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Variabilidade genética de procedências e progênies de erva-mate nativa (<em>Ilex paraguariensis</em> St. Hil.) no sudoeste do estado de Mato Grosso do Sul

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Academic year: 2020

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Variabilidade genética de procedências e progênies

de erva-mate nativa (Ilex paraguariensis St. Hil.)

no sudoeste do estado de Mato Grosso do Sul

Genetic variability of provenances and progenies

of native erva-mate (Ilex paraguariensis St. Hil.)

in the southwest of Mato Grosso do Sul state

e

Reginaldo Brito da Costa1 Wagner José M artins2 Raul Alffonso Rodrigues Roa3 Natasha Brianez Rodrigues4 Antonio de Arruda Tsukamoto Filho5 1 Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Faculdade de Engenharia

Florestal, Av. Fernando Corrêa, n. 2367, Bairro Boa Esperança, 78060-900, Cuiabá (MT). Programa de Mestrado em Ciências Florestais e Ambiental e Mestrado em Desenvolvimento Local da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB). E-mail: reg.brito.costa@gmail.com.

2 Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Programa de Mestrado

em Biologia Vegetal, Cidade Universitária, Caixa Postal 549, 79070-900, Campo Grande (MS). E-mail: martinswj@hotmail.com.

3 Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), Programa

de Pós-Graduação em Agronomia, Av. Brasil, 56, 15385-000, Ilha Solteira (SP). E-mail: geneticraul@ig.com.br.

4 Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Faculdade de Engenharia

Florestal, Graduanda do curso de Engenharia Florestal, Bolsista PET/CAPES.

5 Universidade Federal de Mato Grosso, (UFMT), Faculdade de Engenharia

Florestal. Programa de Mestrado em Ciências Florestais e Ambiental. Av. Fernando Corrêa, s/n, Coxipó, Av. Fernando Corrêa, n. 2367. Bairro Boa Esperança, 78060-900, Cuiabá (MT). E-mail: tsukamoto@ufmt.br

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RESUMO

O presente estudo objetivou avaliar a variabilidade genética de procedências e progênies de erva-mate nativa (Ilex paraguariensis St. Hil.) em fase inicial de crescimento no município de Aral Moreira-MS. O teste de procedência e progênie, para avaliação do crescimento inicial das mudas, foi instalado no viveiro de mudas da Fazenda Rancho Esperança localizada no município de Aral Moreira, sob o delineamento de blocos ao acaso com 3 procedências, 25 tratamentos (progênies) de cada uma das procedências, 5 repetições e 4 plantas por parcela em linhas simples. Aos 5 meses de idade, as progênies foram avaliadas quanto aos caracteres: a) altura total das plantas, expressas em centímetros; b) diâmetro do coleto expresso em milímetros; e c) número de lançamentos foliares. Os resultados demonstraram haver variabilidade ge-nética, e as herdabilidades individuais e de médias de progênies obtidas,

estimu-lam o monitoramento continuado das procedências e progênies no campo, com perspectivas de maximizar o ganho genético na seqüência das avaliações. A procedência Laguna Carapã apresentou melhor desempenho para todos os

ca-racteres avaliados com ganhos genéti-cos estimados com seleção, seguido da

procedência Aral Moreira.

PALAVRAS-CHAVE

Ilex paraguariensis variabilidade genética progênies

ABSTRACT

The present work had as objectives, to evaluate the genetic variability of provenances and progenies of native erva-mate (Ilex paraguariensis St. Hil.) In initial phase of growth in the municipal district of Aral Moreira-MS. Provenance and progeny test, for evaluation of the initial growth of the plants, was installed in Rancho Esperança Farm located in municipal district Aral Moreira-MS, under rando-mized block design, with 3 provenan-ces, 25 treatments (progenies), 5 repetitions and 4 plants per plot in simple lines. At the age of 5 months, progenies were evaluated for seedlings total heights characters, stem diameter, number of leaf flushes. Results

demonstrated that there’s genetic variability, and individuals and obtained progeny average heritability estimulate the continued monitoring of the provenances and progenies on field, with perspectives of maximizing genetic gain in the sequence of evaluations. The Laguna Carapã provenance – followed by the Aral Moreira provenance – presented better performance for all evaluated charac-ters with genetic gains estimated along with selection.

