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ECOLOGIA DOS LAGARTOS DA ILHA DA MARAMBAIA, RJ

ANDRÉ LUIZ GOMES DE CARVALHO1 ALEXANDRE FERNANDES BAMBERG DE ARAÚJO2

1. Bolsista de Iniciação Científi ca PIBIC/CNPq/UFRuralRJ, Discente do Curso de Ciências Biológicas;

2. Professor Adjunto do Departamento de Biologia Animal do Instituto de Biologia da UFRuralRJ

RESUMO: CARVALHO, A. L. G. de e ARAÚJO, A. F. B. de. Ecologia dos Lagartos da Ilha da Marambaia, RJ. Revista Universidade Rural: Série Ciências da Vida, Seropédica, RJ: EDUR, v. 24, n.2, p. 159-165, jul-dez, 2004. A comunidade de lagartos da Ilha da Marambaia é composta por 10 espécies agrupadas em seis famílias, com ecologias bastante distintas. A comunidade é formada predominantemente por espécies de pequeno e médio porte, com dietas constituídas basicamente por pequenos artrópodes. Tupinambis merianae é a maior espécie encontrada (aproximadamente 1 m) e um predador efi ciente de pequenos vertebrados.

O hábito da maioria dos lagartos é terrícola, havendo uma espécie arborícola e outras quatro espécies bromelícolas eventuais.

Palavras-chave: Répteis, restinga, comunidade, mata atlântica.

ABSTRACT: CARVALHO, A. L. G. de and ARAÚJO, A. F. B. de. Ecology of Marambaia Island Lizards, Rio de Janeiro, Brazil. Revista Universidade Rural: Série Ciências da Vida, Seropédica, RJ: EDUR, v. 24, n.2, p. 159-165, jul-dez, 2004. The lizard community of Marambaia Island has 10 species clustered in six families, with distinct ecologies. The community is predominantly composed by small and middle-bodied species, with diets constituted basically by little arthropods. Tupinambis merianae, the largest species (approximately 1 m) is an effi cient predator of small vertebrates. The habit of most lizards is terrestrial, with one arboreal species and four eventual bromelicolous species.

Key Words: Lizards, community, sand dunes, Atlantic forest, sand bar.

INTRODUÇÃO

As ilhas costeiras da Costa Verde, região que abrange o litoral sul do estado do Rio de Janeiro, abrigam hábitats de Mata Atlântica em bom estado de conservação que são um laboratório vivo dos efeitos de insularização (fragmentação) de hábitats a longo prazo. Considerando o tempo de formação, estimado em 10000 anos (FLEXOR et al., 1984), essas ilhas podem incluir nas suas comunidades naturais espécies diferenciadas dos estoques da costa ou populações diferenciadas geneticamente das populações costeiras.

O arranjo de espécies dessas comunidades formou-se ao longo desse período e pode denunciar os efeitos da fragmentação de hábitats a longo prazo. O estudo dessas comunidades pode revelar padrões que nos auxiliam na compreensão dos processos que ocorrem nos fragmentos de Mata Atlântica que estão sendo formados no continente.

Lagartos são animais terrestres

modelos para estudos ecológico-evolutivos (VITT e PIANKA, 1994). As comunidades de lagartos são amplamente estudadas em vários lugares do mundo, e a comparação d e s s a s c o m u n i d a d e s a u m e n t a a capacidade de previsão de eventos de extinção, efeitos de fragmentação e destruição de hábitats, entre outros. Por isso, como exemplo para outros grupos taxonômicos, o estudo da comunidade de lagartos da Ilha da Marambaia, na entrada da baía de Sepetiba (Rio de Janeiro) pode ajudar o manejo dos recursos biológicos em um mundo em mudança.

Na Marambaia, as populações de lagartos distribuem-se de maneira bastante ampla, ocupando um grande número de hábitats, das restingas até as matas de encosta, utilizando os mais diversos micro-hábitats. O objetivo deste trabalho é contribuir para o entendimento da história e ecologia da comunidade de lagartos da Ilha da Marambaia, com foco em sua estruturação.

MATERIAL E MÉTODOS

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Táxons propostos para o estudo.

