SECRETARIA MUNICIPAL DE
EDUCAÇÃO DO RIO DE JANEIRO
POESIA NA ESCOLA
PROFISSIONAIS
COLETÂNEA ANO 2017
PREFEITURA DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO
Marcelo Crivella
SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO
Cesar de Queiroz Benjamin
SUBSECRETARIA MUNICIPAL DE ENSINO
Maria de Nazareth Machado de Barros Vasconcellos
E/SUBE/CED – GERÊNCIA DE MÍDIA-EDUCAÇÃO
Simone Monteiro de Araujo
EQUIPE DE COORDENAÇÃO DO PROJETO POESIA NA ESCOLA
E/SUBE/CED/Gerência de Mídia-Educação
Revisão: Alexandra Valéria Linhares Figueiredo de Andrade Santos, Ana Margarida Ferreira de Sant´ Ana Fernandes, Catharina Harriet Machado Vasconcellos Soares Baptista, Lucilia Helena Craveiro Soares.
PROFISSIONAIS QUE COLABORARAM COM A SELEÇÃO DE POEMAS
Alexandra Valéria Linhares Figueiredo de Andrade Santos,
Ana Margarida Ferreira de Sant´ Ana Fernandes,
Cassia Cilene das Chagas Moura,
Fátima Regina dos Santos França,
Luciane de Assis Almeida,
Lucilia Helena Craveiro Soares,
Mara Jane Felippe Oliveira de Carvalho,
Marcia Romualdo da Silva Levy,
Martha Maria Gomes,
Martha Rocha Guimarães,
Rita Cassia Lima Vaz.
ILUSTRAÇÃO
Rafael Carneiro Monteiro
DESIGN GRÁFICO
Prezado(a) Leitor(a),
A Coletânea de Poemas dos Profissionais da Rede Municipal de Ensino do Rio de Janeiro chega, em 2017, a mais uma versão.
Assim como o poeta Manoel de Barros, acreditamos que há muitas maneiras sérias de não dizer nada, mas só a poesia é verdadeira. Ler, escrever e falar sobre poesia é dar uma pausa na rotina, é pensar sobre o nosso lugar no mundo. E nada melhor do que refletir em meio à liberdade que as palavras poéticas proporcionam.
Desejamos que a leitura das palavras das próximas páginas, desarrumadas da linguagem do cotidiano, expressem a sensibilidade necessária ao nosso olhar. Que nossas escolas estejam repletas de educadores que estimulem os alunos, assim como o poeta sugeriu, a “transver o mundo” por meio da Literatura. E viva a poesia!
Sumário Profissionais
1ª CRE
Alana Francisca Costa da Silva Revisita
Alzidéa Santa Izabel Alves Águas da alma
Eduardo Macedo Bons dias, moça menina Flávia do Nascimento Coração quente
Laerte Cardoso Mourão Autoafirmação
Laerte Cardoso Mourão Clara manhã Leila Barbosa Visco Vieira Cadê o tempo?
Sabrina Guedes de Oliveira As facetas das nuvens Suzane Morais da Veiga A escola
Umile Romano Orlando Junior Amor veneno
2ª CRE
Ana Cristina Machado Amorim Azul e amarelo Áurea Maria dos Santos Martins Música
Claudia Valeria Lopes Porto Do amor mais puro Eder Neves Santos O que será, Benedito? Lauriene Silva Mól Dutra Amizade
Luciana Angelim Martins Amor Maria Alice Goulart de Oliveira Capitu Maria Aparecida de Castro Souza Descoberta!
Mônica Borges Menezes Paz
3ª CRE
Ana Claudia dos Santos Leoni Paz - onde estás? Angela Regina de Freitas Tempo
Carlos Mauricio da Cruz Reflexão
Flávia Regina Dias Marinho de Oliveira A cor da saudade Idemburgo Perreira Frazão Félix Baleba
Kenia Cristina dos Santos Mateus Coração Marilene Regina Calado Julianelli Antonella Marisa Alves Macedo De repente
Sandra Moraes Rezende de Carvalho Complexa manhã Valéria Marcelino Ferreira Eu sou
4ª CRE
Ana Paula Cardoso Soares Escrever Claudia Bonavita de Oliveira Paz
Claudia Correa dos Reis A vida no sertão Maralice Rocha de Oliveira Acorda gigante Michele Costa Matheus Corrêa Um
Michel Figueiredo de Souza Tempo Mônica Limeira de Azeredo Sozinha
5ª CRE
Barbara Greice Lins da Costa Verdadeiro amor Cintia Maria Ornellas da Fonseca Indomável
Fábio de Jesus de Carvalho Lusitânia
Fernanda Linhares Queiroz F-E-L-i-C-I-D-A-D-E Jocenir Imaculada de Abreu Pereira Saudade simplesmente Marcelo Ferreira de Assis Soneto do meio-dia Rosana de Souza Perreira Carvalho Que mundo é esse? Rosângela Sardou Canto Maria
Ubiraci Marques Aragão Um "Buquê" de "Flores" cidades Vivian Ferreira Pandolpho Capim Dourado
6ª CRE
Alesandra Jacomo da Silva Gregorio Divagando sobre o tempo Clebenilton Assis de Oliveira Serei pai
Ezimar Lisbôa Ser poeta
Luciana Nascimento de Almeida O que é ser poesia? Luciano Viana Faria Infância
Mirian dos Santos Emerick Quisera
Nice Neves Bulta Afogado
Osana Alcebíades Nazário do Carmo Gentileza
7ª CRE
Aline Regina da Silva Escolhas Danielle Evelyn de Assis Vilela Acácia
Erika Sather Rolhano Messias Curiosidades urbanas Fernanda Quaresma Ribeiro de Oliveira Olhar
Fatima Cristina Dória Ramirez dos Santos Superação Mônica Maria Saraiva Pereira Nesse mundo
Paulo Jorge dos Santos Fleury Dando tempo ao tempo... Renata Chagas Teixeira da Silva de
Azeredo Janelas
Ricardo Gomes Pereira Belíssimas construções vitais Silvia Regina dos Santos e Castro Coração de menino
8ª CRE
Claudinéia Lopes Moreira Família Cristina de Souza Ferreira da Silva Revoada
Isabella Martins Dias Ferreira Ando por linhas tortas Luciana Ribeiro Leal A minha procura Márcia de Puga Camilo Scharf A janela
Maria Tereza de Azevedo Gilabert Palavras que saem Mauricio Lima Carioca Noites, luas e sonhos... Neila Barsand de Leucas RenovAção
Rosilane Luiza Silva Coelho Nova
9ª CRE
Adriana Barbosa da Silva Minha menina
Denise Almeida da Silva Arquitetura das palavras Dilma Barrozo Ribeiro Lopes Escravidão
Fabio Cardoso Marinho Mulher
Olga Beatriz dos Santos Moreira O dia que Einstein temia Luci Nunes de Oliveira Liberdade alada
Marcelo Alves do Amaral Poeta
Maria Lucia Reis da Silva Gaspar De quem foi a ideia Marivalda de Souza Barcelos Planeta, nosso lar Susana Maria Ribeiro Prudencio Desafios do recomeço
10ª CRE
André Machado de Azevedo Escola da vida Angela Aparecida Pereira O Rio
Celio dos Santos Fagundes Mais um dia normal Cristiano dos Santos Lemos Amor gritante!
