem as estratégias de regulação da corrida de aproximação, em saltadores mais novos relativamente, aos seus homólogos mais velhos, Assim, Berg et al. (1994, cit. Scott et al., 1997) realizaram um estudo onde mostraram que atletas de nível escolar superior desenvolviam uma tendência ascendente e descendente similar aos dados encontrados por Lee et al. (1982) e (Hay, 1988b), assim como os atletas principiantes. O autor (Scott et al., 1997) interpretou estes resultados sugerindo ser uma característica do atleta em detrimento do facto de poder ser treinável. Scott et al. (1997) com base no estudo apresentado questionam o termo principiantes, porque os autores não são claros ao especificar a prática e a aprendizagem relativamente ao Salto em Comprimento, nestes elementos da amostra. Esta clarificação poderá justificar o facto dos níveis apresentados serem tão semelhantes na variabilidade dos padrões de erro em atletas de elite e saltadores iniciados. O citado autor acrescenta ainda que apesar dos sujeitos no estudo de Berg et al. (1994 cit. Scott et al., 1997) catalogados como principiantes terem obtido resultados médios (5,42m) inferiores aos de Lee et al (1982) (entre 5,78 m e 6,54 m), estes demonstraram ter uma habilidade em saltar, segundo os resultados obtidos, que não os podem colocar num grupo denominado como. 20.

(45) Revisão da literatura. inexperientes, pois estes atletas já beneficiavam de uma pequena quantidade de treino prévio. Desta forma, é pouco claro se a similaridade dos dados entre a amostra de Hay (Hay, 1988b) e de Berg et al. (1994, cit. Scott, Li, & Davids, 1997) são resultado de um treino específico ou resultado de um mecanismo fundamental da regulação da corrida em tarefas de aproximação. Consequentemente, Scott et al. (1997) realizaram um estudo onde se procurava verificar se uma amostra constituída por estudantes (n=11) sem qualquer experiência ao nível dos saltos no Atletismo, apresentavam um padrão de variabilidade de erro na corrida de aproximação semelhante aos resultados obtidos por atletas da especialidade. Apoiando os restantes estudos verificou-se uma tendência média ascendente e descendente similar com o que foi observando em atletas de elite e principiantes. Porém, quando avaliados individualmente verificou-se que nem todos os sujeitos apresentaram o mesmo padrão ou quantidade de variabilidade. Um dos sujeitos apresentou um padrão semelhante ao mostrado por quatro atletas do estudo de Hay & Koh (1988), mostrando um baixo desvio padrão ao longo das passadas. Estes resultados idênticos aos obtidos por Hay & Koh (1988) sugerem que uma segunda estratégia poderá existir e que poderá não ser exclusiva dos saltadores (Scott et al, 1997). Em relação aos ajustes efectuados durante a aproximação à tábua de chamada, a amostra desta investigação apresentou 65% dos ajustes no penúltimo e antepenúltimo passo, ao contrário dos atletas de elite (Hay, 1988b) e principiantes (Scott et al, 1997). Um aspecto relevante apontado por Scott et al (1997) que se tem de ter em consideração quando se comparam os resultados de vários estudos é o facto dos resultados não terem sido obtidos numa situação de competição como aconteceu com Berg et al. (1994, cit. Scott et al. 1997) e Hay (1988b). Um atleta em condições competitivas pode utilizar estratégias alternativas de modo a obter um salto válido, pelo que, os erros e mesmo a velocidade poderão ser afectados (Scott et al, 1997). Como já foi referido anteriormente a fase programada é crucial para a parte final da corrida de aproximação, sendo portanto de grande importância o seu estudo. Deste modo, Glize & Laurent (1997), procuraram comparar o início. 21.

