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Roda de rua: notas etnográficas a respeito do jogo da capoeira enquanto fenômeno sociocultural urbano

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Academic year: 2018

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Texto

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o

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texto aborda a Roda de Rua de Capoeira, da cultura brasileira, enquanto

fenômeno sociocultural urbano e espaço democrático de circulação de

aprendizagens, tendo como principal fonte o registro de notas etnográficas

ZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

1 1

realizadas a partir de uma vivência de 30 anos de prática dessa cultura, em

diversas rodas de capoeira pelo Brasil e no mundo, envolvendo a

percep-ção e o entendimento de inúmeras vertentes e tradições da capoeira. O

artigo conta com as contribuições teóricas de Foucault (2004), Goldenberg

(2005), Oliveira (2003), Silva (2005), Vasconcelos (2006), dentre outros e se

posiciona a favor do potencial formador das práticas culturais populares

enquanto práxis educacionais não formais.

Palavras-chaves: Capoeira; Cultura; Educação não-formal.

B C H _ P E R IO D IC c 'S

R O D A D E R U A : N O T A S E T N O G R Á F IC A S A R E S P E IT O D O JO G O D A

C A P O E IR A E N Q U A N T O F E N Ô M E N O S O C IO C U L T U R A L U R B A N O

RODA DE RUA: ETHNOGRAPH/C NOTES ABOUT THE GAME OF

CAPOEIRA AS URBAN SOClOCULTURAL PHENOMENON

GFEDCBA

R o b s o n C a r / o s d a S i l v a

Professor da UESPI {Universidade Estadual do Piauf). Mestre em Educação

pela UFPI {Universidade Federal do Piauü. Coordenador do Projeto de

Ex-tensão "Capoeira nos Espaços universitários (UESPI). Orientador de projetos

de pesquisa PIBIC!UESPI e Coordenador do curso de Pedagogia (UESPI).

R e s u m o

Abstract

The text addresses the Capoeira Roda de Rua, Brazilian culture,

socio-cultu-ral phenomenon as urban, democratic space for movement of learning, with

the primary source the ethnographic record of notes made from an experience

of 30 years of practice that culture in several capoeira in Brazil and the

world, involving the perception and understanding of many aspects and

traditions of Capoeira. The article includes the theoretical contributions of

Foucault (2004), Goldenberg (2005), Oliveira (2003), Silva (2005),

Vascon-celos (2006) among others points and stands in favor of the formative potential

of popular cultural practices as educational praxis informally.

Keywords: Capoeira. Culture. Non-formal education.

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R obson C arlas da S ilva

ZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

In tro d u ç ã o wvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

o

presente texto traz reflexões sobre a "roda de capoeira", aqui

enfatizada enquanto fenômeno sociocultural da cultura educacional

não-formal, praticado em espaços públicos e privados das cidades brasileiras.

Partindo de uma vivência de 30 anos de prática da capoeira, iniciada aos

15 anos de vida, a capoeira é uma atividade significativa em nossa vida,

resultando na Dissertação de Mestrado, realizada e defendida no

Progra-ma de Mestrado da Universidade Federal do Piauí, em fevereiro de 2005,

com o títu 1 0

GFEDCBA

" A s R e p r e s e n t a ç õ e s P o l í t i c o - C u l t u r a i s d a C a p o e i r a n o s l i v r o s d i d á t i c o s d e H i s t ó r i a : u m a a b o r d a g e m a p a r t i r d a t e o r i a d o s E s t u d o s C u l

-t u r a i s ' . Entendemos que a capoeira favorece a construção de um

senti-mento identitário de "brasilidade" e que pode contribuir para uma maior

compreensão sobre a cultura e o jeito de ser o brasileiro, entendimento

que fomos adquirindo na vivência da capoeira e nas leituras do campo da

cultura e na própria fundamentação teórica sobre a capoeira, fruto dos

escritos de capoeiristas e de estudiosos de vários campos do

conheci-1 2

mento que voltam seu olhar para a capoeira.

Assim sendo, podemos denominar as reflexões que fazemos neste

texto, dialogando com Goldenberg (2005), de notas etnográficas sobre a

capoeira, por tratar-se de relatos originados a partir de uma imersão

pes-soal no fenômeno investigado, convivendo com as pessoas envolvidas na

atividade, apropriando-se dos códigos culturais dos grupos constituintes,

a ponto de confundir-se ou mesmo tornar-se um membro desses grupos.

Em nosso caso, em particular, além desses aspectos, avançamos no

senti-do de contribuirmos diretamente na formação, difusão e institucionalização

do grupo do qual fazemos parte, bem como da prática da capoeira de

forma geral em nosso estado, em outras comunidades fora do estado e,

até mesmo, no exterior'.

