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JC V Dem Elei esEuropaSul 2016

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Projecto Varieties of democracy in Southern Europe: 1968-2014

“Eleições na Europa do Sul: quadros institucionais e dinâmicas de participação”

João Cancela (FCSH-UNL) joaocancela@gmail.com

Versão preliminar – 3 de Março de 20161

RESUMO

Como se processam as eleições na Europa do Sul? Ainda que a literatura sobre os sistemas, culturas e comportamentos políticos desta região seja ampla, tanto os quadros institucionais como as dinâmicas da participação eleitoral têm carecido de um tratamento comparado. Recorrendo aos dados do projecto Varieties of Democracy, este paper analisa variações importantes nestas duas

dimensões em Portugal, Espanha, Itália, Grécia e França desde 1968 até 2014. A manutenção do quadro normativo em Portugal, Espanha e, em menor grau, França contrasta com as frequentes alterações legislativas em Itália e na Grécia; estes dois casos são também aqueles em que a prática de compra de votos é mais disseminada ao longo de todo o período. No que toca à participação eleitoral, apesar de a trajectória descendente se estender a todos os casos, parece haver um efeito inibidor desta tendência associado à existência de voto obrigatório, por um lado, e ao grau de densidade sindical, por outro. Ao longo do paper ensaiam-se algumas explicações preliminares

para as variações encontradas.

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1. Introdução

A realização de eleições livres, competitivas, justas, regulares e consequentes é um critério central das várias concepções de democracia, desde as minimalistas (Schumpeter 2006) às mais exigentes (O’Donnell 2001). A importância das eleições é também manifesta no quadro conceptual do projecto Varieties of Democracy (V-Dem), em que o modelo de “democracia eleitoral”,

definido pela existência de eleições competitivas, é apresentado como uma base mínima da qual decorrem as restantes concepções de democracia contempladas – liberal, participativa, deliberativa, maioritária e igualitária (Coppedge et al. 2011). Assim, é geralmente aceite que a realização de eleições, podendo não ser um atributo suficiente para a classificação de um regime como democrático, constitui pelo menos uma condição necessária.

Tomando como ponto de observação o ano de 2014, em cada um dos cinco países analisados no quadro deste projecto pode observar-se uma série ininterrupta de actos eleitorais livres e justos. Se considerarmos também as eleições para assembleias constituintes, estas séries ordenam-se do seguinte modo: França (1945), Itália (1946), Grécia (1974), Portugal (1975) e Espanha (1977). Assim, se a realização de eleições for o critério de verificação de que um dado regime é (pelo menos) minimamente democrático, concluímos que os cinco países em análise neste projecto detêm hoje esse estatuto, podendo este ter sido adquirido antes do período em análise (França e Itália) ou já no seu decurso (Grécia, Portugal e Espanha).

Contudo, mesmo que uma contraposição binária entre democracias e autoritarismos traga vantagens analíticas ao estudo das causas e consequências da democratização (Alvarez et al. 1996; Cheibub, Gandhi, e Vreeland 2009), a caracterização dos regimes políticos não se esgota na realização, ou não, de eleições. Assim, e em consonância com o espírito geral do projecto, este

paper adopta uma concepção “gradual” da democracia, por contraposição a uma orientação de tipo

“dicotómico” (Collier e Adcock 1999). O manancial de dados recolhidos e processados no quadro do projecto V-Dem permite-nos examinar com maior profundidade a qualidade da democracia atendendo às instituições e aos processos que caracterizam a selecção de representantes nos cinco países em causa.

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portuguesa, grega e espanhola enfatizou a importância das eleições enquanto barómetros de adesão aos valores democráticos e da consolidação dos sistemas partidários nacionais (Bermeo 1987; Pridham 1990; Gunther, Diamandouros, e Puhle 1995). Neste semtodp, as eleições podem ser entendidas como um produto dos processos de democratização, mas também como um momento em que a viabilidade democrática é posta à prova. Linz e Stepan (1996, 128), a respeito da transição portuguesa, referem-se à participação expressiva nas eleições de 1975 como “uma outra face da mobilização” que contribuiu de maneira determinante para a posterior consolidação da democracia. Também Bermeo (1987) recorre aos dados eleitorais para discutir o impacto dos modos de transição nos desempenhos eleitorais dos partidos de centro-direita em Portugal e Espanha. Numa análise retrospectiva das eleições celebradas entre as décadas de 1970 e 1990, Gunther (2004, 81) refere-se aos casos grego, português e espanhol como instâncias de sistemas partidários “modernos”, ao contrário do caso italiano, ainda assente num modelo de clivagem política próprio do pós-guerra.

