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Os caminhos para isolar o PCC

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Os caminhos para isolar o PCC

Editorial Jornal da Tarde, 12 de junho de 2006

O restabelecimento dos sinais de telefones celulares no entorno dos presídios de Presidente Venceslau, Iaras, Araraquara, São Vicente e Franco da Rocha (no de Avaré isso já havia sido feito, porque a penitenciária local não abrigava mais presos), determinado pelo juiz-corregedor do Departamento de Inquéritos Policiais (Dipo), Alex Tadeu Monteiro Zilenovski, coloca as autoridades estaduais diante da dura realidade de encontrar outros meios para garantir o isolamento dos presos ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC).

Em seu despacho, Zilenovski afirma, com inteira razão, que a medida - adotada pela Justiça em caráter excepcional, por 20 dias, depois da onda de ataques promovida por aquela organização criminosa - foi “corajosa, útil, adequada, e eficaz”, mas não podia durar para sempre. E lembra que “o dever de impedir a entrada de celulares nos presídios é do Executivo estadual”.

O magistrado poderia ter prorrogado a medida por mais 20 dias, mas é compreensível que tenha decidido não fazê-lo, porque isso apenas adiaria a busca de solução definitiva para o problema, que precisa ser encontrada o mais rapidamente possível. E ele próprio indica o caminho a seguir para isso, ao chamar a atenção da Secretaria da Administração Penitenciária para os “outros meios de que se valem os criminosos para passar ordens a seus ‘soldados’ soltos ou presos”.

Há muito é sabido que o isolamento dos presos, em especial os líderes do PCC, exige a adoção de dois tipos de medidas. Uma delas é impedir sua comunicação por celulares, o que só pode ser feito de maneira permanente pela instalação de um eficiente sistema de bloqueadores e por uma fiscalização rigorosa que evite ou reduza drasticamente a entrada de tais aparelhos nos presídios.

Só isso não basta, porque os presos dispõem de outro meio de comunicação igualmente eficiente - o de seus “pombos-correio”, entre os quais parentes, companheiras que recebem em visitas íntimas, agentes penitenciários corruptos e possivelmente alguns advogados, como indicam as suspeitas cada vez mais consistentes que pesam sobre eles. Portanto, se não se atacar simultaneamente esse outro canal, alimentado pela corrupção que grassa no sistema penitenciário, não se resolverá o problema.

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Conselho de Medicina divulga 492 mortes

na ‘semana do terror’ em São Paulo

O Estado de São Paulo/ Jornal da Tarde/ Diário de São Paulo/ Folha de São Paulo, 12 de junho de 2006

Um mês depois do início dos ataques da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) contra a polícia, agências bancárias e ônibus coletivos, o Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) divulgou que 492 pessoas foram mortas por arma de fogo no Estado na semana de violência, de 12 a

20 de maio.

O total de mortes inclui todos os tipos de crime, inclusive suicídios, mas significa uma média diária três vezes maior que o normal - 61 por dia contra 20 normais.

Os dados serão entregues hoje ao Ministério Público Estadual e Federal e à Defensoria Pública. "Isso só pode demonstrar que houve mais mortes que a Secretaria de Segurança Pública divulgou", afirmou o coordenador do Movimento Nacional dos Direitos Humanos, Ariel de Castro Alves.

O relatório que será entregue hoje também mostra que houve grande pico de mortes por arma de fogo na capital, Grande São Paulo e no litoral. O nome de todas as vítimas, cópias dos laudos definitivos como data e o local das mortes também constarão do documento.

A partir desses dados, a Defensoria, o MPE e o MPF deverão cruzar com outras informações de inquéritos e boletins de ocorrência para tentar descobrir o que realmente aconteceu em cada crime. O perito criminal Ricardo Molina é quem fará a assessoria técnica no cruzamento de dados. A Secretaria de Segurança Pública admitiu que a polícia tinha envolvimento em apenas 122 mortes em todo o Estado.