A capoeira constitui-se em uma simbiose de diversas manifestações,

envolvendo, em uma única prática, arte, dança, luta, música, canto,

poe-sia, espaços de aprendizagens, teatral idade (VASCONCELOS, 2006),

his-tória, dentre outros aspectos, numa mistura de expressões e gestos que

formam uma espécie de jogo-, de disputa marcada pela malícia,

agilida-de, velocidade e força cinegética dos contendores. É uma cultura, ou

artefato cultural (SILVA, 2002), utilizada historicamente como

instrumen-o de resistência, do povo negro africano, escravizado no Brasil, contra a

política de opressão implementada pelos senhores de engenho.

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R o d a d e ru o : n o to s etn o g ró filo s o resp eito d o jo g o d a rcp o elrn en q u an to fen ô m en o so d o w ltu ral u rb e o

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Segundo Silva (2005), sua origem é controversa. Alguns estudiosos

e praticantes defendem que sua origem é africana, aqui trazida pelos

pri-meiros negros escravizados como mão-de-obra escrava, em sua maioria

da etnia

GFEDCBA

B a n t u , da região de Angola.

Por outro lado, existem aqueles que defendem sua origem

brasilei-ra, sendo aqui desenvolvida pelo povo negro africano escravizado,

en-quanto instrumento de defesa e resistência contra o estado opressivo

im-posto a estes. Nasceu e se desenvolveu a partir da necessidade e da ânsia

por libertação, originando-se de uma fusão de culturas africanas, de

as-pectos ritualísticos, gestuais e musicais da cultura desse povo, se

constitu-indo em uma cultura única, com aspectos característicos bem diversos

das possíveis manifestações que lhe deram origem, daí seu forte caráter

de prática educacional popular. Atualmente, esta é a teoria mais aceita

nos estudos sobre a capoeira.

Os defensores da teoria amparam-se em relatos de estudiosos e

mestres de capoeira no Brasil que tiveram oportunidade de viajar ao

con-tinente africano e, lá chegando, não encontraram nenhuma manifestação

igual àcapoeira. Identificaram, na cultura e no jeito daquele povo, vários

aspectos que poderiam ser pontuados e identificados na capoeira, como

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a ginga, a musicalidade e muitos tipos de gestos, porém sem a

complexi-dade da prática da capoeira em seus princípios básicos e rituais, como

por exemplo, a organização da roda, a conformação dos instrumentos, as

posturas dos praticantes, os cantos, os "estilos" de jogo da capoeira,

den-tre outros.

No entanto, ao largo das discordâncias sobre sua origem, um

as-pecto é comum a todos as pesquisas e estudos sobre a capoeira: seu

de-senvolvimento se deu nas ruas, nos espaços livres existentes nas

localida-des rurais do Brasil Colônia, assim como nas ruas dos centros urbanos da

época do Império (SOARES, 2002), ou seja, a capoeira nasceu no meio

do povo, se originou e se constituiu enquanto cultura " p o p u la r'" ,

carrega-da de aspectos identitários significativos do sentimento de brasilidade.

A

ro d a d e ru a

Ao longo dos anos, na história da capoeira, a organização do espaço

de prática da capoeira em forma de círculo, composto por praticantes e

assistentes, e com dois contendores jogando ao centro, realizada em

espa-ços públicos das cidades como praças, praias, mercados públicos, cais de

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R obson C arlos da S ilva

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portos, dentre outros, foi se transformando em uma tradição e ficou

conhe-cida, até os dias atuais, como "roda de rua", constituindo-se assim em um

espaço de manifestação pública supostamente d e m o c rá tic o " , devido ao

fato de que qualquer pessoa pode participar da roda, mesmo aquele que

apenas admira e queira conhecer e se divertir jogando a capoeira.

Geralmente, a roda de rua é organizada por um mestre, professor

ou aluno graduado ligado a algum grupo de capoeira (constituído, em

constituição ou a ser constituído) ou mesmo por um capoeirista

desvinculado de qualquer grupo, os chamados "capoeiristas de rua".

O ritual que permeia o desenvolvimento de uma roda de

capoeira-de rua é basicamente o mesmo de uma roda de capoeira realizada nos

espaços de treinos dos capoeiristas, tais como academias, clubes sociais,

escolas, quadras de esportes, salões de associações, dentre outros

espa-ços em que se pratica a capoeira, pois, tradicionalmente, todo treino de

capoeira termina com uma roda, seu ponto culminante e momento de

encerramento das atividades.

