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FICHA DE TRABALHO DE GRAMÁTICA- MEMORIAL DO CONVENTO

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Academic year: 2021

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FICHA DE TRABALHO DE GRAMÁTICA- MEMORIAL DO CONVENTO

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D. João, quinto do nome na tabela real, irá esta noite ao quarto de sua mulher, D.

Maria Ana de Josefa, que chegou há mais de dois anos da Áustria para dar infantes à coroa portuguesa e até hoje ainda não emprenhou. Já se murmura na corte, dentro e fora do palácio, que a rainha, provavelmente, tem a madre seca, insinuação muito resguardada de orelhas e bocas delatoras e que só entre íntimos se confia. Que caiba a culpa ao rei, nem pensar, primeiro porque a esterilidade não é mal dos homens, das mulheres sim, por isso são repudiadas tantas vezes, e segundo, material prova, se necessária ela fosse, porque abundam no reino bastardos da real semente e ainda agora a procissão vai na praça. Além disso, quem se extenua a implorar ao céu um filho não é o rei, mas a rainha, e também por duas razões. A primeira razão é que um rei, e ainda mais se de Portugal for, não pede o que unicamente está em seu poder dar, a segunda razão porque sendo a mulher, naturalmente, vaso de receber, há de ser naturalmente suplicante, tanto em novenas organizadas como em orações ocasionais. Mas nem a persistência do rei, que, salvo dificultação canónica ou impedimento fisiológico, duas vezes por semana cumpre vigorosamente o seu dever real e conjugal, nem a paciência e humildade da rainha que, a mais das preces, se sacrifica a uma imobilidade total depois de retirar-se de si e da cama o esposo, para que se não perturbem em seu gerativo acomodamento os líquidos comuns, escassos os seus por falta de estímulo e tempo, e cristianíssima retenção moral, pródigos os do soberano, como se espera de um homem que ainda não fez vinte e dois anos, nem isto nem aquilo fizeram inchar até hoje a barriga de D. Maria Ana. Mas Deus é grande.

Quase tão grande como Deus é a basílica de S. Pedro de Roma que el-rei está a levantar. É uma construção sem caboucos nem alicerces, assenta em tampo de mesa que não precisaria ser tão sólido para a carga que suporta, miniatura de basílica dispersa em pedaços de encaixar, segundo o antigo sistema de macho e fêmea, que, à mão reverente, vão sendo colhidos pelos quatro camaristas de serviço. A arca donde os retiram cheira a incenso, e os veludos carmesins que os envolvem, separadamente para que se não trilhe o rosto da estátua na aresta do pilar, refulgem à luz dos grossíssimos brandões

1

. A obra vai adiantada. Já todas as paredes estão firmes nos engonços

2

, aprumadas se veem as colunas sob a cornija percorrida de latinas letras que explicam o nome e o título de Paulo V Borghese e que el-rei há muito tempo deixou de ler, embora sempre os seus olhos se comprazam no número ordinal daquele papa, por via da igualdade do seu próprio. Em rei seria defeito a modéstia. Vai ajustando nos buracos apropriados da cimalha as figuras dos profetas e dos santos, e por cada uma fez vénia o camarista, afasta as dobras preciosas do veludo, aí está uma estátua oferecida na palma da mão, um profeta de barriga para baixo, um santo que trocou os pés pela cabeça, mas nestas involuntárias irreverências ninguém repara, tanto mais que logo el- rei reconstitui a ordem e a solenidade que convêm às coisas sagradas, endireitando e pondo em seu lugar as vigilantes entidades. Do alto da cimalha

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o que elas veem não é a Praça de S. Pedro, mas o rei de Portugal e os camaristas que o servem. Veem o soalho da tribuna, as gelosias

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que dão para a capela real, e amanhã, à hora da primeira missa, se entretanto não regressarem aos veludos e à arca, hão de ver el-rei devotamente acompanhando o santo sacrifício, com o seu séquito, de que já não farão parte estes fidalgos que aqui estão porque se acaba a semana e entram outros ao serviço.Por baixo desta tribuna em que estamos, outra há, também velada de gelosias, mas sem construção de armar, capela fosse ou ermitério

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, onde apartada assiste a rainha ao ofício, nem mesmo a santidade do lugar tem sido propícia à gravidez.