(46) Revisão da literatura. da corrida no Salto em Comprimento com a corrida de velocidade dos sprinters. Os resultados permitiram verificar que os saltadores apresentaram ajustes no início da corrida, os quais não eram observados nos velocistas durante a fase de aceleração ou aqueles realizados pelos saltadores numa etapa posterior próximo da tábua de chamada, que eram definitivamente feitos sob controlo visual. Estes autores obtiveram duas consequências práticas para o treino dos saltadores. A primeira, em que os resultados demonstram existir ajustes no início da corrida, o que apoia a ideia de que os saltadores não produzem um padrão constante de passada. E uma segunda, em que comparam a corrida de velocistas e dos saltadores e verificando que ambas as tarefas são diferentes, não só em relação ao objectivo, mas também na cinemática locomotora. Desta forma, os autores concluíram que o desempenho da corrida sem salto final é de baixo valor pedagógico, mesmo na fase inicial da corrida. Montagne et al. (2000; cit. Cornus & Roal, 2006), procuraram analisar o comportamento de um sujeito do início ao fim da corrida de aproximação, assim como de uma prova para a outra utilizando uma análise intra-provas, contrariamente a uma análise entre-provas, pois no primeiro caso avalia-se o estado corrente do sistema atleta-meio envolvente, enquanto que no segundo se avalia o comportamento médio realizado. Os autores verificaram que todos os elementos da amostra adoptaram sistematicamente a mesma estratégia de regulação de uma prova para a outra, alongando tão depressa a passada como encurtando-a. Para Montagne et al (2000, cit. Cornus & Royal, 2006), a regulação da corrida solicita um mecanismo de controlo baseado numa ligação percepçãomovimento. Este controle contínuo supõe que o sujeito precisa de perceber para agir mas também de agir para perceber. A sua própria deslocação modifica o cenário (o local de acção) visual que modificando-se o obriga a adaptar-se à nova situação. Esta relação circular entre a informação necessária para estar no local certo no momento certo e a acção a realizar, obriga o sistema atleta-meio envolvente a adaptar-se continuamente em função dos constrangimentos do meio envolvente. Num estudo realizado, para avaliar se os atletas eram capazes de adaptar. 22.

(47) Revisão da literatura. a sua regulação a condições ambientais diferentes, Cornus & Royal (2006), utilizaram 7 estudantes em Sciences et Techniques des Activités Physiques et Sportives (STAPS) de Strasbourg. Estes foram divididos em três grupos: dos quais 4 foram considerados atletas experientes por possuírem treino e uma corrida pré-definida, enquanto os restantes três atletas nunca tiveram contacto com a modalidade. Todos os sujeitos efectuaram cada um 12 saltos (4 saltos na distância preferencial, 4 a uma distância de partida avançada, a menos de 25 cm e 4 provas a uma distância mais curta, com mais de 25 cm). Os resultados mostraram que todos os estudantes foram capazes de se adaptar aos. diferentes. constrangimentos. ambientais. para. manter. uma. certa. performance motora. Como sugere Berg et al. (1994; cit. Cornus & Royal, 2006) a capacidade de regular não é tanto o resultado de uma aprendizagem mas uma emergência de um comportamento adaptado à situação. Cornus & Royal (2006) completam, referindo que esta regulação parece ser regida por uma ligação percepção-movimento baseada num controle contínuo, em que o atleta necessita de perceber para agir, mas também de agir para perceber, isto é, o atleta percebe a relação que existe entre ele e o seu meio: entre deslocamento e a distância que o separa da tábua, adaptando-se à situação em curso. As regulações produzidas ao longo da acção são resultado das adaptações constantes fruto dos constrangimentos do meio envolvente. Dada a similaridade existente na corrida de aproximação, entre o Salto em Comprimento e Salto com Vara, será oportuno afirmar que no último, os atletas também farão uso de controlo visual para se aproximarem da chamada (Hay, 1988a). Seguindo esta teoria, Hay (1988a) desenvolveu um estudo com varistas para verificar se estes também realizavam controlo visual no final da corrida de aproximação. Para tal, utilizou 12 finalistas dos Jogos Olímpicos de Los Angeles, da prova de Salto com Vara, e constatou que estes atletas apresentavam os valores médios do controlo visual no quarto passo, um passo a menos comparativamente com o estudo realizado com saltadores em comprimento. Hay (1988a), justificou com o facto dos varistas realizarem mais corridas contínuas no treino e nelas procurarem exaustivamente colocarem-se numa posição adequada para realizar a chamada.. 23.