A convivência nas rodas de capoeira, desde 19795

, nos permite

afirmar que a diferença básica da roda de academia para a roda de rua

está no "clima" proporcionado, na "energia" presente numa roda de rua

em que, diferentemente da roda de academia (ou de treino), qualquer

pessoa pode participar, sem necessitar se identificar, com o uso de

qual-quer vestimenta, inclusive sendo este um dos aspectos mais

característi-cos da roda de rua, o que numa academia não acontece, pois na roda de

rua, é importante ressaltar, mesmo sendo esta sempre organizada por um

mestre ou um responsável específico, todos podem participar, de

qual-quer grupo, estilo de jogar, segmento ou ideologia.

Nas rodas de academia, ou mesmo em rodas de e x ib iç ã o " , além do

controle de um mestre ou responsável, geralmente somente os

compo-nentes do grupo que organiza a roda, devidamente uniformizados,

po-dem participar, exceto quando algum grupo, ou componente de algum

grupo, aparece para uma visita ao espaço de treino, mesmo assim sob

determinadas condições e efetivo controle do responsável pelo espaço,

principalmente com a exigência do uso do uniforme identificando a qual

grupo pertence, evitando possíveis "surpresas" causadas por desavenças

ou excesso de algum praticante.

O certo é que, muito embora a roda de capoeira realizada em

espa-ço reservados para os treinos se constitua em um momento de prática

. 'e da capoeira, podendo envolver uma grande diversidade de pessoas,

- """'pre e iste certa forma de controle e de imposição de determinadas

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R o d a d e ru o : n o tas etn o g ró ficas a resp eito d o jo g o d a cap o eira en q u an ta fen ô m en a saciacu ltu ral u

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normas que, às vezes, estão acima do controle e da vontade dos

respon-sáveis pelos treinos, visto que nesses espaços, em sua maioria espaços

privados, existem seus próprios códigos de funcionamento.

Por outro lado, nas rodas de rua, os elementos simbólicos da

capo-eira estão presentes e circulam livremente em todos os aspectos que

en-volvem esse tipo de evento, causando uma múltipla gama de reações nas

pessoas que assistem à roda: em alguns casos, estranheza; em outros,

perplexidade; em outros, ainda, fascínio; porém, em todos os casos,

per-cebe-se a falta de um entendimento aprofundado a respeito dos muitos

"diálogos" que se realizam durante toda a duração da roda.

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F u n d a m e n to s e e le m e n to s d o jo g o d a c a p o e ira :

o o lh a r, a p a la v ra e o p o d e r

Assim como em algumas culturas negras, para se entender a

capo-eira, para se compreender os significados de seus movimentos, o diálogo

corporal e gestual presente no jogo da capoeira, é necessário

desprender-se da lógica do pensamento ocidental que orienta nossa forma de se rela-

1 5

cionar com e na sociedade atual.

Na capoeira, não podemos apreender seus significados de forma

direta e pragmática, faz-se necessário ver além do material, do visual,

além do que nossa visão pode enxergar e tentar "ver" com os olhos do

"espírito", do não-material.

Alguns dos elementos da cultura africana, trazidos pelos vários

po-vos que aqui chegaram como escravos, podem ser identificados

clara-mente no jogo da capoeira, notadamente na roda de capoeira e, mais

especificamente, pelo caráter público e popular da roda de rua.

O universo, na concepção do africano, é composto por tudo o que

se manifesta ou oculta, não podendo ser compreendido enquanto

sim-ples relação entre o visível e o invisível, o subjetivo e o objetivo, visto que

a realidade encontra-se para além das aparências, numa visão unificada

que tende a harmonizar o mundo natural e o mundo social, num todo

que envolve a tudo e a todos, interligando todas as coisas (OLIVEIRA,

2003).

Esta concepção está presente na tradição da capoeira e se

eviden-cia na postura de seus praticantes, na decifração e atendimento de seus

códigos, quando tentam explicar em que se constitui o jogo da capoeira e

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R obson C orlos do S ilvo

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não encontram elementos para significar essa prática. Pois a capoeira, a

partir da compreensão africana de universo, envolve uma dinâmica de

totalidade, de todo, de completude, ou seja, quem não entende a

capoei-ra, tende a querer explicá-Ia por meio de alguma de suas características

isoladas, daí as várias denominações reducionistas atribuídas à capoeira,

tais como dança, luta, brincadeira, dentre outras.

No entanto, para os praticantes e entendidos da capoeira, a sua

essência encontra-se no "jogar" a capoeira, não concebendo sua prática

de forma isolada a partir de algum elemento que a compõe, sendo que,

muitos dos mestres antigos quando solicitados a definir a capoeira

ten-dem a responder: "Capoeira é Capoeira!" (LOPES, 1 9 9 4 , p. 5 4 ) .

