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PROUNI: avaliação das contribuições do Programa para a Educação Superior na perspectiva de alunos contemplados pelo programa na cidade de FortalezaCeará

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

MESTRADO PROFISSIONAL EM AVALIAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS

PATRÍCIA ALVES DE OLIVEIRA

PROUNI: AVALIAÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES DO PROGRAMA PARA A EDUCAÇÃO SUPERIOR NA PERSPECTIVA DE ALUNOS CONTEMPLADOS PELO

PROGRAMA NA CIDADE DE FORTALEZA-CEARÁ

(2)

PATRÍCIA ALVES DE OLIVEIRA

PROUNI: AVALIAÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES PARA A EDUCAÇÃO SUPERIOR NA PERSPECTIVA DE ALUNOS CONTEMPLADOS PELO PROGRAMA NA

CIDADE DE FORTALEZA-CEARÁ

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Avaliação de Políticas Públicas da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre. Área de concentração: Políticas Públicas e Mudanças Sociais.

Orientadora: Profª. Drª. Roselane Gomes Bezerra.

FORTALEZA

(3)

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal do Ceará

Biblioteca Universitária

Gerada automaticamente pelo módulo Catalog, mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

___________________________________________________________________________________

O49p Oliveira, Patrícia Alves de.

PROUNI : avaliação das contribuições para a educação superior na perspectiva de alunos contemplados pelo Programa na cidade de Fortaleza-Ceará / Patrícia Alves de Oliveira. – 2017.

99 f. : il. color.

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Ceará, Pró-Reitoria de Pesquisa e

Pós-Graduação, Mestrado Profissional em Políticas Públicas e Gestão da Educação Superior, Fortaleza, 2017. Orientação: Profa. Dra. Roselane Gomes Bezerra.

1. PROUNI. 2. Democratização. 3. Inclusão social. I. Título.

(4)

PATRÍCIA ALVES DE OLIVEIRA

PROUNI: AVALIAÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES PARA A EDUCAÇÃO SUPERIOR NA PERSPECTIVA DE ALUNOS CONTEMPLADOS PELO PROGRAMA NA

CIDADE DE FORTALEZA-CEARÁ

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Avaliação de Políticas Públicas da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre. Área de concentração: Políticas Públicas e Mudanças Sociais.

Aprovada em: 12 / 07 / 2017.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________ Profª. Dra. Roselane Gomes Bezerra (Orientador)

Universidade Federal do Ceará (UFC)

___________________________________________ Prof. Dr. Carlos Américo Leite Moreira

Universidade Federal do Ceará (UFC)

__________________________________________ Profª. Dra. Antônia Emanuela Oliveira de Lima

(5)

A minha família que me acompanhou nesta

jornada árdua e abdicou de momentos de

convivência para que eu realizasse mais um

(6)

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, minha fortaleza, que não me deixa cair, mesmo nos momentos

difíceis e que me fez conceber uma filha durante a trajetória do curso.

Agradeço a minha mãe Milza Alves, mulher guerreira que criou os seus filhos com

muito amor mesmo diante das dificuldades da vida. Pessoa de qualidades raras e que merece

todo o meu apreço e dedicação.

Agradeço ao meu pai Ailton Ferreira que não se encontrava mais neste plano

terrestre quando obtive a aprovação no mestrado, mas que se orgulhava da minha garra.

Agradeço ao meu esposo João Marcelo por me ajudar nos cuidados com nossa filha

e me incentivar sempre ao crescimento profissional.

Agradeço a minha filha Maria Júlia que mesmo pequenina me fez modificar minha

forma de pensar na vida e me deu outro sentido para viver.

Agradeço a minha orientadora Roselane por sua paciência e me ajudar em um

momento de transição do término da minha gravidez e a concepção da minha filha.

Agradeço as meninas do Mestrado em Avaliação de Políticas Públicas (MAPP),

Vânia e Katiane, pelo auxilio prestado.

Agradeço ao Professor Américo, coordenador do MAPP, que entendeu a minha

dificuldade no final da minha gravidez.

