Dimensões da Internacionalização: Uma Revisão
Raul Carlos de Mello
Faculdade da Cidade de Santa Luzia, Santa Luzia, Brasil raulcmello@gmail.com
Ana Paula Silva
Universidade Lusófona do Porto, Porto, Portugal ana.paula.silva@ulp.pt
Carlos Machado dos Santos
Universidade de Trás os Montes e Alto Douro, Vila Real, Portugal cmsantos@utad.pt
Resumo
A internacionalização vem sendo justificada, definida e mensurada por meio de diversas teorias, hipóteses e modelos, muitos dos quais são divergentes. Assim, qualquer contextualização deve levar em conta as suas dimensões, pois permitem uma possível definição. Percebe-se porém que muitos dos estudos não incluem ou formalizam as dimensões, ou ainda, fazem-no em contexto errôneo. Esta revisão visa uma melhor elucidação a respeito do tema e, assim, contribuir para mitigar divergências nos resultados de futuros trabalhos empíricos.
Palavras chave : Internacionalização, dimensões.
Abstract
The internationalization has been justified, defined and measured through various theories, hypotheses and models, many of which are divergent. Therefore, any concerned review shall take into consideration its dimensions in so far as they allow a possible definition.
Notwithstanding, many of the studies either do not include or formalize the dimensions, or they do so in a misleading context. This review seeks to provide a better understanding of this subject, thereby hopefully contributing to mitigate divergences in the results of future empirical studies.
Keywords: Internationalization, dimensions.
Introdução
Os fundamentos da internacionalização vêm-se desenvolvendo desde as grandes navegações e com o advento da globalização o interesse vem-se intensificando. Diversos debates e estudos buscam uma melhor contextualização e identificação dos processos envolvidos. Porém, até hoje não existe consenso sobre o tema, e designadamente sobre as características de uma empresa internacionalizada, as quais podem ser sintetizadas como dimensões da internacionalização.
Busca-se pois as ainda inexistentes respostas plausíveis de uma validação comum a todos os trabalhos.
Assim, reconhecendo a existência de vários posicionamentos, esta revisão proporciona uma visão abrangente dos conceitos difundidos sobre a dimensionalidade da internacionalização, partindo de uma contextualização sobre o seu conceito e definição.
Internacionalização
O termo internacionalização, no seu sentido mais amplo, pode ser definido como o ato ou efeito de tornar comum a várias nações (Ferreira, Anjos, & Ferreira, 1999). Contudo, quando enquadrado no meio académico económico administrativo, a complexidade deste termo eleva- se, passando a assumir diversas conotações conceituais (Dörrenbächer, 2000), tais como: a dimensão mais elevada do processo contínuo das empresas (Melin, 1992); os movimentos exógenos nas operações de uma empresa (Andersen, 1993); as questões de configuração e coordenação do desempenho de cada atividade internacional relacionadas com a cadeia de valor (Porter, 1986); o processo em que a empresa amplia o seu envolvimento internacional (Johanson & Vahlne, 1977; Welch & Luostarinen, 1988); as atividades que agregam valor no exterior e que modificam a composição acionária e interferem no gerenciamento das empresas (Dörrenbächer, 2000).
Partindo destas considerações, é possível sintetizar a internacionalização como o envolvimento da empresa em atividades transfronteiriças ao país em que está situada. Este envolvimento pode:
(i) estar relacionado com atividades ligadas ao comércio internacional (importação e/ou exportação), o que segundo Ietto-Gillies (2005) constitui o processo mais simples, antigo e relevante da internacionalização; (ii) estar mais envolvida por meio do Investimento Estrangeiro Direto – IED, ou seja, investimento greenfield
1ou aquisições, o que segundo Dunning (1996) permite a criação ou aquisição de ativos e deste modo torna as empresas mais transnacionais;
(iii) envolver a estrutura de capital (recursos vindos do exterior), o que, segundo Eiteman et al.
(2002), constitui a chave para uma empresa ser competitiva nos mercados globais; ou, ainda, (iv) ter uma base na cultura organizacional, o que segundo Knight, Madsen e Servais (2004), permite uma maior habilidade para perseguir e dominar as oportunidades.
Esta complexa situação, pode ser simplificada ao aplicarem-se as ideias de Aharoni (1971), que considera a existência de três dimensões para a definição de multinacionais: (i) o desempenho, que emprega critérios de vendas, valor dos ativos e número de empregados associados às posições no exterior; (ii) a dimensão estrutural, que leva em consideração o número de países em que a empresa opera, a estrutura organizacional, ou ainda, a nacionalidade dos executivos da
1