Outro elemento da cultura negra presente na capoeira é a palavra,

entendida como força que anima e vitaliza o homem, energia capaz de

gerar coisas (OLIVEIRA, 2003).

Podemos identificar a palavra como elemento central na capoeira,

notadamente na força que exerce por meio do canto, elemento essencial

e indispensável na prática da capoeira. Muito do que é feito na capoeira,

antes é dito e firmado por meio das palavras. Os feitos dos capoeiras

antigos, suas histórias, conquistas e desafetos, os desafios, os avisos, tudo

é traduzido por meio das palavras e expressado nos cantos e cantigas da

capoeira. Portanto, a palavra constitui-se em outro elemento da cultura

negra presente no universo da roda de capoeira, revelando, para os mais

atentos, aspectos além do perceptível.

Finalmente, podemos destacar, dentro dos limites deste texto, o

ele-mento "poder", entendido segundo Oliveira (2003, p. 60) como "l ... ] o

exercício calcado na tradição para garantir o bem-estar para a sociedade

[ ... ], instrumento da tradição dos ancestrais para perpetuar [. .. ] a ordem

do sagrado [ ... ]". O poder hierárquico está presente na capoeira, como

destacamos anteriormente, porém, e é aqui que pode estar o fio condutor

para o entendimento da roda de capoeira como espaço democrático

sociocultural urbano, percebe-se que esta relação de poder, na maioria

das vezes, não se configura enquanto relação de mando, de autoritarismo

unilateral, existindo uma consciência coletiva dos praticantes da

capoei-ra em relação a um respeito ancestral à figura do mestre, numa espécie de

legitimação e aceitação de seu poder, visto que esta forma de poder é

própria das relações espontâneas que são construídas no seio dos grupos

populares e somente é concedida às pessoas que, de certa forma,

vive-a e ivem experiências significativas dentro do grupo, conquistando o

soeito e a admiração por sua conduta no que diz respeito às estratégias

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R o d a d e ru o : n o tas etn o g ró ficas a resp eito d o io g o d a cap o eira en q u an to fen ô m en o so cio cu ltu ro l u rn a

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de liderança, às competências que desenvolve e que consegue transmitir

para as pessoas do grupo, à capacidade de ponderar e emitir juízos de

valor sobre assuntos pertinentes às práticas do grupo, dentre muitos

ou-tros aspectos.

O que deve ficar evidente nesta análise é que de forma alguma

defendemos a não existência de relações de poder nos grupos de

capoei-ra, aliás, acreditamos, ancorados nas idéias de Foucault (2004), que o

poder está bem presente em todas as relações sociais das sociedades

modernas, bem configurado e exercido nas instituições e diretamente

re-lacionado com a produção da verdade, podendo ser identificado enquanto

mecanismo de controle, não mais somente atrelado ao aparelho de

Esta-do, mas no nível cotidiano, numa rede de poderes moleculares

("microfísicos") espalhados por toda sociedade, onde todos podem estar

exercendo o poder ao mesmo tempo.

Assim sendo, as relações de poder estão sim fortemente presentes na

capoeira, pois o próprio Foucault (2004) afirma que o poder não existe

somente na forma de repressão e que pode se configurar como disciplinador

e normalizador e, acreditamos serialmente, que na capoeira, a partir das

reflexões feitas anteriormente, o poder do mestre, por exemplo, tem uma

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função muito mais disciplinar e normativa, no sentido de que as pessoas

vão ao encontro, à procura dos grupos de capoeira e neles se inserem

en-quanto componentes conscientes de sua escolha por determinado grupo,

pela linha de pensamento que segue, pelo estilo de capoeira que ensina a

jogar, pela representatividade exercida pelo grupo no contexto social em

que está inserido, e assim são muitos os aspectos que influenciam na

esco-lha das pessoas em fazer parte de determinado grupo de capoeira.

Porém, nesse complexo jogo de opções, aparece

fundamental-mente a figura do mestre de capoeira, é ele quem, de certa forma,

inter-fere diretamente na escolha das pessoas por determinado grupo de

ca-poeira, seja por carisma ou em busca de a firm a ç ã o " , assim como são

muitos os novos grupos de capoeira que surgem atualmente a partir de

dissidências entre seus componentes, levando alunos mais graduados e

já com uma boa formação na capoeira a formar seus próprios grupos,

levando muitos componentes consigo, o que evidencia dois aspectos,

em nossa concepção: primeiro, e ainda com Foucault (2004), que onde

há poder existirá, também, resistências, dissidências, contraposições,

pois nenhuma forma de poder é total; e em segundo, e a partir desse

primeiro aspecto, que a forma como o mestre exerce sua condição de

poder dentro do grupo de capoeira deve ser orientada a favor de ganhos

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R absan C arlas da S ilva

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para

GFEDCBA

c o l e t i v i d a d e de pessoas que formam o grupo, sob pena, como

po-demos perceber bem nitidamente na história da formação ed e s e n v o l v i

-mento dos grupo de capoeira no Brasil, de assistir ao desmonte e e s v a

-ziamento dessa sua condição.