Agradeço aos colegas que fiz durante o mestrado, pessoas de bem e que procuraram

(7)

RESUMO

Esta dissertação encontra-se relacionada à linha de pesquisa Políticas Públicas e Mudanças

Sociais do Mestrado Profissional em Avaliação de Políticas Públicas da Universidade Federal

do Ceará. O objetivo Prouni: Avaliação das contribuições do programa para a Educação

Superior na perspectiva de alunos contemplados pelo programa na cidade de Fortaleza-Ceará é

para que se possa ter um entendimento crítico deste programa de governo e qual mudança

ocasionou na vida de muitos estudantes no qual a família apresenta baixa renda no Brasil. O

tema central do trabalho gira em torno do PROUNI, no qual foi criado em 2005, no governo de

Luís Inácio Lula da Silva, mostrou-se todo o percurso para a criação do programa, além dos

requisitos para o estudante ser contemplado. Enfocaram-se também as questões da

democratização do acesso ao ensino e inclusão social. Trata-se de um estudo qualitativo, no

qual se buscou entrevistar alunos da área da saúde que estudam em Universidade privada, no

ano de 2016, com a ajuda do PROUNI. Na metodologia procurou-se utilizar Bardin (2010) para

categorizar as entrevistas. Como análise dos dados pudemos identificar que sem o programa

não conseguiriam cursar uma faculdade e que tinham muitas expectativas quanto a um futuro

com maiores condições financeiras e melhor qualidade de vida. O estudo nos deu embasamento

para constatar que o programa avaliado não atende a todos os quesitos de democratizar o acesso

ao ensino superior por inteiro e ocasionar a inclusão social de pessoas menos favorecidas, pois

apresenta algumas falhas, necessita oferecer condições do aluno para permanecer na faculdade,

pois o mesmo não recebe uma ajuda de custo para os gastos durante o trajeto do curso.

(8)

ABSTRACT

This dissertation is related to the line of research Public Policies and Social Changes of the

Professional Masters in Public Policy Evaluation of the Federal University of Ceará. The

objective Prouni: Evaluation of the contributions of the program for Higher Education from the

perspective of students contemplated by the program in the city of Fortaleza-Ceará is to be able

to have a critical understanding of this program of government and what change has caused in

the life of Many students in which the family has low income in Brazil. The main theme of the

work revolves around PROUNI, which was created in 2005 under the government of Luís

Inácio Lula da Silva, and showed the whole course for the creation of the program, in addition

to the requirements for the student to be considered. The issues of democratization of access to

education and social inclusion were also addressed. This is a qualitative study, in which we

sought to interview health students studying at a private university in 2016, with the help of

PROUNI. In the methodology, we tried to use Bardin (2010) to categorize the interviews. As

data analysis we could identify that without the program they would not be able to attend a

college and that they had many expectations regarding a future with greater financial conditions

and better quality of life. The study gave us grounding to verify that the evaluated program does

not meet all the requirements to democratize the access to the whole higher education and to

cause the social inclusion of less favored people, because it presents some flaws, it needs to

offer the conditions of the student to remain in the faculty, Because it does not receive a cost

aid for the expenses during the course of the course.

(9)

RESUMEN

Esta disertación se encuentra relacionada con la línea de investigación Políticas Públicas y

Cambios Sociales del Máster Profesional en Evaluación de Políticas Públicas de la Universidad

Federal de Ceará. El objetivo Prouni: Evaluación de las contribuciones del programa para la

Educación Superior en la perspectiva de alumnos contemplados por el programa en la ciudad

de Fortaleza-Ceará es para que se pueda tener un entendimiento crítico de este programa de

gobierno y qué cambio ocasionó en la vida de Muchos estudiantes en los que la familia presenta

bajos ingresos en Brasil. El tema central del trabajo gira en torno al PROUNI, en el que fue

creado en 2005, en el gobierno de Luis Inacio Lula da Silva, se mostró todo el recorrido para la

creación del programa, además de los requisitos para que el estudiante sea contemplado. Se

abordaron también las cuestiones de democratización del acceso a la enseñanza e inclusión

social. Se trata de un estudio cualitativo, en el cual se buscó entrevistar a alumnos del área de

la salud que estudian en Universidad privada, en el año 2016, con la ayuda del PROUNI. En la

metodología se buscó utilizar Bardin (2010) para categorizar las entrevistas. Como análisis de

los datos pudimos identificar que sin el programa no lograrían cursar una facultad y que tenían

muchas expectativas en cuanto a un futuro con mayores condiciones financieras y mejor calidad

de vida. El estudio nos dio base para constatar que el programa evaluado no atiende a todos los

requisitos de democratizar el acceso a la enseñanza superior por entero y ocasionar la inclusión

social de personas menos favorecidas, pues presenta algunas fallas, necesita ofrecer condiciones

del alumno para permanecer en la facultad Porque el mismo no recibe una ayuda de costo para

los gastos durante el trayecto del curso.

