Cenários para os países
desenvolvidos, sua inter-relação com a China e os demais
emergentes
Samuel Pessoa
Tendências Consultoria
14 de abril, Hotel Unique
ROTEIRO
1. Guerra cambial?
2. Desequilíbrio macroeconômico
3. O que podemos esperar do Euro
4. Dinâmica do crescimento da China
ROTEIRO
1. Guerra cambial? Não há
2. Desequilíbrio macroeconômico: menor do que se imagina
3. O que podemos esperar do Euro: união monetária menor
4. Dinâmica do crescimento da China: sólida
GUERRA CAMBIAL
• Crise clássica de demanda efetiva
• O risco de deflação e a impossibilidade de baixar mais os juros sugerem que a política monetária possível é se comprometer com inflação futura
• Para os EUA é necessário inflacionar o mundo, visto que o US$ é conversível e, portanto, não é possível os EUA introduzirem barreiras à saída de divisas
• A importação de inflação reduz os juros ajudando na recuperação da economia
– A política tem sido bem sucedida
GUERRA CAMBIAL Brasil
• Apesar da forte liquidez internacional não
parece que o câmbio real está valorizado em relação ao câmbio de equilíbrio determinado pelos fundamentos
– Passivo externo líquido e termos de troca
• Pastore e colaboradores
• De fato, segundo nossa atualização dos cálculos de Pastore há hoje uma
desvalorização do câmbio de 5%
GUERRA CAMBIAL Brasil
50 60 70 80 90 100 110 120 130 140
dez-90 set-91 jun-92 mar-93 dez-93 set-94 jun-95 mar-96 dez-96 set-97 jun-98 mar-99 dez-99 set-00 jun-01 mar-02 dez-02 set-03 jun-04 mar-05 dez-05 set-06 jun-07 mar-08 dez-08 set-09 jun-10
câmbio real câmbio real equilíbrio
DESVIO DO TEMA: FORMAÇÃO DOS JUROS BRASIL
0 250 500 750 1000 1250 1500 1750 2000 2250
5.0%
7.0%
9.0%
11.0%
13.0%
15.0%
17.0%
19.0%
21.0%
23.0%
Swap 360 real EMBI BR
DESEQUILÍBRIO MACROECONÔMICO
• Há países superavitários e países deficitários
• Uns absorvem e outros cedem poupança
• Os que absorvem poupança apresentam um saldo do balanço de transações correntes
deficitário
• Exemplo mais emblemático: China e EUA
• Parte do ajuste já ocorreu
• Não entanto há um fato estranho...
DESEQUILÍBRIO MACROECONÔMICO
Saldo de transações correntes (% PIB)
-8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8 10
ALEMANHA AUSTRÁLIA BRASIL CHINA
ESTADOS UNIDOS REINO UNIDO JAPÃO
DESEQUILÍBRIO MACROECONÔMICO
Ativo externo líquido (% PIB)
-60 -40 -20 0 20 40 60
ALEMANHA AUSTRÁLIA BRASIL CHINA
ESTADOS UNIDOS REINO UNIDO JAPÃO
DESEQUILÍBRIO MACROECONÔMICO
• Não entanto há um fato estranho...
• Vamos observar a conta de rendas
– Juros, dividendos e lucros
– Se o país é credor do resto do mundo espera-se que a conta de renda seja superavitária e vice versa
• Taxa de lucro média do ativo: razão percentual entre o saldo da conta de renda na data t com o ativo externo líquido na data t-1
• EUA e Reino Unido não obedecem a esta lógica!
DESEQUILÍBRIO MACROECONÔMICO
Taxa de lucro implícita no ativo externo líquido (%)
-15 -10 -5 0 5 10 15
Brazil Australia
Japan Germany
United Kingdom United States
DESEQUILÍBRIO MACROECONÔMICO
• A remuneração dos ativos é maior do que a remuneração dos passivos
– Marcado a mercado os EUA são credores!
