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Universidade Federal de Santa Catarina Departamento de Arquitetura e Urbanismo

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Universidade Federal de Santa Catarina Departamento de Arquitetura e Urbanismo

Práticas para um Canteiro Sustentável

Acadêmicos: Lohana Alves Luís H. Pavan Marina Dias Rosa

Florianópolis, dezembro de 2014.

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Introdução

Um canteiro sustentável é um dos primeiros passos para que o projeto seja enquadrado como sustentável. É claro que as intenções de se criar um edifício adequado às questões de sustentabilidade começam ainda na fase de projeto, entretanto, a condução da obra de maneira que esta não agrida ao meio ambiente é de fundamental importância para, por exemplo, obtenção de certificados como o LEED que envolvem racionalização de recursos, entre outras práticas.

A sustentabilidade no canteiro envolve inovação e tecnologia, tanto em processos de reciclagem como na gestão adequada de resíduos, e redução dos impactos ambientais e incômodos à vizinhança e entorno ao máximo. O presente artigo destaca as possibilidades existentes para se criar um canteiro de obras sustentável - questões sociais, combates ao desperdício de materiais, inclusão de diretrizes para a execução de cada uma das etapas no processo de planejamento, planejamento de layout e de logística do canteiro e das instalações provisórias, adequação às normas (a exemplo da NR-18 e das resoluções da CONAMA), oferecer boas condições de trabalhos e incentivos à medidas que auxiliem na preservação dos meios, minimizar o tempo gasto entre transporte de materiais e recursos priorizando fornecedores próximos, pesquisa e cautela na escolha de parceiros a fim de que esses também respeitem as condições necessárias a manutenção de um processo sustentável.

   

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fonte da imagem: construirnordeste.com.br

 

1 .PLANEJAMENTO DO CANTEIRO E ESPAÇOS

O processo de planejamento do canteiro visa a obter a melhor utilização do espaço físico disponível, de forma a possibilitar que homens e máquinas trabalhem com segurança e eficiência, principalmente através da minimização das movimentações de materiais, componentes e mão-de-obra.

Objetivos em alto nível é promover operações eficientes e seguras e manter alta a motivação dos empregados. No que diz respeito à motivação dos operários destaca-se a necessidade de fornecer boas condições ambientais de trabalho, tanto em termos de conforto como de segurança do trabalho. Ainda dentre os objetivos de alto nível, pode ser acrescentada à também o cuidado com o aspecto visual do canteiro, que inclui a limpeza e impacto positivo perante funcionários e clientes. Não seria exagero presumir que um cliente, na dúvida entre dois apartamentos de obras diferentes, que o

satisfaçam plenamente, decida comprar aquele do canteiro mais organizado, uma vez que este pode induzir uma maior confiança em relação a qualidade da obra.

Com o terreno e edificação demarcados define-se onde as estruturas de apoio a construção se instalaram, depósitos de materiais, ferramentas e barracões de alojamentos.

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Neste planejamento inicial leva-se em consideração as áreas por onde o descarregamento de material chegará a obra para não prejudicar o desenvolvimento da construção posteriormente.

A análise do layout inicial é útil para identificar problemas relacionados a arranjos físicos propriamente ditos, permitindo identificar, por exemplo, uma localização equivocada de instalação ou o exagero de cruzamentos em determinadas áreas. A necessidade deste planejamento antecipado surge do fato de que grandes parte dos canteiros não possuem uma planta de layout, gerando uma situação a qual essa elaboração de funções acontece durante a visita de diagnostico.

Com a uma variação no tipo de obras é visível uma mudança significativa nas instalações. Uma estrada, prédios de apartamento, conjuntos habitacionais, plantas industrias, podem vir a presentar canteiros distintos e tecnologias diferentes. Desta forma, a padronização pode ser encarada como uma estratégia a se considerar, sendo mais recomendada a empresar de tecnologia e tipologia semelhantes. A padronização das instalações é profundamente justificado e aconselhada pelo critério de repetição, pois todas as obras, independente de tecnologia ou porte necessitam de tais instalações.

Os canteiros devem dispor de espaços de vivencia tais como vestiários, instalações sanitária, alojamento, lavanderia, local de refeição, cozinha ( quando houver o preparo de refeições), área de lazer e ambulatório ( este ultimo item e necessária apenas para obras com 5 ou mais trabalhadores).