(48) Revisão da literatura. O facto dos varistas recorrerem ao controlo visual depois dos saltadores em comprimento, levaram os autores a sugerir que com menos erros acumulados ao longo das passadas, os varistas não terão de efectuar correcções tão cedo como farão os saltadores em comprimento (Hay, 1988b), devendo-se isto à necessidade de precisão durante a chamada no SC, ao contrário do SV. É a existência da tábua de chamada no SC que conduz a este resultado. P. McGinnis (comunicação pessoal, 28 de Fevereiro de 2007) realizou um estudo idêntico ao de Hay (1988a) e constatou que a sua amostra também possui duas fases de corrida, a primeira de aceleração e a segunda de controlo visual. Porém, discordou ao nível do local onde essa transição ocorria, pois nos seus estudos os valores médios ocorriam a 5 passos da chamada. De acordo com Hay (1988a) há pouco suporte bibliográfico que refere que o ponto onde ocorre a adopção de estratégias de controlo visual é condiciona a maioria dos ajustes. Ainda assim, é oportuno questionar se o momento em que ocorre o início da descida da vara não interfere na velocidade da corrida de aproximação. Pois se assim se verificar, a precisão no momento da chamada também será afectada. Caso estes factos ocorram será pertinente supor que os varistas recorram a mais do que um controle visual ao longo da corrida Hay (1988a).. 24.

(49) Objectivos e hipóteses. 3.. OBJECTIVOS E HIPÓTESES. O objectivo deste trabalho foi verificar se os atletas portugueses de Salto com Vara recorrem a estratégias de controlo visual para regular a corrida de aproximação. Para isso pretendemos: 1. Verificar e comparar em que momento da corrida de aproximação os atletas começam a utilizar estratégias de controlo visual; 2. Verificar a reprodutibilidade da corrida de aproximação no Salto com Vara.. 25.

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(51) Material e métodos. 4.. MATERIAL E MÉTODOS. Como referido na bibliografia, a corrida de aproximação tem um papel preponderante no resultado de um Salto com Vara. Com o intuito de averiguar se os saltadores com vara a nível nacional utilizam estratégias de controlo visual durante a corrida de aproximação, criamos um protocolo experimental que nos permitisse obter os valores referentes às velocidades na corrida de aproximação. Posteriormente estes dados serão comparados com os referidos na literatura. 4.1.. Caracterização da amostra. A amostra deste estudo foi constituída por 9 atletas do sexo masculino, especialistas do Salto com Vara, sendo um atleta do escalão Júnior e os restantes Seniores. Os dados foram obtidos em dois momentos competitivos diferentes, assim sendo, um atleta que participou na primeira competição (S1) e repetiu as avaliações da segunda competição (S4). As características gerais de cada elemento participante no estudo encontram-se resumidas no Quadro 2. Quadro 2 – Caracterização geral da amostra – Idade (anos), peso (Kg), altura (m), número de passadas e recorde pessoal no Salto com Vara (m). Identificação. Idade (anos). Peso (Kg). Altura (m). Nº de passos. Recorde pessoal (m). Sujeito 1 (S1). 22. 79. 1.80. 16. 4.90. Sujeito 2 (S2). 19. 69. 1.72. 14. 4.34. Sujeito 3 (S3). 29. 70. 1.68. 10. 5.00. Sujeito 4 (S4). 22. 79. 1.80. 16. 4.90. Sujeito 5 (S5). 22. 79. 1.87. 14. 4.95. Sujeito 6 (S6). 30. 79. 1.86. 14. 5.13. Sujeito 7 (S7). 30. 75. 1.70. 18. 5.00. Sujeito 8 (S8). 29. 73. 1.78. 12. 4.60. Sujeito 9 (S9). 20. 79. 1.87. 14. 4.95. X sd. 25.10. 75.13. 1.79. 14.25. 4.86. 4.79. 4.09. 0.08. 2.49. 0.26. 27.

Imagem

Figura 1 – Modelo técnico de Salto com Vara – a) Corrida de aproximação; b) Apresentação da  vara; c) Chamada; d) Fase aérea com apoio; e) Transposição da fasquia; f) Queda (Adaptado  de Sainz, 1994)
Figura 3 – Apresentação da vara (Adaptado de Sainz, 1994).
Figura 4 – Introdução da vara e chamada (adaptado de Sainz, 1994).
Figura 5 – Fase de penetração (Adaptado de Sainz, 1994).
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Referências

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