1

Brandões: tochas.

2

Engonços: dobradiças.

3

Cimalha: parte superior da parede de um edifício.

4

Gelosia: grade com função decorativa e de defesa contra a luz e o calor excessivos.

5

Ermitério: Casa ou lugar isolado onde vive um eremita.

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SARAMAGO, José. (1984). Memorial do Convento, Lisboa, Editorial Caminho.

1. O narrador, quanto à presença e quanto à posição, é...

a) Ausente e conta subjetivamente a história.

b) Presente e conta subjetivamente a história.

c) Ausente e conta objetivamente a história.

d) Presente e conta objetivamente a história.

2. Indica a função sintática da expressão “quinto do nome na tabela real” (l. 1).

a) Modificador restritivo do nome b) Modificador apositivo do nome c) Modificador do grupo verbal d) Modificador de frase

3. Identifica o tempo e modo da forma verbal “irá” (l. 1).

a) Presente do Conjuntivo b) Futuro do Conjuntivo

c) Pretérito Mais-Que-Perfeito do Indicativo d) Futuro do Indicativo

4. A palavra “sua” (l. 1) pertence à classe:

a) Dos pronomes.

b) Das preposições.

c) Dos determinantes.

d) Das conjunções.

5. A oração “para dar infantes à coroa portuguesa” (l. 2) é subordinada...

a) Adjetiva relativa restritiva.

b) Substantiva completiva.

c) Adverbial final.

d) Adverbial consecutiva.

6. Encontra o sinónimo da palavra sublinhada: “ainda não emprenhou” (l. 3).

a) Se coroou b) Engravidou c) Viajou d) Cochilou

7. Escolhe a alínea que melhor esclarece a expressão “a rainha, provavelmente, tem a madre seca” (ll. 3-4).

a) A rainha, provavelmente, não fala com a mãe.

b) A mãe da rainha é, provavelmente, fria no modo de tratar a filha.

c) Levanta-se a hipótese de a rainha não ser religiosa.

d) A rainha, provavelmente, não poderá ter filhos.

8. A palavra “resguardada” (l. 4), quanto ao seu processo de formação, é uma palavra:

a) Derivada por parassíntese.

b) Derivada por prefixação e sufixação.

c) Derivada por prefixação.

d) Derivada por sufixação.

9. A oração “Que caiba a culpa ao rei” (l. 5) é subordinada:

a) Adjetiva relativa explicativa.

b) Substantiva completiva.

c) Adverbial final.

d) Adverbial consecutiva.

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10. No enunciado “Que caiba a culpa ao rei, nem pensar” (l. 5) estamos perante uma:

a) Personificação.

b) Metáfora.

c) Ironia.

d) Eufemismo.

11. Quanto à posição da sílaba tónica, a palavra “esterilidade” (l. 6) é a) Átona

b) Aguda c) Esdrúxula d) Grave

12. Encontra o sinónimo da palavra sublinhada “por isso são repudiadas tantas vezes” (l. 6):

a) Valorizadas b) Enjeitadas c) Acolhidas d) Acarinhadas

13. Indica o tempo e modo da forma verbal “fosse” (l. 7):

a) Pretérito Imperfeito do Conjuntivo b) Pretérito Imperfeito do Indicativo

c) Pretérito Mais-Que-Perfeito do Indicativo d) Pretérito Mais-Que-Perfeito do Conjuntivo

14. A oração “porque abundam no reino bastardos da real semente” (ll. 7-8) é subordinada:

a) Adverbial causal.

b) Adverbial consecutiva.

c) Substantiva relativa d) Adverbial final.

15. A subclasse do adjetivo “real” (l. 7) é a) Classificativo.

b) Qualificativo.

c) Numeral.

d) Relacional.

16. A oração “e ainda agora a procissão vai na praça” (l. 8) é coordenada a) Copulativa

b) Adversativa c) Disjuntiva d) Conclusiva

17. A palavra “procissão” (l. 8) é:

a) Tónica b) Grave c) Aguda d) Esdrúxula

18. Indica o antónimo da forma verbal “se extenua” (l. 8).

a) Se aborrece

b) Se fortalece

c) Se arrepende

d) Se cansa

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19. O constituinte sublinhado em “quem se extenua a implorar ao céu um filho” (ll.