KEY-WORDS

Ilex paraguariensis genetic variability progenies

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INTRODUÇÃO

A erva-mate (Ilex paraguariensis St. Hil.), a espécie mais comu-mente utilizada do gênero, pertence à família Aquifoliaceae com cerca de 600 espécies. Destas, 220 são nativas da América do Sul e 68 ocor-rem no Brasil (SCHERER, 1997; STURION e RESENDE, 1997). Pode-se considerar a erva-mate como dióica, onde nas plantas femininas encontram-se estames não funcionais e, nas masculinas o pistilo se deprime e aborta (FERREIRA, et al., 1983).

A cultura constitui uma excelente opção de geração de emprego e de renda, especialmente entre os pequenos e médios produtores rurais. Ela forma um dos sistemas agroflorestais mais característicos da região sul do Brasil, sendo produzida em aproximadamente 600 empresas e 180 mil propriedades rurais, rendendo anualmente mais de R$ 150 milhões (RODIGHERI, 1996). É uma espécie perene bas-tante apreciada em todo o Brasil na forma de bebidas, insumos para alimentos, produtos de uso e higiene pessoal.

Depois do Uruguai, os maiores mercados compradores em potencial ficam em países como Alemanha, Espanha, Itália, Estados Unidos (BOGUSZEWSKI, 2007), Canadá e Japão (ANDRADE, 1999), além do Oriente Médio, especialmente a Síria (GOVERNO DO PARANÁ, 2007). Este mercado continua em expansão tanto na América do Sul como nos demais continentes, sendo a Argentina o maior produtor de mate no Cone Sul. No Brasil a maior parte da produção é extrativista, demonstrando que a atividade ainda é muito dependente dos ervais nativos.

Por outro lado, o aumento da população humana e suas ativida-des, têm resultado na degradação e fragmentação de habitats causando declínio da biodiversidade (EHRLICH, 1988). A redução do tamanho original das áreas com cobertura vegetal nativa e o aumento do isola-mento dos fragisola-mentos florestais remanescentes tem provocado erosão genética em populações de I. paraguariensis, ao longo de anos de avanço da fronteira agrícola no Brasil, particularmente no Estado de Mato Grosso do Sul.

As populações nativas da espécie têm diminuído consistentemen-te o seu tamanho efetivo populacional levando à perda de variabilidade

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genética entre e dentro das populações. A detecção e resgate da referida variabilidade ainda presente nessas populações torna-se importante, a partir do material genético ainda disponível em áreas que compreendem a divisa do Brasil e Paraguai.

A pesquisa de Andrade (1999) quantificou a produtividade média das árvores nativas, estabilizadas a partir dos 10 anos de idade, poden-do chegar a produzir anualmente acima de 80 kg de matéria verde por árvore. Portanto, a disponibilidade de material genético autóctone para um mercado crescente de consumo nos diversos países citados deve fazer parte dos objetivos do melhoramento genético da erva-mate nativa do Brasil.

Nesse sentido, os testes de procedências e progênies, instrumen-tos importantes para o trabalho do melhorista, têm sido usados na estimação de parâmetros genéticos e seleção de indivíduos, quando se procura avaliar a magnitude e a natureza da variância genética disponível, com vistas a quantificar e maximizar os ganhos genéticos, utilizando-se procedimento de seleção adequado. Assim, a seleção de árvores superiores em programas de melhoramento genético com espécies arbóreas, envolve testes combinados de procedências e progê-nies. Esses testes permitem a seleção das populações mais adaptadas e produtivas para os locais onde se pretende realizar os plantios, bem como, a seleção das melhores progênies e plantas dentro das proce-dências, simultaneamente (RESENDE et al., 2000).

O estudo objetivou avaliar a variabilidade genética entre proce-dências e progênies de erva-mate nativa (Ilex paraguariensis St. Hil.) em fase inicial de crescimento no município de Aral Moreira-MS.