Apesar da multiplicidade de contributos que lidam com as eleições nesta região da Europa e com temas relacionados, subsiste uma lacuna de trabalhos comparativos dedicados

especificamente às características institucionais e processuais dos actos eleitorais. O presente paper faz uso da riqueza empírica da base de dados do projecto V-Dem para oferecer um retrato

das instituições e procedimentos eleitorais, assim como das dinâmicas de participação, nos cinco países e no período em análise. Deste modo, o capítulo procurará dar resposta às seguintes questões de partida: quais as variações institucionais, processuais e de participação nas eleições da Europa do Sul ao longo do período em análise, e quais poderão ser as suas raízes? Há uma convergência entre países ou verifica-se a persistência de diferenças em alguns indicadores específicos? Mais concretamente: até que ponto é que as três democracias mais recentes (Portugal, Grécia, Espanha) se aproximam hoje das duas democracias já consolidadas desde uma época anterior (Itália e França)?

2. Descrição dos dados e da análise

À semelhança dos restantes trabalhos conduzidos no quadro deste projecto, a investigação reportada neste paper recorre a um subconjunto de dados do projecto V-Dem que abrange os cinco

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contempla 64 eleições legislativas2 nos cinco países: 11 eleições em França, 13 em Itália, 15 na Grécia3, 14 em Portugal e 11 em Espanha. A Figura 1 reproduz a cronologia eleitoral, indicando-se a proporção de votos obtida pelo partido (ou coligação) mais votado em cada eleição.

Figura 1: Cronologia eleitoral

Caso a análise se restringisse aos índices incluídos na base de dados V-Dem que medem o grau de democracia eleitoral pouco distinguiria os cinco países: a partir de 1977, data das primeiras eleições espanholas após a transição, todos os países cumprem ininterruptamente os critérios mínimos de democracia eleitoral. Contudo, um exame aos múltiplos indicadores sobre a realidade eleitoral recolhidos no âmbito deste projecto revela uma série de variações dignas de interesse. Estas variações podem agrupar-se em duas categorias analíticas, sendo cada uma delas explorada no decurso das próximas secções.

2 Nos casos de bicameralismo em que a eleição de representantes para os dois órgãos legislativos não se processa em simultâneo, a análise incide sobre a câmara baixa.

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O primeiro grupo de variáveis é de tipo institucional e é delas que trata a próxima secção do

paper. No que toca às normas legais que regulam o seu funcionamento, as eleições legislativas na

Europa do Sul diferem, ao longo do período e nos cinco países em análise, no sistema de conversão de votos em mandatos, na obrigatoriedade do voto e na idade mínima para o seu exercício. O âmbito institucional não se restringe, porém, a estas variações normativas, englobando também a existência de articulados de práticas que, apesar do seu carácter informal e extralegal, podem influenciar de maneira directa ou indirecta as hipóteses de sucesso dos vários candidatos e, consequentemente, os resultados eleitorais – mesmo que apenas de modo residual. Assim, a próxima secção reporta também uma análise sobre estas variações informais.

O segundo grupo de variações que tomamos como objecto de análise refere-se às dinâmicas de participação eleitoral na Europa do Sul. Depois de apresentar a evolução da participação eleitoral nos cinco países, procuramos situá-la num plano comparado mais amplo, bem como identificar algumas potenciais variáveis explicativas.

3. Variações institucionais 3.1.1. Instituições formais

Esta secção trata das configurações institucionais que estruturam o modo como se processam as eleições nos cinco países aqui considerados. Em primeiro lugar, a análise incide sobre sobre as regras formais e, mais especificamente, sobre o sistema eleitoral em sentido restrito – a conversão de votos em mandatos.

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bastante recorrentes, tanto sob a égide do princípio da proporcionalidade como na forma de concessões ao princípio maioritário.