Deise dos Santos de Lima Quadro de esperança Denize Pereira dos Santos Morte e memória Ecyr Santos Carvalho Realidade
Maria das Graças Pimenta Ribeiro Depois dos 40 Margarete Aparecida dos Santos Rodrigues
Bandeira Ribeiro Semeando
11ª CRE
Bruno Silva de Souza A janela da direita
Diego Knack Elegia da meia-noite
Eduardo do Nascimento Borba dos Santos Papel e lápis Elizabeth Caldas de Almeida Naquela praia Fabio Baptista de Oliveira Traços e brechas Lidiane Cardoso Dantas Araújo Lugar de paz Luciene Ferreira Fernandes O amor Marcelo Carreiro Freire O fardo Maria Lucia de Oliveira Amaral Antônio Soraya Tavares Bahia da Rosa Existência
CREJA
1ª CRE
REVISITA
Centelha de fogo Jorro de sangue Tropel de cavalos
À beira-mar Homens Barcos Tróia
Olhares naufragados Remam
Içam velas Sobem mastros
Símbolos exaltam a vitória Rebaixada nos porões Repletos de ouro E sangue tinto
O sentimento de quando À vista
Não é mais o mesmo Em terra
Firme? Não mais! O chamado à guerra Afogou tear e brio
Da estranha de si mesma Ítaca
Alana Francisca Costa da Silva,
ÁGUAS DA ALMA
Escrevo versos Porque minha alma Não cabe no peito Ela transborda e Jorra sentimentos Que não reconheço Mas enxugo
Com meu sopro Apressado
Seco com meus lábios Entreabertos
E me entrego E respingo
Seu olhar longínquo Que atravessa Nuvens pesadas De chuvas de sonhos Alimentando o
Vazio que não me cabe E impede o meu caminhar E bagunça a minha estrada
Alzidéa Santa Izabel Alves
BONS DIAS, MOÇA MENINA
Menina moça, moça menina,
Aos meus olhos, eterna doce menina
O tempo não te alcança, apenas te espreita... Se te alcança, não consigo enxergar
As marcas que ficam do impiedoso tempo Que na sua constância passa sem parar. Menina moça, moça menina, menina minha,
O tempo, que ansioso te aguardo, me acriança e me faz menino Quando pelos cantos, por melódicos cantos
Os meus tristes e umedecidos olhos, em desespero Põem-se a te procurar.
Aflito, em conflito, absorto, me afundo Perdido no tempo que implacável passa Apenas te procuro... te procuro sem cansar No comungar da busca e da desesperança Que se misturam e se confabulam enquanto o Tempo passa tênue linha, segundo após segundo. Tal como o poeta que eterno fica,
“Que tudo seja infinito enquanto dure Que não seja imortal posto que é chama...”
O que no momento sinto, apenas sem sentido Te procuro... Te procuro enquanto o tempo
Silencioso e desumano, inerte, me consome, menina... Moça,... menina moça,... moça minha...
Eduardo Macedo
CORAÇÃO QUENTE
Tu és a responsável pelo meu brilho, brilho este herdado do teu ser,
transferido para mim, todo amanhecer!
Pode passar uma vida, mas em mim brilhará para sempre,
todo amor latente, de dentro do seu ventre,
que tem gostinho de banho quente e cheirinho de chuva corrente!
Você, Mãe, me ensinou a ser gente, de coração quente,
te amarei para sempre
Flávia do Nascimento
AUTOAFIRMAÇÃO
Me sinto tão imerso nesse mar de Eus Que quase não sobra espaço pra
Mim Há tantas vozes na imaginação Mas quase nenhuma me diz: -- Sim!
E assim, Vão me inscrevendo em palavras e em vida Me dizendo e me existindo vou... Tenho gosto por me sentir no controle Me move buscar saber quem sou
Às vezes minúsculo, às vezes gigante... O que ora assinto, ora nego. Construinte, constante, do meu Ego
Laerte Cardoso Mourão
CLARA MANHÃ
Clara manhã de sol E um coração batendo Nuvens cinza vão
Pra longe do azul, de mim
Cara manhã de sol, A vida vale a pena! Pena é não poder Não ter mais fim...
Ah,... nunca mais ter cansaço Na estrada um rumo seguir... Ah,... ver o sol como um abraço E a vida um eterno sim...
Passam a manhã e o sol E a vida se fez plena Pena é não poder Não ter mais fim...
Laerte Cardoso Mourão
CADÊ O TEMPO?
Não tenho tempo
De ouvir, amar, sonhar
Mas, cadê o tempo?
Não o vi passar
Foi-se como um raio
Não o pude agarrar
Fugiu não sei pra onde
Para ninguém o encontrar
Mas cadê o tempo?
O vento levou?
A onda afogou?
Nem poeira levantou
Voou...Ninguém te vê
Mas te sente
Nas rugas
No cansaço
Na lentidão do passo
Foi com a criança
Que velha está
Levou a alma
Os sonhos
Sempre adiante está. Vai...
Corre atrás do tempo que deixei escapar
Sem perceber
Perdi o tempo
Agora é esperar o tempo
Que o Criador Ainda vai me dar.
Leila Barbosa Visco Vieira
AS FACETAS DAS NUVENS
No balanço das nuvens
Vejo-te ondulada, arredondada A manifestar-se como arcos Que se entrelaçam
No bater das brisas e tempestades. Trazes a mansidão dos sonhos E o arrebatamento
Das paixões vorazes Encanta-nos!!!
Assusta-nos!!!
Serpenteiam nossas emoções Com as plurifacetadas
Da alma humana. Veste-nos com a capa Pomposa do divino.
Desce, inebria mentes e corpos. E num saltitar brejeiro
Eleva-nos aos olhos do Criador.
Sabrina Guedes de Oliveira
A ESCOLA
Não falarei de flores. Nem de santos. Nem de amores.
Falarei assim simplesmente: Pedra, porta, pão, piolho.
Sequência errada. Tente outra vez: Pedro viu a uva verde vivo.
Mas a mãe do Pedro não viu quando Pedro não foi à escola. E a professora insistiu, mas Pedro foi embora.
E a diretora conversou, mas Pedro fugiu da escola. Ele não estava na escola.
Ele não queria estar. Ele não queria. Ele, não! E caiu.
E a mãe caiu. E a diretora caiu. E a professora caiu.
E todos nós caímos nas mãos do tráfico. Mas a escola é dura. A escola resiste. A escola é assim:
Pedra, porta, pão, piolho.
E os professores resistem. Eles são duros.
Eles suportam o massacre das horas com paciência de ferro. Eles resistem religiosamente à violência dos minutos.
Todos os minutos de violência insuportável:
Entre os alunos, entre as paredes, entre o certo e o errado, Entre a esperança e o abandono.
Mas as cadeiras resistem. Elas são duras.
Elas têm que ser firmes para o bem do João, do Pedro, Da Joana, da Kauany, do Mateus e do Felipe.
E quando umas se vão, outras novas chegam no seu lugar Para o perfeito funcionamento da máquina.
Pedra, porta, pão, piolho. Às 6h da manhã.
Hora de acordar! Às 7h da manhã. Todos em suas salas! Portas,
Pernas, Brigas, E olhos.
Para que tantos olhos, meu Deus? Pergunta o meu coração. Os alunos não perguntam nada.
Hora de tomar café. Hora de subir. Hora de comer. Hora de descer. Hora de brincar.
E as crianças correm para todos os lados! Correm de quê? Desvairadas correm. Para todos os lados! Correm do colega, Da miséria, da polícia.
Mas não adianta correr: ninguém viu Pedro. Soa a grande hora da partida.
E a boca do gigante abre enchendo a rua da alegria Furiosa das crianças.
E a máquina pode, por fim, descansar. Mas às sete da manhã
Tudo volta ao seu lugar.
Suzane Morais da Veiga
AMOR VENENO
Escoltou com mordaz ironia O definhar de um obtuso coração
Que desprezou sem maviosidade, comoção Confessando sua incontrita covardia
Deixaste vazio abissal em minha essência Purgou-me feito maléfica tosse
De um peito que outrora habitava por posse E hoje resigno por malquista consciência
Imputaste-me a ordem de esquecer-te Desesperado e humilhado a maldizer-te Fiz do nosso amor um ominoso alarde
Colérico, professei moribundo
Um tórax que antes admitia o mundo Agora traz ímpar ferida que ainda arde
Umile Romano Orlando Junior
2ª CRE
AZUL E AMARELO
Ao acordar e abrir meus olhos
Pude perceber que algo mudou Onde o azul se misturava com o amarelo
E o dia ficava tão belo E os contrastes refletiam o amor
Hoje ao levantar meus olhos Só consigo enxergar a dor
Pois o azul e o amarelo se acabaram E o lindo dia já não existe mais
Os contrastes brigam entre si E o amor se esfriou
Como resgatar a simplicidade? Como viver sem adversidade?
Quero voltar à meninice E olhar com os olhos doces e puros
Onde o mundo era todo colorido Sem extinção de cor
Quero beijar o belo E agarrar o preto, o azul e o amarelo
Ana Cristina Machado Amorim
MÚSICA
Música é uma arte de sons
Que combina com variações de altura Seus elementos são melodias
Com ritmo e harmonia
Onda sonora, fenômeno acústico Que vibra no ar como eco e o mar É a música que dá forma aos sons Como bater palmas e assobiar. Tanto faz as diferenças... São criadas notas musicais Dó, ré, mi, fá, sol, lá, si
Pode ser grave, pode ser agudo,
Com elas surgem as palavras Frases? Vem depois...