Hoje, a coordenação do Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH) se reúne para avaliar o primeiro mês pós-ataques do crime organizado e também para discutir a realização de uma campanha pela saída do secretário de segurança pública Saulo de Castro Abreu Filho.

O secretário é acusado pelas entidades de falta de transparência e possível omissão com relação às mortes ocorridas na semana do terror (entre os dias 12 e 20 de maio), por não ter avisado com antecedência os policiais e a própria sociedade dos crimes que estavam pra acontecer.

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Também nesta segunda-feira, às 16hs, a Comissão Especial Independente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe), que é formada por representantes de entidades de direitos humanos e por órgãos públicos, se reúne com promotores de Justiça e com membros do Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp).

Ato pela paz no Ibirapuera

Uma manifestação no Parque do Ibirapuera marcou ontem um mês do início dos ataques organizados pelo Primeiro Comando da Capital com o lançamento do manifesto "Vire este jogo: paz é a gente que faz". A idéia é manter a cobrança de ações do poder público, mas também envolver a sociedade.

Cerca de 30 entidades participaram da manifestação e compuseram um painel com frases e desenhos com pedidos de paz. O coral da Guarda Civil Metropolitana se apresentou e houve um minuto de silêncio pelos mais de 160 mortos na semana dos atentados. "Parece que foi ontem que a gente não tinha ônibus para ir trabalhar", comentou Fabiano Dias da Silva, 28 anos, que passeava pelo parque e parou para apoiar o evento. "A gente sentiu o terrorismo de perto", disse.

Greve branca dos presos deve acabar hoje

O Estado de São Paulo/ Jornal da Tarde, 12 de junho de 2006

Deve terminar hoje a greve branca realizada no sistema prisional do Estado em solidariedade aos presos que estão na Penitenciária Venceslau II, onde está a liderança do Primeiro Comando da Capital (PCC). Ontem, terminou o prazo de 30 dias estipulado pela Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) que proibia o banho de sol e a visitas de advogados. "Amanhã (hoje), os presos de Venceslau II devem sair do 'castigo' e a rotina dos presídios voltar ao normal", disse o diretor de uma prisão, que pediu para não ser identificado.

O protesto começou na última terça-feira. Em apenas três horas e meia, 40 unidades prisionais do Estado aderiram à manifestação. Presos deixaram de sair para o banho de sol, não receberam advogados e se recusaram a trabalhar nas oficinas internas.

Mas a forma de protesto que mais surtiu efeito foi quanto aos presidiários que se recusaram a ir para os Fóruns do Estado. A greve branca foi sentida no Fórum Criminal da Barra Funda, Zona Oeste da Capital.

De acordo com o Tribunal de Justiça,

97%

dos presidiários que deveriam comparecer na semana passada aos fóruns do Estado não foram às audiências e julgamentos, que tiveram de ser

remarcados. Das 1041 requisições de transferência de presos, 467 não foram cumpridas.

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Em muitas das 144 unidades prisões e penitenciárias de São Paulo, esse foi o primeiro fim de semana de visita de parentes, excluindo Venceslau II. A PM colocou seus homens em prontidão para evitar possíveis tumultos nos 74 presídios dos Estado onde ocorreram rebeliões. A SAP recebeu informações de que os detentos dessas unidades ameaçam aproveitar os dias de visitas para ampliar os protestos.

Segundo Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional do Estado de São Paulo, "o clima foi tranqüilo", apesar dos agentes de segurança penitenciária terem trabalhado com a atenção redobrada.

Só houve um problema registrado no Centro de Detenção Provisória de Hortolândia. Às 15h, no fim do horário das visitas, os presos tentaram fugir. Dois deles, "armados" com réplicas de pistola e granada renderam 15 agentes do plantão, que foram mantidos reféns por uma hora. A farsa foi descoberta e os funcionários libertados.

