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ANÁLISE DA COMPOSIÇÃO GRAVIMÉTRICA DE RESÍDUOS SÓLIDOS EM MUNICÍPIO DE HABITANTES

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Academic year: 2022

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ANÁLISE DA COMPOSIÇÃO GRAVIMÉTRICA DE RESÍDUOS SÓLIDOS EM MUNICÍPIO DE 60.000 HABITANTES

Elisa Kerber Schoenell – elisa.ambiental@gmail.com Universidade Feevale – Doutoranda em Qualidade Ambiental Rua Osvaldo Aranha, n° 1738 - Centro

95780-000 – Montenegro - RS

Tamires Augustin da Silveira – tamires_augustin@hotmail.com

Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Graduanda em Engenharia Ambiental

Resumo: A composição gravimétrica de resíduos sólidos pode auxiliar na gestão de resíduos sólidos municipais, composição esta que faz parte de um diagnóstico, item necessário nos planos municipais de resíduos sólidos. Este estudo objetivou analisar a composição gravimétrica de resíduos sólidos de um município de 60.000 habitantes. A pesquisa foi efetuada através da caracterização sacolas de resíduos provenientes dos três tipos de coletas existentes no município: urbana, rural e seletiva. Os resíduos foram divididos primeiramente nas seguintes categorias: Matéria Orgânica; Plástico; Metal;

Papel/Papelão; Embalagem Longa-Vida; Vidro; Panos, Trapos e Couros; Isopor; Borracha; Pedra, Terra, Cerâmica, Construção e Madeira; Contaminantes Químicos; e Outros (contaminantes biológicos, fraldas, esponjas, espumas); e posteriormente em três categorias: Matéria Orgânica;

Recicláveis; e Rejeitos. A porcentagem de resíduos recicláveis encontrados na coleta urbana (51,7%) e de orgânicos da coleta seletiva (10,5%) indicou a necessidade de campanhas de divulgação dos dias de coleta seletiva e de como separar os resíduos. A porcentagem de orgânicos na coleta rural (20,1%) indicou a necessidade de campanhas para elaboração de compostagem caseira. A correta gestão e o correto gerenciamento de resíduos sólidos poderiam trazer ganhos ambientais e econômicos para o município, como a diminuição de resíduos dispostos em aterro sanitário e consequentemente decréscimo de custos com essa disposição.

Palavras-chave: Resíduo sólido, Composição gravimétrica, Gestão de resíduos.

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ANALYSIS OF GRAVIMETRIC COMPOSITION OF SOLID WASTE IN A CITY OF 60.000 INHABITANTS

Abstract: Gravimetric composition of solid waste may assist the municipal solid waste management, which is part of a diagnosis, required item in municipal solid waste plans. This study aimed to analyze the gravimetric composition of solid waste in a city of 60.000 inhabitants. The research was performed through the characterization of waste bags from the three types of waste collections in the city: urban, rural and selective. First the wastes were divided into the following categories: Organic Matter; Plastic; Metal; Paper/Cardboard; Long-Life packages; Glass, Cloths, Rags and Leather;

Styrofoam; Rubber; Stone, Soil, Ceramics, Construction and Wood; Chemical Contaminants; and Others (biologic contaminants, diapers, sponges, foams); and later in three categories: Organic Matter; Recyclable; and Rejects. The percentage of recyclable wastes reached in the urban waste collection (51,7%) and organics wastes reached on the selective waste collection (10,5%) indicated the need of information campaigns to divulgate the days of selective waste collection and how to separate wastes. The percentage of organics wastes on the rural waste collection (20,1%) indicated the need of campaigns to elaborate house composting. The correct solid waste management could bring environmental and economic benefits to the city, such as the reduction of waste disposed in landfill and consequently its costs of disposal.

Keywords: Solid waste, Gravimetric composition, Waste management.

1. INTRODUÇÃO

O crescimento populacional desencadeou o aumento do consumismo e, consequentemente, vem ocasionando impactos ambientais negativos, seja pelo aumento da extração de matérias-primas para suprir o mercado de consumo, ou pela geração de resíduos e efluentes na produção e no pós-consumo.