Fonte imagem: equipedeobra.pini.com.br

Todas as áreas devem estar em boas condições de trabalho e estar, possuindo áreas com ventilação natural, garantia de condições de conforto térmico, espaços bem sinalizados com placas, avisos, cartazes, uso de coletes, capacetes, tudo para garantir a segurança daqueles que trabalham ou transitam por este espaço.

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2. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Há uma necessidade corrente de preservação do meio ambiente e tal tema é uma constante nos debates atuais por conta da sua importância na manutenção da vida.

A gênese da idéia de sustentabilidade foi lançada ao debate no Clube de Roma (1968) insurgindo como um questionamento às práticas executadas pelos países industrializados.

A Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento elabora em 1987 o

“Relatório de Brundtland” define desenvolvimento sustentável como aquele que atende às demandas do presente sem comprometer a possibilidade das futuras gerações atenderem às suas próprias necessidades.

O desenvolvimento sustentável, deve integrar as dimensões ambiental, econômica e social, ou seja, a busca pelo o que é socialmente desejável, economicamente viável e ecologicamente sustentável. (GOODLAND, 1995). Há uma dificuldade na implantação de uma sustentabilidade ambiental a qual englobe a gestão de recursos renováveis, o uso de materiais e energia de modo eficiente e um cuidado para com os ambientes já degradados.

Quando em 1992 é realizada a ECO-92 Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD), no Rio de Janeiro tinha-se em mente uma conciliação do desenvolvimento com as práticas ambientais adequadas e a proteção dos ecossistemas do planeta. Como resultado de tal encontro foi redigida a Agenda 21, a qual estabelecia diretrizes para um desenvolvimento e aproveitamento racional de recursos, levando em consideração a sua manutenção. A elaboração da Agenda 21 para construções sustentáveis surge em 1995 através do CIB (The International Council for Research and Innovation in Building and Construction) que esmiuçava “os conceitos, aspectos e desafios para a indústria da construção atingir um patamar mais sustentável”. Todavia as medidas dessa agenda diziam mais respeito aos interesses (e as possibilidades de ação de países já desenvolvidos).

A produção de uma agenda mais coerente com os interesses dos países em desenvolvimento foi feita em 2002, em uma parceria com o CIB e UNEP-ITC (United Nations Environment Programme International Environmental Technology Centre). O objetivo deste documento é apresentar uma estratégia de ação para a construção sustentável em países em desenvolvimento. A diferença entre esse documento e o anteriormente citado, produzido com foco nos países desenvolvidos, é o escopo e o contexto nos quais as recomendações devem ser aplicadas (CIB; UNEP-ITC, 2002).

A construção civil tem alta representatividade quando se trata de consumo de recursos, é verificado (Augenbroe e Pearce, 1998) que essa é uma das maiores consumidoras de recursos naturais e, portanto, significativa fonte de impactos produzidos ao meio ambiente. Devido a essa importância faz-se claro que, para que se alcance um desenvolvimento sustentável o mais

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pleno possível, é cabível e preciso que se intervenha na construção civil, não de modo a limitá-la, mas a potencializar sua prática sustentável.

Para viabilizar tais mudanças é válido citar atitudes as quais podem ser tomadas levando-se em conta a redução dos gastos de água no canteiro de obras, a seleção de materiais baseados no ciclo de vida, a racionalização no consumo de recursos, redução na quantidade de produção de resíduos. Deve-se, portanto, minimizar-se as consequências negativas do canteiro de obras, considerando a viabilidade técnico-econômica das propostas e apropriando-se da capacidade das construtoras e incorporadoras em agirem de uma maneira mais sustentável.

É importante salientar que uma mudança de postura requer uma gama de conhecimentos ambientais, ou seja, conhecer principalmente os elementos originados das atividades desenvolvidas no canteiro de obras, para que assim sejam fornecidos instrumentos possíveis à ação sustentável. Um canteiro sustentável nasce uma série de outras posturas adequadas à preservação do meio ambiente e recursos.

Deve-se, então, para uma análise precisa, levar em conta o tipo da construção e onde o ambiente do canteiro está inserido e, dependendo das proporções das obras, alguns levantamentos se fazem necessários, são eles: Estudo de Impactos Ambientais (EIA) e o seu relatório-resumo Relatório de Impacto Ambiental (RIMA). Os EIA/RIMA os quais abrangem estudos referentes a todo o ciclo de vida do empreendimento indo além da parte da construção.

3. CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL

3.1. O CANTEIRO SUSTENTÁVEL

Na construção civil é muito difícil que não haja danos ao meio ambiente, porém, com medidas de gerência, esses impactos podem ser minimizados. Deve-se levar em conta uma série de aspectos, dentre os quais é possível destacar, além das atividades propriamente ditas, os ambientais e os impactos os quais estão expostos, bem como os aspectos antrópicos (sociedade, vizinhança, trabalhadores) o meio biótico e o meio físico.

As práticas para um canteiro sustentável devem incluir cuidados que vão desde a compra dos materiais, a construção de condições de trabalhos dignas (as quais levem em conta as exigências das normas, tanto ambientais como trabalhistas), a gestão correta de resíduos.

A quantia de resíduos gerados em obras é alta, a exemplo do estado do Pernambuco, estima-se que sejam criadas cerca de quatro mil toneladas de resíduos, o dado é do grupo de pesquisa de Engenharia aplicada do Meio Ambiente da Universidade de Pernambuco. Tal número não só chama a atenção pela grandeza, também pelo destino desses resíduos os quais são poucos aproveitados ou são simplesmente descartados.

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fonte imagem: metalica.com.br

O canteiro sustentável envolve tecnologia, práticas que garantam o consumo de energia, cuidados com água e esgoto e reaproveitamento de materiais. Algumas construtoras, seja pelo desejo de obtenção de certificados como o LEED ou mesmo a adoção de uma postura mais voltada à preservação ambiental, já estão tomando alguns cuidados e implantando tais ideias.

3.2. MEDIDAS SUSTENTÁVEIS

Dentre as práticas de construção sustentável, destacam-se a gestão dos resíduos, a busca de inovação em sistemas e materiais, a utilização de materiais de baixo impacto ambiental, a redução do uso de madeira nas construções, os cuidados com as condições de trabalho dos operários nas obras e o comprometimento dos gestores técnicos com as diretrizes implantadas.

3.2.1 GESTÃO DE RESÍDUOS

O controle da geração de resíduos é um dos maiores desafios da construção civil. Pela natureza desta atividade, os resíduos são heterogêneos e em grande quantidade, o que torna complexo o descarte correto e bem destinado, a fim de atender aos requisitos básicos da responsabilidade ambiental – REDUZIR, REUTILIZAR e RECICLAR.

O planejamento desta área no setor imobiliário no país é extremamente limitado, o que resulta, em média, segundo dados do estudo “Alternativas para Redução de Desperdício nos Canteiros de Obras”, do Departamento de Engenharia de Construção da Escola Politécnica da

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USP (2001), o setor desperdiça 56% de cimento, 44% de areia, 30% de gesso, 27% dos condutores e 15% dos tubos de PVC e eletrodutos.

A fim de que de se promova dentro da obra uma mentalidade voltada à preservação e ao cuidado com a gestão de resíduos, muitas construtoras têm optado por oferecer programas sociais ligados à gestão de recursos. Os cuidados começam ainda na limpeza da obra, onde os funcionários devem coletar os resíduos de forma adequada para que possam ser encaminhados à reciclagem. As economias obtidas através do processo de reciclagem são voltadas à programas sociais para os funcionários das obras: prêmios e bônus atuam, então, como incentivo e os valores economizados são revertidos para que auxiliem nas boas condições de trabalho e na criação de um ambiente promissor. Também podem ser premiadas as medidas e a inovação. A obra deve ouvir o projetista; o projetista, a obra para que todas as possibilidades de preservação sejam exploradas.

fonte: sercpintonline.blogspot.com

3.2.2 USO RACIONAL DA ÁGUA E ENERGIA

Além do uso racional da água, medidas como captação da água da chuva contribuem para uma obra sustentável. A água captada segue para um reservatório onde ocorre a decantação de resíduos sólidos, em seguida é bombeada para os pontos de uso. Esta água é reaproveitada em várias operações no canteiro, como lavagem de ferramentas e rodas de caminhões. Nem sempre é necessário um grande sistema de captação, com tanques e bombas, medidas criativas e improvisadas contribuem para este reaproveitamento tanto quanto, como simplesmente utilizar a água da chuva acumulada no fosso no elevador.

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Quanto à economia de energia, equipamentos com inversores de frequência (potência controlada de acordo com a necessidade) são mais vantajosos. O inversor de frequência tem como principal função alterar a frequência da rede que alimenta o motor, fazendo com que o motor siga frequências diferentes das fornecidas pela rede, que é sempre constante. Desta forma podemos facilmente alterar a velocidade de rotação do motor de modo muito eficiente.

