REVISTA PER MUSI - Vol. 5 e 6
1. O ambiente da improvisação musical e o tempo
Rogério Luiz Moraes Costa (USP)
e - m a i l : rogercos@usp.br
Resumo: Neste ensaio, procuramos fazer uma reflexão sobre as questões ligadas ao tempo no contexto da improvisação musical. Como se dão os relacionamentos e interações entre os músicos, entre eles e seus instrumentos e entre os materiais e os procedimentos no contexto de uma prática em tempo real? Como se delineiam, neste ambiente, as questões ligadas à percepção do passado, presente e futuro? Qual é o papel da memória nas performances? Como se configura o tempo no devir da performance: como tempo liso, não mensurado ou como tempo estriado, pulsado e metrificado conforme definição de Pierre Boulez? Ou estaríamos no âmbito de um tempo múltiplo, não linearizado, pleno de simultaneidades, conforme as idéias de Olivier Messiaen? Estas e outras questões apontam para um tipo de improvisação que se dá "fora do tempo" e em que, a noção de organização é substituída pela noção de "ressonância".
Palavras-chave: tempo, memória, escuta, livre-improvisação, improvisação idiomática, ambiente.
2. Aprendizagem motora na performance musical:
reflexões sobre conceitos e aplicabilidade
Guilherme Menezes Lage (GEDAM / UFMG)
e-mail: menezeslage@aol.com
Fausto Borém (UFMG)
e-mail: fborem@ufmg.br site: www.musica.ufmg.br/~fborem
Rodolfo Novellino Benda (GEDAM / UFMG)
e-mail: rodolfobenda@hotmail.com
Luiz Carlos Moraes (UFMG)
e-mail: lmoraes@ufmg.br
Resumo: Apresentação de conceitos e objetos de estudo da área de Aprendizagem Motora e possíveis aplicações na Performance Musical e seu ensino. Busca a compreensão dos fatores e processos subjacentes à produção e aquisição de movimentos, especialmente aqueles em demanda na rotina dos instrumentistas, cantores e maestros. Esse artigo resulta de uma colaboração entre o Projeto "Pérolas" e "Pepinos" do Contrabaixo (CNPq) e o Grupo de Estudos em Desenvolvimento e Aprendizagem Motora (GEDAM) da Escola de Educação Física Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UFMG.
3. Sobre performance, análise, e Schubert
Janet Schmalfeldt (Tufts University)
e-mail: jschmalf@emerald.tufts.edu
Resumo: Uma crítica introdutória ao meu próprio artigo de 1985 sobre a relação performance-análise serve como pano de fundo inicial para retratar o Intérprete como o maior responsável pelo delineamento de nossas percepções de forma do primeiro movimento da Sonata para Piano em Lá Menor, Op. 42 (D845) de Schubert. Idéias sobre forma como processo na música de Beethoven, sobre a situação pessoal e profissional de Schubert em 1825, e sobre a atuação recíproca entre as convenções e transformações formais e motívicas são focalizadas tendo em vista a questão de como intérpretes e analistas podem chegar à compreensão desta obra formidável de Schubert.
Palavras-chave: forma musical como processo, funções formais, noções filosóficas e musicais de devir, progressão omnibus, “falsa” recapitulação, divisão simétrica da oitava.
4. A Atra Praia de Saturno – o papel estrutural do timbre
Felipe de Oliveira Amorim (UFOP)
e-mail: felipeamorim@uaivip.com.br
Rogério Vasconcelos Barbosa (UFMG)
e-mail: rvb@musica.ufmg.br
Resumo: O artigo descreve a parceria desenvolvida pelos autores, que resultou na peça A Atra Praia de Saturno, de Rogério Vasconcelos, para flauta e meios eletroacústicos. A primeira parte apresenta os procedimentos composicionais que estruturam a forma da peça. Na segunda, detalhes são oferecidos sobre a colaboração do intérprete, no sentido de viabilizar a aplicação de recursos de linguagem não tradicionais da flauta transversal de forma funcional.
Palavras-chave: análise musical, timbre, flauta, técnicas não tradicionais.
5. Francisco Mignone: experimentação nas três sonatas para
violino e piano (1964-66)
Esdras Rodrigues (UNICAMP)
e-mail: esdras@iar.unicamp.br
Palavras-chave: Francisco Mignone, música de câmara, Sonatas para Violino e Piano, experimentação, nacionalismo, dodecafonismo.
6. O Acorde Místico como fundamento harmônico e estrutural
de uma obra tardia de Scriabin: um estudo comparativo
dos Dois Prelúdios, Op. 67 (1912-1913)
William Davis (University of Georgia)
e-mail: wddavis@arches.uga.edu
Resumo: Os Dois Prelúdios, Op. 67 de Alexander Scriabin (1912-1913) contém os elementos característicos da linguagem tonal de suas obras tardias, que são altamente cromáticas e não remetem de forma imediata aos processos triádicos tradicionais. Uma compreensão das harmonias e estruturas do Op. 67 contribui não somente para a compreeensão das técnicas compositionais inovadoras de Scriabin, mas também para decisões interpretativas.
Palavras-chave: Scriabin, Acorde Místico, Dois Prelúdios Op. 67, prelúdio, obras para piano, harmonia cromática.