Por trás das falas de muitos mestres antigos de capoeira (LOPES,

1994), podemos identificar a concepção de que o verdadeiro mestre de

capoeira, revestido em sua posição de poder, d e v e exercer esse poder

pensando no c o l e t i v o , visto que sua condição de mestre está relacionada

muito mais à questão da experiência, da vivência cotidiana, que traz

efei-tos práticos na cultura ancestral de cada grupo, na posse de uma

sabedo-ria que foi ensinada e perpetuada por gerações e acaba por se transformar

na cultura desse grupo; então, no entendimento desses mestres antigos, o

seu poder disciplinador d e v e se expressar de forma coletiva, deixando

seus discípulos livres para d e s e n v o l v e r suas próprias formas de " [o g a r" e

futuramente ensinar a capoeira, procurando garantir que seus discípulos

perpetuem seus ensinamentos a partir da compreensão e do respeito à

ancestral idade, contribuindo, assim, para que a capoeira r e n o v e sua

for-ça no ensino dos mais velhos, dos antepassados, presentes hoje na fala,

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nos cantos, nas estórias da capoeira.

D a m a rg e m

p a ra o c e n tro :

a c a p o e ira n a s c e n a s p ú b lic a s d o s c e n tro s u rb a n o s

Nos trabalhos de Karasch (2000), Soares (1994,2002) e Vieira (1995,

1998; 2004), podemos perceber que a capoeira, durante todo o século

XIX, dominou a cena urbana das grandes cidades brasileiras, em especial

Rio de Janeiro, S a l v a d o r e Recife, transformando-se em um fenômeno

social que causou pânico na população e nas autoridades da época,

far-tamente documentada em jornais e documentos da polícia que, ao

mes-mo tempo, criticavam a ação dos capoeira e e x a l t a v a m os feitos dos

pra-ticantes dessa arte, os temíveis " c a p o e ira s " como ficaram conhecidos, numa

simbiose de resistência popular e cooptação pelos poderes políticos

do-minantes.

Todo esse processo desencadeou uma política de perseguição à

capoeira, no contexto de discriminação e perseguição a qualquer

mani-"estação negra no país, chegando quase àsua extinção. A capoeira

resis-iu porém sumiu das cenas sociais urbanas, se esgueirando pelos morros,

'a elas quintais e espaços da periferia dos grandes centros, numa espécie

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de tática de renovação de forças, de tomada de fôlego, para, aos poucos,

retomar seu espaço nas cenas públicas urbanas.

O certo é que, aos poucos, notadamente no início dos anos 70 do

século X X , a capoeira já está fortemente presente nos espaços sociais

ur-banos das cidades brasileiras, como uma cultura popular de

manifesta-ção pública e de caráter "folclórico", mais para atrair a presença das

pes-soas e conseguir dinheiro, numa prática conhecida como "passar o

cha-p é u '" , prática que, no entendimento de muitos capoeiristas, desvirtuou a

verdadeira essência da capoeira, levando muitos grupos de capoeira a

proibirem seus adeptos de realizarem ou participar dessas rodas. Vale

ressaltar que a capoeira sempre realizou rodas na rua, porém em anos

idos, como também podemos identificar em Soares (2002) e Vieira (1995),

não tinha o caráter de demonstração pública, mas estava atrelada a uma

tradição cultural de se jogar na rua, de conhecer outros capoeiras e

reali-zar "embates" com eles, era um espaço em que os capoeiras, na época

sem ligação com grupos, poderiam fazer fama, demonstrar suas

habilida-des e perpetuar o seu nome no mundo da capoeira e, não raras vezes, no

espaço social mais amplo.