8-9) desempenha a função sintática de a) complemento oblíquo.

b) Complemento direto.

c) complemento agente da passiva.

d) complemento indireto.

20. Indica a classe da palavra sublinhada: “Mas nem a persistência” (l. 12).

a) Determinante b) Nome

c) Pronome d) Adjetivo

21. Identifica a classe da palavra sublinhada: “duas vezes por semana” (l. 13).

a) Determinante b) Adjetivo c) Quantificador d) Pronome

22. Na frase “cumpre vigorosamente o seu dever real” (ll. 13-14), estamos perante um ato ilocutório:

a) Diretivo b) Assertivo

c) Compromissivo d) Declarativo

23. Classifica a palavra “paciência” (l.14) quanto à acentuação.

a) Esdrúxula b) Tónica c) Grave d) Aguda

24. Indica a subclasse do nome: “humildade”. (l. 14) a) Comum

b) Próprio

c) Comum Coletivo d) Emocional

25. O constituinte sublinhado em “depois de retirar-se de si e da cama o esposo” (l.

15) desempenha a função sintática de a) Complemento direto.

b) Predicativo do sujeito.

c) Complemento indireto.

d) Sujeito.

26. Classifica a palavra “gerativo” (l. 16) quanto à acentuação.

a) Esdrúxula b) Tónica c) Grave d) Aguda

27. Em que grau está o adjetivo da expressão: “cristianíssima retenção” (l. 17).

a) Grau superlativo relativo de superioridade

b) Grau superlativo relativo de inferioridade

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c) Grau superlativo absoluto analítico d) Grau superlativo absoluto sintético

28. Qual a classe da palavra “os” (l. 17).

a) Pronome b) Determinante c) Preposição d) Nome

29. A oração “que ainda não fez vinte e dois anos” (l. 18) é subordinada...

a) Adjetiva relativa explicativa.

b) Adjetiva relativa restritiva.

c) Substantiva completiva.

d) Adverbial consecutiva.

30. Indica a subclasse do pronome “aquilo” (l. 18).

a) Possessivo b) Pessoal

c) Demonstrativo d) Indefinido

31. Classifica o ato ilocutório presente na frase: “Mas Deus é grande.” (l. 19) a) Assertivo

b) Expressivo c) Declarativo d) Diretivo

32. Indica o grau do adjetivo sublinhado em: “Quase tão grande como Deus...” (l.

20).

a) Grau comparativo de igualdade

b) Grau superlativo relativo de igualdade c) Grau comparativo de inferioridade d) Grau normal

33. Qual a subclasse da forma verbal “é” (l. 20)?

a) Auxiliar b) Copulativo c) Transitivo direto d) Intransitivo

34. A oração “que el-rei está a levantar” (. 20) é subordinada...

a) Adjetiva relativa explicativa.

b) Adjetiva relativa restritiva.

c) Substantiva completiva.

d) Adverbial consecutiva.

35. Indica o modo da forma verbal sublinhada em: “que não precisaria ser tão sólido”

(ll. 21-22).

a) Indicativo b) Gerúndio c) Condicional d) Conjuntivo

36. Indica a classe da palavra sublinhada: “para a carga que suporta” (l. 22).

a) Determinante

b) Advérbio

c) Conjunção

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d) Preposição

37. Indica a classe da palavra sublinhada: “quatro camaristas de serviços” (l. 24).

a) Determinante b) Quantificador c) Pronome d) Adjetivo

38. “… a arca donde os retiram” (l. 24). Classifica morfologicamente a palavra sublinhada.

a) Contração do pronome “de”, com a preposição “onde”.

b) Contração da preposição “de”, com o determinante “onde”.

c) Contração do preposição “de”, com o pronome “onde”.

d) Contração das preposições “de” e “onde”.