• Ela deve-se à exportação de serviços intangíveis não captados pela metodologia padrão das contas nacionais
• Serviços:
1. Liquidez: PMPP não residente nos EUA 2. Seguro: Treasure Bills
3. Capacidade gerencial e tecnologia: FDI
• Exemplo:
– Reservas em US$: 5,7 trilhões
– PIB do mundo excluindo EUA: 44 trilhões
• Reservas são 13% do PIB
– PIB do mundo cresce 3,5% ao ano: 1,3 trilhão em um ano – 13% de 1,3 trilhão é 200 bilhões ou 1,3% do PIB dos EUA
• Evidentemente o Tesouro paga juros na maioria dos papeis
• Há um excesso de retorno dos ativos sobre os passivos de 1,5%:
representa um fluxo de renda de aproximadamente 1% do PIB
americano
FUTURO DO EURO
• A criação da área do EURO representa um passo maior do que a própria perna
• Caso extremo de padrão ouro
– Os países abriram mão de sua moeda
– Não há cláusula de saída no tratado de Lisboa
• Não se trata de uma área monetária ótima
– Mobilidade do trabalho – Instituições fiscais
• Problema da entrada
• Hoje: além do problema de estoques há o problema de fluxos
• Não conheço experiência deflacionária bem sucedida
FUTURO DO EURO
“The slide to protection in the great depression: who succumbed and why?” de Eichengreen e Irwin, NBER wp, # 15142
• A grande depressão fechou as economias
• No entanto este processo não foi uniforme nas diversas economias
– As economias que se mantiveram no padrão ouro – área do Franco, EUA, Holanda e Suíça – recorreram mais intensamente aos controles do comércio
– As que abandonaram o padrão ouro – área da Libra – não interferiram tanto no comércio
• Impedimentos ao comércio pode ser um substituto (imperfeito) à desvalorização cambial
• A EU não tem este instrumento!
• Pergunta: quantos anos de deflação os gregos aguentarão?
ESTAMOS VIVENDO A PAX CHINESA?
• Fatos:
– Não há sinais de queda ou estagnação da produtividade total dos fatores para a China
– A PTF para o Japão parou de crescer mais de uma década antes do produto parar de crescer
– Por outro lado a PEA na zona rural ainda é majoritária
– E há forte esforço educacional
0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000 40000 45000 50000
Produto per capita
US$ de 2005 em paridade do poder de compra da moeda
Brasil China
Estados Unidos Japão
Alemanha
0 10000 20000 30000 40000 50000 60000 70000 80000 90000
Produto por trabalhador
US$ de 2005 em paridade do poder de compra da moeda
Brasil China
Estados Unidos Japão
Alemanha
0 20 40 60 80 100 120 140
Produtividade Total dos Fatores
EUA 1990=100
Brasil China
Estados Unidos Japão
Alemanha
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30
Produto Marginal do Capital
Brasil China
Estados Unidos Japão
ALEMANHA
Total Completed Total Completed Total Completed
China 1950 15 + 69,8 21,9 6,1 8 4,8 0,3 0,2 1,620 1,342 0,269 0,010 368715
1955 15 + 64,6 25,5 8,1 9,4 5,8 0,5 0,3 1,944 1,605 0,324 0,015 383044
1960 15 + 58,3 28,7 10 12,3 7,7 0,7 0,4 2,388 1,940 0,427 0,021 401694
1965 15 + 50,9 32,7 12,4 15,5 11,3 0,8 0,4 2,930 2,334 0,571 0,026 436196
1970 15 + 41,9 36,9 16 20,3 13,8 0,8 0,4 3,597 2,856 0,716 0,025 500636
1975 15 + 35,4 38,5 18,4 25,2 12,9 0,9 0,4 4,097 3,273 0,798 0,027 561430
1980 15 + 27,1 38,4 20,1 33,6 9,3 0,9 0,4 4,748 3,825 0,896 0,027 644245
1985 15 + 23,6 36,9 20,5 38 14,5 1,5 0,8 5,248 4,092 1,110 0,046 745898
