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AÇÕES EXTENSIONISTAS E FORMAÇÃO DE EDUCADORES SOCIAIS: CAMINHOS ABERTOS EM UMA UNIVERSIDADE PÚBLICA DO RIO DE JANEIRO

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Academic year: 2021

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AÇÕES EXTENSIONISTAS E FORMAÇÃO DE EDUCADORES SOCIAIS:

CAMINHOS ABERTOS EM UMA UNIVERSIDADE PÚBLICA DO RIO DE JANEIRO

Arthur Vianna Ferreira

1

Patricia Flávia Mota

2

Marcio Bernardino Sirino

3

Resumo: Este trabalho tem como objetivo partilhar as discussões oportunizadas desde abril de 2016 a maio de 2017 no grupo de Estudos “Fora da Sala de Aula” – que se configura como uma das atividades desenvolvidas pelo Projeto de Extensão “Fora da Sala de Aula: Formações, Representações e Práticas educativas não escolares e/ou extracurriculares no município de São Gonçalo”, registrado no SR3 da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e realizado na Faculdade de Formação de Professores (FFP), de São Gonçalo/RJ. A partir da compreensão de que “toda relação social é uma relação pedagógica”, de Hans-Uwe Otto, o grupo de estudos vem oportunizando aos participantes um espaço de diálogo, estudo e troca de experiências visando ampliar a experiência de muitos educadores sociais, professores e graduandos de licenciatura sobre a concepção de educação não escolar, sua didática, seus contextos e demandas próprias, auxiliando, assim, na consolidação do campo teórico em construção no Brasil, a Pedagogia Social. Convém destacar que a participação neste processo possibilita aos educadores em formação – inicial e continuada – a melhorarem as suas práticas socioeducativas e, ainda, utilizarem a Educação Social como ferramenta de intervenção política e histórica na sociedade brasileira, principalmente, na Região Metropolitana do Estado do Rio de Janeiro.

Palavras-Chave: Ensino Superior. Formação docente inicial. Educação Social. Pedagogia Social.

1

Doutor em Educação: Psicologia da Educação pela PUC-SP. Professor adjunto do departamento de Educação da Faculdade de Formação de Professores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ/ FFP. Coordenador- Pesquisador do Projeto de Extensão, Estudos e Pesquisas “Fora da Sala de Aula” – UERJ/FFP. E-mail: arthur.vf@gmail.com; arthur.ferreira@uerj.br

2

Mestre em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação – Processos Formativos e Desigualdades Sociais da Faculdade de Formação de Professores da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (PPGEDU – PPF – UERJ); Bacharel e Licenciada em Letras – Português/Espanhol (UFRJ);

Professora da Educação Básica da Prefeitura Municipal de Duque de Caxias. E-mail:

patyletrasufrj@hotmail.com

3

Mestre em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Estado

do Rio de Janeiro (PPGEdu – UNIRIO); Especialista em Alfabetização dos Estudantes das Classes

Populares (UFF – Angra dos Reis); Pedagogo (UCB); Servidor Público da Prefeitura Municipal de Angra

dos Reis (PMAR); E-mail: pedagogomarcio@gmail.com

(2)

Introdução

Em abril de 2016, na Faculdade de Formação de Professores (FFP) de São Gonçalo, pertencente à Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), foi criado um grupo de estudos sobre educação nomeado Fora da Sala de Aula de forma a contemplar as discussões referentes à temática da Pedagogia Social, Educação não escolar e Educação Social, inicialmente.

Convém destacar que esse grupo de estudos vem se consolidando no Projeto de Extensão “Fora da Sala de Aula: Formações, Representações e Práticas educativas não escolares e/ou extracurriculares no município de São Gonçalo”, em dois grandes momentos: nos encontros do “Oficine Social” – em que um vídeo é exibido e os participantes refletem sobre a temática abordada no mesmo – e nos encontros do

“Grupo de Estudos” – quando, os textos previamente enviados e estudados, são discutidos no espaço coletivo extensionista e mediados pelo professor coordenador.

Sinalizamos que todo processo pode ser encontrado no site

4

do Projeto de Extensão.

A fim de listar o percurso trilhado deste 1 (um) ano de “Fora da Sala de Aula”, apresentamos os indicadores das discussões realizadas nos dois tipos de encontros, acima mencionados.

Quadro I – Vídeos e debates promovidos pelo ‘oficine Social’.

MÊS/2016 TEMÁTICA

Maio Os desafios contemporâneos: a educação

Junho Família Contemporânea: espaço de educação não escolar?

