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TEXTO DE ESTUDO (INTEGRALIDADE EM SAÚDE)

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Academic year: 2022

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TEXTO DE ESTUDO (INTEGRALIDADE EM SAÚDE) INTRODUÇÃO

Este texto aborda a experiência de uma equipe de Estratégia Saúde da

Família (ESF), no sentido de implementar seu processo de trabalho a partir de uma abordagem integral ao usuário, através da prática do acolhimento e à elaboração do projeto terapêutico singular.

Durante a leitura da síntese do artigo de Silva et al. (2017), convidamos você a pensar nos conceitos e sua aplicabilidade ao processo de trabalho, na implantação ou implementação do acolhimento, fortalezas e fragilidades dessa ferramenta no ambiente laboral, bem como a viabilidade da utilização do plano terapêutico singular na ESF.

1 INTEGRALIDADE EM SAÚDE

A ESF apresenta-se como o elemento central da política de Atenção Básica (AB). Dessa forma, desde a sua implantação, em 1994, diversas mudanças estruturais aconteceram no Sistema Único de Saúde (SUS), provocando um reordenamento no modelo de atenção do SUS, com intuito de melhorar a qualidade e o acesso à Atenção Primária, aproximando-se do modelo de Promoção da Saúde. No entanto, ao se avançar na descentralização e na regionalização da atenção e da gestão da saúde, com ampliação dos níveis de universalidade, equidade, integralidade e controle social, as dimensões sociais presentes nas práticas de atenção ainda encontram-se bastante fragilizadas. Assim, propôs-se uma Política Nacional de Humanização (PNH) da Atenção e da Gestão da Saúde.

A PNH constitui-se uma estratégia para a qualificação da atenção integral, com responsabilização e vínculo, para a valorização dos trabalhadores e para o avanço da democratização da gestão e do controle social participativo. Nesse contexto, o SUS vem com a proposta de enfrentar esse desafio, enfocando a saúde como um direito da humanidade no atendimento ao usuário dos serviços públicos de saúde, por meio da integração dos sistemas de saúde e articulação das ações de prevenção, promoção, recuperação e abordagem integral dos indivíduos e das famílias. Então, a partir dos conhecimentos adquiridos, relacionados aos dispositivos da Clínica ampliada, deu-se ênfase à Integralidade do cuidado, ao acolhimento e ao Projeto Terapêutico Singular (PTS), baseado na experiência como gestores de Unidade de Saúde da Família e, ainda, nas dificuldades na prática da gestão do cuidado, quando observada, especialmente, a PNH, onde não havia

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elaboração de PTS para os usuários nem o acolhimento com classificação de risco e o cuidado integral ao usuário, prevalecendo o cuidado fragmentado.

1.1 O que é Integralidade?

Integralidade na atenção é definida como um princípio do SUS que, considerando-se as dimensões biológicas, culturais e sociais do usuário, orienta políticas e ações de saúde capazes de atender às demandas e às necessidades no acesso à rede de serviços. Constrói-se na práxis das equipes de saúde com e nos serviços de saúde.

Configura-se no atendimento ao usuário em todas as suas dimensões, seja biológica, social e cultural do ser cuidado, sendo a consolidação deste princípio a efetiva mudança da prática do cuidado em saúde, uma vez que será abandonado o então modelo médico centrado. No entanto, para a efetivação deste, é preciso o conhecimento e a prática de alguns dispositivos como a clínica ampliada, o acolhimento e o PTS, no momento do cuidado ao usuário. Mesmo com a compreensão quanto à importância do cuidado, a partir da integralidade e dos elementos supracitados, ainda é muito presente, no contexto profissional, a atenção fragmentada focada na doença. Dessa forma, não se obtêm respostas satisfatórias às necessidades dos usuários. Logo, é necessário um atendimento voltado à política de humanização onde o acolhimento e a escuta qualificada são primordiais. Nesse sentido, é imprescindível ressignificar o conceito de saúde e repensar as práticas de cuidado, colocando o usuário como centro da atenção e percebendo o contexto social em que ele vive, a partir da compreensão da necessidade de cuidado de forma humanizada, que o fez buscar o serviço de saúde. Para tal, torna-se fundamental utilizar as ferramentas disponíveis, a fim de ofertar o cuidado com qualidade e resolutividade.

De acordo com Cecílio (2001), a luta pela integralidade como um princípio do Sistema Único de Saúde (SUS) implica repensar aspectos importantes da organização do processo de trabalho, gestão, planejamento e construção de novos saberes e práticas de saúde. Com o avanço alcançado em cidades como Curitiba- PR, que possui uma Atenção Primária à Saúde fortalecida, que ordena e coordena o cuidado por toda a rede, acredita-se que na Unidade do estudo também pode ser possível a consolidação deste princípio para o avanço e inicial e contínuo que, aos poucos, será consolidado num processo de trabalho em que a crítica ajudará a transformar e a modificar as práticas de produção de cuidado.

