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Inclusão escolar. O que é? Por quê? Como fazer?

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Academic year: 2021

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Dra. Maria Teresa Eglér Mantoan

Faculdade de Educação da Universidade

Estadual de Campinas, Unicamp

PROFESSORA: VALDIRENE FARIA

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Inclusão escolar

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Pretende responder:

• o que é inclusão escolar;

• quais as razões pelas quais ela tem sido proposta;

• quem são seus beneficiários, e como fazê-la acontecer nas

salas de aula de todos os níveis de ensino.

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OBJETIVO DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA:

que escolas sejam instituições abertas

incondicionalmente a todos os alunos e, portanto,

INCLUSIVAS.

CARACTERÍSTICAS DA ESCOLA inclusiva

• Deve possuir um ética crítica e transformadora, em

sua luta pela inclusão escolar em oposição a uma

posição ética Conservadora;

• uma escola para todos, INCLUSIVA, reconhece os

conteúdos acadêmicos, não menospreza o

conhecimento científico, sistematizado, mas não se

restringe a instruir os alunos ou “dominá-los”, a todo o

custo.Isto porque:

• Atenta-se a um ensino participativo, solidário,

acolhedor, voltado as capacidades e talentos dos

alunos.

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Surge em um cenário de Crise de Paradigmas

• Paradigmas = um conjunto de regras, normas, crenças, valores, princípios que são partilhados por um grupo em um dado

momento histórico e que norteiam o nosso comportamento...  até entrarem em crise, porque não nos satisfazem mais, não

dão conta dos problemas que temos de solucionar (Thomas Kuhn; Edgar Morin).

• Uma crise de paradigma é uma crise de concepção, de visão de mundo .

• Da crise surgem mudanças:

O período em que se estabelecem as novas bases teóricas

suscitadas pela mudança de paradigmas é bastante difícil, pois caem por terra os fundamentos sobre os quais a ciência se

assentava e se fincam novos pilares que a sustentarão, daqui para frente.

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crise de paradigmas: É o que estamos vivendo no momento.

• A escola se entupiu do formalismo da racionalidade e cindiu-se em modalidades de ensino, tipos de serviços, grades curriculares,

burocracia.

• Uma ruptura de base em sua estrutura organizacional, como propõe a inclusão, é uma saída para que ela possa fluir novamente, espalhando sua ação formadora por todos os que dela participam.

• A INCLUSÃO, portanto, implica em mudança desse atual paradigma educacional para que se encaixe no mapa da educação escolar que emerge (educação inclusiva, para todos, participativa).

• As diferenças (questões de identidade) culturais, sociais, étnicas, religiosas, de gênero, enfim, a diversidade humana está cada vez mais em destaque e é condição imprescindível para se entender como aprendemos, e como entendemos o mundo e a nós mesmos.

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Diante da crise dos paradigmas: um universo dos saberes e

conhecimentos interdisciplinares emerge!

• Ou seja, um novo paradigma do conhecimento está surgindo

das interfaces e das novas conexões e dos encontros da

subjetividade humana com o cotidiano, o social, o cultural.

• Antes os saberes eram isolados e partidos. Agora, redes cada

vez mais complexas de relações, geradas pela velocidade das

comunicações e informações estão rompendo as fronteiras

das

disciplinas

e

estabelecendo

novos

marcos

de

compreensão entre as pessoas e do mundo em que vivemos.

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No paradigma educacional que vigorava:

• A exclusão escolar era associada a ignorância do aluno,

diante dos padrões de cientificidade do saber escolar.

 A democratização é massificação de ensino!

• Mantoan, questiona e atribui responsabilidade ao modelo de

divisão do conhecimento especializado, o modelo que divide o

pensamento em áreas específicas. Pauta-se em Edgar Morim

(2001), mais precisamente, em seu conceito de:

hiper-especializações dos saberes dificulta a articulação de

um saber com o outro saber. Impossibilita uma visão do

essencial e do global, porque isola, separa os conhecimentos,

ao invés de reconhecer as suas inter-relações

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• Rever os paradigmas da escola: “transformar a escola em

uma escola única e para todos, em que a cooperação

substituirá a competição, pois o que se pretende é que as

diferenças se articulem e se componham e que os talentos

de cada um sobressaiam”. Também é necessário “um

esforço de modernização e de reestruturação de suas

condições atuais a fim de responderem às necessidades de

cada um de seus alunos, em suas especificidades, sem cair

nas malhas da educação especial e suas modalidades de

exclusão”.