Julho A Educação como Projeto Político de Sociedade Brasileira – Parte 1 Agosto A Educação como Projeto Político de Sociedade Brasileira – Parte 2 Setembro Cristovam Buarque e a Política Brasileira

Novembro Pobreza no Brasil Contemporâneo

MÊS/2017 TEMÁTICA

Março Sujeitos da Educação Social: a infância

4

Disponível em: https://socializandopedagogias.wordpress.com/

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Abril Combate à violência contra a criança e o adolescente Maio A família e a sociedade contemporânea

Fonte: Elaboração dos autores (2017)

Quadro II – Temáticas do Grupo de Estudos ‘Fora da Sala de Aula’.

MÊS / 2016 TEMÁTICA

Abril A escola: das promessas às incertezas Maio As origens da Pedagogia Social

Junho/Julho Pedagogia Social: a formação do Educador Social e seu campo de atuação Agosto Pedagogia Social: seu potencial crítico e transformador

Setembro Educação Popular, Educação Social e Educação Comunitária Outubro A formação do Educador Social e a Pedagogia da Convivência Novembro A Pedagogia da Convivência

Dezembro Equilibrando os pratos das demandas sociais: a figura do educador social

MÊS/2017 TEMÁTICA

Fevereiro Educação Não Formal e a Pedagogia Social

Março Política de Formação do (a) pedagogo (a): uma abordagem das políticas curriculares para atuação do pedagogo em espaços não escolares.

Abril Prática Pedagógica na Assistência Social: Fortalecendo o processo de inclusão social através dos CRAS

Maio A Ética e a Educação Social Fonte: Elaboração dos autores (2017)

Desse modo, trazemos, na sequência, as impressões obtidas nos espaços de

diálogos e de reflexões oportunizados no “grupo de estudos” – de abril de 2016 até maio

de 2017 – um ano de discussão e reflexão oportunizadas – cientes de que houve a

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complementação dessas discussões também nos encontros do “Oficine Social”, pois ambos espaços dialogam e complementam os estudos realizados.

Convém salientar, ainda, neste relato, houve a oportunidade de estabelecer um diálogo com os pressupostos teóricos da educação integral e(m) tempo integral – conexões que dialogam e abrem espaço para problematização acerca da função social da educação e o papel social da escola nesta contemporaneidade, uma vez que ‘dentro’ ou

‘fora’ da sala de aula acontecem diferentes processos formativos.

Com este propósito, selecionamos alguns teóricos que pesquisam essas temáticas e organizamos uma breve reflexão baseadas sobre dois pontos: a história e a fundamentação do campo teórico da Pedagogia Social e sua possível relação com a formação docente inicial.

1- Um recorte sobre a fundamentação da Pedagogia Social

Embora o conceito de Pedagogia Social esteja em construção no cenário brasileiro, convém pontuarmos um histórico de sua presença na perspectiva de melhor compreendermos os processos pelos quais vem passando e os mares que vem desbravando, cotidianamente.

Descobrimos, nos espaços de discussão do grupo, que a Pedagogia Social se origina na Europa, mais fortemente posta em prática na Alemanha, nas primeiras décadas do século XIX afim de “abordar as necessidades e problemas sociais a partir do ponto de vista pedagógico” (Hans-Uwe Otto, 2011, p. 30). Esta tendência se associa com a perspectiva de compreender-se a Pedagogia Social com raiz no pensamento sociopedagógico.

A Pedagogia Social baseia-se na crença de que é possível decisivamente influenciar circunstâncias sociais por meio da Educação. Assim, a Pedagogia Social começa com esforços em confrontar pedagogicamente aflições sociais na teoria e na prática. (HANS-OWE OTTO, 2011, p. 31)

Já aqui no Brasil, a Pedagogia Social se aproxima, como destaca Caliman (2010), da Pedagogia Social Crítica por, “através da ação socioeducativa orientada a sujeitos e grupos socialmente em risco, provocar mudanças nas pessoas e na sociedade”

(p. 349). No entanto, como não há hegemonia no que se convenciona a chamar de

Pedagogia Social, trazemos as contribuições de Caliman (2010, p.334), novamente, para

destacarmos as várias concepções em torno da pesquisa da Pedagogia Social.