(10)

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1  Bolsistas por região ... 28

Gráfico 2  Bolsistas por turno de estudo ... 29

Gráfico 3  Bolsistas por tipo de bolsa ... 29

Gráfico 4  Bolsista por sexo ... 30

Gráfico 5  Sexo dos entrevistados ... 57

Gráfico 6  Idade dos entrevistados ... 58

Gráfico 7  Curso dos entrevistados ... 58

Gráfico 8  Estado Civil dos entrevistados ... 59

Gráfico 9  Renda Familiar dos entrevistados ... 59

Gráfico 10  Local que o entrevistado realizou o ensino médio ... 60

(11)

LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS

ACG Avaliação de Cursos de Graduação

BIRD Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento

CEP Comitê de Ética e Pesquisa

CIEE Centro Integração Empresa Escola

COFINS Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social

CONAES Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior

CNS Conselho Nacional de Saúde

CSLL Contribuição Social sobre o Lucro Líquido

EJA Educação de Jovens e Adultos

ENADE Exame Nacional de Desempenho de Estudantes

FEBRABAN Federação Brasileira de Bancos

FIES Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior

FUNDEB Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica

GESAC Governo Eletrônico Serviço de Atendimento ao Cidadão

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas

IES Instituições de Ensino Superior

IFES Institutos Federais de Educação

IFETS Institutos Federais de Educação Tecnológica

INAF Indicador de Alfabetismo Funcional

INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas

IPM Instituto Paulo Montenegro

IPTU Imposto Predial e Territorial Urbano

MAPP Mestrado Profissional em Avaliação de Políticas Públicas

MEC Ministério da Educação e Cultura

PDE Plano de Desenvolvimento da Educação

PIS Programa de Integração Social

PNAD Pesquisa Anual por Amostra de Domicílios

PPA Plano Plurianual

PROEJA Programa de Integração da Educação Profissional ao Ensino Médio na

modalidade de Educação de Jovens e Adultos

PROUNI Programa Universidade para Todos

(12)

RSES Responsabilidade Social da Educação Superior

SECRIE Secretaria de Inclusão Educacional

SEEA Secretaria Extraordinária de Erradicação do Analfabetismo

SESU Secretaria de Educação Superior

SINAES Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UAB Universidades Aberta do Brasil

UFC Universidade Federal do Ceará

UNE União Nacional dos Estudantes

(13)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 12

2 METODOLOGIA ... 17

3 UMA APRESENTAÇÃO DO PROUNI ... 22

3.1 Responsáveis pela fiscalização e avaliação ... 31

3.2 Perfil do aluno para a aquisição das bolsas de estudo e requisitos para a Instituição de nível superior aderir ao PROUNI ... 33

4 POLÍTICAS PÚBLICAS E AVALIAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS ... 35

5 DEMOCRATIZAÇÃO DO ACESSO A EDUCAÇÃO SUPERIOR E INCLUSÃO SOCIAL A PARTIR DO PROUNI ... 43

5.1 Democratização do acesso à educação superior ... 43

6 DEMOCRATIZAR E INCLUIR DO PONTO DE VISTA DOS BOLSISTAS DO PROUNI... 57

6.1 Expectativas quanto ao PROUNI ... 61

6.2 O PROUNI e seu papel na inclusão social e democratização do acesso ... 65

6.3 Repercussões na vida futura ... 72

6.4 Impactos com a criação do PROUNI para a educação superior ... 78

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 83

REFERÊNCIAS ... 86

APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ... 92

APÊNDICE B – TERMO DE CONSENTIMENTO PÓS-ESCLARECIDO ... 94

APÊNDICE C – CRONOGRAMA ... 95

(14)

12

1 INTRODUÇÃO

O Programa Universidade para Todos (PROUNI) foi criado pelo Governo Federal

em 2005 com a finalidade de ofertar oportunidade aos alunos de escolas públicas e instituições

particulares com bolsas integrais ou parciais a ingressarem em Universidades privadas

(BRASIL, 2015).