O sistema eleitoral português manteve-se essencialmente inalterado desde a sua génese em 1974, que de resto se encontra bem documentada (Braga da Cruz 1998). De acordo com Braga da Cruz, os motivos apontados para a escolha de um sistema proporcional prenderam-se não só com a necessidade de superar a experiência do autoritarismo, cujas pseudo-eleições eram conduzidas pelo método maioritário de lista, mas também com uma concepção do sistema eleitoral enquanto instrumento que permitisse conhecer “o real desenho político democrático do país” (Braga da Cruz 1998, 9). Assim, estabeleceu-se que eleitores votariam em listas fechadas e que a conversão dos votos em mandatos seria feita ao nível do distrito. Existem portanto vinte círculos eleitorais correspondentes ao território nacional, e outros dois que agrupam os portugueses residentes no estrangeiro. Os círculos eleitorais em território nacional são, por imperativo constitucional, plurinominais e não existe qualquer limiar fixo de votação para a eleição de deputados, quer ao nível do círculo quer ao nível agregado nacional. A magnitude dos círculos foi sempre altamente variável: na eleição para a Assembleia Constituinte de 1975 variou entre os 4 os 55, ao passo que a redução do número de deputados e a reconfiguração demográfica do país levaram a que, em 2015, a amplitude estivesse entre os 2 e os 47. Esta variância transforma funcionamento do sistema português num interessante caso de estudo para os interessados nos efeitos da magnitude eleitoral (Lachat, Blais, e Lago 2015; Lago e Lobo 2014) Por outro lado, numa concessão ao princípio maioritário, a fórmula eleitoral escolhida (método D’Hondt) seria aquela que, entre as disponíveis, era menos proporcional na distribuição dos votos, contribuindo assim para a governabilidade (Braga da Cruz 1998, 9).

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Em traços formais, pouco distingue o sistema eleitoral espanhol do português: representação proporcional em círculos plurinominais e voto em listas fechadas. Contudo, há duas diferenças que importa sublinhar. Desde logo, a existência de um limiar obrigatório de 3% do voto ao nível do círculo eleitoral para que os votos sejam tidos em conta na distribuição de mandatos. A segunda distinção prende-se com a maior desproporcionalidade induzida pela prevalência de círculos de baixa magnitude. Esta diferença é captada pelos dados recolhidos pelo projecto V-Dem, que distinguem entre sistemas de proporcionais com uma magnitude média alta (como Portugal), e magnitude média baixa (como Espanha)4. Hopkin (2005, 378) argumenta que desde a sua génese o sistema foi desenhado de modo a aplacar os receios das elites alinhadas com o regime autoritário aquando da transição, circunstância que terá conduzido ao favorecimento explícito de zonas rurais em prejuízo dos meios urbanos. Este argumento aponta a importância do modo de transição na definição institucional das duas democracias ibéricas, em linha com os argumentos de Bermeo (1987) e Fernandes (2015). Curiosamente, a evolução do caso espanhol – até à eleição de Dezembro de 2015 – constitui um exemplo liminar de um sistema que, embora decorrente do princípio proporcional, produziu resultados vincadamente maioritários (Hopkin 2005).

Em relação ao caso francês, o sistema eleitoral tem estado subordinado ao princípio maioritário, à excepção do que sucedeu na eleição de 1986. O sistema eleitoral maioritário a duas voltas foi reintroduzido em 1958, com o advento da V República, por determinação pessoal de de Gaulle (Elgie 2005), e vigorou em todas as eleições legislativas celebradas deste então, com excepção da de 1986. A segunda volta é dispensada caso um dos candidatos obtenha mais de metade dos votos logo na primeira volta, desde que estes correspondam a um número superior a um quarto dos eleitores recenseados no círculo eleitoral. Caso contrário, passam à segunda volta os candidatos com pelo menos 12,5% dos votos, sendo vencedor o candidato que obtenha uma maioria simples. Em França – tal como em Portugal e em Espanha – o voto não é obrigatório.