Furto ao BC financiou os atentados em São Paulo

Folha de São Paulo, 12 de junho de 2006

Cerca de R$ 50 milhões dos R$ 164,8 milhões levados no Ceará em 2005 foram

para os cofres do PCC, segundo a polícia

A facção tem algum tipo de participação em pelo menos 20% dos roubos de valores

e de cargas praticados no país, aponta a Polícia Federal

O PCC (Primeiro Comando da Capital) comanda ou tem envolvimento direto ou indireto em pelo menos 20% dos roubos de valores e de carga no país, segundo balanço feito pela Polícia Federal com base em 50 operações desde 2004.

A investida mais rentável que teve a participação da facção criminosa, segundo a PF, foi o furto à unidade do Banco Central em Fortaleza (CE), em agosto de 2005. Dos R$ 164,8 milhões furtados, cerca de R$ 50 milhões teriam ido para os cofres do PCC.

O delegado da PF Antônio Celso dos Santos diz que parte do dinheiro financiou as rebeliões e os ataques comandados pelo PCC há um mês. Outra parcela, de R$ 300 mil, custeou o assalto frustrado a uma agência do ABN Amro Bank no Paraguai, em fevereiro.

A presença do PCC nas investidas contra o BC e o ABN produziu ações semelhantes em ambos os casos. A busca às caixas-fortes das instituições financeiras foi feita por meio de túneis. Houve aluguel de imóvel próximo aos bancos, para ser usado como fachada e encobrir a retirada do entulho.

As equipes de trabalho dos criminosos eram grandes: cerca de 20 no Paraguai e 20 em Fortaleza. Uma investigação da Polícia Federal identificou a participação de sete integrantes do PCC em cada uma das operações criminosas.

Desde o final dos anos 90, o PCC tem buscado ações que lhe rendam capital intensivo. Requerem menos violência -o que significa menos investimento em armas- e rendem mais dinheiro de uma só vez. Daí ter como alvos preferenciais transporte de valores, caixas-fortes de bancos ou empresas transportadoras de valores e também o roubo de cargas.

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assaltar agências bancárias, que reforçaram a segurança e reduziram o volume de moeda em suas unidades.

Os veículos podem ser rendidos com um número menor de assaltantes. Quanto aos túneis, requerem um investimento maior dos criminosos, mas são mais seguros e reduzem a quantidade de armamento necessário por ação. "O crime do futuro é para tatu", diz Santos, que também comanda a investigação do assalto ao Banco Central, em Fortaleza.

Para o roubo de carga vale o mesmo raciocínio do carro-forte: pouca gente para render no veículo, em geral em estradas desertas, e retorno -às vezes milionário- garantido.

Segundo a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, em 2005 foram 4.266 roubos de carga nas estradas que cortam o Estado; no primeiro trimestre deste ano, 1.061 -uma média diária de 12 assaltos. Ainda conforme o delegado Santos, já na segunda metade dos anos 90 o PCC passou a concentrar o alvo de suas ações em cargas e valores. A estratégia se revelou eficiente tanto para financiar as ações da própria organização como para criar um ganho excedente.

O faturamento extraordinário permite ao PCC financiar a compra de armas, munição, sistema de comunicação, transferência de presos e transporte.

Ao precisar seus alvos, segundo a PF, o PCC elevou seus ganhos para R$ 1 milhão por mês. Isso

possibilitou, inclusive, que a cobrança de uma contribuição mensal dos filiados do grupo (R$ 500 para quem está em liberdade e R$ 50 dos presos) diminuísse nos últimos três meses. A facção também passou a obter mais renda com o tráfico de drogas, diretamente ou indiretamente, pois o PCC, hoje, também recebe parte do lucro das bocas-de-fumo mais rentáveis do Estado.

Com a cifra, cresceu a complexidade da organização, que passou ainda, segundo a PF, a atuar no segmento de postos de gasolina e transporte clandestino em São Paulo -para lavar o dinheiro obtido nas investidas criminosas.