Este compromisso visa democratizar o ensino superior, dando oportunidade às

pessoas que não podem arcar com os custos de uma universidade privada, além do que as vagas

ofertadas nas Universidades públicas não são o suficiente para suprir a demanda de pessoas que

desejam ingressar em cursos superiores. De acordo com o censo do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatísticas (2009), em 2009 apenas 7,2% da população a partir de 25 anos cursava

uma faculdade. Com a elevação do número de graduados no mercado, aumenta o percentual de

qualificação e, consequentemente, melhor capacitação profissional, o que por sua vez reduz o

desequilíbrio socioeconômico.

Muitas vezes essa noção de democratização do ensino superior é interpretada

erroneamente. Democratizar não é apenas oferecer bolsas de estudos para uma classe de pessoas

menos favorecida, mas sim proporcionar condições para que estas consigam terminar todo o

seu curso, através de concessão de bolsas de estudos, dentre outros benefícios. É afirmado por

Pascueiro (2009) que a palavra democratização pode ser encarada por perspectivas diferentes

comportando diversas abordagens. Além de haver uma possibilidade de uma análise

sociológica, pode-se considerá-lo ainda enquanto valor social e político e/ou enquanto processo.

A inclusão social é outro ponto importante a ser ressaltado neste estudo. Uma

inclusão que não seleciona raça, cor, credo, ou sexo, mas apenas condição social e física. Na

atualidade esta questão ainda é muito velada. Fala-se em inclusão, mas não se pratica a mesma.

Lopes (2009) preleciona que a inclusão surge na política como determinante que direciona a

própria necessidade de sua criação. Cabe à inclusão abranger todas as pessoas que a previdência

deixa sem cobertura. Orientadas pelo indivíduo, pela família e pelas circunstâncias que

envolvem estes dois, as ações de assistência e proteção são realizadas mediante o levantamento

de cada pessoa de uma população. As condições de vida de cada um necessitam ser conhecidas

e avaliadas para que os perigos que o circunda sejam mensurados e transformados em riscos

calculáveis e, assim, sejam evitáveis.

O governo ainda anda em pequenos passos neste assunto, mas já tem evoluído.

Procuraram implementar o sistema de quotas nas Universidades Públicas, criada pela Lei

(15)

13

12.695/2012, dentre outros. Mas muitos que se enquadram neste perfil ficam de fora da seleção,

pois o quantitativo ofertado de vagas ainda é mínimo, comparado à população que necessita.

Uma inclusão que ainda se apresenta pela metade, que pensasse utopicamente que um dia irá

atingir a todos e se terá uma equidade quanto aos direitos que todo cidadão tem.

Existe uma linha de crítica quanto ao programa, uma vez que é considerado

controverso, pois as Universidades que o aderem recebem isenções tributárias, deste modo tal

adendo foi bastante questionado durante a sua criação, pois beneficiaria as escolas de ensino

superior participantes quanto ao pagamento de impostos. Esta linha de raciocínio demonstra o

tipo de economia praticada atualmente no Brasil, sob determinação do Neoliberalismo, onde as

grandes empresas obtêm vantagens em troca da prestação de seus serviços, fazendo com que a

economia não entrave e gere emprego e renda e com isso tira a grande responsabilidade do

Estado em relação à educação.

A mercantilização da educação superior não é considerada democrática, pois nem

todas as pessoas conseguem pagá-la. É impossível uma família que apresenta rendimentos de

um a três salários mínimos e que tem várias contas a pagar, além de alimentar-se, priorizar uma

qualificação em cursos superiores. Na verdade, o Estado só demonstra o quanto é omisso em

uma de suas funções primordiais.

Este modelo de tratar a educação como uma mercadoria vem desde o período da

Ditadura no Brasil (1964-1985), onde isenções em impostos também foram concedidas e em

contrapartida, a classe média que tanto desejava fazer um curso superior tinha seus anseios

atendidos. Com isso, economicamente falando, muitas vagas de emprego foram geradas, os

empresários do ensino superior conseguiram se solidificar no mercado e mais pessoas tiveram

oportunidade de se qualificar, pois naquele período a mão de obra habilitada para determinada

prestação de serviços era escassa.

Rossetto (2009) analisa que a educação superior encontra-se em um dilema de

ampliar o acesso da população para se preparar para o mercado de trabalho, e que, há tempos

atrás a conclusão do ensino médio era o suficiente para conseguir um emprego formal e

melhores salários.