A Mata Atlântica é um dos mais ricos biomas da América do Sul em espécies de lagartos, um dos grupos mais especiosos da herpetofauna. Provavelmente a região que abriga área de estudo, a Costa Verde, abriga cerca de 20 a 25 espécies, riqueza comparável a uma área equivalente de Amazônia e Cerrado (COLLI et al., 2002).

Neste trabalho são considerados todos os registros de lagartos da Costa Verde encontrados na literatura e os registros obtidos em coleções zoológicas e em campo.

A região de estudo. O desenvolvimento deste trabalho dá-se na Ilha da Marambaia, situada na baía de Sepetiba, Rio de Janeiro. Situada a 23º 04’ S e 43º 53’ W, apresenta relevo variado entre baixada, meia-baixada e elevação rochosa, tendo 641m o seu ponto mais alto, o Pico da Marambaia. De origem azóica (gnáissica e granítica), a Ilha liga-se ao continente na região de Guaratiba, por uma faixa estreita de areia com cerca de 40 km de extensão, a restinga da Marambaia, cuja origem sedimentar remonta ao Quaternário (BACKHEUSER, 1946).

Campanhas, coletas e análises de dados. As atividades de campo foram realizadas pelo menos uma vez por mês entre Julho de 2003 e Julho 2004.

Os registros dos lagartos nos sítios foram tomados, anotando o uso de hábitat, micro-hábitat, horário de atividade e comportamento. Alguns animais registrados foram coletados e fixados em meio líquido, para serem estudados e tombados em coleção científi ca. Dados básicos de biometria foram tomados dos espécimes capturados: o peso (uso de dinamômetro) e o comprimento rostro-anal (paquímetro digital). A morfometria seguiu Araújo (1992).

Os ectoparasitas foram contados, anotando-se a posição do corpo do hospedeiro em que foram observados.

Alguns espécimes de ectoparasitos foram recolhidos para identifi cação e estudo.

Para obtenção de dados da fauna associada de endoparasitas, no laboratório, após dissecação, identifi cou-se o sexo e removeu-se o trato digestório dos lagartos, que foi cuidadosamente analisado com auxílio de lupa, para a retirada dos helmintos presentes em cada uma de suas fases (estômago e intestino). Os parasitas encontrados foram fi xados em AFA quente (mistura de álcool etílico, formaldeido e ácido acético), posteriormente clarifi cados em fenol e montados em lâminas para identifi cação microscópica.

Para estudos de dieta, os lagartos coletados tiveram seus estômagos removidos e analisados, seguindo Colli et al. (1992).

RESULTADOS

Dez espécies de lagartos foram encontradas na Ilha da Marambaia, pertencentes a seis famílias: Gekkonidae (2), Leiosauridae (1), Liolaemaidae (1), Scincidae (2), Teiidae (3) e Tropiduridae (1) (Tabela 1).

O número de espécies encontradas até agora pode não representar a composição total da comunidade de lagartos da Ilha da Marambaia, pois se considerarmos a área de 4200 ha e a significativa heterogeneidade espacial que a Ilha apresenta, um número maior de espécies pode habitar a região.

Como mostra a tabela 1, a espécie r e l a t i v a m e n t e m a i s a b u n d a n t e é Tropidurus torquatus, que foi observada em todos os sítios de amostragem, assim como Tupinambis merianae. Dentre os scincídeos, Mabuya agilis foi encontrada tanto na restinga quanto na mata; enquanto. Mabuya macrorhyncha somente foi encontrada na restinga, assim como o teiídeo Cnemidophorus littoralis e o liolaemideo Liolaemus lutzae, sendo que esta última espécie é habitante

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exclusiva da área de praia. Ameiva ameiva foi observada tanto nos sítios descampados quanto na mata e capoeira.

Os gekkonídeos Hemidactylus mabouia e Gymnodactylus darwinii somente foram registrados nos hábitats de restinga e mata, sendo que G. darwinii somente foi observado nas localidades com maior grau de preservação desses hábitats. Enyalius.

cf. perditus foi a espécie mais rara, com um único registro fotográfi co realizado na porção mais preservada de mata da Ilha da Marambaia, na face voltada para o oceano Atlântico.