MATERIAL E MÉTODOS

As sementes de erva-mate foram coletadas de três procedências nos municípios de Ponta Porã, Aral Moreira e Laguna Carapã, localiza-dos em área de fronteira entre Brasil e Paraguai, na região sudoeste do Estado de Mato Grosso do Sul. De cada procedência, foram coletadas sementes de 25 matrizes nativas de polinização aberta.

O município de Ponta Porã, está localizado a 22°32`09``S e 55°43`33``W, com 655m de altitude, tipo de solo predominante Latossolo Vermelho Escuro. O município de Aral Moreira localiza-se a

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22°55`95``S e 55°38`30``W e à 609m de altitude, com solo predo-minante do tipo Latossolo Roxo. E o município de Laguna Carapã situa-se a 22°32`45``S e 55°09`00``W e à 509m de altitude, com solo predominante do tipo Latossolo Vermelho Escuro. Nas três regiões de origem das procedências, o clima segundo classificação de Köppen, é do tipo Cfa – Clima subtropical e, o tipo de vegetação predominante é do tipo Floresta Estacional Semidecidual.

O testes de procedência e progênie, para avaliação do cresci-mento inicial das mudas, foi instalado no viveiro de mudas da Fazenda Rancho Esperança localizada no município de Aral Moreira, sob o deli-neamento de blocos ao acaso com 3 procedências, 25 tratamentos (progênies) de cada uma das procedências, 5 repetições e 4 plantas por parcela em linhas simples. Aos 5 meses de idade, as progênies foram avaliadas quanto aos caracteres: a) altura total das plantas, expressas em centímetros; b) diâmetro do coleto expresso em milímetros; e c) número de lançamentos foliares.

As variáveis foram analisadas usando-se o Modelo 5 da metodo-logia de modelo linear misto univariado aditivo do software SELEGEN - REML/BLUP (restricted maximum likelihood) apresentado por Resende (2002b) , consistindo do seguinte:

y = Xr + Za + Wp + Ts + e, em que:

y é o vetor de dados, r é o vetor dos efeitos de repetição (assu-midos como fixos) somados à média geral, a é o vetor dos efeitos ge-néticos aditivos individuais (assumidos como aleatórios), p é o vetor dos efeitos de parcela (assumidos como aleatórios), s é vetor dos efeitos de população ou procedência (aleatórios) e é o vetor de erros ou resíduos (aleatórios). As letras maiúsculas (X, Z, W, e T) representam as matrizes de incidência para os referidos efeitos.

Os parâmetros genéticos e variâncias foram obtidas a partir do que segue: 2 2 2 2 2 ˆ ˆ ˆ ˆ ˆ e c a a h

σ

σ

σ

σ

+ +

= = herdabilidade individual no sentido restrito no bloco;

(6)

) /( ˆ / ˆ ˆ 25 , 0 ˆ 25 , 0 ˆ 2 2 2 2 2 nb b h e c a a mp

σ

σ

σ

σ

+ + =

= herdabilidade média de

progênies no sentido

res trito no bloco;

2

ˆ

ˆ

gg

h

mp

r =

= Acurácia seletiva;

)

ˆ

ˆ

ˆ

/(

ˆ

ˆ

2 2 2 2 2 e c a c

c

=

σ

σ

+

σ

+

σ

= correlação devida ao ambiente

comum da parcela;

2

ˆ

a

σ

= variância genética aditiva;

2

ˆ

e

σ

= variância residual dentro da parcela (ambiental + não

aditiva);

2

ˆ

parc

σ

= variância entre parcelas;

100

.

ˆ

(%)

CV

gi 2

X

a

σ

=

CV

gi

= coeficiente de variação genética individual;

100

.

/

ˆ

(%)

CV

2 e

X

n

c

+

σ

parc

=

CV

e

= coeficiente de variação experimental;

A utilização da metodologia Reml/Blup, desenvolvida para o me-lhoramento de plantas perenes tem maximizado os ganhos genéticos com seleção (RESENDE, 2002, COSTA et al., 2002; COSTA et al., 2005; MISSIO et al., 2005), por tratar-se de um procedimento preditivo, especialmente para dados desbalanceados dos valores genéticos dos indivíduos em testes de procedências e progênies (RESENDE, 2002a).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados referentes às estimativas dos parâmetros genéticos para os caracteres altura, diâmetro, e número de lançamentos foliares das procedências e progênies são apresentados na Tabela 1.