Nos últimos anos, a capoeira continua presente nas ruas das gran-

19

des cidades brasileiras, mas, a partir do significativo aumento de

pesqui-sas e produções acadêmicas sobre a capoeira, com o surgimento de

mui-tas pessoas conscientes da importância que a capoeira assume no

con-junto das manifestações culturais do Brasil, sua relevância na história das

lutas contra a escravidão e contra o jugo dominante exercido sobre as

classes populares em nosso país, bem como a forma como a capoeira

hoje é difundida pelo mundo afora, contribuindo para a difusão de nossa

cultura e em especial da língua portuguesa", a roda de rua deixa de lado

o aspecto de exibição pública para arrecadar dinheiro e retoma sua

fun-ção de espaço público de prática da capoeira, resgatando, para as rodas,

os velhos mestres e criando espaços de aprendizado da capoeira por meio

do "jogar", da expressão livre da cada capoeirista do seu jeito de jogar

capoeira, seu estilo, sua forma de interpretar e dialogar com outros

capo-eiras, enriquecendo sua prática e contribuindo para o desenvolvimento

das tradições e fundamentos da capoeira.

Portanto, pelo exposto até o momento, penso que ficam evidentes

alguns elementos do caráter público e da energia envolvente presentes na

capoeira e que podem, mais efetivamente, ser identificados nas rodas de

rua. São elementos que podem contribuir para explicar a magia presente

nessa manifestação, que há muito tempo vem fazendo história como

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nômeno sócio-urbano brasileiro, se expandindo, como já ressaltado, pelo

mundo afora.

Não é raro ver, em qualquer centro urbano do Brasil, a formação de

significativo ajuntamento de gente para assistir às rodas de rua de

capoei-ra. Existe uma espécie de magia que atrai as pessoas que vão passando,

param envolvidas pela cadência forte dos sons e dos ritmos associados à

beleza plástica dos movimentos corporais dos capoeiras que parecem

desafiar a gravidade, ficam um pouco, assistem e se vão, num constante

processo de alternância do público.

A roda de rua é, portanto, um fenômeno social, marcado por

aspec-tos de forte conotação de educação não-formal (CENDALES e MARINO,

2006), de manifestação pública própria de nossa cultura, transformada

em tradição no Brasil, como podemos constatar nas "famosas" rodas do

Mercado Modelo na Bahia, roda do Ibirapuera em São Paulo, roda da

Penha no Rio de Janeiro, roda da Torre em Brasília, dentre muitas outras

pelo país afora'".

São muitos e significativos os aspectos que permeiam o universo de

uma roda de rua, fornecendo material para estudos e pesquisas,

2 0

notadamente no campo da Antropologia, da História, da Sociologia e da

Educação em suas interfaces com cultura, principalmente nos dias atuais,

em que o Governo Federal propõe a resgatar o valor histórico e identitário

da capoeira enquanto patrimônio cultural do Brasil, desenvolvendo um

programa de valorização dos mestres da capoeira por meio do resgate de

sua história de vida, assim como o incentivo e fomento ao

desenvolvi-mento de projetos sociais com a capoeira e da produção de material

es-crito e documentário que possa contribuir para este re s g a te " .

ZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

C o n s id e ra ç õ e s fin a is

Após as reflexões propostas neste artigo, sabidos que somos de sua

brevidade, esperamos contribuir para a abertura de novos espaços para

se discutir e conhecer um pouco mais sobre a capoeira e seus aspectos

fundamentais enquanto práxis educacional não formal, notadamente por

seu caráter simbólico, que vai além do aparente, escondendo e

revelan-do suas faces, indissociáveis e constituintes de um "todo", expressão de

liberdade e de fortalecimento de identidades, da identidade brasileira, do

conhecimento popular, do povo simples, porém sábio.

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A capoeira, pressionada pelos poderes públicos e particulares

do-inantes, soube sair de cena no momento certo, para, esquivando-se dos

.ernpos ruins, resistir e renovar-se por meio de sua força vital, expressa na

alandragem", na malícia, na mandinga do capoeira e perpetuada por

eio dos cantos e das histórias da capoeira.

Assim sendo, podemos afirmar que a capoeira resistiu e continua

- a, mesmo diante das opressões e perseguições históricas que foram se

e abelecendo contrárias à sua manifestação, e consegue se (relafirrnar

enquanto fenômeno sociocultural dos espaços públicos urbanos do

Bra-sil contemporâneo, notadamente por meio da roda de rua.

eferêncios

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Federal do Piauí, Teresina, 2005.

SILVA, Tomaz Tadeu da. Documentos de Identidade: uma introdução

às teorias do currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 2002.

SOARES, Carlos Eugênio Líbano. A Negregada Instituição: Os

Capoei-ras no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Secretaria Municipal de Cultura,

1994.

(12)

R o b so n C o rlo s d o S ilv a

22

_ _ o

wvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

A Capoeira Escrava e outras tradições rebeldes no Rio de

Janeiro (1808-1850). 2 ed. Campinas-SP: Editora da UNICAMP, 2002.

VASCONCELOS, José Gerardo.