Na Grécia e em Itália as alterações ao sistema eleitoral têm sido bastante mais frequentes e têm oscilado ora entre um pendor proporcional, ora um cariz maioritário. O sistema grego original, que data de 1974 e a que foi atribuída a designação de “proporcionalidade reforçada”, consistia numa intrincada sobreposição de três níveis de apuramento, correspondentes a 56 círculos uni e

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plurinominais. Tal como observa Lijphart (1990, 74), o qualificativo “reforçada” aplicava-se na verdade à fatia de mandatos obtidos pelos grandes partidos, e não à proporcionalidade do sistema. Assim, logo em 1974, os partidos de esquerda criticaram o desenho do sistema (Linz e Stepan 1996, 134). Sucedeu-se uma convulsa história de reformas, que chegaram a atingir uma cadência anual (Lamprinakou 2012). Uma das alterações mais marcantes deu-se em 1985, com a substituição do voto preferencial pelo voto em listas fechadas. O sistema em vigor em 2014 mantinha traços de pendor maioritário, visto que pressupunha a atribuição de um bónus de 50 deputados ao partido mais votado a nível nacional. Um ponto que deve ser salientado é que o voto é que o exercício do direito de voto é, ainda hoje, formalmente obrigatório, embora em 2001 tenham sido removidas as últimas sanções associadas ao seu não exercício. Numa fase anterior, o incumprimento desta obrigação podia implicar, por exemplo, dificuldades administrativas na obtenção de documentos como passaportes ou cartas de condução (Birch 2009, 9).

Finalmente, também o caso italiano se caracteriza por profundas mudanças no sistema eleitoral no decurso do período em análise. Ainda que com uma frequência inferior ao caso grego, as alterações foram porventura mais estruturais, destacando-se três grandes reformas: 1993, 2005 e 2014. O sistema em vigor até à reforma de 1993 era baseado em dois níveis de apuramento, o primeiro deles com 32 círculos eleitorais, e o segundo com um único círculo nacional que agrupava os votos desperdiçados na etapa anterior e os convertia em mandatos através do método de Hare. O acesso a este segundo círculo requeria a obtenção de um mandato em qualquer um dos círculos e de 300.000 votos a nível nacional. Por fim, os eleitores dispunham de três ou quatro votos preferenciais, consoante a magnitude do seu círculo, que podiam distribuir entre os candidatos de um dado partido.

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blocos políticos (D’Alimonte 2005, 258) conduziram a uma nova reforma em 2005, com efeitos a partir de 2006. Esta reforma eleitoral conduziu à introdução de um sistema proporcional, com voto em listas fechadas, complementado pela atribuição de um bónus à lista ou coligação vencedora de modo a que este obtivesse automaticamente um número de 340 mandatos. Os restantes 244 mandatos são divididos pelos partidos ou coligações não vencedoras através do método de Hare. A reforma de 2014, que só terá efeitos nas eleições de 2016, introduz uma segunda volta entre as listas mais votadas para determinar quem conquista este bónus de mandatos (D’Alimonte 2015). À semelhança da Grécia, também em Itália o voto também foi obrigatório até 1993. Na redacção actual, manteve-se a designação de “dever cívico” mas removeu-se a existência de uma obrigação jurídica (Gratschew 2004, 28), mesmo que formal.

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País Número de eleições

Sistema eleitoral Voto

obrigatório

Idade mínima de voto

França 11 Maioritário a duas voltas; excepto na eleição de 1986, em que houve representação

proporcional.

Não 21 anos até à eleição de 1973

(inclusive). 18 anos a partir de

1978.

Itália 13 Até 1993: Sistema combinado: 32 círculos + 1 círculo nacional. 3 ou 4 votos preferenciais consoante magnitude. Limiar de 300.000

votos nacionais.

1993-2005: 75% dos mandatos através de círculos uninominais; 25% redistribuídos

através de RP (Hare).

2006-2015: RP com listas fechadas e articulado complexo de limiares mínimos.

Atribuição automática de mandatos ao vencedor até 340 deputados.

2016: realização de segunda volta para determinar vencedor do bónus eleitoral

Sim,

até 1993 (sanções residuais)

21 até à eleição de 1973 (inclusive). 18 a partir da eleição

de 1976

Grécia 15 Sistema combinado, com múltiplas mudanças: 1974, 1977, 1985, 1989, 1990,

2004, 2007.

A partir de 2007: 260 mandatos atribuídos proporcionalmente e bónus de 50 para partido mais votado. Limiar nacional de 3%.

Voto preferencial cruzado.

Sim, embora sem efeitos a partir de

2001

21 na eleição de 1974. 20 nas eleições de 1977

e 1981. 18 a partir da primeira eleição

de 1985.