Cada espécie de lagarto foi classifi cada segundo seu hábito e uso de hábitat, conforme observado em campo, como mostra a tabela 1. Esta classificação foi realizada a partir da freqüência de utilização de cada tipo de micro-hábitat

pelas espécies durante todo o seu período de atividade. A espécie mais especializada em hábitat é Enyalius cf.

perditus, seguido das duas espécies endêmicas das restingas do estado do Rio de Janeiro, Cnemidophorus littoralis e Liolaemus lutzae. Tropidurus torquatus, Tupinambis merianae e Ameiva ameiva são as espécies mais hábitat-generalistas.

A maioria das espécies é terrícola e a espécie arborícola está associada à fl oresta. Mabuya macrorhyncha somente foi encontrada utilizando bromélias.

A tabela 2 apresenta os tipos de micro-hábitat utilizados por cada espécie de lagarto da Marambaia. Tropidurus torquatus é de longe a espécie mais generalista no uso de micro-hábitat.

Tabela 1. Relação das espécies, número de exemplares, tipo de atividade alimentar, tipos de reprodução, horário de atividade, freqüência de encontro, uso de hábitat e tipo de hábito dos lagartos da Ilha da Marambaia.

Atividade: D= Diurna; HR= Hábitos Reclusos; N= Noturna; Encontro: F = Frequente; PF= Pouco Frequente;

R = Raro; Hábitat: C = Capoeira; D= Descampado; M= Mata; R= Restinga; P= Praia; Hábito: A= Arborícola;

B= Bromelícola; SF=Semi-fossorial; T= Terrícola.

Tabela 2. Porte, comprimento rostro-anal médio e uso de micro-hábitats pelos lagartos da Ilha da

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Marambaia.

Micro-hábitat: A= Areia; B= Bromélia; Ba= Barranco; CA= Casca de árvore; L= Liana; M= Moita; S= Serapilheira;

TA= Tronco de árvore; TP= Tronco Podre; VH= Vegetação herbácea. * Somente houve registro fotográfi co de Enyalius cf. perditus e um único exemplar de Tupinambis merianae foi coletado.

A comunidade de lagartos da Ilha da Marambaia é composta por espécies de todos os tamanhos. A maioria delas

apresenta porte pequeno (6), sendo dois gekkonídeos, Gymnodactylus darwinii e Hemidactylus mabouia, um teídeo, Cnemidophorus littoralis, dois scincídeos, Mabuya agilis e Mabuya macrorhyncha, e o liolaemídeo Liolaemus lutzae; seguidas pelas espécies de porte médio (3), sendo um leiosaurídeo, Enyalius cf. perditus, um teídeo Ameiva ameiva e um tropidurídeo, Tropidurus torquatus; havendo somente o teídeo Tupinambis merianae de porte considerado grande. A tabela 2 apresenta os dados de tamanho (comprimento rostro-anal médio) das espécies.

Todos os 87 espécimes coletados tiveram seu conteúdo estomacal analisado.

A dieta dos lagartos é dominada por artrópodos, porém o consumo de cada tipo de presa varia entre as espécies, valendo destacar para todas elas, apesar do pequeno número de exemplares analisados, um alto consumo de formigas, larvas e coleopteros; além de material vegetal consumido por Tropidurus torquatus (flores e frutos), Liolaemus lutzae (folhas e flores) e Tupinambis merianae (frutos de cactos e outros).

Devido ao fato de que a única espécie coletada em número sufi ciente para uma análise estatística mais precisa ter sido T.

torquatus, somente a dieta desta espécie

será discutida mais detalhadamente a seguir.

Quanto à parasitofauna associada aos lagartos da Ilha da Marambaia, quase todas as espécies apresentaram endoparasitas no seu trato digestório.