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(A) a identificação e potencialização dos fatores sociais que, intencionalmente ou não intencionalmente, estão presentes nas diversas instituições da sociedade;

(B) doutrina da educação política e nacionalista do indivíduo, perspectiva que deu sustentação à educação dos cidadãos ao longo de diversas ditaduras europeias e até latino-americanas;

(C) como uma dimensão das ciências da educação que se ocupa da formação à “sociabilidade” humana, particularmente dentro das escolas;

(D) Pedagogia social de base antroposófica e inspirada em Rudolf Steiner, entendida como processo cujo resultado é a qualidade de vida na ecologia social; muito presente no Brasil e não coincide com nossa concepção;

(E) como pedagogia de ajuda para os casos de necessidade, com intenção preventiva e compensatória;

(F) como pedagogia crítica em resposta à necessidade de solidariedade social para o desenvolvimento do voluntariado, instituições de acolhida, prevenção, recuperação, reinserção social.

Essas múltiplas possibilidades de materialização da Pedagogia Social representa a arena de disputas que envolvem a educação em solo brasileiro. Entretanto, essas perspectivas têm, em comum, o olhar mais ampliado para o processo educativo – Ou seja, a visão de educação enquanto um instrumento de transformação social.

2- A Pedagogia e a Educação Social são a mesma coisa?

Temos construído, no coletivo de nosso grupo, a compreensão de que os dois conceitos discutidos neste campo – Pedagogia Social e Educação Social – são profundamente complementares.

No entanto, a fim de sinalizar suas especificidades, destacamos que a Pedagogia Social está veiculada aos aportes teóricos que acredita na educação como um vetor de intervenção social enquanto que, por sua vez, a Educação Social está materializada na prática pedagógica desenvolvida por educadores sociais, geralmente, em espaços não escolares.

No grupo de estudos temos conhecido a Pedagogia Social como elemento da

triangulação entre os campos da pedagogia, antropologia-filosófica e da política, como

representamos na ilustração abaixo.

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Pedagogia Social Pedagogia Política

Antropologia Filosófica

Essa percepção nos remete à Pedagogia Social como sendo uma teoria geral de educação, mas também a muitas outras possibilidades de compreensão, como nos pontua Hans-Owe Otto (2011).

A Pedagogia Social pode ser vista tanto como uma teoria geral de Educação como também uma forma de evitar a redução da Educação unicamente aos processos de desenvolvimento individual. A Pedagogia Social pode também ser vista como um campo de estudo em que a conexão entre Educação e sociedade é levada em conta, ou, ainda, como uma esfera de atividades que combatem e amenizam problemas sociais por meio de métodos educacionais”. (p. 32)

Desse modo, podemos compreender a Pedagogia Social como um grande

“guarda-chuva” sobre o qual se abriga diversas possibilidades de reflexão-atuação.

Ainda mais que sobre os estudos nesta área de conhecimento repousam as discussões acerca das práticas pedagógicas em espaços não-escolares, hospitais, instituições de acolhimento, espaços de privação de liberdade, dentre tantas outras possibilidades que emanam desse horizonte.

O que nos faz ampliar o leque para estas práticas, uma vez que se a Pedagogia Social se associa com o campo da teoria, a Educação Social se afina com o campo da prática, como nos destaca Souza Neto (2010) acerca da sua finalidade: “A finalidade da educação social é ajudar a compreender a realidade social e humana, melhorar a qualidade de vida, por meio do compromisso com os processos de libertação e de transformação social nos quais vivem ou sofrem as pessoas” (p. 32).

Essa interação entre a prática pedagógica articulada com a realidade social se consubstancia na compreensão de que “Os processos de aprendizagem deve propiciar aos educandos instrumentos para saberem lutar e construir o sentido da vida e da história” (Ibidem, p. 36). Ou seja, uma Educação Social tem de ser significativa para os sujeitos inseridos no processo, tem de dialogar com seu contexto e lhe conferir instrumentos de reflexão e transformação.

Essa construção não anula a importância da instituição escolar. Muito pelo

contrário. Prevê maior articulação entre a educação escolar com a educação promovida

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em espaços não escolares, uma vez que consoante Caliman (2010) “fora e além da escola existem diversas formas de educação igualmente significativas e influentes” (p.

342).

No entanto, o que muito temos problematizado em nosso grupo de pesquisa se relaciona com a formação deste educador social, pois em cada localidade essa qualificação é percebida de uma maneira diferenciada, assim como os fatores referentes à remuneração e aos processos de sucateamento da Educação que, por sua vez, podem ser postos em prática.