Portugal 14 Proporcional com lista fechada. Alta variância na magnitude dos círculos.

Não 18 anos em todo o período

Espanha 11 Proporcional com lista fechada. Alguma variância na magnitude dos

círculos.

Não 21 na eleição de 1977. 18 nas

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3.1.2.Instituições informais

As variações institucionais sistematizadas na subsecção anterior prendem-se com a regulação legal do exercício do voto e a sua conversão em mandatos. No entanto, pode argumentar-se que não são estes os únicos constrangimentos institucionais à decisão de participar e à definição do sentido de voto. Na esteira do trabalho de O’Donnell (1994) , uma linha de investigação tem explorado a extensibilidade do conceito “instituição política” a práticas que tenham um cariz informal e não codificado. Helmke e Levitsky (2006, 5) definem as instituições informais como “regras socialmente partilhadas, geralmente não escritas, que são criadas, comunicadas e aplicadas fora dos canais sancionados oficialmente”. Ainda que os cinco casos aqui analisados constituam exemplos de democracias consolidadas, a base de dados V-Dem permite explorar em que medida é que as eleições na Europa do Sul podem ser – ou ter sido durante uma parte do período em análise – marcadas por práticas deste tipo.

Figura 2. “Compra” de votos na Europa do Sul

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eleitoral?” (v2elvotbuy). A análise da evolução desta variável (Figura 2) revela que persistem na

Europa do Sul, ainda que de forma residual, práticas de aliciamento do voto mediante o recurso a ofertas monetárias ou de outra índole. Os países com valores mais afastados da pontuação máxima (“4 - ausência de compra de votos”) são Itália e, em menor medida, Grécia. Importa frisar que a magnitude destas práticas não é elevada em nenhum dos casos5. Contudo, dado que o nosso domínio de comparação se restringe a democracias consolidadas, o critério de distinção entre estas deve ser necessariamente mais apertado do que se considerássemos apenas o cumprimento dos requisitos mínimos de democracia (Møller e Skaaning 2013, 42–45).

Figura 3. Tipo de políticas públicas promovidas

É possível estabelecer uma associação entre a disseminação destas práticas o tipo de políticas públicas formuladas e colocadas em prática pelos governos que emanam dos resultados eleitorais. Kitschelt e Wilkinson (2007) mostram que a adopção de estratégias eleitorais particularistas, por

5 À pontuação 3 desta variável, aquela que mais se aproxima da posição grega e italiana no decurso deste período corresponde a seguinte descrição: “Almost none. There was limited use of money and personal gifts, or these attempts were limited to a few small areas of the country. In all, they probably affected less than a few percent of voters”.

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oposição às de tipo programático e impessoal, não se restringe a democracias incipientes ou a países com economias frágeis. A Figura 3 reproduz a evolução da variável V-Dem que mede até que ponto os gastos sociais e em infra-estruturas têm um pendor mais particularista (0) ou programático (4). A Grécia ocupa a posição mais baixa, seguida de Itália. Portugal ocupa uma posição intermédia, ligeiramente abaixo de França e Espanha. Assim, verifica-se uma associação entre a compra de votos ainda observável em Itália e na Grécia e o tipo de políticas públicas aprovadas nestes países.

A literatura sugere potenciais explicações para a evolução destes dois casos. No que toca a Itália, a cultura política do Sul do país tem sido reiteradamente caracterizada como sendo um viveiro de ligações de tipo vertical entre os eleitores e os seus representantes. Chubb (1982) mostra que as interacções clientelares em Nápoles e Palermo na década de 1970 assentavam não só em dependências entre as classes baixas e as elites, mas que se estendiam também às classes médias; o discricionarismo administrativo e a latitude de actuação do partido dominante, a DC, impeliria os eleitores a votar neste partido e a existência de voto preferencial incentivava a persistência de relações de tipo individualizado (Chubb 1982, 6). Neste sentido Putnam (1993, 94) assinala que o uso do voto preferencial, aquando sua vigência, era bastante mais disseminado nas regiões do Sul do país caracterizadas por índices mais baixos de cultura cívica. O período que sucedeu à supressão do voto preferencial, em 1993, coincide com uma ligeira melhoria na pontuação atribuída neste indicador, que ainda assim se conserva em terreno comparativamente negativo.