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A ESF é composta por uma equipe multiprofissional e se propõe a oferecer um atendimento de saúde voltado para a integralidade do ser humano, considerando a complexidade deste indivíduo, no meio em que está inserido. No entanto, estes conceitos não estão bem consolidados em uma parte considerável das equipes, pois o que se observa são equipes em que o trabalho ainda se concentra no saber médico, sobrecarregado por uma demanda de consultas e desencadeando atendimentos voltados ao tratamento curativo, com um olhar pouco direcionado à promoção da saúde, embora a ESF a tenha como principal eixo. Percebe-se, ainda, que algumas equipes não discutem os problemas de sua área de atuação de forma integral, não planejam as ações e mais raramente as avaliam no cotidiano de suas práticas. Diante do exposto, a temática da integralidade do cuidado como praticada e percebida, antes do curso, estava bem distante da preconizada pelo SUS, pois se entendia que a implantação do acolhimento na USF e o vínculo existente com a comunidade eram suficientes para concluir que a atenção à saúde dava-se de forma integral. No entanto, embora a integralidade estivesse distante nesta USF composta por quatro equipes de saúde da família, com aproximadamente 60 profissionais envolvidos diretamente no cuidado, era possível qualificá-lo, já que o usuário que a frequentava a USF diariamente podia possuir necessidades que passassem despercebidas, uma vez que não é ofertado um cuidado integral. Dessa forma, a reorganização dos processos de trabalho, a utilização das ferramentas da clínica ampliada, do acolhimento e do PTS, é importante para a integralidade do cuidado.

Para refletir

Você percebe o princípio da integralidade na saúde, no processo de trabalho da equipe a qual você está inserido(a)? Pense no modo como ele ocorre!

Para refletir

Segundo os autores: “o que se observa são equipes em que o trabalho ainda se concentra no saber médico, sobrecarregado por uma demanda de consultas e desencadeando atendimentos voltados ao tratamento curativo, com um olhar pouco direcionado à promoção da saúde, embora a ESF a tenha como principal eixo” (p. 794).

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O acolhimento é pautado nos princípios do SUS para atender a todas as pessoas que procuram os serviços. Busca a reorganização do processo de trabalho, deslocando o eixo centrado no médico para uma equipe multiprofissional, sendo capaz de produzir a escuta qualificada, responsabilização, vínculo e resolubilidade.

No acolhimento, a escuta qualificada para classificação de risco, é realizada pelos profissionais de nível superior. Na ausência destes, os Agentes Comunitários de Saúde acolhem a demanda, de acordo com as necessidades dos usuários. É importante salientar que a classificação de risco leva em consideração os aspectos físicos e psicológicos, de forma a garantir o cumprimento dos princípios do SUS:

Universalidade, Equidade e Integralidade, objetivando resolutividade no atendimento.

Importante salientar que o acolhimento e a classificação de risco divergem do preconizado pela PNH, pois ocorrem em um espaço comum às quatro equipes, não garantindo a privacidade para a escuta. Outro ponto divergente da PNH é a não utilização de protocolos para a classificação de riscos. Dessa forma, a escuta diverge de um profissional para outro, onde cada um classifica de acordo com sua conduta. No entanto, de uma forma ou de outra, a classificação de risco visa a organização da fila de espera e propõe outra ordem de atendimento que não seja a ordem de chegada. Apresenta também outros objetivos, como: garantir o atendimento imediato do usuário com grau de risco elevado; informar ao paciente que não corre risco imediato; dar melhores condições de trabalho para os profissionais pela discussão da ambiência e implantação do cuidado horizontalizado; aumentar a satisfação dos usuários e, principalmente, possibilitar e instigar a pactuação e a construção de redes internas e externas de atendimento.

Ainda no que se refere ao acolhimento, o atendimento humanizado vai além da escuta, já que é importante perceber as necessidades de saúde que, muitas vezes, são omitidas pelos usuários. Para isso, é relevante criar um ambiente favorável, tanto físico, quanto de relacionamento. A partir de evidências e do conhecimento sobre o acolhimento adquirido no Curso, vê-se que há uma exigência aos profissionais pela incorporação de contínuas discussões acerca do seu processo de trabalho. Estas condições permitem disparar reflexões e mudanças na organização dos serviços de saúde, em que a escuta e o diálogo estabelecidos possibilitam a construção de encontros solidários, contribuindo para a satisfação de necessidades de saúde das pessoas.

Agora procure correlacioná-la ao processo de trabalho da equipe em que cada um está inserido (a).

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Assim, observa-se que “a dificuldade em implantar ou implementar alguns dispositivos e ferramentas na ESF, como o caso do PTS, é a falta de comprometimento, compromisso e perfil dos profissionais em aderir a este em muitas vezes por não desejarem se manter na Atenção Primária à Saúde, além da dificuldade de lidar com as questões subjetivas no processo de cuidado ao usuário, a falta de infraestrutura de algumas USF, onde não se têm privacidade durante a escuta qualificada no acolhimento, a resistência às políticas que envolvam a promoção e prevenção à saúde, a mudança do modelo biomédico e da abordagem centrada nas doenças para uma abordagem integral que reconheça histórias e sensações na vivência dos adoecimentos. Desse modo, é importante provocar reflexões com os profissionais para que repensem suas práticas, visando a um maior compromisso em consolidar o SUS, efetivando seus princípios e responsabilizando-os pelo cuidado dos usuários de maneira integral” (p.796).

REFERÊNCIA

SILVA, Joyce Lane Braz V. da et al. A prática da integralidade na gestão do cuidado. Rev enferm UFPE on line, Recife, 11(2), p. 792-7, fev. 2017.

Para refletir

Os autores falam em acolhimento como parte da integralidade. Correlacione os dois conceitos e reflita como a equipe em que você está inserido trabalha esse processo na prática.

Referências

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