Os endoparasitas até agora encontrados pertencem ao fi lo Nematoda ou a classe Cestoda do fi lo Plathyhelminthes, sendo o primeiro grupo muito mais frequentemente encontrado associado aos lagartos. Devido ao maior número de exemplares, pode- se perceber, com um maior segurança, uma alta prevalência de endoparasitas em Tropidurus torquatus. Esta espécie apresentou tanto nematóides quanto cestóides, assim como Cnemidophorus littoralis e Mabuya agilis. Apenas Gymnodactylus darwinii e Liolaemus lutzae não apresentaram endoparasitas até o momento. As espécies de nematóides parasitas de T. torquatus estão em fase final de identificação, podendo ser adiantadas Physaloptera cf. retusa (Physalopteridae) e Skjabinellazia sp.

(Serautidae).

Até o momento uma única espécie de ectoparasita foi identifi cada associada aos lagartos da comunidade, sendo somente 5, das 10 espécies que compõem a comunidade, encontradas parasitadas até

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o momento; são elas Tropidurus torquatus, Mabuya agilis, Mabuya macrohincha, Cnemidophorus littoralis e Hemidactylus mabouia. O ectoparasito encontrado f o i E u t r o m b i c u l a c f . a l f r e d d u g e s i (Trombiculidae).

DISCUSSÃO

O inventário dos lagartos da Ilha da Marambaia continua em andamento, uma vez que toda a comunidade pode não ter sido completamente conhecida até o momento. Somente 10 das quinze espécies previstas foram encontradas, fato que pode ser explicado pela necessidade de maior investimento na exploração das fisionomias mais densamente florestadas da Ilha da Marambaia, especialmente as matas de restinga e as matas dos pontos mais altos.

Espécies das famílias Leiossauridae e Polychrotidae são conhecidas utilizadoras de hábitas mais densamente fl orestados, pois usam bastante as árvores e lianas da fl oresta. Na Marambaia, das três espécies aborícolas esperadas, o polychrotídeo Anolis fuscoauratus e os Leiosaurídeos Enyalius perditus e Urostrophus vautieri, somente temos informação da presença de Enyalius cf. perditus, registrado por fotografi a, podendo ter sido confundido com Enyalius brasiliensis, espécie encontrada por Van Sluys et al. (2004) na Ilha Grande, Baía de Angra dos Reis, Rio de Janeiro.

Esta espécie foi considerada rara e vale ressaltar que sua baixa freqüência pode estar ligada a degradação das matas da Ilha da Marambaia, já que diversas manobras militares são realizadas na localidade, destruindo a vegetação e perturbando a fauna.

A comunidade de lagartos da restinga assemelha-se bastante com as de outras restingas do sudeste brasileiro, estudadas por Araújo (1992), Rocha et al. (2000) e outros, sendo habitada tanto por espécies de ampla distribuição geográfi ca, como

Tropidurus torquatus, Ameiva ameiva, Hemidactylus mabouia e Tupinambis merianae, quanto por espécies mais raras como Mabuya agilis e Mabuya machrorhynca, Gymnodactylus darwinii e Liolaemus lutzae, esta última ameaçada de extinção e de restrita distribuição (Rio de Janeiro e uma população introduzida no extremo sul do Espirito Santo).

As restingas, originalmente encontradas do sul até o norte do Brasil, tem sido cada vez mais destruídas e fragmentadas devido, principalmente, ao rápido avanço de empreendimentos imobiliários ao longo de nossa costa (ROCHA et al., 2003). Este hábitat reúne uma fauna riquíssima, que necessita urgentemente de nossas vistas à conservação. Analisando a composição de espécies da Ilha da Marambaia, vemos que esta localidade apresenta enorme importância para a preservação de espécies de lagartos, visto ser um dos últimos remanescentes de restinga e mata pluvial costeira no estado do Rio de Janeiro e comportar uma fauna bastante rica, com espécies raras e ameaçadas de extinção, conforme anteriormente dito.

D e n t r e t o d a s a s d e z e s p é c i e s encontradas, oito possuem reprodução ovípara e somente os scincídeos Mabuya agilis e M. macrorhyncha são vivíparos, valendo lembrar que este é o único gênero de lagartos desta família ocorrente no Brasil que realiza esse tipo de reprodução.

