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Intervenção do Presidente do Comité Olímpico de Portugal na cerimónia do 105.º aniversário do COP

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Intervenção do Presidente do Comité Olímpico de Portugal na cerimónia do 105.º aniversário do COP

Em dia de aniversário quero começar por agradecer a presença de todos representando os mais diversos quadrantes da sociedade portuguesa e que se quiseram associar a esta nossa celebração.

É também o momento para prestar homenagem, agradecer e enaltecer o papel de todos quanto nos antecederam ao longos de mais de cem anos do movimento olímpico nacional e ajudaram a construir o nosso Comité Olímpico:

atletas, treinadores, dirigentes, árbitros, médicos, comunicação social e outros atores e agentes da vida desportiva nacional

Os aniversários do Comité Olímpico de Portugal são naturalmente momentos de celebração mas também momentos em que o presidente do comité olímpico tradicionalmente partilha com os presentes algumas das preocupações do seu exercício de governação.

Trata-se do primeiro ano de exercício completo desta Comissão Executiva do COP enquadrado por um programa de preparação olímpica com um horizonte de três ciclos olímpicos, cuja supervisão técnica e desportiva o Estado nos atribuiu.

Um exercício, conforme sublinhámos ao assumir estas funções, marcado pelo desígnio de valorizar socialmente o desporto português. Centrado em promover a sua relevância e importância para o desenvolvimento da nossa sociedade.

Um desporto que está muito longe de se esgotar nos espaços de competição.

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Um desporto que está muito longe de se cingir às circunstâncias de quatro em quatro anos nos mobilizam e envolvem em um dos maiores eventos à escala planetária.

Um desporto que se projeta para além dos sucessos e desventuras dos nossos mais destacados atletas e treinadores.

Colocar o desporto e os valores olímpicos num outro patamar de importância na sociedade portuguesa é o enorme desafio que temos pela frente. Sabíamo-lo bem quando iniciámos funções. Sabemo-lo, hoje, ainda melhor.

Sabemos que para aspirar a outros níveis de desenvolvimento desportivo não nos resta outra alternativa que não a de empenharmos todos os nossos esforços e o melhor de cada um de nós no alcançar desse desígnio. Valorizar o desporto para que lhe seja atribuída uma outra importância social.

Caso contrário continuaremos a lamentarmo-nos perante a menor importância que é dada ao desporto perante a indiferença e insensibilidade de muitos: de líderes de opinião, de responsáveis políticos, de gestores empresariais.

Uma indiferença e insensibilidade que se revela no modo como as empresas públicas assumem o seu papel de responsabilidade social na sustentabilidade do nosso modelo de desenvolvimento.

Como o sistema educativo trata a educação física e do desporto na escola.

Como a ciência desinveste na investigação no âmbito das ciências do desporto Como se perdem eventos desportivos que ao longo de décadas foram arduamente conquistados e criaram uma imagem de marca do país a nível internacional e potenciaram a nossa economia.

Nas profundas marcas de desigualdade de género nos mais diversos indicadores

de participação desportiva das mulheres que nos colocam na cauda da Europa.

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No enquadramento fiscal da atividade das federações desportivas.

Na regulação do mercado de apostas desportivas e na proteção dos direitos comerciais daqueles que organizam as competições em torno das quais este mercado floresce.

Em suma, continuaremos a convocar os parceiros e representantes dos mais diversos sectores sociais para a formulação de políticas desportivas, mas permaneceremos arredados dos processos de consulta e tomada de decisão destas e de outras áreas essenciais para o nosso futuro.

Onde e quem nos representa no âmbito dos órgãos de consulta em matéria de políticas de educação, de saúde, de trabalho, de fiscalidade, de turismo, de igualdade de género, de promoção do voluntariado, de empreendedorismo e inovação?

O que explica que no âmbito das políticas públicas dos setores que acabei de citar exista uma ausência de representatividade institucional do desporto, inversamente proporcional à importância que lhe é amplamente reconhecida pela comunidade e pelas mais diversas instâncias internacionais como a União Europeia ou as Nações Unidos, em cuja Assembleia-Geral o Comité Olímpico Internacional tem o estatuto de observador?