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei n° 12.305/2010) define resíduo sólido como:

Material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível (BRASIL, 2010).

Já rejeito é definido pela mesma lei como “resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperação por processos tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade que não a disposição final ambientalmente adequada” (BRASIL, 2010).

A gestão e o gerenciamento de resíduos sólidos devem iniciar na geração do mesmo, passando pela forma de acondicionamento, transporte, tratamento e disposição final. Quando não destinados adequadamente, os resíduos sólidos provocam impactos adversos no meio ambiente, os quais vão desde a poluição do solo e da água, atração de vetores de doenças, até a ingestão por organismos aquáticos.

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Para se estabelecer políticas públicas para gestão de resíduos sólidos é imprescindível conhecer as características dos mesmos, através de um diagnóstico, item que deve compor o Plano Municipal de Resíduos Sólidos, conforme inciso I do artigo 19 da Lei n° 12.305/2010.

2. OBJETIVO

O objetivo desse trabalho foi analisar a composição gravimétrica de resíduos sólidos de um município de 60 mil habitantes.

3. METODOLOGIA

Este trabalho foi realizado no município de Montenegro, localizado na região metropolitana do Rio Grande do Sul – Brasil, a 66 km da capital do Estado, como pode ser visualizado na Figura 1. A cidade situa-se nas seguintes coordenadas geográficas: Latitude 29°41’20”S e Longitude 51°27’39”O.

Figura 1- Localização do município de Montenegro/RS

Fonte: Google mapas (2016)

Conforme dados do IBGE (2010), Montenegro possuía 59.415 habitantes no ano de 2010, dos quais 53.629 habitantes (90,26%) residiam na zona urbana do município e 5.786 habitantes (9,74%), na zona rural.

O presente estudo foi realizado em 2013, quando a cidade realizava 3 formas distintas de coleta de resíduos sólidos: Coleta na zona rural (utilizando caminhão prensa); Coleta na zona urbana para os resíduos orgânicos (utilizando caminhão prensa); e Coleta Seletiva na zona urbana para os resíduos recicláveis (utilizando caminhão aberto/baú).

Para a composição gravimétrica dos 3 tipos de coleta, realizou-se uma amostragem com 20 sacolas, as quais foram retiradas de dentro dos caminhões de coleta. Inicialmente as sacolas foram pesadas para verificar a massa total. Posteriormente os resíduos foram separados em categoria, conforme Quadro 1. Após essa etapa, os materiais foram pesados por categoria para se obter a massa e, através dessa, foi calculada a porcentagem de cada uma dentro da quantidade total de resíduos de cada coleta.

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Quadro 1- Categorias utilizadas para classificação com vistas à composição gravimétrica.

Matéria Orgânica Contaminantes Químicos (pilhas, baterias, lâmpadas, eletroeletrônicos, remédios,

tintas).

Outros

(contaminantes biológicos, fraldas, esponjas, espumas)

Plástico Metal Papel/Papelão

Embalagem Longa-Vida Vidro Isopor

Panos, Trapos e Couros Borracha Pedra, Terra, Cerâmica,

Construção e Madeira

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Posteriormente, as categorias foram agrupadas em 3 grupos: Matéria Orgânica;

Recicláveis; e Rejeitos, possibilitando uma melhor visão sobre os resíduos gerados, bem como facilitando a escolha das linhas de ações a serem tomadas na gestão dos resíduos sólidos do município em questão.

4. RESULTADOS

No primeiro momento, pôde-se constatar uma grande diversidade de categorias de resíduos dentro de determinado tipo de coleta, como, por exemplo, a urbana (Figura 2), onde foi encontrado desde resíduos orgânicos até contaminantes químicos, além de grande porcentagem de resíduos recicláveis.

Figura 2- Composição gravimétrica de resíduos provenientes da coleta urbana do município de Montenegro/RS.

Pode-se verificar a heterogeneidade dos resíduos encontrados em todos os tipos de coletas, sendo que o maior percentual na coleta urbana correspondente a matéria orgânica e plásticos (17,6%), na coleta seletiva (Figura 3) correspondente aos plásticos e outros (26,3%) e na coleta rural correspondente a material orgânica, papelão e panos, trapos e couros (20,1%).