Segundo dados do Plano de Desenvolvimento da Educação em 2004, as instituições

sem fins lucrativos concediam bolsas de estudos, contudo, estas seriam direcionadas para quem

os fosse de interesse, qual curso participaria no programa, além do quantitativo ofertado.

Mesmo com os descontos concedidos, a gratuidade acontecia de forma integral apenas em

cursos de pouca procura. Logo, a oferta de bolsas não resultava em crescimento de acesso ao

(16)

14

Enquanto pesquisadora no Mestrado em Avaliação de Políticas públicas (MAPP),

por meio das disciplinas cursadas, despertei o interesse de estudar mais profundamente este

tema do PROUNI. Tive toda a minha formação acadêmica na Universidade Federal do Ceará,

além de na atualidade trabalhar nesta instituição, mas tenho consciência que participo de um

grupo privilegiado que conseguiu ter acesso ao ensino público. Uma grande parte da população

encontra-se despida de seus direitos básicos e a educação é um deles. Estudar esta política me

fez ampliar uma visão no qual uma boa parte das pessoas não consegue visualizar, em que tudo

tem seus dois lados, o governo concede bolsas de estudos para pessoas com baixo rendimento

salarial, mas também oferece vantagens aos grandes empresários com isenções fiscais.

Nas entrevistas realizadas com alunos de baixa renda que cursam faculdade privada

com o PROUNI, pude observar que a democratização do acesso ao ensino superior se deu, mas

não de forma plena. Alguns entrevistados relataram a dificuldade de conseguir conciliar devido

aos gastos com alimentação, xerox, dentre outras coisas, para que o sonho do ensino superior

seja possível. O que acaba acontecendo é que muitos são levados a desistir por falta de

condições financeiras. Mas o lado positivo para todos é a mudança de vida, uma oportunidade

de ter mais conforto e poder ajudar sua família. É relatado que a isenção do pagamento de

parcelas da faculdade deve ser concedida com uma contrapartida ao aluno. Muitos se acham

obrigados a ter boas notas e aproveitar tudo o que a faculdade tem a oferecer na vida acadêmica.

Mas há uma crítica de um aluno entrevistado em relação à democratização do

acesso ao ensino superior, espera-se que haja uma melhor fiscalização das autoridades

responsáveis com relação à concessão de bolsas. Referem que há pessoas com real interesse e

se enquadram no perfil e não conseguem a bolsa, enquanto há alunos que conseguem estudar

de forma gratuita e não possuem os quesitos para a aquisição da bolsa.

As disciplinas do MAPP me fizeram ter um pensamento mais crítico sobre os

assuntos ligados as políticas públicas e que estes programas em sua maioria são criados para

incluir pessoas na sociedade. Um grupo abrangente de pessoas marginalizadas que apresentam

poucas condições de ter uma vida digna como todos deveriam ter, mas o mestrado me ensinou

muitos valores e quebrar muitos preconceitos adquiridos de leituras de revistas ou jornais

tendenciosos.

O incentivo em pesquisar este tema em sua maior complexidade, pois tenho

familiares que se beneficiaram de bolsas do programa e se não fosse o PROUNI, sua

oportunidade em cursar um curso superior estaria reduzida.

Uma das melhores formas para que haja a inclusão social é através da educação e

(17)

15

pessoas sem condições de pagar pelo ensino. O primordial é um ensino de qualidade, no qual

se formem pensadores para que consigam transpor os obstáculos da luta diária e não apenas

criar robôs para atender os anseios do mercado. É formar pessoas com pensamento crítico, no

qual consigam visualizar que o Estado se faz com o apoio de todos e por isso democratizar a

educação e inclusão social não é uma moeda de troca na qual quem mais sai perdendo são as

pessoas mais necessitadas de educação, pois os grandes empresários conseguem vários

benefícios fiscais e como pagamento oferta bolsas de estudo, em alguns casos, com ensino de

baixa qualidade.

Este trabalho justifica-se, pois diante do exposto surgiu o interesse em avaliar as

percepções dos discentes beneficiários quanto à importância do PROUNI na democratização

do Ensino Superior no Brasil. Dessa forma, alguns questionamentos passaram a emergir: O que

significa o PROUNI para o entrevistado contemplado do programa? Qual a importância para a

inclusão social de pessoas beneficiadas? Qual perfil sociodemográfico dos estudantes

entrevistados contemplados com o programa? Quais os impactos a longo e curto prazo podem

surgir para a Educação Superior na visão do discente? Desta forma percebe-se que é relevante

discutir quanto aos aspectos estratégicos que induziram a criação do PROUNI e como estes

impactam e colaboram para a formação de uma população com melhor escolaridade e mais

oportunidades, conforme apontado em pesquisa de que forma o PROUNI pode ser um

instrumento de democratização da educação superior no Brasil (CATANI; HEY, 2007).