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Um ponto de contacto entre Itália e Grécia prende-se com o facto de os respectivos sistemas partidários, à época do pós-Guerra, terem sido claramente dominados por partidos de direita. No caso grego, a hegemonia foi particularmente acentuada, tendo-se mesmo verificado uma intensa perseguição a militantes de esquerda. Esta política teve consequências efectivas pelo menos até à década de 1970, época em que descendentes dos membros do Exército Democrático da Grécia, fundado pelo Partido Comunista Grego, eram ainda impedidos de ingressar no sector público (Judt 2006, 73). O recurso a estratégias de mobilização eleitoral individualizadas e de não programáticas destes dois casos enquadra-se assim num processo histórico mais amplo, caracterizado por uma cultura política de forte antagonismo, acentuada ainda pela concorrência entre esferas de influência opostas.

O contraponto a estes dois casos é oferecido pelas democracias ibéricas. De facto, importa assinalar que a cultura política em ambos os países foi marcada por uma longa tradição de práticas caciquistas, anterior aos próprios regimes autoritários do século XX (Almeida 1991; Pérez Díaz 1993; Bermeo 2010; Hopkin 2001a). Daqui decorre uma interrogação sobre os motivos que terão obstruído a uma implantação mais disseminada de práticas deste tipo aquando das transições para a democracia na década de 1970. Se no caso espanhol se pode apontar o nível económico como inibidor do estabelecimento destas práticas em democracia (Hopkin 2001a, 162; Hopkin 2001b), a literatura sobre o caso português destaca o impacto da transição revolucionária e a profunda transformação socioeconómica a que esta conduziu (Bermeo 2010, 1141; Fernandes 2015, 1084).

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4. Evolução da participação eleitoral

Esta secção analisa a evolução da participação eleitoral na Europa do Sul. O grau de participação é frequentemente associado à qualidade da democracia, e a persistência de assimetrias de participação que levem a que alguns grupos sejam sistematicamente sub-representados é tida como um traço em contradição com os princípios democráticos (Lijphart 1997). Além disso, o persistente declínio das taxas de participação tem sido encarado com alguma apreensão, não só entre académicos mas também na esfera pública em sentido amplo (Franklin 2003). A profusão de estudos sobre a participação eleitoral pode explicar-se não só pela sua importância intrínseca, mas também pela ampla disponibilidade de dados facilmente comparáveis.

Os estudos sobre a participação eleitoral ao nível agregado orientam-se com vista a vários objectivos. Por um lado, uma parte da investigação procura identificar quais as causas para que a participação seja mais alta, ou mais baixa, em alguns países (ou outras unidades de análise) por comparação a outros (Jackman e Miller 1995). Nestes estudos são tidos em consideração factores como as características institucionais ou sociais das unidades em comparação. Em alternativa, ou de forma complementar, alguns autores procuram desvendar os motivos que explicam a evolução temporal das taxas de participação (Franklin 2004; Gray e Caul 2000). Estes estudos analisam o impacto de variáveis de índole económica, ou de factores como a composição geracional do eleitorado. Face à estrutura em painel dos nossos dados – cinco séries temporais – ambas as interrogações são pertinentes: se por um lado importa compreender os factores que explicam as eventuais diferenças entre países, também será importante perceber as causas da evolução da participação em cada país.

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pontos de partida entre Portugal e Espanha pode ficar a dever-se, de acordo com Bermeo (1987, 213), ao tipo de transição democrática altamente mobilizadora do primeiro caso em comparação com o segundo. De facto, também a noção de que a participação eleitoral é inerentemente mais elevada em “eleições fundadoras” é contrariada pela evidência empírica (Turner 1993). Na linha de Bermeo, Jackman e Miller (1995, 480) argumentam que o grau de participação “é mais influenciado pelas instituições presentes do que pela herança do passado autoritário”.

Figura 4. Evolução da participação eleitoral

Antes de procurar explicações para as variações na participação eleitoral importa compreender em que medida este é um quadro singular ou se, pelo contrário, está em linha com um contexto mais amplo. A evidência aponta claramente no sentido da segunda hipótese, tendo-se verificado nas últimas décadas do século XX e nas primeiras do século XXI uma diminuição consistente da abstenção em várias regiões do globo, especialmente nos países europeus e da América do Norte (Franklin 2004; Blais, Gidengil, e Nevitte 2004).6 Além disso, na Europa do Sul

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o declínio da participação é acompanhado de uma evolução negativa em indicadores de opinião pública como a confiança nas instituições ou a satisfação democrática (Magalhães 2004; Torcal 2014).