Junto aos instrumentos, Caracterizando todo evento
Ouvir, apreciar e cantar...
Músicas que fazem parte do nosso bem estar.
Áurea Maria dos Santos Martins
DO AMOR MAIS PURO
É ouro debruado em encantadora prata, São cascatas que percorrem a gente, Infinito contido em uma dimensão humana.
É o suave murmúrio de anjos ao pé do ouvido, São as ondas de calor correndo livremente,
Sonhos acordados, boca aberta num sorriso bobo.
É o imaginar beijos nos momentos mais inusitados, São as lembranças do andar, do falar, do olhar, Conservar cada palavra em cristal nobre.
É buscar incontáveis rimas e delicadas músicas, É sentir o rastro da chuva na terra desolada, Sentir crescer uma felicidade lenta e imensa.
São mil pássaros cantando ao mesmo tempo, Uníssono coro de chilreios vários,
Encaixando-se com destreza e redenção.
É um roçar de pétalas contra a pele,
Deliciosamente perfumadas e entontecedoras, Maravilhosamente macias e apaixonadas.
São melodias feitas de carícias,
Estremecendo o corpo em cada fibra mínima, Entrelaçando a alma ao universo de outro ser.
É o deslumbramento com o bater de outro coração, É a doçura incrustada em cada pensamento,
Mirar o mais escondido recanto.
É banhar-se em seu mistério e movimento próprios, Admirações multiplicadas e acalantos nobres, Os braços tornando abraços a imensa sintonia.
São dois seres que se aconchegam ávidos, A comunhão tornada realidade,
A fusão transmutada em clara perfeição.
Claudia Valeria Lopes Porto
O QUE SERÁ BENEDITO?
B eleza está nos olhos de quem vê E ducação é a beleza do ser e do saber N enhuma pessoa deve
E xperimentar as informações sem passar pelo crivo da razão D otado de faculdades, o indivíduo
I nternaliza e age de acordo com a T ônica que mais lhe afiniza
O ntem, no automatismo das sensações e hoje,
O homem, através do auto esforço
T rabalha para o melhor proceder e o bem viver T empo virá em que os alunos não se sentirão O brigados a estudar, porquanto o prazer
N aturalmente fluirá nas consciências coletivas, resultando na I mportância da construção do novo SER
Eder Neves Santos
AMIZADE
Ser amigo é...
Ser verdadeiro em qualquer situação, Estar sempre junto e ter compreensão, Na alegria de ser quase um irmão! Amar constantemente,
Perdoar-se mutuamente,
Abraçar o outro quando precisa da gente! Ser fiel constante,
Porque o amigo é importante,
Cuidando e amando a cada instante!
Lauriene Silva Mól Dutra
AMOR
O que é amor? O que é amar? É andar ou voar?
É o constante no pensamento, e inconstante nos atos?
É o ridículo aos olhos alheios e ao mesmo tempo normal aos que amam quando se olham no espelho? O que seria esse sentimento mudo que transforma o mundo?
Luciana Angelim Martins
CAPITU
(Para Machado de Assis...)
Sonhei com vocês todas.
Eram muitas: ciganas, bailarinas, mães, avós, amantes, amadas, sozinhas... Não eram mulheres de papel,
rompiam os véus e vestiam a realidade. Mulheres de corações doces e aflitos. De seda, de ferro, de fel, de sol, de céu. De lírios, rosas, camélias, bromélias,
de restos, de cacos da dor, de panos rasgados.
Capitu – menina de sonhos, hormônios, alvoroçada, sapeca, criança ainda.
Capitu – moça, crescida, de seios erguidos,
nariz espevitado, sacudia os quadris e pensava quero ser feliz... Capitu – mulher, decidida, mas carregando dentro de si
a ferida da hipocrisia, do machismo, da traição. De tantos anos, tantos séculos de opressão. Seus olhos oblíquos, dissimulados,
Fingiam tanta vontade de ser livre e despojada, Repleta de desejo...
Seus olhos tristes choravam porque apontavam, e diziam: atirem a primeira pedra,
naquela que não sucumbiu,
e escolheu fugir, fugir, fugir, para longe dali! Capitu – cabelos grisalhos, pele marcada pela luta, ainda por dentro cheia de vida. Querendo dançar, renascer,
não capitular diante do tempo.
Viver para sempre e ver um mundo novo, sem opressores, sem oprimidos,
sem filhos partindo, morrendo...
Capitu – seus olhos choram, ficam embaçados, como o mar em dias de ressaca,
mal enxergam o fim do túnel,
Capitu – capitolina – não sejas fraca, Sê de novo uma pessoa forte.
Uma heroína,
enfim, uma mulher madura e cristalina!
Maria Alice Goulart de Oliveira
DESCOBERTA!
Ela sempre esteve ali,
Foi pouco tarde quando percebi,
Preparada para mim, até de seus espinhos se livrou “As palmas de minhas mãos não podiam ser feridas”, De repente, não mais que de repente,
Percebi, de tudo que preciso sempre esteve tão perto de mim, As pétalas estavam caindo, juntando suas forças,
As últimas que restavam da longa espera pelo meu despertar, A rosa foi ficando em caule e miolo,
Revelando-me o seu amor,
Propus-me, acreditando ou precisando, Que podia salvá-la, vigiando até a brisa, Para não levar o miolo, o caule,
Fazendo do meu corpo uma campânula Sobre minha rosa e sem notar,
Numa pequena distração, (achei melhor pensar assim naquele momento), a rosa secou
Surpreendentemente hoje acordo e vejo que sou uma abelha
E ao contato com minha não mais desprezada rosa, posso polinizar o meu “mundo”,
Que pena, acho que a rosa chorou, Muitas vezes,
Que glória, sua paciência, me aguardou, Que fascinante! A rosa sempre me amou! Ela me salvou!
Maria Aparecida de Castro Souza
PAZ?
Onde? Donde?
Te quero... Te espero!
É preciso injetar paz Na alma das pessoas, Como um remédio,
Solução da violência no mundo, imundo!
É preciso buscar a paz Que habita em nós!
Vamos nos remover Até a paz aparecer...
Ela é necessária, Fundamental, Essencial,
Para sobrevivência, é vital!
Violência?
Em políticos corruptos
Que também roubam e matam
Matam nos hospitais, matam de fome Matam!
Matam os sonhos...
Monica Borges Menezes
SAUDADE
Essa saudade é algo inconveniente!
Ela fala de passado, impõe-se ao presente Sem a ele permitir estar livre de você!
Para que esgueirar-se por entre os fatos do hoje? Qual o seu prazer?
Lembrar o que se foi ou nem chegou a ser...
Lembrar aquilo que não volta, que morreu antes de nascer. Para quê? Fora com este gosto amargo de bolor! Fora com a mágoa que azeda a alegria...
Vá embora, saudade!
Não me abrace com tentáculos de nuvens, nem me beije com estes lábios frios de cadáver.
O brilho vítreo de seus olhos apenas enganam. Neles, pouco ou nada é vida. Vá embora, saudade!
Sua visita aparentemente amiga deseja apenas pingar veneno no chá da tarde! Eu que já fui sua amiga, tão iludida, agora lhe digo “Vá embora! Visite-me menos!. Será melhor. E, se vier, não se demore!”
Vá embora, saudade!
Já não quero sua presença, nem os seus presentes de antigamente. Não me deixe constrangida diante dos convivas que chegam logo mais. Eles trazem as flores, trazem o pão, às vezes alguma lágrima!
Eles estão aqui para me dar o presente! Por isso, ouça-me:
Vá embora! Saudade...
Silvana Florentina da Cunha
3ª CRE
PAZ – ONDE ESTÁS?
Procura-se a paz viva ou morta:
Morta pela infinitude da estupidez humana
que ambiciosa e cega provoca a guerra, o ódio, a destruição, mas... Procura-se a paz viva no sorriso da criança
que, alheia à violência, brinca e dorme inocentemente
ensinando o adulto a acreditar na urgência de um futuro melhor. Procura-se a paz viva nos versos do poeta sonhador
que, em meio ao caos urbano, procura incansavelmente as palavras mais belas para continuar falando de amor. Procura-se a paz viva na harmonia assimétrica da Natureza:
No movimento constante das ondas do mar, na imensidão de um céu azul que ao acender estrelas confirma a certeza de um novo amanhecer
Procura-se a paz:
nos calmantes? Negócios? Viagens? Religiões?