1990 15 + 22,2 34,5 19,9 41,3 21,8 1,9 1 5,624 4,227 1,339 0,059 835430
1995 15 + 16 33,6 19,8 47,2 29,2 3,1 1,7 6,363 4,540 1,726 0,097 896920
2000 15 + 11 30,4 18,3 54,1 36,2 4,6 2,6 7,106 4,808 2,154 0,144 958307
2005 15 + 8,4 27,5 17 57,7 41,6 6,3 3,6 7,622 4,916 2,507 0,199 1034076
2010 15 + 6,5 24,1 15 60,4 46 9 5,1 8,166 4,999 2,884 0,284 1090693
Brazil 1950 15 + 62,8 31,7 14,4 4,8 3,2 0,7 0,4 1,499 1,140 0,337 0,022 31543
1955 15 + 56,5 36,1 15,9 6,4 3,9 1 0,6 1,810 1,335 0,442 0,032 36440
1960 15 + 52 39,1 17 7,6 4,2 1,2 0,8 2,027 1,474 0,513 0,040 41263
1965 15 + 45,3 43,1 18,4 10 4,6 1,5 1 2,377 1,688 0,640 0,049 47487
1970 15 + 37,8 47,1 20,6 13,3 4,8 1,7 1,1 2,809 1,955 0,797 0,057 55315
1975 15 + 27 61,5 5,1 7,7 2,9 3,8 2,4 2,572 1,791 0,657 0,124 64538
1980 15 + 27,4 59 6,2 9,3 3,6 4,3 2,5 2,763 1,846 0,780 0,136 75298
1985 15 + 23 58,3 6,3 13,5 5,6 5,2 3,1 3,508 2,375 0,967 0,166 85749
1990 15 + 21,7 55,6 6 17,1 7,5 5,5 3,3 4,023 2,778 1,069 0,176 96664
1995 15 + 19,5 51,8 22,4 22,6 10,6 5,9 3,5 5,143 3,716 1,239 0,189 108886
2000 15 + 16,2 44,5 26,2 32,6 16,8 6,5 3,8 6,295 4,506 1,582 0,207 122354
2005 15 + 12,4 39,7 27,4 41,3 23,6 6,3 3,8 7,198 5,159 1,837 0,202 134481
2010 15 + 10,1 37,9 27,3 44,4 26,3 7,4 4,4 7,539 5,188 2,116 0,236 145288
Avg.
Year of Primary
Schooli ng
Avg.
Year of Second
ary Schooli
ng
Avg.
Year of Tertiar
y Schooli
Population (1000s)
Primary Secondary Tertiary
(% of population aged 15 and over)
Country Year Age Group No
Schooling
Highest level attained Avg.
Year of Total Schooli
ng
Evolução do capital humano
Barro e Lee, 2010
Dados sobre emprego na China (em 10.000 pessoas)
2004 2005 2006 2007 2008 2028
PEA total 76.823 77.877 78.244 78.645 79.243 101524 PEA urbana 27.303 28.170 29.157 30.180 31.096 60145 PEA rural * 49.520 49.707 49.087 48.465 48.147 41379
PEA total 100 100 100 100 100 100
PEA urbana 36 36 37 38 39 59
PEA rural * 64 64 63 62 61 41
Empregado total 75.200 75.825 76.400 76.990 77.480 Empregados setor urbano 26.476 27.331 28.310 29.350 30.210 Empregados setor rural 48.724 48.494 48.090 47.640 47.270 Desocupação:
Desempregados setor urbano 827 839 847 830 886 Desempregados setor rural ** 796 1.213 997 825 877
* Calculado pela Copex por diferença entre a PEA total e a PEA urbana.
** Calculado pela Copex por diferença entre total da PEA, total de empregados e total de desempregados do setor urbano.
Fonte: National Bureau of Statistics of China
PEA total 1,37 0,47 0,51 0,76 0,78
PEA urbana 3,18 3,50 3,51 3,04 3,31
PEA rural * 0,38 -1,25 -1,27 -0,66 -0,70
Empregado total 0,83 0,76 0,77 0,64 0,75
Empregados setor urbano 3,23 3,58 3,67 2,93 3,35
Empregados setor rural -0,47 -0,83 -0,94 -0,78 -0,75
EVOLUÇÃO DOS TERMOS DE TROCA PARA A MÉRICA LATINA A experiência histórica aponta que pode haver ciclos de longo
prazo de commodities
0 20 40 60 80 100 120 140
1750 1760 1770 1780 1790 1800 1810 1820 1830 1840 1850 1860 1870 1880 1890 1900 1910 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010
América Latina (Jeffrey Williamson) - 4 países weighted América Latina (Jeffrey Williamson) - 8 países unweighted Brasil (IpeaData) - índice (média 1995 = 100)
Brazil (IpeaData - Dado FUNCEX) - índice (média 1996 = 100)