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Figura 3 – Composição gravimétrica de resíduos provenientes da coleta seletiva do município de Montenegro/RS.

Foi constatada grande quantidade de recicláveis, em especial o plástico na coleta urbana, quando o mesmo deveria ser enviado para a coleta seletiva, bem como grande quantidade de orgânicos na zona rural, conforme Figura 4, quando os mesmos poderiam ser destinados a uma compostagem dentro da propriedade. Costa et al (2012) identificaram que 13,34% dos RSU de Salinas/MG são plásticos e 12,85% papel/papelão, semelhantes aos dados encontrados no presente trabalho.

Figura 4 – Composição gravimétrica de resíduos provenientes da coleta rural do município de Montenegro/RS.

Ainda, deve-se observar a quantidade de contaminantes químicos nas coletas (14,7% na urbana, 2,6% na seletiva e 6,7% na rural), o que pode indicar que os habitantes não estão sabendo onde descartar esses resíduos, os quais normalmente são classificados como classe I – perigosos, conforme NBR 10.004/2004. Hernandes (2011) estudou as unidades de triagem de resíduos sólidos de

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São Leopoldo/RS e também encontrou resíduos perigosos, como resíduos de serviços da saúde (RSS) e industriais nas centrais de triagem, os quais eram considerados rejeitos e tinham como destinação o aterro sanitário de São Leopoldo/RS. Em Montenegro, estes resíduos também terão como destino final um aterro sanitário, localizado em Minas do Leão/RS.

Após a composição gravimétrica detalhada, os resíduos foram divididos em 3 categorias:

Matéria Orgânica, Recicláveis e Rejeitos. A seguir são apresentados os gráficos correspondentes à composição gravimétrica dessas três categorias para as coletas Urbana, Seletiva e Rural do município de Montenegro/RS.

Figura 5 – Composição gravimétrica de resíduos provenientes da coleta urbana do município de Montenegro/RS subdividida em categorias.

Figura 6 – Composição gravimétrica de resíduos provenientes da coleta seletiva do município de Montenegro/RS subdividida em categorias.

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Figura 7 – Composição gravimétrica de resíduos provenientes da coleta rural do município de Montenegro/RS subdividida em categorias.

A divisão entre estas três categorias facilitou a interpretação do diagnóstico e da caracterização gravimétrica dos resíduos sólidos de Montenegro/RS, bem como a proposição de ações em cada zona do município.

Através dessa divisão, pode-se observar que existe uma semelhança entre a composição gravimétrica dos resíduos nos três tipos de coleta para matéria orgânica, recicláveis e rejeitos, quando esperava-se uma porcentagem diferenciada para cada tipo de coleta, a saber: maior orgânicos e menor recicláveis na urbana; maior recicláveis na seletiva e menor orgânicos na rural.

Pode-se verificar a grande porcentagem de resíduo recicláveis na coleta urbana, os quais representam mais que metade da quantidade total coletada (51,7%). A quantidade de rejeitos deste trabalho na coleta urbana (30,8%) se assemelha a encontrada por Rezende et al (2003) em Jaú – SP (25,1%).

Em contrapartida, observou-se que 10,5% dos resíduos da coleta seletiva correspondem a orgânicos, os quais deveriam ser dispostos em composteiras caseiras ou ser destinados na coleta urbana. Isto indica a necessidade iminente de melhorar a divulgação dos dias de coleta seletiva nos bairros urbanos do município, pois conforme dados do Plano Municipal de Resíduos Sólidos (2014), todos os bairros da zona urbana dispõem de coleta seletiva. Esta divulgação pode ser feita por panfletos encartados em jornais e distribuídos em eventos ou outros locais, como supermercados, ou ainda pode-se iniciar campanhas nas escolas sobre como separar os resíduos e em qual dia cada bairro deve colocar a sacola dos recicláveis para a lixeira externa.