Encontra-se a paz dentro de um coração misericordioso, humilde, solidário e Consciente de que na fila do pão e aos olhos de Deus
Todos nós somos iguais.
Ana Claudia dos Santos Leoni
TEMPO
Tic, tac, tic, tac Despertador, teto, Janela, hora: Vambora!
Tic, tac, tic, tac.
Banheiro, descarga, torneira, Espelho, olheira:
Xô, preguiça e sujeira!
Tic, tac, tic, tac. Cozinha, geladeira, Leite, pão.
Café não.
Deixa tudo na pia, Não tem jeito não!
Tic, tac, tic, tac. Silêncio, freada,
Sacode, tá cheio, não dorme, Sirene, chegada.
Tic, tac, tic, tac. Bom dia!
Mais dia!
E ele não para ...
Angela Regina de Freitas
REFLEXÃO
Talvez eu, Narciso, tenha encontrado Em ti meu reflexo mais perfeito
E já não é estranha em mim a alegria Ao saber que tu tremes de satisfação.
Quando tua boca sorri e fala manso É nela que desejo mergulhar
E me perder e me afogar E me bastar de tanto nós.
Então eu durmo, e acordo, e estudo Pensando em teu melhor momento Que, de uma forma ou de outra, Há de ser meu também.
Talvez este o meu destino: Morrer mergulhado nesse lago, Correndo ao encontro de teu abraço, Nestes braços que são meus.
Carlos Mauricio da Cruz
A COR DA SAUDADE
Alaranjada, como os marinhos cavalos Da canção que Renato fez para nós Preta, como o porta-retrato
Que insisto em olhar
Enquanto finjo escutar sua voz
Vermelha, de infinito amor
Que um neto nutre pelo amigo-avô Rosa, de tom bem clarinho
E que invade o coração de mansinho
Verde, de esperança De voltar a ser criança
E te ter de volta ao meu lado... Marinho, da cor do sobrenome
Que levo junto ao seu, no nome de casado...
Branca, cor da paz
Para que sendo a mistura das outras Não esqueçamos jamais que
A cor de uma saudade
Vem com a lembrança que ela nos traz.
Flávia Regina Dias Marinho de Oliveira
BALEBA
bilosca, birosca, bolita, búrica, cabiçulinha, firo, peteca, pirosca, ximbra, berlinde, bute é a bola de gude Tentando decorar nomes que tem bola de gude. Pedrinha lisa
faz parte de um jogo mobiliza,
de vidro, quebra nunca. Pode brincar até com seu bisa.
Idemburgo Pereira Frazão Félix
CORAÇÃO
Um bate de desespero Outro bate de saudade O direito bate do avesso O esquerdo sente saudade Amo!
Como quem nunca amou Amo a quem me desencantou Amo no limite da realidade Amo com a minha verdade Amo como quem faz arte
Amo e amar... Ah! Te amar arde! Equilibra a tinta no pincel
Tinge com firmeza a imagem no papel. A cor se espalha... Cor em tom de sutileza Revela-o... E você se veja!
A cor... Em tom de certeza Revela em ti a tua beleza... Tenho dois corações... Um ama...
O outro bate... Bate
Bate Bate Bate Bate.
Kenia Cristina dos Santos Mateus
ANTONELLA
Meu anjo de luz! Amor que reluz! Menina encantada! Princesa alada!
Antonella! Tão linda! Tão bela! Amor de Jasmim! Flor de Alecrim! Antonella! A neta amada!
Amor de ternura!
Criança esperada! Tão linda assim! Um presente que Deus deu para mim!
Marilene Regina Calado Julianelli
DE REPENTE
Uma palavra Sem foco Um tapa
Lançada ao vento Encontra o ouvido E o coração partido Daquele que não sou eu
Tal qual uma flecha Que se arrependeu Triste trajetória
Manchando a história Do que já foi meu
Sou ser solitário Enfeitando o cenário Da vida que se perdeu
De repente...
Marisa Alves Macedo
COMPLEXA MANHÃ
Complexa manhã No Alemão
É faxineira Passadeira Pedreiro Verdureiro Gritando O seu quinhão Tem executivo E por que não? Tem secretária Professora Aluno
E mestre de construção Policial de arma na mão Bandido
Ladrão
Tem o peixeiro arrematando o camarão Tem pastor
Tem sacristão
Torre de babel à brasileira Complexa Manhã no Alemão Todos
Ganhando o dia Defendendo o pão Alguns jogados No chão
Na complexa manhã no Alemão
Sandra Moraes Rezende de Carvalho
EU SOU
Minhas loucuras nem sempre me curam Mas me deixam melhor
Não temo o erro Me perco e me acho
Nos meus sonhos e pesadelos me encaixo
Freadas bruscas
E buscas desenfreadas Corro todos os riscos Há estradas em meu corpo Há escadas em meu corpo
Ando descalça sobre as pedras do caminho Amo a maresia e odeio marasmo
Com pés, mãos e alma, Enfrento tempestades,
Coleciono lembranças e esquecimentos.
Não me entenda, não me aprenda, Não me prenda
Não tenho paredes, nem padrões A liberdade é meu destino
Tenho pressa de viver Sou dona da minha história Vasto mundo, sem portões
Valéria Marcelino Ferreira
4ª CRE
ESCREVER
Escrever é sonhar É poder transformar Momentos em histórias E a cada novo olhar Uma nova imagem
Na imaginação desenhar...
Escrever é concretizar
É ver nosso desejo se realizar Com palavras e pensamentos Sentimentos e emoção
É expressar para o outro
O que se passa no nosso coração...
Escrever é se despir
É não ter medo e prosseguir É não se deixar calar
É ter vontade de gritar Para o mundo inteiro E se fazer escutar!
Uma palavra é formada Um verso é escrito Uma história é inventada E assim nossa essência Vai sendo escrita
E vai ficando pra sempre Nas páginas de um livro E nas entrelinhas da vida!
Ana Paula Cardoso Soares
PAZ
Paz!
Por ela guerreamos. Por ela clamamos. Dela necessitamos. Paz!
A comunidade grita. As religiões pregam. O coração precisa. Paz!
Responsabilidade de todos: Da família,
Da escola E do povo. Paz!
Quem tem não odeia, Quem quer a semeia, Para depois desfrutar. Paz!
Não pode ser um ideal. Ela precisa ser real. Para poder transformar. Paz!
Tem seus mensageiros: Dalai Lama e Mandela. Luther King e Gandhi. Paz!
É tolerância. É amor. É esperança. Paz!
Não tem idioma. Não tem raça. Não tem credo. Todos desejamos, Ter paz e amor!
Claudia Bonavita de Oliveira
A VIDA NO SERTÃO
No sertão a terra arde,
Fazendo o povo chorar.
A seca que castiga o gado,
Também faz o homem orar...
Orar para que tenha chuva,
Orar para Deus olhar
Para esse povo sofrido,
Que vive de cultivar...
Nem só de cacto vive o sertão,
Nem só a seca tem lá.
Tem o colorido do povo
E tem festa de arraiá!
Claudia Correa dos Reis
ACORDA GIGANTE
O mundo tem me feito pensar...
Até que ponto devemos ir para triunfar, em nossa vida tão frenética tão patética?
Qual o preço que estamos dispostos a pagar para coroar nossas cabeças, rechear nossos bolsos enquanto esvaziamos nossa alma?
A dor de uma mãe, os gritos de um inocente? Pobres, pobres seres sem alcance ou fora do alcance daquilo que as vistas podem ver.
Facilmente perdem-se no brilho da insensatez de nossas próprias verdades absolutas
Sim, o outro não presta O outro tá errado O outro manipula O outro não ouve O outro me fere
O outro gosta do poder O outro não tem coração O outro deixou de ser humano O outro é só o outro...
Eu sou eu, não sou igual.
Esquecemos rapidamente e comodamente que “o outro” também é parte do eu, do tu, do nós!
Estamos no mesmo território, no mesmo país, no mesmo planeta e
frequentemente no mesmo espaço, a um passo na distância de uma mão de um abraço
Todos então ficamos surdos e cegos?