39. Indica a função sintática da expressão sublinhada: A arca donde os retiram cheira a incenso” (l. 24).

a) Complemento direto b) Complemento indireto c) Complemento oblíquo

d) Modificador do Grupo Verbal

40. Indica o sinónimo da palavra “refulgem” (l. 26).

a) Incendeiam b) Percebem-se c) Ofuscam d) Cintilam

41. Indica o tipo da frase: “A obra vai adiantada.” (l. 26).

a) Interrogativa b) Exclamativa c) Imperativa d) Declarativa

42. Classifica a oração: “embora sempre os seus olhos se comprazam no número ordinal daquele papa, por via da igualdade do seu próprio.” (ll. 29-30)

a) Oração subordinada adverbial concessiva.

b) Oração subordinada adverbial consecutiva.

c) Oração subordinada adverbial causal.

d) Oração coordenada adversativa.

43. Indica a função sintática da expressão sublinhada: “Vai ajustando nos buracos apropriados da cimalha as figuras dos profetas e dos santos…” (ll. 30-31)

a) Complemento direto b) Complemento indireto c) Complemento oblíquo

d) Complemento agente da passiva

44. A expressão sublinhada em “e por cada uma fez vénia o camarista” (l. 31) desempenha a função sintática de

a) Sujeito.

b) Predicativo do sujeito.

c) Complemento direto.

d) Complemento indireto.

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45. Qual o hiperónimo de “veludo” (l. 32)?

a) Fofo b) Carmesim c) Tecido d) Sarja

46. A oração “mas nestas involuntárias irreverências ninguém repara” é coordenada… (l. 34)

a) Copulativa b) Adversativa c) Disjuntiva d) Explicativa

47. Encontra o antónimo de “solenidade” (l. 34).

a) Eficácia b) Pompa c) Presunção d) Simplicidade

48. Classifica a palavra “fidalgos” (l. 40) quanto à sua formação.

a) Palavra derivada por parassíntese

b) Palavra derivada por prefixação e sufixação c) Palavra composta por morfossintaxe

d) Palavra composta por morfologia

Verdadeiro ou falso?

1. A obra “Memorial do Convento” não tem capítulos numerados.

2. As personagens principais de “Memorial do Convento” são Bartolomeu e Blimunda.

3. “Felizmente há luar” foi escrito por Luís de Sttau Monteiro.

4. Em “Felizmente há luar”, o autor critica as injustiças da ditadura salazarista e do início do séc. XIX.

5. A ação central de “Os Lusíadas” é a descoberta da América.

6. “Os Lusíadas” são dedicados ao rei D. Sebastião.

7. O herói dessa obra é coletivo.

8. O Velho do Restelo elogia os marinheiros e incentiva-os a partir.

9. Vasco da Gama conta a história de Inês de Castro ao rei de Melinde.

10.Os autos, em geral, tem elementos cómicos e intenção moralizadora.

11.Não existem personagens-tipo no “Auto da Barca do Inferno”.

12.Com o novo acordo ortográfico, a palavra pão-de-ló perdeu os hífenes.

13.A palavra “jóia” perde o acento.

14.A palavra “carácter” passa a escrever-se, exclusivamente, “caráter”.

15.O regulamento e o contrato são textos que utilizam uma linguagem subjetiva.

16.A publicidade tem apenas uma finalidade: a comercial.

17.A prancha é uma página de Banda Desenhada.

18.A hipálage é uma das características da escrita de Eça de Queirós.

Proposta de correção:

1-a 2-b 3-d 4-c 5-c 6-b 7-d 8-b 9-b 10-c

11-d 12-b 13-a 14-a 15-b 16-a 17-c 18-b 19-d 20-b

21-c 22-b 23-a 24-a 25-d 26-c 27-d 28-a 29-b 30-c

31-b 32-a 33-b 34-b 35-c 36-d 37-b 38-c 39-c 40-d

41-d 42-a 43-a 44-a 45-c 46- b 47- d 48-d

(8)

V ou F 1. V

2. F. Baltasar e Blimunda 3. V

4. V

5. F. Descoberta do caminho marítimo para a Índia 6. V

7. V

8. F. Opunha-se à louca aventura da Índia 9. V

10. V

11. F. Existem 12. V

13. V

14. F. Escreve-se das duas maneiras 15. F. Objetiva

16. F. E a institucional 17. V

18. V

Referências

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