7. Mário de Andrade e o dono da voz
Maria Elisa Pereira (UNESP)
e-mail: rtmep@ig.com.br
Resumo: Os textos sobre questões musicais de Mário de Andrade não se limitam a fornecer dados do folclore nacional ou indicações a propósito dos procedimentos de composição e de performance. Revelam algo mais que estética, história e teoria da música. Eles também são fonte de conhecimento a respeito do pensamento, das ideologias e das utopias do século XX. Nos textos que diretamente interessam ao cantor de música brasileira encontramos pistas sobre a função do cantor na visão deste poeta/professor/musicólogo paulistano.
Palavras-chave: canto; música brasileira; dicção; Mário de Andrade; estética; ideologia.
8. Preparação vocal do corista
Juliana Grassi Pinto Ferreira (Universidade de Itaúna)
Resumo: Abordagem dos aspectos que envolvem a preparação do corista para o exercício do canto coral, com ênfase no aquecimento vocal e sua relação com a performance do coro. Revisão de literatura envolvendo diferentes áreas do conhecimento que, direta ou indiretamente, estão relacionadas ao uso da voz cantada e à preservação da saúde vocal do cantor.
Palavras-chave: Coro; Canto Coral; Preparação do corista; Saúde Vocal; Aquecimento/ Desaquecimento Vocal; Flexibilidade Vocal.
9. Aprendendo contrabaixo:
uma abordagem multidisciplinar
no âmbito da aprendizagem sensório-motora
Florian Pertzborn (Instituto Politécnico do Porto)
e-mail: pertzborn@mail.telepac.pt
Resumo: O objetivo deste artigo é explicar os múltiplos processos envolvidos na prática e performance do contrabaixo. A análise de movimentos e capacidades indispensáveis ao desempenho poderá providenciar uma aproximação importante à realização de problemas, que têm sido relacionados com a prática deste instrumento. Tendo em consideração algumas das necessidades básicas da natureza física quer do instrumento, quer do instrumentista, este trabalho explora a capacidade de tocar o contrabaixo com a máxima eficiência e facilidade técnica de forma a permitir um foco maior na expressão musical.
Palavras-chave: contrabaixo, aprendizagem, controle motor, movimento de pêndulo, percepção, treino sensório, aquisição de capacidades, movimentos simples e complexos.
10. O problema das ‘fases estéticas’ e a
Suíte para violão na obra de Guerra-Peixe
Clayton Vetromilla (UFPel)
e-mail: cvetromilla@aol.com
Resumo: Tendo em vista bibliografia especializada, a análise de um documento autógrafo veio contribuir sensivelmente para o estabelecimento de uma concepção menos redutora da questão das 'fases' na obra de Guerra-Peixe. Nesse contexto, o estudo da gênese da Suíte (Ponteado, Acalanto e Chôro) - sua primeira peça para violão solo e, provavelmente, primeira composição em escala nacional a ser escrita para o instrumento conforme os ditames dodecafônicos -, tenta elucidar o conceito de "nacionalizar o dodecafonismo" forjado pelo compositor na segunda metade da década de 1940.
Palavras-chave: Guerra-Peixe, dodecafonismo, violão, Grupo Música Viva, nacionalismo musical.
gênese e intuito
Eli-Eri Moura (UFPB)
e-mail: elierimoura@hotmail.com
Resumo: Este artigo apresenta algumas interpretações possíveis sobre a concepção da Terceira Sinfonia (Kaddish) de Leonard Bernstein, e sobre as intenções do compositor ao escrever a obra. As opiniões são baseadas em aspectos do background do compositor e do contexto e conteúdo da peça. Também serviram de referência declarações de Bernstein acerca de seu trabalho composicional. A apresentação traz à tona temas específicos acerca de processos de criação e catarse musical, e as relações entre música e fé, texto e música. Palavras-chave: Leonard Bernstein; Sinfonia Kaddish; intenção e música; música e fé; texto e música; catarse musical; Judaísmo.
12. Análise e interpretação de Quatre Pièces
de Glauco Velásquez (1912)
Any Raquel Carvalho (UFRGS)
e-mail: anyraque@cpovo.net
Paulo Fernando Saraiva Macedo (UFRGS)
e-mail: marazulado@terra.com.br
Resumo: A interpretação de uma obra musical depende em grande parte do conhecimento e da percepção da sua essência. O intérprete deve recorrer à análise como um instrumento básico para as decisões que tomará quanto à interpretação, pois ela revela pontos que nem sempre são perceptíveis à primeira vista. Neste trabalho mostraremos aspectos que devem ser considerados ao interpretar-se a obra Quatre Pièces para órgão, de Glauco Velásquez, decorrentes de uma análise das mesmas.
Palavras-chave: análise/interpretação/órgão
13. Legato “natural” e legato “artificial” na execução pianística
Cláudio Richerme (UNESP)e-mail: richerme@uol.com.br
Resumo: O desconhecimento de alguns detalhes tímbricos do piano, bem como de detalhes mecânicos que permitem a realização do legato com os dedos e do legato com o pedal direito, vem causando prejuízos no estudo e no ensino do instrumento. Em uma análise precisa das reais possibilidades do piano no controle do legato, é importante considerar que o timbre influencia diretamente a sensação do ouvinte.
14. O catálogo de obras de Hostílio Soares
Arnon Sávio Reis de Oliveira (UEMG)
e-mail: arnon@madrigalenansen.art.br
Resumo: Este artigo apresenta o catálogo das obras do compositor mineiro Hostílio Soares, contidas no acervo Hostílio Soares do Centro de Pesquisa da Escola Superior de Música da UEMG. Descreve sucintamente o compositor, biográfica e estilisticamente, o processo de elaboração do catálogo e sua exposição.