A escassez de pontos de observação (eleições) em cada país não permite testar de forma conclusiva os motivos para a diminuição da participação neste conjunto de casos. Ainda assim, uma análise de alcance limitado poderá ser útil para confirmar de que maneira as variáveis institucionais se associam a níveis de participação mais ou menos elevados. Atendendo a que os dados têm uma estrutura de painel – várias eleições celebradas em cada país – duas abordagens metodológicas possíveis seriam a regressão com efeitos fixos e a regressão com efeitos aleatórios. Apesar de o recurso a modelos de efeitos fixos ser mais frequente, o baixo número de grupos e de observações por país recomendam a segunda opção (Clark e Linzer 2015).

O objectivo da análise é confirmar a robustez da obrigatoriedade do voto, de diferentes sistemas eleitorais e da passagem do tempo enquanto preditores dos níveis de participação eleitoral. No que toca aos efeitos das variáveis institucionais, uma recente revisão da literatura (Cancela e Geys 2016) mostra que a obrigatoriedade do voto tem uma taxa de sucesso de 86% (entre um total de 43 estudos revistos), ao passo que a hipótese de que sistemas eleitorais mais proporcionais induzem níveis mais altos de participação foi corroborada em 53% dos estudos (n = 51). Para aumentar o número de observações disponíveis, estendemos as séries temporais de modo a abarcar as eleições anteriores a 1968 em França e Itália.

Os resultados reproduzem-se na primeira coluna da tabela 1 e vão de encontro às expectativas da literatura. A existência de voto obrigatório está associada a um expressivo aumento de participação, na ordem dos 10 pontos. Os sistemas de tipo não maioritário estão associados a maior participação – embora o facto de a representação maioritária a duas voltas só ter sido experimentada no caso francês aconselhe prudência na interpretação deste resultado. Também a passagem dos anos é um preditor eficiente do nível de participação: à medida que se sucedem os anos a abstenção sobe consistentemente.

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progressivo desapego de eleitores das organizações secundárias, de que seria reduzida capacidade de mobilização de organizações como os partidos ou os sindicatos. Já Franklin (2004) sustenta que o declínio se deve a alterações na composição geracional do eleitorado e à progressiva perda de saliência das eleições das décadas de 1980 e 1990.

Tabela 1:Modelo de regressão com efeitos aleatórios

Dependent variable:

VAP Turnout

(1) (2)

Compulsory voting 10.409*** (1.727) 4.365** (2.031) List PR 12.350*** (2.172) 8.274*** (2.850) Mixed-member proportional 10.633*** (2.923) 10.398*** (3.409) Time -0.160*** (0.043) -0.271*** (0.070)

Union density 0.313*** (0.080)

Margin of victory -0.096 (0.109)

Polarization (manif. prjct) -1.584* (0.940) Constant 381.850*** (85.158) 603.055*** (140.956)

Observations 74 57

R2 0.639 0.705

Adjusted R2 0.596 0.618

F Statistic 30.554*** (df = 4; 69) 19.898*** (df = 6; 50)

Note:*p<0.1; **p<0.05; ***p<0.01

Tendo em conta estes contributos teóricos e a parcimónia que a escassez de pontos de observação implica, o nosso segundo modelo inclui três variáveis adicionais: a densidade sindical (Visser 2015), como proxy para a vitalidade de grupos de mobilização secundária; a margem de

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programática. O uso de dados sobre a densidade sindical implica uma ressalva, já que os valores comparativos disponibilizados pela OCDE a que aqui se recorre podem ser potencialmente problemáticos (Sousa 2011).