Quanta dor, quanta luta, quanto discurso, palavras de ordem desbotadas pelo tempo palavras de desordem, de descontentamento
Em solo fértil pelos motivos errados... quem sabe até no alvo desavisado o gigante dorme!
Enquanto isso, seguimos cada vez mais envoltos na névoa e presos nas raízes como o pé de feijão da história infantil, crescendo com suas sementes já
comprometidas pela nossa omissão!
Maralice Rocha de Oliveira Motta
UM
Já tentei desvendar Fui adiante a procurar
A cada passo a frente Pensamento pertinente
Lendo, relendo
Em busca de mim mesmo Meu contexto compreendendo
Não há aqui, um mistério Tampouco um segredo
Ora calmaria Ora desespero
Algo, relativamente, comum
Em meio a tanta gente Mesmo perto de nenhum
Elevo o olhar e respiro Sou simplesmente um
Michele Costa Matheus Corrêa
TEMPO
Passa o tempo em correria frenética E engole os meses, os dias, as horas. Corro atrás dele mundo afora
Tentando alcançar sua velocidade internética.
Na corrida obstinada, busco não sei o quê - e me perco de mim Enquanto navego entre vídeos, imagens, textos, contextos. Me vejo mesclado a fios e cabos, telas, sons e hipertextos Dividido entre fotos, postagens, gifs, mensagens e coisas afim.
Me pergunto então, quando a bateria acaba, "O que faço aqui?" E olho pro tempo, olhar fixo, determinado, encarante.
Ele devolve o olhar, me olha nos olhos e por fim: ri.
Dá-me as costas, se afasta. Caminha. Mais rápido. Acelera. Fico pra trás, cada vez mais lento, mas ainda prossigo.
Encontro nas perguntas, mais que nas respostas, meu abrigo.
Michel Figueiredo de Souza
SOZINHA
Sozinha de novo.
Você tenta, tenta, tenta... Mas continua sozinha. Tenta igual, igual, insiste! Tenta, tenta, tenta... E sozinha persiste.
Tenta diferente, muda tudo, Erra muito, tenta mais... Mas ainda está sozinha. Experimenta, ensaia... Tenta, tenta, tenta...
Mas sozinha sempre acaba.
Tenta falar e fica sozinha, Tenta calar e fica sozinha. Tenta ser, agir, buscar... Mas sempre está sozinha.
Tenta parar, congelar, anestesiar... E fica ainda mais sozinha.
Tenta sorrir, pular, animar, Mesmo assim está sozinha. Tenta chorar, gritar, espernear... E até assim fica sozinha.
Mas mesmo tentando, sente-se sozinha.
Tenta acordar, mudar, entender... E, finalmente, descobre
Que sozinha é o seu ser! Tenta junto e separado, Tenta sonhando e acordado. Tenta! Tenta sempre! Tenta tudo!
Tudo sozinha! Sempre sozinha! Sozinha!
Mônica Limeira de Azeredo
DELAÇÃO PREMIADA
Sou ré e confesso: Sou culpada! Por todos Julgada Sem merecer Mas, suplico
Não posso ser condenada. Entrego o esquema
Não me jogue na prisão Meu coração corrompido Clama o benefício
Da sua atenção Errei,
Não fui fiel, Confesso e peço
Ao menos conceda-me perdão Não errei sozinha
Entreguei-me à paixão. Revelo os envolvidos As provas e gravações. Deixo minha petição São casos antigos Entrego-me nua Sou apenas sua Mesmo inocente Fui condenada
Por mais que eu lamente Confesso sou culpada Cobicei o que não tinha Mas, conceda-me o benefício De ser única no seu coração.
Sandra Vieira da Costa
FILHAS ESPECIAIS
Afilhadas, sobrinha ou nora, Belas crianças outrora.
Ontem, lindas famílias formaram. Hoje, maravilhosas mães se tornaram.
Iluminando as nossas vidas Trazendo ao mundo Levi e João Nossos tesouros, presente de Deus.
Amanhã, juntos crescerão e amizades farão
Muitos ensinamentos trarão, E homens brilhantes se tornarão!
Solange Simões Alves
HORIZONTE
Ah! Horizonte!
Tão belo, tão sereno, Tão...distante.
Mas ainda assim, posso alcançá-lo
todas as vezes que admiro o nascer e o pôr do sol.
Posso alcançá-lo quando anoitece e surge a lua dos apaixonados. Posso alcançá-lo quando à beira da praia,
admiro o vai e vem das ondas e o barulho do mar, quando observo as estrelas no firmamento.
Posso alcançá-lo todas as vezes que olho no fundo dos olhos da pessoa amada.
A cada surgimento de uma nova vida, posso alcançá-lo. Ah! Horizonte!
Teu limite é perfeito entre o céu e o mar. E ainda assim consigo alcançá-lo. A força do pensamento me faz viajar, me faz contemplar a sua imensidão. Ah! Horizonte!
Tão belo, tão sereno, Tão... distante!
Mas ainda assim, eu posso alcançá-lo.
Sheila Eloisa Coelho Tito da Costa
5ª CRE
VERDADEIRO AMOR
Amar exige respeito Ao outro na totalidade
Momentos bons duram pouco Mas constroem a felicidade
O ódio só encerra quando o amor impera A humildade é a estrada para essa nova era O esforço é necessário para bem viver E desnecessário é discutir e ofender
O amor é decisão Não é um sentimento Bons pensamentos Frutificam nas pessoas Bons sentimentos
Para amar devo entender
Que só o amor nos faz sobreviver Por querer amar, por querer amor Para dar amor e poder amar
Rego meu coração para poder me doar
Barbara Greice Lins da Costa
INDOMÁVEL
Sou como o vento... Ágil... Voraz... Intempestivo. Sou como o piscar dos olhos... Contínuo.
Sou como a respiração... Vital.
Sou como o pulsar de um coração... Ritmado... Compassado. Sou como o sincronismo dos dias e noites.
Como a força de uma paixão.
Como a própria vida que se propaga. Como os cinco sentidos do ser humano. Como a saudade infinita.
Sou... Sou... Sou...
Sem a minha presença... O mundo seria como uma bela pintura... Estática... Imóvel... Bela aos olhos, mas sem função ativa!
Sou... Simplesmente... A IMAGINAÇÃO!
Cintia Maria Ornellas da Fonseca
LUSITÂNIA
És estranha, profunda e difícil.
Parece que a poucos revelas teus segredos. Eu sou simples mortal como tantos
E por isso só sei de ti o básico.
Meu vocabulário não é extenso... Gosto de ti de maneira simples. Simples mas não simplória! Minha semântica é diferente.
Amo-te como a criança
Que ama seu mais belo brinquedo. Tu és meu brinquedo...
Um brinquedo que me ajuda a desbravar o mundo! (Brinco de poeta em tuas asas)
Histórico e aventureiro Portugal... A ti nunca vi com meus olhos. Vi apenas com minha língua. Meu falar verde e amarelo
É filho de florestas, savanas e caravelas.
És formosa e, por vezes, esdrúxula.
Alguns te chamam “língua”, outros “idioma”. Feminino, masculino...que importa?
És parte constituinte do meu ser
E ao longo do tempo também te refaço.
Língua portuguesa: trazida pelo cantar de Camões e pelo rude Cabral.
Fábio de Jesus de Carvalho
F-E-L-I-C-I-D-A-D-E
Palavra para ser dita bem devagarinho... Degustar assim de mansinho
Como se pudéssemos tocar E saborear cada letrinnha Com a devida maestria! Ah, a felicidade!
De certo é algo ilusório e delicioso Como comer um chocolate
Ou morrer de saudade...
E dela devemos aproveitar, toda e qualquer oportunidade Ser feliz pode estar longe ou perto
Pode ser algo vazio
Ou repleto de possibilidades
Onde cada sorriso esconde um grande mar Onde o deserto da infelicidade não deve alcançar Seja feliz!
Se embriague, embarque nessa viagem
A satisfação tem que vir das coisas desimportantes Que com o decorrer da vida deixamos de enxergar Muitas vezes deixamos a vida passar
E a felicidade escapar!
Gosto de inventar motivos para sorrir
Gosto sim, de sentir a felicidade dentro de mim E em um mundo onde só importa a aparência A felicidade vem de dentro pra fora
E a beleza vira só uma consequência!
Fernanda Linhares Queiroz
SAUDADE SIMPLESMENTE!