O uso de inversores de frequência é responsável por uma série de vantagens, dependendo dos modelos oferecidos pelos fabricantes, são unidas a capacidade de variar a velocidade com controles especiais já implantados no equipamento. Tais controles geram total flexibilidade de controle de velocidade sem grande perda de torque do motor, aceleração suave através de programação, frenagem direta no motor sem a necessidade de freios mecânicos além de diversas formas de controles preferenciais e controles externos que podem ser até por meio de redes de comunicação. Tudo isso com excelente precisão de movimentos.

Os inversores têm ótimo custo-benefício, porque possibilitam economia de energia elétrica, maior durabilidade de engrenagens, polias e outras transmissões mecânicas por acelerar velocidade de modo suave.

3.2.3 ARGAMASSA RECICLADA

Um dos maiores pontos de desperdício em um processo construtivo dá-se na execução das alvenarias e dos revestimentos de argamassas. De frente a este fato, construtoras investem em suas próprias “miniusinas”. Estas funcionam da seguinte forma: durante a limpeza diária dos canteiros, os operários da obra separam o entulho sólido que será removido pelas empresas especializadas. Em seguida, os resíduos restantes (pó, areia e pedrisco) são encaminhados para um equipamento apropriado para a tritura e lavagem destes componentes, que, ao misturarem-se, transformam-se em argamassa. Ao final deste processo, é ensaiada e ensacada para uso no próprio empreendimento. O reuso dos resíduos reduz consideravelmente o gasto com caçamba, argamassa e melhora as condições de ar no local.

3.2.4 USO DA MADEIRA

A madeira, por seu custo e conveniência, é largamente utilizada no setor da construção civil. Serve como matéria-prima para formas de concreto, andaimes e outras estruturas utilizadas nos canteiros, como os barracões. Canteiros sustentáveis buscam medidas para diminuir o uso da madeira, como uso de containers no lugar dos barracões, adoção de materiais de uso contínuo (como ferro ou plástico) para equipamentos tradicionalmente feitos de madeira. Um bom exemplo destas substituições são as formas de concreto feitas de plástico, com uma vida útil seis vezes maior do que a de madeira.

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3.2.5 A SUSTENTABILIDADE COMO AÇÃO SOCIAL

A fim de que de se promova dentro da obra uma mentalidade voltada à preservação e ao cuidado com a gestão de resíduos, muitas construturas tem optado por oferecer programas sociais ligados à gestão de recursos. Os cuidados começam ainda na limpeza da obra, onde os funcionários devem coletar os resíduos de forma adequada para que possam ser encaminhados à reciclagem. As economias obtidas através do processo de reciclagem são voltadas à programas sociais para os funcionários das obras: prêmios e bônus atuam, então, como incentivo e os valores economizados são revertidos para que auxiliem nas boas condições de trabalho e na criação de um ambiente promissor. Também podem ser premiadas as medidas e a inovação. A obra deve ouvir o projetista; o projetista, a obra para que todas as possibilidades de preservação sejam exploradas.

3.2.6 ADEQUAÇÃO DO CANTEIRO

fonte da imagem:blogcasaeconstrucao.com.br

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Uso de containers no lugar de barracos de madeira, equipamentos que economizem energia (como por exemplo aqueles com inversores de frequência: potência controlada de acordo com a necessidade. O inversor de frequência tem como principal função alterar a frequência da rede que alimenta o motor, fazendo com que o motor siga frequências diferentes das fornecidas pela rede, que é sempre constante. Desta forma podemos facilmente alterar a velocidade de rotação do motor de modo muito eficiente.

 

3.2.7 O PAPEL DO PODER PÚBLICO NA ADEQUAÇÃO DOS CANTEIROS  

O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), através da resolução nº 307, de 5 de julho de 2002 estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção cível. Considera a política urbana de pleno desenvolvimento da função social da cidade e a necessidade de implementação de diretrizes para a efetiva redução dos impactos ambientais gerados pelos resíduos oriundos da construção civil; a disposição de resíduos da construção civil em locais inadequados contribui para a degradação da qualidade ambiental, que os resíduos da construção civil representam um significativo percentual dos resíduos sólidos produzidos nas áreas urbanas, que os geradores de resíduos da construção civil devem ser responsáveis pelos resíduos das atividades de construção, reforma, reparos e demolições de estruturas e estradas, bem como por aqueles resultantes da remoção de vegetação e escavação de solos.