Neste contexto, destacamos que, atualmente, possuímos 2 (dois) Projetos de Lei (PLs) tramitando no Brasil acerca da regulamentação da profissão de “Educador Social”, a saber: o primeiro de 2009, elaborado por Chico Alencar com a proposta de que o educador social seja profissional de ensino médio; e o segundo de 2015, proposto por Telmário Motta com a perspectiva de criação de um curso superior (tecnólogo) para educador social.

3- Onde se encontram a pedagogia social e a formação inicial docente?

A formação docente deve ser compreendida a partir da possibilidade de atendimento das demandas educacionais estabelecidas no seu tempo-espaço histórico e social. A docência nas instituições escolares, entendida socialmente como instituições educacionais formais, é uma das principais atuações deste profissional, porém não pode ser considerada como a única em relação às demandas sociais colocadas a este profissional da educação na sociedade contemporânea brasileira.

Esta realidade concreta da formação deste profissional se encontra contemplada

nas Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de graduação em Pedagogia de 15 de

maio de 2006. Esta esclarece que as atividades docentes as quais este profissional está

sendo formado são compostas das habilidades de planejar, executar, coordenar,

acompanhar e avaliar projetos e experiências educativas não escolares (cf. Art.4 §4). Ao

mesmo tempo em que, o documento expõe a necessidade formativa para este futuro

pedagogo de “trabalhar, em espaços escolares e não escolares, na promoção da

aprendizagem de sujeitos em diferentes fases do desenvolvimento humano, em diversos

níveis e modalidades do processo educativo” (cf. Art. 5 §6). E por isto, no artigo 6, as

diretrizes recordam que os cursos de pedagogia deverão, também, preparar estes sujeitos

para as atuações já descritas nos artigos e parágrafos anteriormente citados como

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também para o cumprimento da contribuição social do curso que é o “desenvolvimento das pessoas, das organizações e da sociedade.” (cf. Art 6 §1a.)

Esta discussão sobre a formação para os profissionais de educação em ambiente escolares e não escolares continua nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação inicial em nível superior (cursos de licenciatura, cursos de formação pedagógica para graduados e cursos de segunda licenciatura) e para a formação continuada de 01 de julho de 2015.

No artigo 3 §1 sobre a formação inicial e continuada o documento rever a concepção de educação inferindo que “por educação entendem-se os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino, pesquisa e extensão, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas relações criativas entre natureza e cultura.” Assim, por mais que a resolução seja contextualizada para a formação do ensino básico, no conjunto dos parágrafos deste mesmo artigo, entende-se o reconhecimento da necessidade do diálogo entre a educação formal escolar e os diversos espaços sociais onde a educação é realizada para que ela se realize de forma plena.Na verdade, o ambiente social e suas demandas institucionais estão em constante diálogo com os contextos escolares formativos em que atuarão os futuros pedagogos.

Por isto, no documento reafirma uma postura já existente na antiga resolução de 2006 em seu art. 12 §1 d. sobre a formação inicial do docente que, além dos processos educativos escolares, também deverá ser apto para “observação, análise, planejamento, desenvolvimento e avaliação de processos educativos e de experiências educacionais em instituições educativas”, abrindo uma compreensão para outros espaços educativos não escolares. Além disto, as novas diretrizes no capítulo VII, art 18 §3 reconhece a valorização do magistério e dos profissionais da educação, entendendo que a formação inicial e continuada, assim como, suas condições de trabalhos devem ser garantidas para todos os profissionais envolvidos na ação educativa, seja no ambiente do magistério seja em outros ambientes e instituições que realizam práticas educativas.

Nessa perspectivas, as extensionistas também são pensadas como parte da

formação docente inicia e continuada desses graduandos. No mesmo documento sobre a

formação docente as práticas de extensão associadas a pesquisa e ensino são

consideradas como uma prática a ser estimuladas nos cursos de formação docente. O

Art.5º coloca os cursos de extensão como um dos princípios normativos da formação

docente ao pontuar o caráter indissociável entre ensino, pesquisa e extensão. A base

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comum nacional deve a construção do “conhecimento, valorizando a pesquisa e a extensão como princípios pedagógicos essenciais ao exercício e aprimoramento do profissional do magistério e ao aperfeiçoamento da prática educativa”. (cf. Art. 5, II.)