Já na zona rural, pode-se observar que 20,1% dos resíduos correspondem a matéria orgânica. Guadagnin et al. (2014) estudaram a composição gravimétrica de RSU de cidades do sul Catarinense e constaram que no município de Jaguaruna, também na área rural, 22,59% correspondem a matéria orgânica. Sabe-se que nessa zona a compostagem de materiais orgânicos é facilitada, tanto por espaço como por uso do composto na propriedade. Assim sendo, sugere-se aumentar campanhas de educação ambiental no que tange a elaboração de compostagem caseira, a qual não necessariamente precisa ser focada na zona rural do município.

Ressalta-se que com estas campanhas e mudanças de atitude da população, os custos com a coleta e o destino final dos resíduos serão diminuídos, tendo em vista também que os resíduos são pagos por tonelada coletada e disposta nos aterros, além de também diminuir o espaço utilizado em aterros sanitários.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A caracterização dos resíduos através da composição gravimétrica se mostrou uma ferramenta útil para prever programas e ações para gestão de resíduos sólidos, além de trazer dados de geração de resíduos desconhecidos até então.

A porcentagem de resíduos recicláveis na coleta urbana (51,7%) e de orgânicos da coleta seletiva (10,5%) indica a necessidade de campanhas de divulgação dos dias de coleta seletiva e de como separar os resíduos.

A porcentagem de orgânicos na coleta rural (20,1%) indica a necessidade de campanhas para elaboração de compostagem caseira.

A correta gestão e o correto gerenciamento de resíduos sólidos de Montenegro/RS trariam ganhos ambientais e econômicos para o município, como a diminuição de resíduos dispostos em aterro sanitário e consequentemente decréscimo de custos com essa disposição.

6. REFERÊNCIAS

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 10004: resíduos sólidos: classificação. Rio de Janeiro, 2004. 63p.

BRASIL, Lei n°12.305 de 2 de Agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos;

altera a Lei n° 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Brasília, DF, 2 de agosto de 2010. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm>.

Acesso em: dez/2015.

COSTA, Leonardo Estefanini Barreto; COSTA, Silvia Kimo; REGO, Neylor Alves Calasans;

JUNIOR, Milton Ferreira da Silva. Gravimétrica dos Resíduos Sólidos Urbanos Domiciliares e Perfil Socioeconômico no Município de Salinas, Minas Gerais. Revista Ibero-Americana de Ciências Ambientais, Aquidabã, v.3, n.2, p.73-90, 2012.

GOOGLE MAPAS. Localização do município de Montenegro, RS. Disponível em:

<<https://googlemaps.com>. Acesso em: maio/2016.

GUADAGNIN, Mario Ricardo; OENING, Adrielli da Silva; LIMA, Bruna Borsatto; DAL PONT, Cristiane Bardini; VALVASSORI, Morgana Levati. Estudo de Composição Gravimétrica dos Resíduos Sólidos Urbanos em Municípios do Sul Catarinense. IX Simpósio Internacional de Qualidade Ambiental. Porto Alegre – RS, 2014.

HERNANDES, Alessandra Rosado. Uma Proposta de Sistema de Gestão Integrado para Unidades de Triagem de Resíduos Sólidos Urbanos. 2011. 133 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) - Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo, RS, 2011.

MONTENEGRO. Plano de Resíduos Sólidos. 2014. Disponível em:

<https://www.montenegro.rs.gov.br/download_anexo/index.asp?strARQUIVO=PLANO%20RES%C DDUOS%20FINAL.pdf&strDescricao=PLANO%20DE%20RES%CDDUOS>. Acesso em dez de 2015.

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REZENDE, Jozrael Henriques; CARBONI, Marina; MURGEL, Mauricio Arruda de Toledo; CAPPS, Ana Luiza de Almeida Prado; TEIXEIRA, Heverton Leandro; SIMOES, Gislaine Teresinha Capra;

RUSSI, Reinaldo Rogério; LOURENCO, Bruna Letícia Romero; OLIVEIRA, Cristina de Almeida.

Composição Gravimétrica e Peso Específico dos Resíduos Sólidos Urbanos em Jaú (SP).

Engenharia Sanitária e Ambiental. v.18, n.1., p.1-8, 2013.

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