• Necessidade de Incluir: “formar gerações mais preparadas

para viver a vida na sua plenitude, livremente, sem

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Integração ou inclusão ?

• Os dois vocábulos - integração e inclusão - conquanto tenham significados semelhantes, são empregados para expressar situações de inserção diferentes e se fundamentam em posicionamentos teórico-metodológicos divergentes.

• O uso do vocábulo “integração” refere-se à inserção escolar de alunos com deficiência nas escolas comuns, mas seu emprego é encontrado até mesmo para designar alunos agrupados em escolas especiais para pessoas com deficiência, ou mesmo em classes especiais, grupos de lazer, residências para deficientes.

• O processo de integração ocorre dentro de uma estrutura educacional, que oferece ao aluno a oportunidade de transitar no sistema escolar, da classe regular ao ensino especial, em todos os seus tipos de atendimento: escolas especiais, classes especiais em escolas comuns, ensino itinerante, salas de recursos, classes hospitalares, ensino domiciliar e outros. Trata-se de uma concepção de inserção parcial, porque o sistema prevê serviços educacionais segregados. A escola não muda como um todo, mas os alunos têm de mudar para se adaptarem às suas exigências.

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A inclusão questiona o conceito

de integração

O objetivo da integração é inserir um aluno ou um grupo de

alunos que já foram anteriormente excluídos

e

a inclusão, ao contrário, objetiva não deixar ninguém de fora

do ensino regular, desde o começo da vida escolar.

As escolas inclusivas propõem um modo de organização do

sistema educacional que considera as necessidades de todos

os alunos e que é estruturado em função dessas necessidades

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• A inclusão implica a mudança, a Ruptura do

paradigma EDUCACIONAL atual.

“A INCLUSÃO não se limita aos alunos com

deficiência e aos que apresentam dificuldades de

aprender, mas a todos os demais, para que obtenham

sucesso na corrente educativa geral. Os alunos com

deficiência constituem uma grande preocupação para

os educadores inclusivos, mas todos sabemos que a

maioria dos que fracassam na escola são alunos que

não vêm do ensino especial, mas que possivelmente

acabarão nele” (Mantoan, 1999).

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Inclusão escolar - Por quê?

Panorama:

“A escola brasileira é marcada pelo fracasso e pela

evasão de uma parte significativa dos seus alunos, que são marginalizados pelo insucesso e privações

constantes e pela baixa auto-estima resultante da exclusão escolar e social”

Perfil desses alunos marginalizados:

São alunos “conhecidos das escolas, pois repetem as suas séries várias vezes, são expulsos, evadem e ainda são rotulados como mal nascidos e com hábitos que

fogem ao protótipo da educação formal”.

Soluções:

O fracasso é tido como do aluno e a escola reluta em

reconhecer o fracasso como seu. Como soluções, não se buscam novas saídas e não se vai a fundo nas causas

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“É fácil receber os “alunos que aprendem apesar da escola”

e é mais fácil ainda encaminhar os que têm dificuldades de

aprendizagem para as classes e escolas especiais, sendo

ou não deficientes, aos programas de reforço e aceleração.

Por meio dessas válvulas de escape continuamos a

discriminar os alunos que não damos conta de ensinar.

Estamos habituados a repassar nossos problemas para

outros colegas, os

“especializados” e, assim, não recai

sobre nossos ombros o peso de nossas limitações

profissionais”.

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O PORQUÊ da INCLUSÃO se pauta em três questões:

• 1ª questão/ IDENTIDADE X DIFERENÇA:

• As ações educacionais, em sua maioria, são dimensões éticas conservadoras, que exaltam sentimentos de tolerância e respeito.