Essa realidade também é reforçada no art. 12 que indica as ações extensionistas tanto como parte do núcleo básico de formação docente (inciso I) quanto do núcleo de enriquecimento curricular (inciso III). Essa valorização das ações extensionistas ultrapassam a formação inicial docente. Nos artigos 16 e 17, os cursos de extensão são referendados como espaços de formação continuada “tendo como principal finalidade a reflexão sobre a prática educacional e a busca de aperfeiçoamento técnico, pedagógico, ético e político do profissional docente.” (cf. Art. 16)

Assim, a realização do curso de extensão Fora da Sala de Aula cumpre o seu papel de fomentar no espaço universitário a formação conforme pretendida pela Diretrizes curriculares Nacionais de 2015. Ao mesmo tempo, busca promover a aproximação dos profissionais da educação que já possuem uma atuação concreta na sociedade fluminense com os sujeitos em formação docente inicial. Esse espaço formativo, inicial e continuado, potencializa a formação dos futuros professores e promove a salutar troca de experiências entre os educadoers e suas realidades educativas.

Esse espaço de formação docente se enriquece com essa ação extensionista abrindo-se para o entorno da universidade. E, ao final, proporciona a academia científica novos desafios e inquietações sobre o campo educacional, suscitando novas pesquisas e estudos a respeito da realidade educacional da região onde se encontra tanto os graduandos quanto a própria universidade.

Considerações Finais

Por mais embrionária que se possa ser, essas reflexões abrem espaço para maiores problematizações acerca dos conceitos que temos discutido em nosso grupo de estudos. Neste sentido, não há desfecho, mas sim aspectos que dispomos, na sequência, na perspectiva de apresentar os registros mais pontuais que sustentam todos os pontos apresentados ao longo deste artigo.

O Projeto de extensão Fora da Sala de Aula nos convida a perceber o contexto, a

realidade, se preocupar com os problemas e as mazelas dos sujeitos. E, muito além do

seu desenvolvimento cognitivo, devemos contribuir para o seu desenvolvimento

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humano mais completo. Uma educação que transforma alunos em pessoas e que faz de todos os espaços sociais um lugar de socioeducativo.

O breve relato da organização da Pedagogia Social como campo teórico da educação, assim como a discussão baseada nas Diretrizes Curriculares de 2015 sobre a formação docente, deve suscitar sobre como as ações extensionistas podem contribuir para a formação docente inicial. Principalmente com aqueles conteúdos que não se encontram organizados de maneira tão clara nos currículos de licenciatura. As práticas educativas não escolares são parte da formação docente inicial e contemplada pelo dispositivo da legislação.

O Projeto de Extensão apresentado busca indicar um caminho para uma reflexão mais próxima da realidade da sociedade local. Ao juntar graduandos e educadores sociais pretende aproximar os alunos da realidade de seu futuro campo profissional e produzir neles a inquietação de participar ativamente das transformações necessárias desse campo. O aprofundamento teórico e o encontro com seus futuros pares se transforma na grande chave de ensino-aprendizagem promovido por essa ação extensionista.

Desse modo, levando em consideração que toda relação social é uma relação pedagógica e que na relação com o outro, constantemente, estamos nos formando, nos construindo e nos desenvolvendo, esperamos que a socialização desta experiência – vivências integrais obtidas no grupo de estudos sobre educação ‘Fora da Sala de Aula’ – se constitua num espaço de construção de novas relações sociais e educacionais, tanto para a formação docente inicial e continuada no estado do Rio de Janeiro.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei nº 13.005, de 24 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de Educação. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 26 de jun. 2014.

_____ Resolução CNE/CP nº 1, de 15 de maio de 2006. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Pedagogia. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 17 mai. 2006.

_____. Resolução CNE/CP nº 2, de 1º. de julho de 2015. Define as Diretrizes

Curriculares Nacionais para a formação inicial em nível superior (cursos de licenciatura,

cursos de formação pedagógica para graduados e cursos de segunda licenciatura) e para

a formação

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CALIMAN, Geraldo. Pedagogia Social: seu potencial crítico e transformador. In:

Revista de Ciências da Educação - UNISAL - Americana/SP - Ano XII - Nº 23 - 2º Semestre/2010

GUARÁ, Isa Maria F. R. É imprescindível educar integralmente. Cadernos CENPEC, São Paulo, n. 2, p. 15-24, 2006.

HANS-UWE-OTTO. Origens da pedagogia social. In: MOURA, Rogério; SILVA, Roberto da; SOUSA NETO, João Clemente de (Orgs.). Pedagogia Social. Vol. 1. São Paulo: Expressão e Arte, 2011.

SOUZA NETO, João Clemente de. Pedagogia social: a formação do educador social e seu campo de atuação. Cadernos de Pesquisa em Educação PPGE-UFES. Vitória.

V.16- N.32, jul./dez. 2010.

Referências

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