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Tabela 1 - Estimativas de parâmetros genéticos para procedências e

progênies referentes aos caracteres altura (ALT), diâmetro (DIA), e n. de lançamentos foliares (LF) em indivíduos de erva-mate, aos 5 meses de idade, no município de Aral Moreira, MS.

Estimativas1 PROCEDÊNCIAS PROGÊNIES

ALT DIA LF ALT DIA LF

2

ˆh

0,604± 0,116 0,497 ± 0,105 0,273 ± 0,076 0,415 ± 0,093 0,256 ± 0,074 0,423 ± 0,095 - - - 0,631 0,518 0,643 2

ˆ

a

σ

0,353 0,364 0,602 0,296 0,035 0,917 2

ˆ

c

σ

0,005 0,0006 0,021 0,075 0,014 0,203 2

ˆ

e

σ

0,206 0,031 1,428 0,352 0,091 1,051 2

ˆ

f

σ

0,584 0,073 2,206 0,722 0,138 2,171 Média geral 2,093 1,31 4,038 1,999 1,251 4,038 CVgi (%) 28,397 14,572 19,221 27,197 15,068 23,722 CVe (%) 16,784 9,501 17,359 23,352 16,520 19,763

1 Herdabilidade individual no sentido restrito no bloco (

ˆh

2), herdabilidade média de

progênie ( ), variância genética aditiva (

σ

ˆ

a2), variância ambiental entre parcelas (

σ

ˆ

c2), variância residual dentro de parcela (ambiental + não aditiva,

σ

ˆ

e2), variância fenotípica individual (

σ

ˆ

2f ),coeficiente de variação genética individual (CVgi%), coefi-ciente de variação experimental (CVe%).

A herdabilidade individual no sentido restrito das procedências para os caracteres estudados podem ser consideradas de altas magni-tudes para altura, diâmetro, e número de lançamentos foliares (0,60;

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0,49; 0,27) respectivamente. Os resultados referentes à herdabilidade individual no sentido restrito das progênies encontrados foram de baixa a moderada magnitude (0,41; 0,25; 0,42) para os caracteres estudados, respectivamente.

Os resultados mais expressivos foram obtidos para média de progênies (0,63; 0,51; e 0,64) para os caracteres avaliados, o que indica que a seleção pode ser efetiva usando-se as informações, tanto de indivíduos, como de famílias. Estes valores são superiores àqueles encontrados por COSTA et al. (2005) para progênies nativas da região,

o que denota uma boa perspectiva de variabilidade genética a ser explorada ao longo de um programa de melhoramento genético. As informações de famílias encontradas são coerentes com os resultados observados na literatura relativa a outras espécies florestais ( KAGEYAMA, 1980; STURION, 1993; CORNELLIUS, 1994; SAMPAIO, 1996) e quanto à erva-mate (SIMEÃO et al., 2002).

A mais importante função da herdabilidade no estudo genético do caráter métrico é o seu papel preditivo expressando a confiança do valor fenotípico como um guia para o valor genético, ou o grau de cor-respondência entre o valor fenotípico e o valor genético ( FALCONER, 1987; VENCOVSKY; BARRIGA, 1992). Segundo Falconer (1987), a herdabilidade é uma propriedade não somente de um caráter, mas também da população e das circunstâncias de ambientes às quais os indivíduos estão sujeitos. O valor da herdabilidade poderá ser afetado se houver alteração em qualquer um dos componentes da variância.

Os coeficientes de variação genética individual (CVgi%), que expressam em percentagem da média geral a quantidade de variação genética existente, apresentaram valores expressivos para os caracteres altura, diâmetro e número de lançamentos foliares, tanto para procedên-cias (28,39%; 14,57%; 19,22%), como para progênies (27,19%; 15,06%; 23,72%), condizentes àqueles obtidos por Costa et al. (2005). Estes resultados revelam que as populações podem ser consideradas apro-priadas para o programa de melhoramento genético. Em outros termos, ganho genético é esperado aplicando-se procedimento adequado de seleção. Os dados encontrados sugerem que, em futuras avaliações de campo, poderá haver maior expressão da variação genética para os caracteres estudados e produção de massa foliar associada.