GFEDCBA

A D a n ç a d o b ê b a d o : embriaguez e

teatral idade na arte da capoeiragem. In: VASCONCELOS, José Gerardo;

SALES, José Albio Moreira. (orgs.). Pensando com arte. Fortaleza:

Edi-ções UFC, 2006. p. 120-136.

VIEIRA, Luiz Renato. O Jogo da capoeira: corpo e cultura popular no

Brasil. Rio de Janeiro: Sprint, 1995.

_ _ o De prática marginal à arte marcial brasileira. Revista Capoeira,

São Paulo, n. 3, ano I, p. 42-43, set./out. 1998.

_ _ o Reflexões sobre a capoeira e escravidão urbana no Brasil. Revista

Praticando Capoeira, São Paulo, n. 26, ano 111, p. 10-13, set. 2004.

Notas

No ano de 2002, participamos de um encontro de capoeira na

Venezuela e em 2009 na Noruega e Itália, organizando Encontros

In-ternacionais de capoeira, eventos que demonstram a expansão,

difu-são e aceitação da Capoeira, cultura eminentemente brasileira, em

inúmeros países e culturas diversas pelo mundo.

2 Os praticantes da capoeira utilizam a expressão "jogo" para designar

sua prática, variando este de acordo com o ritmo e a cadência dada

aos instrumentos que compõem a Roda de Capoeira.

3 Tomamos o termo "popular" em referência a povo, por tratar-se de uma

manifestação que nasceu e se desenvolveu no espaço público, criado

pelas pessoas em suas ações cotidianas, de forma espontânea, no seio

dos movimentos sociais, contrário a qualquer espécie de classificação

hierárquica ou de natureza valorativa e comparativa, em oposição, por

exemplo, ao sentido de "cultura de massas" (VIEIRA, 1995).

4 Um aspecto que deve ser discutido, aprofundado e melhor

esclareci-do para o entendimento dos capoeiristas, diz respeito ao costume de

se determinar o espaço da roda de capoeira ser um dos espaços sociais

mais democráticos, onde qualquer pessoa pode participar livremente,

independente de sua condição social, econômica, cultural, étnica,

bastando demonstrar interesse e vontade de participar, por isso mesmo

recebe, comumente, a denominação de "roda livre", ocorrendo

geral-mente nos momentos de final das aulas ou em momentos especiais em

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R o d a d e ru a: n o tas etn o g ró !icas a resp eito d o jo g o d a cap o eira en q u an to fen ô m en o so d o cu ltu ral u rb an o

q u e s e o rg a n iz a u m a ro d a e s p e c ia lm e n te p a ra s e " jo g a r" a c a p o e ira , s e ja e m a lg u m e s p a ç o p a rtic u la r o u e m e s p a ç o s p ú b lic o s . D e v e m o s a te n ta r, n o e n ta n to , p a ra o fa to d e q u e m e s m o n a s ro d a s d e c a p o e ira e x is te m p o s iç õ e s h ie rá rq u ic a s d e p o d e r b e m d e fin id a s , p re s e n te s n a s re la ç õ e s e n tre m e s tre e d is c íp u lo , p ro fe s s o r e a lu n o , a lu n o m a is g ra d u

-a d o e -a lu n o in ic ia n te , d e n tre o u tro s .

wvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

Éu m a s p e c to q u e n e c e s s ita fu tu -ro s e s tu d o s q u e fo m e n te m n o v a s d is c u s s õ e s .

5

ZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

P a r a u m a le itu r a m a is a p r o fu n d a d a a r e s p e ito d e n o s s a e x p e r iê n c ia n a

c a p o e ira , v e r S ilv a (2 0 0 5 ).

A s ro d a s d e " e x ib iç ã o " s ã o a q u e la s re a liz a d a s d e fo rm a e s p e c ífic a e m a lg u m e v e n to , s o le n id a d e o u a lg u m e s p a ç o in s titu c io n a l, v is a n d o à

d iv u lg a ç ã o d a c a p o e ira ; s ã o m o m e n to s d e d e m o n s tra ç ã o p ú b lic a o u p riv a d a d a s p o te n c ia l id a d e s d a c a p o e ira , e n fa tiz a n d o s u a s c a ra c te rís -tic a s b á s ic a s e s e rv in d o c o m o u m a e s p é c ie d e " p ro p a g a n d a " d a c a p o -e ira , -e s p -e c ia lm -e n t-e p a ra a c o n q u is ta d e n o v o s a d e p to s .