No entanto, esses sentimentos residem na diferença (entender como

diferenciação, distinto de inclusão); sendo assim, acentua-se a

exclusão, já que se valora as diferenças entre cada sujeito fomentando unicamente a tolerância e o respeito.

Entende-se que as diferenças são estagnadas, não havendo possibilidade de mudança, não abarcando a dimensão do progresso entre as pessoas. Deixa-se de compreender que a identidade de cada um vai sendo construída.

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• o conceito de diferença pode ser facilmente arrastado

“para a vala dos preconceitos, da discriminação, da

exclusão”

• a inclusão é:

“produto de uma educação plural, democrática e

transgressora. Ela provoca uma crise escolar, ou melhor,

uma crise de identidade institucional, que, por sua vez,

abala a identidade dos professores e faz com que seja

ressignificada a identidade do aluno.O aluno da escola

inclusiva é outro sujeito, que não tem uma identidade

fixada em modelos ideais, permanentes, essenciais”.

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2 ª Questão/ Questão legal:

Senso comum A maioria dos alunos das classes especiais são aqueles que não conseguem acompanhar seus colegas (os indisciplinados, os filhos de lares pobres, de negros e outros).

A Constituição Federal “garante A TODOS o direito à educação e ao acesso à escola”, na medida em que “não usa adjetivos e assim sendo, toda escola deve atender aos princípios constitucionais, não podendo excluir nenhuma pessoa em razão de sua origem, raça, sexo, cor, idade ou deficiência”.

Com base na Constituição Federal e na Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Pessoa Portadora de Deficiência (Guatemala, 1999), MANTOAN, observa:

 a necessidade de as escolas adaptarem-se a acessibilidade de todos, bem como a inclusão de metodologias (nomeadamente LIBRAS E BRAILLE) nas grades dos cursos de formação de professores visando a inclusão irrestrita.

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3ª Questão/As mudanças

• Nossas políticas de educação continuam insistem em “apagar incêndios”  Elas não propõem inovações e, principalmente, NÃO QUESTIONAM A PRODUÇÃO

DA IDENTIDADE geradora das diferença nas escolas.  Ocorre, assim, a

manutenção da exclusão escolar.

• O que impede que as inovações em termos de políticas educacionais inclusivas tenham sucesso aqui no Brasil?

• “Penso que não levamos a sério os nossos compromissos educacionais, como os outros povos, neste e em outros momentos de nossa história educacional. Desrespeitamos o que nós mesmos nos dispusemos a realizar, quando definimos nossos planos escolares, nosso planejamento pedagógico, quando escolhemos as atividades que desenvolveremos com nossas turmas e avaliamos o desempenho de nossos alunos e o nosso, como professores. Uma coisa é o que está escrito e outra coisa é o que acontece, verdadeiramente, nas salas de aula, no dia-a-dia, nas nossas rotinas de trabalho. Somos, certamente, bem pouco sinceros conosco mesmos, com a comunidade escolar, com os pais e com os nossos alunos, principalmente!”

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• “Válvulas de escape como o reforço paralelo, o reforço continuado, os currículos adaptados etc, continuam sendo modos de discriminar alunos que não damos conta de ensinar e de nos escondermos de nossas próprias incompetências”. • Aluno real, encarnado, convive no cotidiano da escola. Todavia, a escola

tradicional resiste à inclusão em virtude “de sua incapacidade de atuar diante da complexidade, da diversidade, da variedade, do que é real nos seres e nos

grupos humanos”.  Isso porque:

A Escola fantasia o aluno abstrato; com base nesse aluno a escola “justifica a maneira excludente de tratar as diferenças. Assim é que se estabelecem as

categorias de alunos: deficientes, carentes, comportados, inteligentes, hiperativos, agressivos e tantos mais”.

 Deste modo:

• A escola se protege do aluno real, na sua singularidade, e caí na Exclusão!

Assim, é reforçada “a necessidade de se criarem modalidades de ensino, espaços, e programas segregados, para que alguns alunos possam aprender. Sem dúvida, é mais fácil gerenciar as diferenças, formando classes especiais de objetos, de seres vivos, acontecimentos, fenômenos, pessoas...”