Saudade,
Sentimento que gera tristeza Afinal,
Esvaziar-se de si mesmo, dói Sair da zona de conforto, dói Perder o que tinha, dói A dor do parto, dói! Dias difíceis,
Um silêncio do qual não pedimos,
Perceber vários passando pela sua vida e partindo Tempo de espera,
Saudade, simplesmente
E se não posso pedir a tristeza Para abandonar a saudade Sustento a lágrima que cai em forma de prece
enquanto se vai.
E as lembranças mais doces dos momentos mais lindos já sonhados e vividos
No poder que há na saudade
Serão eternos
e jamais esquecidos.
Jocenir Imaculada de Abreu Pereira
SONETO DO MEIO-DIA
Água de pedra Café de estrada Sol da Manhã Vi no você
Tal qual menina que corre Na beira do abismo
Sem medo do risco Procurando: - “cadê”?
Mais tarde, olha o Sol Fecha os olhos
E vê estrelinhas
Corre menina
Sem medo do abismo
Quase estrela em meio aos dias
Marcelo Ferreira de Assis
QUE MUNDO É ESSE?
O cenário é de horror
Qualquer um se desespera, Mas ainda quero crer
Que a esperança impera. Parece estar tudo ao contrário O carro sem direção,
A vida sem rumo certo, As pessoas sem coração A família está falida,
Os filhos mandam nos pais Com essa falta de limites Vamos ver quem manda mais Ninguém sabe o que fazer Como resolver o problema Com certeza não será Gritando ou fazendo cena. Vamos começar de novo, De maneira mais honesta? Assumindo nossos erros Mudando o que não presta. Pode demorar um pouco Parecer uma eternidade O tempo segue seu curso Rumo à felicidade!
Rosana de Souza Pereira Carvalho
MARIA
Maria, o nome que principia Mas se o princípio é o verbo Que verbo seria Maria? Iluminar é verbo de Maria
Marias têm constelações nos olhos Delas toda luz se irradia
Semear é verbo de Maria Marias têm terra na alma
Nelas toda semente boa se cria Encantar é verbo de Maria Marias têm música na voz Delas se espalha toda melodia Perder e ganhar são verbos de Maria Perdi uma Maria, Thereza
Como quase tudo se perde um dia Ganhei uma Maria, Clara
Ganhei uma Maria, Cecília Será que duas eu merecia? É dádiva ter três Marias
Ter na vida essa intangível magia Alegria, alegria, alegria
Mas nenhum verbo traduz Maria Maria é mãe, Maria é filha
Maria é simples e grandiosamente Maria
Rosângela Sardou Canto
UM “BUQUÊ” DE “FLORES” CIDADES
Desejo que seu ano inteiro seja um mar-de-“rosas”... Acredite, ninguém deve ser es”cravo” de nada... Mas que tenhas um “amor-perfeito”
E que ele seja de verdade Um co”lírio” para os seus olhos...
Afinal, você é uma pessoa muito especial... E merece todas as nossas “palmas”...
Floridamente
Ubiraci Marques Aragão E.M. 05.15.026 Paraguai
CAPIM DOURADO
No centro do nosso Brasil há um paraíso natural de uma beleza única
que ninguém jamais viu igual.
Estado do Tocantins, lugar chamado Jalapão nasce um capim produtivo pros quilombolas da região.
Uma haste muito fina vai brotando no caminho reluzindo igual à ouro de um valor muito infindo.
Do capim nasce uma flor, da flor se faz a semente que vai germinando o solo pro sustento daquela gente.
São várias as gerações reunidas a entrelaçar. Da avó passa pra neta essa arte singular.
Levam dias, ali, tecendo, às vezes, semanas até. Entre uma cantoria e outra rodeada de muita fé.
São bolsas, mandalas e cestos com capricho e paciência o capim vai tomando forma pra suprir tanta carência.
Fazem também acessórios: pulseiras, colares, anéis para as filhas dos fazendeiros e esposas dos coronéis.
abençoa muitas famílias. A avó ensina pra mãe
e a mãe repassa pras filhas.
Os homens também participam dessa arte secular
ajudam a ganhar forma objetos pra se exportar.
Quase um século depois,
descoberto pelos índios Xerente, que começaram o ofício
e passaram a arte à frente.
Arte, hoje, aprendida pelos grandes jalapoeiros que seguem ganhando a vida exportando pro mundo inteiro!
Que nunca falte essa flor miúda, mas valiosa. Vai semeando com amor uma vida esperançosa.
Eta, capim abençoado e é danado de bom!
Esse tal de capim dourado é o ouro do Jalapão!
Vivian Ferreira Pandolpho
6ª CRE
DIVAGANDO SOBRE O TEMPO
Olhando a criança crescer
Peguei-me pensando sobre o tempo. Hora passa rápido.
Hora devagar Às vezes reclamo Às vezes agradeço
E mais uma vez me ponho a pensar.
O tempo é mocinho
O tempo faz bem pra alma e para o coração Às vezes perdemos até a noção...
O tempo é vilão Às vezes faz sofrer Traz a saudade
Que faz o coração doer
Qual não é minha surpresa: Esse mesmo tempo
Ameniza a dor
Trazendo de volta a esperança Que cresce... Como uma criança
De forma inesperada
Quando nos damos conta... Passou
Alesandra Jácomo da Silva Gregório
SEREI PAI
Estou vendo,
Não, acho que não! O que é?
Dúvidas, incertezas
Cheguei à conclusão: é um ser!!! Se parecer comigo, melhor será. Mas foi dito, por quem, não sei: “Nem tudo são flores”
Um novo ciclo se inicia, vida e preocupações Andam juntas, como retas concorrentes Não tem como se dissociar
Tudo é muito junto
O que comprar, ou melhor, como comprar? Os ganhos são menores
Grandes necessidades
Sobre mim vêm as responsabilidades Sou provedor
De quem sempre se espera Mais e mais ...
Os pensamentos não param... Os sentimentos exalam:
A alegria, satisfação e contentamento Um progenitor
Sabido de que tudo é apenas o começo …
Clebenilton Assis de Oliveira
SER POETA
Os poetas se encantam em muitos versos e rimas deixando a mente viajar
com sentimentos que o levam para outro lugar. Ser poeta não é só sofrimento,
ele sente a emoção, a ilusão. Ser poeta é ter coração e deixar fluir o pensamento
que nos traz alegria e encantamento. Ele escreve o que pensa,
Expressa tudo que sente, mas ninguém o compreende. Ele deixa no papel
tudo o que vê ao seu redor e que vem em sua mente.
Ezimar Lisboa
O QUE É SER POESIA?
Ler poesia... Fazer poesia... Ouvir poesia...
Mas, o que é ser poesia?
Ser poesia é acordar de manhã agradecendo por mais um dia, Pela chance de viver.
Ser poesia é se apaixonar,
Pelo trabalho, pelas pessoas, pelos sonhos e pela vida.
Ser poesia é acreditar que, apesar de tudo, Vale a pena lutar, vale a pena seguir em frente, Que a vida sempre recompensa quem é resiliente.
Ser poesia é viver, simplesmente... Corajosamente...
Apaixonadamente...
Luciana Nascimento de Almeida
INFÂNCIA
Pudera um dia
Eu voltar a ser criança.
Criança feliz, cheia de alegria, Saltitante a cantar
As infantis músicas que ouvia Do universo da criança
Que gente mais velha repetia. Pudera eu um dia voltar à plenitude
Da liberdade sem relógio, sem compromisso, Só infância.
Cantando, chorando, esperneando, Fazendo estripulias, brincando com terra, Correndo no campo,
Com tempo, sem hora para acabar.
Sonhar com algodão doce e pé de moleque!
Símbolos da gostosa irresponsabilidade de uma época. Agora que adulto sou, sinto-me velho,
Pois começo a pensar
Nos tempos que jamais voltarão Tempos que aproveitei,
Tempos que desperdicei.
Hoje, mesmo, tantos anos passados,
Tento despertar a criança que nas minhas entranhas existe Para reaver a felicidade e as alegrias
Que me cobriram de luzes Aqueles saudosos dias.
Luciano Viana Faria
QUISERA
Quisera não me preocupar com os sentimentos Que tenho agora.
Quisera nem pensar nas coisas Que penso agora.