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Os coeficientes de variação residual (CVe%) encontrados para os caracteres estudados (altura, diâmetro, e número de lançamentos foliares) para procedências, apresentaram valores de: 16,78%; 9,50%; e 17,35%. E para progênies, valores de: 23,35%; 16,52%; e 19,76%, respectivamente. Estes valores podem ser considerados baixos e médios para os caracteres por Garcia (1989).

Na Tabela 2 são apresentados os valores correspondentes ao efeito genético (g), valores genotípicos (u+g), ganho e nova média das procedências, quanto aos caracteres altura, diâmetro, e número de lançamentos foliares, avaliados no município de Aral Moreira-MS.

Tabela 2 - Efeito genético (g), valores genéticos (u+g), ganho e nova

média das procedências avaliadas experimentalmente em Aral Moreira, quanto aos caracteres altura, diâmetro, e número de lançamentos foliares.

Caráter Ordem Procedência g U+g Ganho MédiaNova Altura (cm) 1 Laguna Carapã 0,0738 2,1672 0,0738 2,1672 2 Aral Moreira 0,0721 2,1656 0,0729 2,1664 3 Ponta Porã -0,1458 1,9476 0,0000 2,0935 Diâmetro (mm) 1 Laguna Carapã 0,0627 1,3722 0,0627 1,3722 2 Aral Moreira 0,0004 1,3100 0,0315 1,3411 3 Ponta Porã -0,0631 1,2465 0,0000 1,3095 N. Lança-mentos Foliares 1 Laguna Carapã 0,3647 4,4027 0,3647 4,4027 2 Aral Moreira 0,0430 4,0810 0,2038 4,2418 3 Ponta Porã -0,4077 3,6303 0,0000 4,0380

Observa-se que a procedência Laguna Carapã apresentou os melhores desempenhos para todos os caracteres avaliados, seguida da procedência Aral Moreira. Em contrapartida, a procedência Ponta Porã apresentou os menores valores, não obtendo ganho nesta fase de avaliação. Nesse contexto, os valores preditos permitem indicar com mais segurança que o germoplasma em estudo maximizará as possibili-dades de progresso genético com seleção, considerando a procedência Laguna Carapã. Os ganhos genéticos estimados com a seleção de procedência para os caracteres estudados foram mais expressivos para as procedências Laguna Carapã e Aral Moreira, diferentemente de Ponta Porã, que não apresentou ganho nesta fase de avaliação. Porém, se faz necessário, avaliações em idades mais avançadas para confirmação dos

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resultados e assim, delinear estratégias a serem adotadas ao longo do programa de melhoramento genético da erva-mate.

Valores fenotípicos, genéticos aditivos, ganhos genéticos predi-tos, número efetivo populacional e nova média da população, das 10 melhores progênies para os caracteres altura (cm), diâmetro (mm), e número de lançamentos foliares de erva-mate nativa, avaliadas no município de Aral Moreira-MS, são apresentados na Tabela 3.

Tabela 3 - Valores fenotípicos, genéticos aditivos, ganhos genéticos

preditos, e nova média da população, das 10 melhores progênies para os caráteres altura (cm), diâmetro (mm), e número de lançamentos foliares de erva-mate no município de Aral Moreira, MS.

Altura (cm)

Blocos Progênie Árvore fenotípicosValores genéticosValores (u + a)