Levando-se em consideração todos os quesitos anteriormente citados, a resolução estabelece os seguintes parâmetros a serem adotados para que seja possível uma boa gestão dos resíduos dentro do canteiro de obras:

- Resíduos da construção civil: são os provenientes de construções, reformas, reparos e

demolições de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc., comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha;

II - Geradores: são pessoas, físicas ou jurídicas, públicas ou privadas, responsáveis por atividades ou empreendimentos que gerem os resíduos definidos nesta Resolução;

III - Transportadores: são as pessoas, físicas ou jurídicas, encarregadas da coleta e do transporte dos resíduos entre as fontes geradoras e as áreas de destinação;

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IV - Agregado reciclado: é o material granular proveniente do beneficiamento de resíduos de construção que apresentem características técnicas para a aplicação em obras de edificação, de infra-estrutura, em aterros sanitários ou outras obras de engenharia;

V - Gerenciamento de resíduos: é o sistema de gestão que visa reduzir, reutilizar ou reciclar resíduos, incluindo planejamento, responsabilidades, práticas, procedimentos e recursos para desenvolver e implementar as ações necessárias ao cumprimento das etapas previstas em programas e planos;

VI - Reutilização: é o processo de reaplicação de um resíduo, sem transformação do mesmo;

VII - Reciclagem: é o processo de reaproveitamento de um resíduo, após ter sido submetido à transformação;

VIII - Beneficiamento: é o ato de submeter um resíduo à operações e/ou processos que tenham por objetivo dotá-los de condições que permitam que sejam utilizados como matéria-prima ou produto;

IX - Aterro de resíduos da construção civil: é a área onde serão empregadas técnicas de disposição de resíduos da construção civil Classe "A" no solo, visando a reservação de materiais segregados de forma a possibilitar seu uso futuro e/ou futura utilização da área, utilizando princípios de engenharia para confiná-los ao menor volume possível, sem causar danos à saúde pública e ao meio ambiente;

X - Áreas de destinação de resíduos: são áreas destinadas ao beneficiamento ou à disposição final de resíduos.

Art. 3º Os resíduos da construção civil deverão ser classificados, para efeito desta Resolução, da seguinte forma:

I - Classe A - são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais como:

a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras de infra-estrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem;

b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e concreto;

c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto (blocos, tubos, meios-fios etc.) produzidas nos canteiros de obras;

II - Classe B - são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como: plásticos, papel/papelão, metais, vidros, madeiras e outros;

III - Classe C - são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem/recuperação, tais como os produtos oriundos do gesso;

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IV - Classe D - são os resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais como:

tintas, solventes, óleos e outros, ou aqueles contaminados oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros.

Art. 4º Os geradores deverão ter como objetivo prioritário a não geração de resíduos e, secundariamente, a redução, a reutilização, a reciclagem e a destinação final.

§ 1º Os resíduos da construção civil não poderão ser dispostos em aterros de resíduos domiciliares, em áreas de "bota fora", em encostas, corpos d`água, lotes vagos e em áreas protegidas por Lei, obedecidos os prazos definidos no art. 13 desta Resolução.

§ 2º Os resíduos deverão ser destinados de acordo com o disposto no art. 10 desta Resolução.

Art. 5º É instrumento para a implementação da gestão dos resíduos da construção civil o Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil, a ser elaborado pelos Municípios e pelo Distrito Federal, o qual deverá incorporar:

I - Programa Municipal de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil; e II - Projetos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil.

Art 6º Deverão constar do Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil:

I - as diretrizes técnicas e procedimentos para o Programa Municipal de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil e para os Projetos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil a serem elaborados pelos grandes geradores, possibilitando o exercício das responsabilidades de todos os geradores.

II - o cadastramento de áreas, públicas ou privadas, aptas para recebimento, triagem e armazenamento temporário de pequenos volumes, em conformidade com o porte da área urbana municipal, possibilitando a destinação posterior dos resíduos oriundos de pequenos geradores às áreas de beneficiamento;

III - o estabelecimento de processos de licenciamento para as áreas de beneficiamento e de disposição final de resíduos;

IV - a proibição da disposição dos resíduos de construção em áreas não licenciadas;

V - o incentivo à reinserção dos resíduos reutilizáveis ou reciclados no ciclo produtivo;

VI - a definição de critérios para o cadastramento de transportadores;

VII - as ações de orientação, de fiscalização e de controle dos agentes envolvidos;

VIII - as ações educativas visando reduzir a geração de resíduos e possibilitar a sua segregação.