Tantos sofrimentos,
tantas misérias geradas pela ambição e cobiça dos meus irmãos. Quisera que tudo o que vejo não fosse verdade.
Tantas crianças peladas
e desprovidas de suas necessidades. Quisera não ver tantas injustiças, tantos atropelos,
tanta falta de respeito.
Quisera eu nos meus sonhos sonhar com um mundo lindo. Cheio de crianças sorrindo, nossa gente feliz a festejar.
A vitória da paz, da justiça e da união. O dia em que todos verdadeiramente Se amarão como irmãos.
Quisera enfim,
que esse sonho se tornasse real para que a vida fosse realmente vida terrena ao exemplo celestial. Quisera,
Tão somente
Quisera!
Mirian dos Santos Emerick
AFOGADO
Ah! Se a praia pudesse falar gritaria aos quatro ventos
para que levassem aos continentes o seu apelo:
que o mar traga apenas conchas e não o corpo de uma criança que ousou ter esperança. E afogada pela própria violência não teve direito à própria infância Fico me perguntando:
ele já teria ido à praia? Montado castelos de areia? Brincado com conchas? Nunca saberei.
As ondas sussurram que o sonho,
a dignidade, a infância
e a humanidade morreram na praia
junto com aquele menino que não teve oportunidade de deixar a sua marca
nas areias do tempo.
Nice Neves Butta
“GENTILEZA”
Gentileza gera gentileza Já dizia o grande “poeta”.
Gentileza não cai do céu Nem é feita de papel. Gentileza é sentimento E atenção, é “movimento”.
Gentileza gera gentileza Gera amor, gera vida. Um ato de gentileza Pode curar uma “ferida”. Gentileza é ação
Praticada entre “irmãos” (fraternidade).
Gentileza é respeito... À vida, ao meio ambiente E, a toda gente (humanidade) Gentileza é perseverança É a humanidade
Voltando à sua essência!
Osana Alcebíades Nazario do Carmo
ESTAÇÕES DA LINGUAGEM
Palavras que nos esquentam não só significam,
mas ressignificam.
Frases que de repente caem como frutos ganham novos sentidos.
Textos que rapidamente escritos
são passagens como o inverno, somente de ida, não ficam.
Verbos e versos como as flores ficam no
simbolismo das minhas sensações.
Stefanio Tomaz da Silva
UMA CARTA DE OUTONO
Meu menino,
por um momento quis te dar as estrelas... e quase consegui. A paixão é assim: arrebatadora, mas breve!
Um estado de quase amor!
Agora ando cabisbaixa, calada, sofrida, cheia de dúvidas, tentando entender por que me sinto sempre no "Quase"... É o Quase que me paralisa,
que me faz tropeçar quando quero abraçar o mundo com as pernas. É o Quase que me assusta, me afasta,
que traça um novo caminho, uma nova rota, É o Quase, que assim como em Veríssimo, me faz economizar Alma.
Te leio em minutos...
e me desconheço por horas a fio, Te tenho inteiro em minha madrugada
e amanheço distante, parecendo buscar sempre um novo Sol. Imaturidade? Incerteza? Intemperança? Infidelidade?
Não importa o substantivo se o substancial está no sentir. Sinto o amor escapando entre os dedos,
mas teimo em ocultar o brilho no olhar, em driblar a mágica, conter o coração, reter o querer.
Sei tão pouco sobre o Amor: terreno arenoso em que teimo e temo pisar. O que sei é que o amor dói.
Covardia? Talvez!
Aliás, o Talvez é primo irmão do Quase,
sempre jogando-nos entre a clareza da questão e o vazio da resposta.
Pensando assim, não quero e não posso ficar no "Talvez" com você, tampouco no "Quase".
Mereces e necessitas de muito, muito mais!
Se ainda não posso derramar o Amor que disfarço, dissimulo não existir, também não posso impedir que o seu transborde...
Transbordar, rasgar, explodir, romper... faz parte do querer.
Então me despeço!
Por que o Amor que me ofereces não economiza Alma e deseja viver intensamente, para muito além do Quase. Sejas feliz por inteiro, meu menino,
livre da minha covardia, do meu Quase Amor, da minha mania de viver eternamente no Outono...
Viviane Rodrigues Lima Cordeiro
7ª CRE
ESCOLHAS
Ao longo do caminho, No despontar da vida, na vinda ou na ida,
na tempestade ou na brisa,
Escolhas...
Do olhar ao beijo, Do carinho ao desejo, Do vício ao prazer, Na construção do ser,
Escolhas...
Na certeza das incertezas, A beleza de provar o improvável, Na vastidão imensurável de...
Escolhas
Vida que se completa, Nas voltas incertas de um mundo repleto de
Escolhas
Da fartura à miséria na virtude séria de uma vida sentida do amor à partida
Vive se Vivendo
a cada dia um momento, a cada noite um lamento,
Num movimento incessante de...
Escolhas...
Aline Regina da Silva Macedo de Souza
ACÁCIA
Sob a luz matutina de um novembro ensolarado No caminho vacilante entre o ninho e o labor Deparo-me com um novo tom amarelado A reluzir entre a verde costumeira cor. Era a minha acácia debutando
Em sua primeira exibição primaveril Trazendo ao meu recanto o encanto E ao meu espírito, um sopro ainda pueril.
Danielle Evelyn de Assis Vilela
CURIOSIDADES URBANAS
Experiências ímpares nos proporcionam Os elementos intrínsecos à rotina urbana Quase despercebidos passam as
personagens Se você reparar Se você parar Se você ar Se.
Se você entendesse a matemática da vida.
Num ponto da reta veículos adrenalizados Cortam as ruas em noventa graus.
Janelas cerradas,
A histeria dos motores transpõe concretos Quinze centímetros de massa cinzenta Não conseguem impedir
Vrummm, txiiii, biiiiiii
Ponteiros adentram noite afora,
Trezentos e sessenta graus de insônia. Pego um compasso,
Arrisco-me num risco
E numa semicircunferência
Cento e oitenta graus de estranheza. Um mesmo perímetro
Numericamente oposto Foi fracionado! Ssssfffuuuuu Vento ventando Árvores dobrando Folhas caindo Ssssfffuuuuu
Aparece um conhecido, Alegremente me recebe, Bem-te-vi! Te vi!
Soma-se a ele um esguio guardião, Quero-quero sua presença!
Andorinhas tagarelas enfatizam ao ver-me passar
Vejam, um mais um são cinco! Sanhaçu acrobático divide frutas. Eis que surge o beijador,
Dois terços de cauda recortam o ar equacionando néctar.
A noite adentrou É natural ou racional? Ouço o barulho do silêncio Sinto-me inteira
Quanta mudança em um só traço Se você reparar
Devaneio? Não!
Noções elementares da vida cotidiana
Curiosidades urbanas.
Érika Satlher Rolhano Messias
OLHAR
Olhar que questiona, investiga, Avalia, instiga
Aprecia.
Olhar de admiração, de sedução
de subordinação. De espanto, surpresa. Olhar que imobiliza a presa,
presa na própria armadilha do olhar Olhar que aquece, que acolhe Que tranquilo adormece Em agonia, padece.
Olhar que consola, que compreende, que interroga, que responde.
Que esconde e que revela...
Que na busca descobre outro olhar. Olhar...
Olhar de encontro, confronto...
Olhar de criança que revela esperança. Olhar de amor...
Olhar de dor... Não falo.
No olhar me calo. Ou será que revelo, O que de mais secreto Existem em mim?
Fernanda Quaresma Ribeiro de Oliveira
SUPERAÇÃO
Vou subindo a ladeira Vendo pássaros a cantar Contemplando o céu azul E nuvens a passear
Vou subindo a ladeira Até não mais suportar Cada dia mais íngreme Músculos a se fatigar
Vou subindo a ladeira Dia a dia sem cessar Sempre fica mais fácil Se alguém vem ajudar
Vou subindo a ladeira Vejo gente a empurrar Um povo assim sofrido Para que violentar?
Vou subindo a ladeira Aprendendo a esperar Entre presente e futuro Eu preciso acreditar Um dia a humanidade Todo o mal vai superar E assim o amor e a paz Juntos vamos alcançar
Fátima Cristina Dória Ramirez dos Santos
NESSE MUNDO
Vivo num mundo do DES... DESrespeito,
DESafeto, DESarmonia, DEScaso, DESilusão,
DESconhecimento, DESinformação Eu DESafio e... Amo
Respeito, Trabalho, Acredito, Persevero, Sonho, e REZO...