Os resultados revelam que a densidade sindical está positivamente associada à participação eleitoral e reforçam as conclusões de Gray e Caul (2000), que argumentam que o declínio dos sindicatos prejudica não apenas o seu papel de mobilização, mas também o estabelecimento de vínculos entre eleitores e partidos socialistas e trabalhistas. Investigações sobre o caso português (Branco e Fernandes 2011) demonstram também que os momentos de maior vitalidade das organizações sindicais coincidiram com níveis mais altos de participação eleitoral. Já a margem de vitória revela-se um preditor desprovido de significância estatística, ao arrepio das conclusões predominantes na literatura (Cancela e Geys 2016), ao passo que o indicador de polarização ideológica é marginalmente dotado de significância mas o efeito tem um sentido oposto ao inicialmente esperado – as eleições com um espectro de competição mais polarizado têm sido tendencialmente menos participadas.

Estes resultados, embora de alcance inferencial bastante limitado, sugerem que o impacto da passagem do tempo foi mais forte em alguns (Portugal, Espanha e Grécia) do que noutros (França e Itália) devido a mudanças na ancoragem social do eleitorado, mais do que pelos atributos das eleições em disputa ou por alterações na oferta política. O caso francês seria um contra-exemplo interessante, na medida em que o decréscimo relativamente baixo da participação coincide com poucas variações na taxa de densidade sindical. Por outro lado, no caso grego e italiano, a conservação formal do voto obrigatório até 1993 e 2001, respectivamente, poderão ter produzido um efeito de indução da participação que não se verifica nos restantes países.

5. Conclusões preliminares

Este paper procura oferecer uma perspectiva de conjunto sobre as eleições na Europa do

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Desde logo, a análise dos dados disponibilizados pelo projecto V-Dem revela que, no plano

institucional, a hierarquia entre democracias anteriores à terceira vaga (França e Itália) e estabelecidas no decurso desta (Portugal, Grécia e Espanha) não se aplica. Talvez o indicador mais flagrante seja a persistência da “compra de votos”, que é praticamente inexistente em Portugal, Espanha e França, residual na Grécia, e comparativamente frequente em Itália. Assim, não resultam evidências de práticas clientelares disseminadas na Europa do Sul, mas antes da subsistência de bolsas localizadas. Se no caso espanhol o desenvolvimento económico à época da transição para a democracia tem sido apontado como inibidor da reemergência de práticas clientelares – com a possível excepção da Andaluzia (Pérez Díaz 1993) – já os dados relativos ao caso português reforçam a tese de que as conjunturas críticas de tipo revolucionário podem exercer um efeito duradouro de aprofundamento da qualidade da democracia (Bermeo 1987; Fernandes 2015) mesmo em contextos em que o legado anterior (Almeida 1991; Lopes 1991) ofereceria condições adequadas à proliferação de práticas clientelares.

Em sentido contrário, o caso italiano suscita uma observação num plano mais geral. A literatura em política comparada tem alertado para a necessidade de se proceder a uma desagregação dos casos em instâncias de comparação subnacionais, sobretudo em regimes não consolidados ou em que o controlo do Estado sobre a totalidade do território é incipiente (Snyder 2001; Moncada e Snyder 2012). Os dados do projecto V-Dem aqui analisados, em particular quanto ao caso italiano, apontam no sentido de esta orientação ser relevante também no estudo de democracias já consolidadas.

É também na Grécia e em Itália, por contraposição a Portugal, Espanha e (em menor grau) França, que as instituições eleitorais têm sido objecto de mudanças legislativas mais frequentes. Desta forma, na linha de Gunther (2004), que sustenta que os sistemas de partidos das novas democracias do Sul da Europa percorreram etapas evolutivas mais rapidamente que o italiano, também no campo da consolidação institucional das regras do funcionamento do sistema podemos concluir que há uma evolução divergente, pelo menos entre Portugal e Espanha, por um lado, e Itália e Grécia, por outro.

(21)

recurso a dados de outra índole permitiria testar com robustez esta hipótese. Uma questão que permanece em aberto é qual o grau de importância que as práticas informais analisadas neste paper

possam ter enquanto indutoras de participação. O sucesso de uma mobilização eleitoral de tipo clientelar traduz-se necessariamente em taxas altas de participação (Putnam 2000, 495). Como tal, níveis elevados de participação eleitoral podem não implicar necessariamente consequências virtuosas para a democracia.

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Figura 1: Cronologia eleitoral
Figura 2. “Compra” de votos na Europa do Sul
Figura 3. Tipo de políticas públicas promovidas
Figura 4. Evolução da participação eleitoral
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