- N a c a p o e ira , é m u ito p re s e n te o e n te n d im e n to , p o r p a rte d e s e u s p ra -tic a n te s , d e q u e e x is te m c e rto s m e s tre s q u e c o n s e g u e m " fo rm a r" m e -lh o re s a lu n o s , q u e d irig e m o s g ru p o s m a is " fo rte s " , " m a io re s " e " m e lh o

-re s " , le v a n d o m u ita g e n te a e s c o lh e r fa z e r p a rte d o g ru p o , n ã o p o r

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c a ris m a p e lo p e rfil d e s e u m e s tre , m a s p e la re p re s e n ta ç ã o d e e fic iê n

-c ia e d e p o d e r a trib u íd a s s o c ia lm e n te a e s te s g ru p o s .

" P a s s a r o c h a p é u " s ig n ific a q u e u m c o m p o n e n te d a ro d a d e c a p o e ira a p a n h a u m c h a p é u (p o d e s e r o u tro o b je to , c o m o u m p a n d e iro , u m a c a b a ç a e tc ) e o fa z c irc u la r e n tre a s p e s s o a s q u e e s tã o a s s is tin d o à

ro d a , s o lic ita n d o q u e e s ta s c o n trib u a m c o m q u a lq u e r q u a n tia p a ra o s c a p o e ira s q u e e s tã o s e e x ib in d o n a ro d a .

9 A tu a lm e n te , s ã o m u ita s a s p e s s o a s d e o u tro s p a ís e s q u e p ro c u ra m a p re n

-d e r a lín g u a p o rtu g u e s a p a ra m e lh o r d o m in a r o s fu n d a m e n to s d a c a -p o e ira , ta is c o m o o s n o m e s d o s m o v im e n to s , a s fa la s q u e tra n s m ite m o s c o n h e c im e n to s , c o n h e c e r e c a n ta r a s m ú s ic a s e c a n tig a s d a c a p o e i-ra , e n te n d e r o p ro c e s s o h is tó ric o d e c ria ç ã o e d e s e n v o lv im e n to d a c a p o e ira , d e n tre o u tro s a s p e c to s , n u m a p rá tic a in te re s s a n te , e q u e m e re c e m a io re s e s tu d o s , d e d ifu s ã o d a lín g u a p o rtu g u e s a e d e a s p e c -to s id e n titá rio s d e n o s s a c u ltu ra .

o N o P ia u í, tiv e m o s p o r m u ito s a n o s a re a liz a ç ã o d e u m a ro d a d e ru a q u e fe z fa m a , a ro d a d e 0 7 d e S e te m b ro , q u e re u n ia o s p rin c ip a is n o -m e s d a c a p o e ira d o e s ta d o e e ra re a liz a d a n a m a n h ã d o d ia 0 7 d e S e te m b ro , n o a d ro d a Ig re ja d e S ã o B e n e d ito , p o r o c a s iã o d a s fe s tiv

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R o b so n C arlo s d a S ilv a

d a d e s e m c o m e m o ra ç ã o a o d ia d a In d e p e n d ê n c ia d o B ra s il. E s s a ro d a fo i id e ia d o G ru p o Q u ilo m b o d e C a p o e ira , o q u a l c ria m o s e d e q u e fiz e m o s p a rte , e s e rv ia p a ra m a n te r v iv a a tra d iç ã o d a ro d a d e ru a , re u n in d o g ru p o s d e c a p o e ira e c a p o e iris ta s d a s m a is d iv e rs a s v e rte n -te s , in c lu s iv e d e o u tro s e s ta d o s , p o r d u a s d é c a d a s a p ro x im a d a m e n te . H o je , p o r m e io d o s e s fo rç o s d e a lg u m a s p e s s o a s , te n ta -s e re to m a r a tra d iç ã o d e s s a ro d a q u e , n o lim ia r d o s a n o s 2 0 0 0 , p e rd e u s u a fo rç a , c o m o a fa s ta m e n to d a m a io ria d o s m e s tre s e d o s a lu n o s m a is g ra d u a -d o s -d e v i-d o a o a c e n tu a d o g ra u d e d is p u ta q u e s e in s ta lo u , a s s im c o m o o e le v a d o n ú m e ro d e n o v o s g ru p o s d is s id e n te s q u e fo ra m s u rg in d o e m T e re s in a , p rin c ip a lm e n te c o n s titu íd o s p o r c a p o e iris ta s n o v o s e s e m v iv ê n c ia n o m u n d o d a c a p o e ira .

1 1 P a ra m a io re s in fo rm a ç õ e s , v e r o s ite w w w .c a p o e ira v iv a .o rg .b r. d o M

i-/ n is té rio d a C u ltu ra .

wvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

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E n v iad o p o ro p u b licação : 2 0 .1 0 .2 0 0 9

A ceito p o ro p u b licação : 3 0 .0 6 .2 0 1 0

Referências

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