Mônica Maria Saraiva Pereira
DANDO TEMPO AO TEMPO
Com o tempo, as coisas mudam...
Com o tempo, o mundo deixa de ser o que havia sido... Seja o pequeno mundo, seja o mundo grande...
Com o tempo, há que se relativizar as certezas... Há que se ponderar as verdades...
Há que se duvidar das dúvidas...
Com o tempo, há que se repensar os passados, os vividos e os que poderiam ter sido... Com o tempo, há que se reescrever futuros prováveis...
E também, os improváveis...
Com o tempo, há que se escutar o que não foi dito... Há que se calar para ser ouvido...
Há que se temer os temores... Há que se amar os amores... Há que se burlar as dores... Com o tempo, o tempo muda...
Paulo Jorge dos Santos Fleury
JANELAS
Algumas são grandes, outras pequenas. Há estreitas e largas, rústicas, modernas, Talhadas, simples...
São imperceptíveis, inúteis, quando vistas de fora. São passagens, aberturas, quando vistas por dentro. Figura alegórica é.
Há fases na vida, de ida e de vinda,
nas quais nossas janelas, podem ser portas...
Podem aprisionar ou libertar.
Podem ser saídas, conduzir a um novo lugar ou abafar vidas...
Janelas são como atitudes. O olhar direcionado a elas,
Encontrar a luz em uma janela não é usual, mas pode mudar uma perspectiva tradicional.
Leia. Reflita. Acredite. Direcione. Busque. Toque. Abra. Veja. Descubra.
Tenha uma nova visão de si, do outro,
de todos.
Renata Chagas Teixeira da Silva Azeredo
BELÍSSIMAS CONSTRUÇÕES VITAIS
Amar a palavra mais branda e pura e
que seja absorvida
pelos seres amantes-em-flor ainda no escuro da vida e
quando outras necessidades cruzarem as solidões, saibamos com coragem
embelezar as nossas tentativas tresloucadas. Amar
toda a irregularidade envolta nas indecisões do ”para-sempre-oprimido”,
desfazendo o medo, as aflições, a rua que segue melancólica
a tristeza de um “nunca-tentar” ainda aflito. Amar
a tentativa ainda crua e absurda do querer mesmo em dias cinzentos
e repletos de uma poeira ímpar do sofrer. Amar todas as imperfeições logo aqui
lado a lado
e transformá-las em belíssimas construções vitais.
Ricardo Gomes Pereira
CORAÇÃO DE MENINO
Lá longe, a risada reverbera...
Em trovoada, em revoada, lá vem eles, resfolegantes... E encontram respostas incríveis:
- O maior aquecedor do mundo é o sol!
- A água mais limpa do planeta é a água da chuva...
- A árvore serve mesmo é pra ser casa de passarinho, teto pra quem tá na rua morar... - Sabe, nuvem? É igual ponte de pensamento: se vira naquilo que a gente imaginar... E os meninos nunca param: 1,2,3 é hora de buscar! Encontrar! Recomeçar...
E lá vão eles, no pique, na vontade de descobrir!
É por isso que todo menino sabe de cor a altura do Castelo, de que espécie de cristal são feitos os sapatos de Princesa, do porque das Cigarras não quererem trabalhar no verão, das infinitas possibilidades contidas numa caixa de papelão, da necessidade imperiosa de gritar! O mundo precisa de meninos...
Meninos que não morem no porão e não tenham medo dos sabores.
Que não se acostumem aos amores e tenham prazer inenarrável em procurar. Como no poema do Drummond ou na canção do Raul.
Meninos inteiros, de olho vivo,
Porque se o menino acorda, no coração do Homem, Este se eterniza em Baobá.
E, se chega a hora do menino ir, Fácil, fácil, ele deixa plantado
As sementes, os caminhos, as receitas de deixar menino vivo! E assim o mundo roda em girassol
Como canção de passarinho No bico o caminho, o ninho. No voo a velocidade do fio de luz Que nos permite eternos: aqui e além.
Silvia Regina dos Santos e Castro
8ª CRE
FAMÍLIA
Dádiva maior não existe Do que ter uma família Todas têm sua importância Pode ser sua ou minha
Quer saber ainda mais? Família é essencial É dom de supremacia Por isso é especial
Para fazer pare de uma Não precisa perfeição O que importa mesmo É ter muita afeição
Problema pode haver Perfeito ninguém é
A fórmula secreta é ter imensa fé
Família grande ou pequena Calma ou agitada
Isto não importa
Necessário é ser amada
Nem a sua é a minha Mas todos fazem parte Da mesma cidadania
Família aqui e ali
Representa alguma cor Quer saber um pouco mais? Precisa mesmo é de amor.
Claudinéia Lopes Moreira
REVOADA
É preciso destrancar gavetas!!! Eis que saíra de lá
Um bando de poemas
Asas coloridas, bruxas escondidas Gaivotas melancólicas
Pássaros que moram dentro delas... Amontoando-se e convivendo
Dias como predadores Dias de convívio pacífico. É preciso destrancar gavetas E permitir voz aos poetas Esquecidos, melindrados Sufocados, entorpecidos Fazer revoar rimas simples Que pousem em ombros amigos Ou saiam por aí
Soltando torpedos em cabeças alienadas... É preciso! É urgente! Indispensável!
Arrombar gavetas Revisar lembranças Inutilizar lacres...
Jogar fora tudo que é gaiola, Cadeado cerca portão... Será possível então Ver identidades reveladas Poetas e suas vidas, violadas Para o prazer de quem Ousar ser poeta também, Arriscar voar mais além.
Cristina de Souza Ferreira da Silva
ANDO POR LINHAS TORTAS
Eu ando por linhas tortas
Dessas que ninguém gosta de pisar A sua companhia me faz falta E eu corro para te encontrar Mas as linhas são tortas
E me levam a tudo quanto é lugar Nos desencontros do caminho Eu aprendo a perdoar
Fortaleza construída Com leveza para voar Apesar dos perigos Não desisto de amar
Meu amor tem muitas vidas Todas elas a te buscar
Isabella Martins Dias Ferreira
EM CHAMAS
De você ficaram apenas os olhos À espreita
Observando-me mudamente
Tua covardia vai de encontro a minha angústia Minha espera muda pelo que não virá
O desejo que em mim explode não encontra simetria Apenas o eco de uma solidão confusa
A expectativa do sonho que se quer viver Mas que a realidade enclausura
Você se esquiva, arredio gato Eu vivo o sonho do beijo roubado
Das mãos sôfregas a procurar meu corpo Das pernas confundidas
Sonho em ser o mar que vai te afogar Quero ser tuas ondas
Teu momento de paz Tua tormenta
Teu ato inconsequente
Você me quer longe, inalcançável
Como se um braço de distância ocultasse o que nos dilacera Eu sou a tua expectativa não vivida
Sou tuas possibilidades, uma infinidade de “ses” O prazer desconhecido
Você vacila, eu daria o primeiro passo Teu sentimento é covardia e acomodação O meu é perspectiva e fogo
No sonhado leito, tão desejado e distante Ardem a tua apatia e a minha solidão
Luciana Ribeiro Leal
A JANELA
Pela janela cerrada, na vidraça transparente, havia sempre um olhar tristonho e inocente.
Sentia e gritava, pela janela cerrada.
mas, depois silenciosamente, aquela imagem sumia
da vidraça transparente.
E falava com o seu olhar. Vontade de ficar presente, ao lado daquela ausente, que tão constantemente, presente queria estar.
Foi por amar, somente por amar, que não retribuí este olhar.
E, friamente, para poder ter forças, seguia em frente sem muito pensar.
Aquele mesmo olhar, inocente e tristonho,
em seu secreto sonho.
Agora, lembrança presente está, em minha memória guardada. Procuro o seu olhar,
na vidraça transparente, daquela janela cerrada.
Márcia de Puga Camilo Scharf
PALAVRAS QUE SAEM
Há palavras que saem da boca Outras saem do coração
No dia a dia vem e vão. São lançadas como flechas Transpassam a alma e a carne
Por vezes, compõem uma linda canção. A palavra dita em um turbilhão de emoções Pode ou não espelhar o que se sente. Melhor calar...
O tempo nos dá a noção.
Maria Tereza de Azevedo Gilabert