Líder do assalto ao BC é parceiro do

PCC em ações criminosas

Folha de São Paulo, 12 de junho de 2006

Criminoso foragido contribui com a facção de acordo com o que obtém nas ações

que pratica; em troca, recebe proteção

Entre os crimes do PCC para conseguir recursos está o seqüestro de familiares de

gerentes de bancos, que são obrigados a dar o dinheiro

O cearense Antônio Jussivan Alves dos Santos, o Alemão, pode ser considerado o mais bem-sucedido ladrão do Brasil em uma única ação criminosa, já que, segundo a Polícia Federal, ele liderou a quadrilha que furtou os R$ 164.755.150,00 em cédulas de R$ 50 (três toneladas) do Banco Central em Fortaleza (CE), em agosto de 2005.

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foragido. Segundo a PF, Alemão está no interior de São Paulo, sob proteção de homens do PCC.

O assaltante cearense é considerado um "primo" (simpatizante) do PCC e contribui com a facção de acordo com o que obtém nas ações criminosas que pratica. Em troca, ele recebe proteção da facção e tem à sua disposição armas.

De olho no dinheiro roubado do BC, criminosos seqüestraram Antônio Jussiê dos Santos, irmão de Alemão, em abril. Ele ficou 12 dias em um cativeiro e, após o pagamento de um resgate de R$ 70 mil, foi solto. Alemão esteve no Ceará, segundo a PF, e negociou, pelo celular, a libertação do irmão.

Ações

Entre as ações em que tentam praticar crimes voltados para o chamado capital intensivo e obter verba para a facção, os membros do PCC que atuam no Estado de São Paulo têm uma especialidade: roubar agências da Caixa Econômica Federal, sempre após seqüestrar parentes dos gerentes para obrigá-los a entregar o dinheiro do banco, ou em assaltos convencionais, com armamento.

Nessas ações, nas quais visam forçar os gerentes das agências a entregar todo o dinheiro que existe no cofre do banco, os ladrões seqüestram os familiares dele e, depois de levá-los para um cativeiro e

fotografá-los sob a mira de armas ou de explosivos, partem para a pressão psicológica: ou eles facilitam o acesso ao banco, ou os familiares serão mortos.

Segundo o delegado da Polícia Federal Marcelo Sabadin Baltazar, da Delepat (Delegacia de Repressão a Crimes Contra o Patrimônio), "a atribuição de investigar o PCC é da Polícia Civil de São Paulo, mas "toda vez que os membros do partido [do crime, como o PCC também é chamado] atravessarem o caminho da União, baterão de frente com a Polícia Federal".

Criada em setembro de 2003, a Delepat já prendeu nos últimos três anos 20 ladrões de bancos ligados ao PCC, todos eles por roubos contra agências da Caixa Econômica Federal no Estado de São Paulo.

Segundo a Secretaria da Segurança Pública,

em 2005 foram registrados 133 assaltos a

banco em todo o Estado. No 1º trimestre deste ano, 53, ou seja, em apenas três

meses de 2006, São Paulo já registrou 40% do total de roubos a banco registrados

no ano anterior.

Febem e presídios participam do Enem

O Estado de São Paulo/ Jornal da Tarde, 12 de junho de 2006

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) será realizado também em 140 unidades prisionais.

Os diretores das instituições, entre elas 49 unidades da Febem, receberão nos próximos dias um termo de compromisso que garante a segurança dos fiscais do exame.

Em 2002, primeiro ano em que a prova foi aplicada nas prisões, cinco estabelecimentos participaram.

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Internos fogem de unidade da Febem em São Paulo

Folha de São Paulo, 12 de junho de 2006

Ao menos cinco internos conseguiram fugir da unidade Vila Maria da Febem, na zona norte de São Paulo, na madrugada desta segunda-feira.

Informações preliminares da Polícia Militar apontam que o grupo fugiu por volta das 4h30, após pular um muro. Dois jovens foram recapturados.

A assessoria de imprensa da Febem (Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor) ainda não confirmou o número total de internos fugitivos.

Leia entrevista com o presidente da Associação dos Delegados de Polícia do

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