Na Marambaia encontramos lagartos com dois distintos hábitos de forrageio, sendo cinco espécies forrageadoras do tipo senta-e-espera e três espécies forrageadoras ativas. Ainda não existe um consenso sobre a estratégia alimentar de Mabuya agilis e M. macrorhyncha, sendo consideradas por alguns autores como forrageadoras ativas (ARAÚJO, 1991; ROCHA et al, 2004 e TEIXEIRA, 2001) como forrageadoras senta-e- espera. Por este motivo, essas espécies foram classificadas como utilizadoras de ambas as estratégias. A definição dessas diferentes estratégias de forrageio

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nos ajuda a entender melhor parte do papel ecológico de cada espécie na comunidade. Essa separação permite uma melhor divisão dos recursos nos diferentes hábitats da Ilha, possibilitando a ocorrência sintópica de até uma dezena de espécies nas restingas. Espécies como Tropidurus. torquatus, que tem uma grande plasticidade ecológica, pode ser observada em toda a Ilha, valendo-se de seu generalismo para a colonização de áreas bastante distintas. Diferente de T. torquatus, vemos na Marambaia Enyalius cf. perditus, uma espécie hábitat- especialista, utililizadora exclusiva da fl oresta, Cnemidophorus littoralis, limitado às moitas da restinga e Liolaemus lutzae, também hábitat especialista, espécie restrita à faixa de areia mais próxima ao mar.

Além da estratégia de forrageio, outros fatores, como tamanho, hábito e horário de atividade de cada espécie ajuda a defi nir a partilha dos recursos. Na Marambaia, conforme visto, há lagartos de diferentes tamanhos, com predominância de espécies de pequeno e médio porte, havendo somente um lagarto de grande porte, Tupinambis merianae, o teiú, sendo esta uma espécie topo de cadeia alimentar (único lacertílio deste nível trófi co presente na Ilha). Na taxocenose de lagartos da Marambaia, encontramos espécies com diferentes hábitos, desde os teiídeos Ameiva ameiva, Cnemidophorus littoralis e Tupinambis merianae de hábito terrícola, até lagartos de hábito bromelícola e arborícola, como Mabuya macrorhyncha e Enyalius cf. perditus, respectivavente.

Temos identifi cadas, até o momento, as espécies de parasitas Physaloptera cf.

retusa (Physalopteridae) e Skjabinellazia sp. (Serautidae), já conhecidas na literatura para as espécies de lagartos hospedeiras (VRCIBRADIC et al. 2000), assim como a presença do ectoparasita Eutrombicula alfreddugesi (Trombiculidae) em cinco das dez espécies de lagartos, também conhecidas na literatura para

as espécies hospedeiras (CUNHA- BARROS et al., 2003). As maiores taxas de infestação, tanto de endoparasitas, quanto de ectoparasitas, têm ocorrido em Tropidurus torquatus.

A dieta de todas as espécies ainda não pôde ser analisada com o aprofundamento desejado, devido ao pequeno número de exemplares coletados, mas vale ressaltar a presença de Tupinambis merianae como predador de pequenos vertebrados, destacando-se dentro da comunidade, cujas demais espécies a l i m e n t a m - s e f u n d a m e n t a l m e n t e de pequenos artrópodos. A dieta de Tropidurus. torquatus pôde ser melhor estudada e não difere do proposto para o gênero, sendo dominada por formigas.

No entanto, há forte diferença entre a dieta de duas populações analisadas (areal e heliporto). O maior consumo de material vegetal, principalmente frutos, foi realizado pelos animais do areal. Um alto consumo de material vegetal, especialmente frutos de Erithroxylum ovalifolium, também foi observado por Fialho et. al. (2000) na Restinga da Barra de Maricá, durante os verões de 1986 e 1987. O consumo de material vegetal nesta época do ano não condiz com o resultado teórico esperado, uma vez que haveria maior tendência ao consumo de material vegetal no inverno, ou seja, período de menor produtividade e disponibilidade de água. O alto consumo de frutos registrado por Fialho et al. (2000) pode estar ligado ao pico de frutifi cação de E. ovalifolium, que concentra-se, na Barra de Maricá, durante os meses de verão. Deste modo, é possível que o alto consumo de frutos pelos Tropidurus de Maricá possa estar ligado a sua alta disponibilidade na restinga, em certos períodos, e não a uma preferência de T. torquatus por este item alimentar por todo o ano.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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