Ganho

genético MédiaNova Acurácia Seletiva 1 50 1 4.800 3,082 1.0828 3,0824 3 68 2 4.600 3,027 1.0555 3,0551 4 50 2 3,500 3,014 1.0418 3,0414 4 49 4 3,500 2,977 1.0257 3,0253 4 71 4 3,900 2,943 1.0093 3,0089 5 49 3 3,900 2,931 0.9963 2,9959 2 52 4 4,000 2,916 0.9850 2,9846 5 8 2 4,000 2,911 0.9758 2,9754 4 8 4 3,800 2,903 0.9678 2,9674 1 10 1 4,500 2,901 0.9613 2,9609 0,793 Diâmetro (mm) 1 66 2 4,000 1,794 0,543 1,7936 1 54 1 2,600 1,548 0,420 1,6710 2 71 1 2,000 1,535 0,375 1,6260 4 71 4 1,900 1,506 0,345 1,5961 3 71 2 2,000 1,505 0,327 1,5779 4 54 2 2,100 1,502 0,315 1,5654 4 56 2 2,000 1,498 0,305 1,5557 2 51 4 1,900 1,487 0,296 1,5471 5 69 1 2,000 1,482 0,290 1,5402 3 71 1 1,900 1,482 0,284 1,5342 0,713 N. Lançamentos Foliares 2 59 1 10,000 6,760 2,722 6,7600 5 49 1 9,000 6,067 2,375 6,4138 4 57 1 8,000 5,922 2,211 6,2499 5 74 1 8,000 5,904 2,125 6,1635 3 73 4 8,000 5,871 2,067 6,1051 1 59 1 8,000 5,860 2,026 6,0644 1 59 2 8,000 5,860 1,997 6,0353 4 73 4 7,000 5,830 1,971 6,0097 2 73 1 8,000 5,788 1,947 5,9851 2 73 4 8,000 5,788 1,927 5,9655 0,801

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Em relação aos caracteres analisados, destacaram-se entre os dez melhores materiais genéticos selecionados os indivíduos das progênies 49, 71, e 73. Assim, avaliações posteriores em idades mais avançadas poderão confirmar o desempenho desses materiais para efeito de seleção, visando maximizar o ganho genético. Simeão et al. (2002) enfatizam que os valores genéticos preditos em relação a todos os indivíduos candidatos possibilitam estabelecer a melhor estratégia para o aumento da eficiência do melhoramento.

Os ganhos genéticos estimados com a seleção individual para os caracteres altura, diâmetro, e número de lançamentos foliares elevaram a nova média da população após um ciclo de seleção de 1,999 (ALT); 1,250 (DIA); e 4,038(LF), para 3,081; 1,793; e 6,760, respectivamente.

Os valores expressivos de acurácia seletiva correspondentes ao três caracteres analisados (ALT = 0,793; DIA = 0,713; e LF = 0,801), reforça a importância do uso da informação de progênie. De maneira geral, os valores genéticos preditos não são iguais aos valores genéticos verdadeiros dos indivíduos. A proximidade entre estes dois valores pode ser avaliada com base na estatística denominada acurácia (VAN VLECK et al., 1987). A literatura prática pertinente ao assunto tem demons-trado a importância da acurácia para apontar o grau de confiabilidade dos resultados obtidos na avaliação genética (RESENDE et al., 1995; COSTA et al., 2000).

Na Tabela 4 são apresentados os valores genéticos preditos para altura, diâmetro, e número de lançamentos foliares por seleção com sobreposição de geração dos 10 melhores indivíduos de progênies de erva-mate, aos 5 meses de idade, no município de Aral Moreira-MS.

Os dados obtidos remetem para a importância da estratégia a ser utilizada adotando-se pomares de sementes usando o modelo linear misto Reml/Blup, com as possibilidades seguintes: a) pomar testado de 1,5 geração com seleção de parentais; b) pomares de sementes com seleção de indivíduos no experimento (pomares de segunda gera-ção); c) Pomar com sobreposição de geração que é uma modalidade recente. Estes pomares são compostos de uma mistura de Indivíduos selecionados no experimento com algum parental superior. Nesse caso, somente um ranking simples por valores genéticos preditos é utilizado e os materiais superiores são incluídos no pomar não levando

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em consideração se pertencem à geração atual ou anterior (RESENDE, 2002a).

Tabela 4 - Valores genéticos preditos para altura, diâmetro, e número de lançamentos foliares por seleção com sobreposição de geração dos 10 melhores indivíduos de progênies de erva-mate, aos 5 meses de idade, no município de Aral Moreira, MS.