Minhas senhoras e meus senhores

Perante esta evidente tendência de menorização, o movimento olímpico não

pode conformar-se, não pode deixar de se inquietar e tomar as medidas que se

impõem, atendendo aos seus princípios fundamentais, vertidos na Carta

Olímpica, que, aliando o desporto à cultura e à educação, colocam o desporto

ao serviço do desenvolvimento da pessoa humana.

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Sabemos que, para assumir esta missão, as instituições que representamos devem ser exemplares e irrepreensíveis na forma como preservam e promovem estes princípios.

Num contexto de profunda agitação social, e onde a ética, virou moda e corre o risco de ser pouco mais do que uma palavra banalizada, as instituições são cada vez mais vistas como uma reserva moral da sociedade.

E o escrutínio público sobre as práticas e o discurso daqueles que as lideram é implacável.

Por isso, não nos credibilizamos quando as práticas são dissonantes do discurso.

Não marcamos a diferença quando balcanizamos as nossas instituições em expedientes em tudo semelhantes aos que criticamos, ou instrumentalizamos aqueles que representamos na reivindicação de interesses menores, imediatos e circunstanciais.

Alterar esta situação requer firmeza de princípios e uma forte moral de convicção. E ninguém a não sermos nós pode fazer esse trabalho

Uma parte muito significativa dos principais constrangimentos que a vida desportiva enfrenta tem fundamento numa insensibilidade cultural ao papel que o desporto desempenha na construção de uma sociedade moderna.

Um contexto que exige mais de nós. Reclama uma outra atitude. Pede horizontes mais alargados. Requer uma cultura de compromisso assente em bons exemplos que passamos à sociedade.

O desporto é formação, é treino, é disciplina, é superação.

Caso queiramos, como estou certo que todos aqui presentes o desejam,

posicionar o movimento olímpico e desportivo no lugar que lhe pertence na

sociedade portuguesa temos de ir buscar forças aos exemplos dos nossos

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campeões desportivos e ao modo como são capazes de vencer contrariando dificuldades e adversidades.

Minhas senhoras e meus senhores

É a visão universal, que fundou o moderno movimento olímpico, que hoje aqui também estamos a celebrar.

E a distinguir aqueles que foram os melhores entre os melhores.

Que reconhece aqueles que deram uma profunda expressão artística ao desporto através da sua obra, como foi Espiga Pinto, a cuja memória rendo sentida homenagem.

Mas também valoriza a excelência da investigação em diversos domínios científicos que têm no desporto o seu objeto de estudo.

Que não se esquece daqueles que colocaram o nome do país ao mais alto nível e são exemplos vivos dos mais nobres valores do olimpismo, como Mário Quina e Manuela Machado. São dois nomes e carreiras que nos orgulhamos de distinguir.

Salientamos também que, mesmo perante as adversidades à competitividade do desporto português na cena internacional, conseguimos superar inúmeros obstáculos e obter resultados de excelência que acalentam esperança para o futuro.

Seja em atletas jovens como é o caso de Ivo Oliveira ou em modalidades cujos

resultados nos colocam no topo europeu, como aquele obtido pela seleção

nacional masculina de séniores em ténis de mesa.

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Deste modo, crescemos como movimento desportivo e olímpico e valorizamo- nos socialmente através da ação concertada destes exemplos e das organizações que os representam, através dos princípios e valores de uma linguagem universal que nos une e inspira a celebrar a capacidade do homem em estabelecer objetivos. A crescer, enfrentando e superando os desafios que se colocam para os atingir. A almejar mais alto, mais forte, mais longe.

Hoje, como no passado, é este o património mais rico que os pais fundadores do olimpismo nos legaram, que nos cumpre preservar e valorizar.

É o contributo que o desporto, como nenhuma outra linguagem universal, tem a responsabilidade de prestar para uma sociedade mais desenvolvida, mais justa, mais solidária.

Oxalá todos aqui presentes, a começar pela instituição que represento, saibamos estar à altura deste desafio.

Colocar o desporto e os valores do olimpismo como elemento importante na vida da nossa comunidade.

Muito obrigado!

Lisboa, 27 de Novembro de 2014

José Manuel Constantino

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