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• “Válvulas de escape como o reforço paralelo, o reforço

continuado, os currículos adaptados etc, continuam sendo

modos de discriminar alunos que não damos conta de ensinar e

de nos escondermos de nossas próprias incompetências”.

• Aluno real, encarnado, convive no cotidiano da escola. Todavia,

a escola tradicional resiste à inclusão em virtude “de sua

incapacidade de atuar diante da complexidade, da diversidade,

da variedade, do que é real nos seres e nos grupos humanos”.

 Isso porque:

A Escola fantasia o aluno abstrato; com base nesse aluno a

escola “justifica a maneira excludente de tratar as diferenças.

Assim é que se estabelecem as categorias de alunos: deficientes,

carentes, comportados, inteligentes, hiperativos, agressivos e

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Inclusão Escolar- Como fazer?

Deste modo:

• A escola se protege do aluno real, na sua singularidade, e caí

na Exclusão!

Assim, é reforçada “a necessidade de se criarem modalidades

de ensino, espaços, e programas segregados, para que alguns

alunos possam aprender. Sem dúvida, é mais fácil gerenciar

as diferenças, formando classes especiais de objetos, de seres

vivos, acontecimentos, fenômenos, pessoas...”

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• ESCOLAS  espaços vivos de acolhimento e de formação

para todos os alunos  verdadeiros ambientes educacionais

inclusivos!

• não há inclusão, quando a inserção de um aluno é

condicionada à matrícula em uma escola ou classe especial.

FALOU-SE EM ESCOLA ou CLASSE especial, não é

INCLUSÃO!

• NAS ESCOLAS QUE APLICARAM A INCLUSÃO 

Observa-se três situações:

A- desafios provocados por essa inovação;

B - ações no sentido de efetivá-la nas turmas escolares,

incluindo o trabalho de formação de professores;

C- novas perspectivas que se abrem à educação escolar, a

partir de sua implementação.

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Tarefas fundamentais para mudar a escola

1- recriar o modelo educativo escolar, tendo como eixo o ensino para todos;

É necessário romper com o primado e da supervalorização do conteúdo acadêmico

 as escolas de qualidade são espaços educativos de construção de personalidades humanas autônomas, críticas, nos quais as crianças aprendem a ser pessoas.

 As escolas devem ser abertas às diferenças

2- reorganizar pedagogicamente as escolas, abrindo espaços para que a cooperação, o diálogo, a solidariedade, a criatividade e o espírito crítico, habilidades mínimas para o exercício da verdadeira cidadania;

 ações centradas no projeto político-pedagógico

 experiências de trabalho coletivo, em pequenos grupos e grupos diversificados. EVITAR aquele trabalho em sala de aula marcado pela individualização das tarefas.

reorganização administrativa e dos papéis desempenhados pelos membros da organização escolar—SOLUÇÃO: descentralização da gestão administrativa + diminuição do caráter controlador, fiscalizador e burocrático visando um teor pedagógico.

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3 - garantir aos alunos tempo e liberdade para aprender e um ensino que não segrega

abandonar um ensino transmissivo e adotar uma pedagogia ativa, dialógica, interativa, integradora.

a diferenciação é feita pelo aluno, ao aprender e não pelo professor, ao ensinar!

conteúdos são sempre considerados como meios e não como fins do ensino escolar.

Suprimir o caráter classificatório de notas e substituí-lo por uma visão diagnóstica da avaliação escolar!

4 - formar, aprimorar continuamente e valorizar o professor para que tenha condições e estímulos para ensinar a turma toda, sem exclusões e exceções;

deve garantir a liberdade e a diversidade das opiniões dos alunos O professor não procurará eliminar as diferenças em favor de uma

suposta igualdade do alunado

Ensinar, na perspectiva inclusiva significa ressignificar o papel do professor, da escola, das práticas pedagógicas.

formarem grupos de estudos nas escolas, para a discussão e a

compreensão dos problemas educacionais, à luz do conhecimento científico e interdisciplinarmente.

Referências

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