Art 7º O Programa Municipal de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil será elaborado, implementado e coordenado pelos municípios e pelo Distrito Federal, e deverá estabelecer diretrizes técnicas e procedimentos para o exercício das responsabilidades dos

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pequenos geradores, em conformidade com os critérios técnicos do sistema de limpeza urbana local.

Art. 8º Os Projetos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil serão elaborados e implementados pelos geradores não enquadrados no artigo anterior e terão como objetivo estabelecer os procedimentos necessários para o manejo e destinação ambientalmente adequados dos resíduos.

§ 1º O Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil, de empreendimentos e atividades não enquadrados na legislação como objeto de licenciamento ambiental, deverá ser apresentado juntamente com o projeto do empreendimento para análise pelo órgão competente do poder público municipal, em conformidade com o Programa Municipal de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil.

§ 2º O Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil de atividades e empreendimentos sujeitos ao licenciamento ambiental, deverá ser analisado dentro do processo de licenciamento, junto ao órgão ambiental competente.

Art. 9º Os Projetos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil deverão contemplar as seguintes etapas:

I - caracterização: nesta etapa o gerador deverá identificar e quantificar os resíduos;

II - triagem: deverá ser realizada, preferencialmente, pelo gerador na origem, ou ser realizada nas áreas de destinação licenciadas para essa finalidade, respeitadas as classes de resíduos estabelecidas no art. 3º desta Resolução;

III - acondicionamento: o gerador deve garantir o confinamento dos resíduos após a geração até a etapa de transporte, assegurando em todos os casos em que seja possível, as condições de reutilização e de reciclagem;

IV - transporte: deverá ser realizado em conformidade com as etapas anteriores e de acordo com as normas técnicas vigentes para o transporte de resíduos;

V - destinação: deverá ser prevista de acordo com o estabelecido nesta Resolução.

Art. 10. Os resíduos da construção civil deverão ser destinados das seguintes formas:

I - Classe A: deverão ser reutilizados ou reciclados na forma de agregados, ou encaminhados a áreas de aterro de resíduos da construção civil, sendo dispostos de modo a permitir a sua utilização ou reciclagem futura;

II - Classe B: deverão ser reutilizados, reciclados ou encaminhados a áreas de armazenamento temporário, sendo dispostos de modo a permitir a sua utilização ou reciclagem futura;

III - Classe C: deverão ser armazenados, transportados e destinados em conformidade com as normas técnicas especificas.

IV - Classe D: deverão ser armazenados, transportados, reutilizados e destinados em conformidade com as normas técnicas especificas.

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Art. 11. Fica estabelecido o prazo máximo de doze meses para que os municípios e o Distrito Federal elaborem seus Planos Integrados de Gerenciamento de Resíduos de Construção Civil, contemplando os Programas Municipais de Gerenciamento de Resíduos de Construção Civil oriundos de geradores de pequenos volumes, e o prazo máximo de dezoito meses para sua implementação.

Art. 12. Fica estabelecido o prazo máximo de vinte e quatro meses para que os geradores, não enquadrados no art. 7º, incluam os Projetos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil nos projetos de obras a serem submetidos à aprovação ou ao licenciamento dos órgãos competentes, conforme §§ 1º e 2º do art. 8º.

Art. 13. No prazo máximo de dezoito meses os Municípios e o Distrito Federal deverão cessar a disposição de resíduos de construção civil em aterros de resíduos domiciliares e em áreas de "bota fora".

                       

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Considerações Finais.

Tendo em vista a necessidade corrente da preservação e, principalmente, respeito e bom uso aos recursos disponíveis, vê-se que a prática sustentável começa no primórdio do projeto e, por consequência, no início das obras. Mesmo para aquelas que não almejam a certificação (a exemplo do LEED) a postura de sustentabilidade adotada em um canteiro de obras é um ato de responsabilidade e consciência. Inúmeros são os meios com os quais é possível construir e minimizar os impactos da construção. Iniciativas simples ou mais rebuscadas denotam à necessidade atual (e daqui para frente cada vez maior) de que se tenha, antes do domínio pleno da técnica, a sensibilidade de perceber que não se edifica nada isolado do meio ambiente ou mesmo independe a esse. As relação de interdependência ambiental nos mostra que um canteiro sustentável é possível e, sobretudo, extremamente necessário.

                                                   

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Referências Bibliográficas:

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Referências

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