Altura (cm)

Progênie Indivíduo aditivo predito (a)Efeito Genético genético Ganho MédiaNova

50 1 1,0828 1,0828 3,0824 68 2 1,0281 1,0555 3,0551 50 2 1,0144 1,0418 3,0414 49 4 0,9774 1,0257 3,0253 71 4 0,9438 1,0093 3,0089 49 3 0,9314 0,9963 2,9959 52 4 0,9168 0,985 2,9846 8 2 0,9119 0,9758 2,9754 8 4 0,9038 0,9678 2,9674 10 1 0,9023 0,9613 2,9609 Diâmetro (mm) 66 2 0,5433 0,5433 1,7936 54 1 0,2982 0,4207 1,6710 71 1 0,2856 0,3757 1,6260 71 0 0,2661 0,3483 1,5986 71 4 0,2561 0,3299 1,5801 71 2 0,2549 0,3174 1,5676 54 2 0,2524 0,3081 1,5583 56 2 0,2478 0,3005 1,5508 51 4 0,2367 0,2934 1,5437 52 0 0,2359 0,2877 1,5380 N. Lançamentos F oliares 59 1 2,7220 2,7220 6,7600 49 1 2,0296 2,3758 6,4138 59 0 1,9306 2,2274 6,2654 57 1 1,8841 2,1416 6,1796 71 0 1,8667 2,0866 6,1246 74 1 1,8662 2,0499 6,0879 73 4 1,8333 2,0189 6,0569 59 1 1,8228 1,9944 6,0324 59 2 1,8228 1,9754 6,0134 73 4 1,7924 1,9571 5,9951

(13)

Observa-se na Tabela 4 que entre os 10 melhores indivíduos sele-cionados para os caracteres avaliados, a serem incluídos no pomar de sementes com sobreposição de geração, dois deles, (identificados por “zero” na coluna “indivíduos”) para os caracteres diâmetro e núme ro de lançamentos foliares, são os próprios genitores 71 e 52 para diâme-tro, 71 e 59 para lançamentos foliares. Isto demonstra que, em geral indivíduos da geração atual tendem a ser melhores do que aqueles provenientes da geração anterior, como esperado. Entretanto, os paren-tais mencionados apresentaram-se superiores a vários indivíduos da geração atual e deverão ser mantidos na população de melhoramento.

CONCLUSÕES

A variabilidade genética demonstrada e as herdabilidades indivi-duais e de médias de progênies obtidas, estimulam o monitoramento continuado das procedências e progênies no campo, com perspectivas de maximizar o ganho genético na sequência das avaliações.

A procedência Laguna Carapã apresentou os melhores desem-penhos para todos os caracteres avaliados com ganhos genéticos estimados com seleção, seguido da procedência Aral Moreira.

A sobreposição de geração demonstrou que, em geral, os indivíduos da geração atual tendem a ser melhores do que aqueles provenientes da geração anterior. Devendo, entretanto, considerar o genitor que apresente potencial acima dos demais para a composição do pomar de produção de sementes.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem a Empresa Ervateira Santo Antônio Ind. Com. Imp. Exp. de Alimentos Ltda. pelo apoio prestado na execução deste trabalho, em especial, ao seu João Benites, bem como, à contri-buição de todos os funcionários da Fazenda Rancho Esperança.

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Imagem

Tabela 1 - Estimativas de parâmetros genéticos para procedências e  progênies referentes aos caracteres altura (ALT), diâmetro  (DIA), e n
Tabela 2 - Efeito genético (g), valores genéticos (u+g), ganho e nova  média das procedências avaliadas experimentalmente em  Aral Moreira, quanto aos caracteres altura, diâmetro, e   número de lançamentos foliares.
Tabela 3 - Valores fenotípicos, genéticos aditivos, ganhos genéticos  preditos, e nova média da população, das 10 melhores  progênies para os caráteres altura (cm), diâmetro (mm), e  número de lançamentos foliares de erva-mate no município  de  Aral Moreir
Tabela 4 - Valores genéticos preditos para altura, diâmetro, e número  de lançamentos foliares por seleção com sobreposição de  geração dos 10 melhores indivíduos de progênies de  erva-mate, aos 5 meses de idade, no município de Aral Moreira,  MS.

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