Justifica-se, pautado na necessidade de instituições de ensino superior da rede

privada em assumir o modelo implantado e contemplar as políticas públicas de

desenvolvimento de pessoas o que por sua vez torna importante analisar a real necessidade deste

programa para o acesso de forma democrática à educação e o seu impacto perante a sociedade.

A presente pesquisa poderá através dos dados encontrados, contribuir para que

modificações sejam realizadas em consonância com os pontos negativos e positivos que a

relevância do programa possa levar para a sociedade e com isso vislumbrará qual o alcance

dessa Política Pública e a importância para a formação de pessoas menos favorecidas.

Os objetivos elencados foram selecionados devido ao interesse em procurar saber a

opinião dos diversos atores envolvidos na política em estudo. São estes os objetivos:

a) Objetivo geral:

 Avaliar a Política Educacional do PROUNI na Educação Superior na perspectiva dos discentes.

(18)

16

 Identificar o perfil dos sujeitos da pesquisa estudantes contemplados com o programa.

 Identificar as expectativas dos discentes quanto ao PROUNI.

(19)

17

2 METODOLOGIA

Em relação à metodologia para a elaboração da pesquisa dividi em tópicos quanto

ao tipo de estudo, o campo de pesquisa, os sujeitos a serem entrevistados, o instrumento de

coleta de dados e a análise dos dados.

Quanto ao tipo de estudo:

Estudo do tipo descritivo, qualitativo. Os estudos descritivos permitem explorar

uma situação não conhecida, sobre a qual se necessita de maiores informações acerca de

determinado assunto, explorando a realidade, identificando as características e regularidades

dos fenômenos sociais (MINAYO, 2010). Este tipo de pesquisa é realizado quando o tema

escolhido é pouco explorado ou quando se tenciona aprofundar conceitos preliminares sobre

determinado tema, contribuindo para o esclarecimento em questão (GIL, 2009).

A abordagem qualitativa é subjetiva, de opinião ou atitude, sendo usada em uma

população pequena, não tendo critério numérico (BASTOS, 2007).

O interesse em realizar uma pesquisa qualitativa foi de saber o que pensam os atores

em estudo, com toda sua carga de perspectivas, decepções e estórias de vida. Não queria me

utilizar apenas dos dados brutos, e sim pesquisar opiniões e real transformações na vida de

pessoas contempladas pelo PROUNI. O real significado da mudança de um programa de

governo está na mudança de vida em cada pessoa que foi atingida por ele. É uma excelente

forma de avaliar se o programa realmente foi efetivo e se ele modificou a vida das pessoas

contempladas como se propôs.

Quanto ao campo de pesquisa:

O estudo foi realizado com alunos que estudam em cursos na área da saúde e de

semestres diferentes em faculdades privadas na Cidade de Fortaleza, no Estado do Ceará e

foram contemplados pelo programa, estas faculdades ofertam bolsas de estudo de forma integral

e parcial através do PROUNI. Não foi direcionada a pesquisa a uma faculdade alvo e sim a

diversos alunos que possuem o PROUNI para estudar em Instituições privadas. A escolha de

um curso superior na área da saúde se fez devido a proximidade com a área, pois sou enfermeira

no Hospital Universitário Walter Cantídio em Fortaleza-CE.

Foi solicitada autorização para pesquisa ao discente entrevistados.

Quanto aos sujeitos:

A população foi formada por alunos contemplados pelo PROUNI de algumas

Instituições privadas. Sendo composta por alunos de semestres variados e que realizam cursos

(20)

18

abordar estes alunos através de um Seminário na área da saúde no qual o entrevistador

participou.

Chegou-se a um número final após a saturação dos dados encontrados, suspendendo

a inclusão de novos participantes, ou seja, quando os dados começaram a ter repetição, e os

mesmos não eram mais relevantes para a pesquisa (FONTANELLRICAS; TURATO, 2008).

Quanto ao instrumento e Coleta de dados:

Os participantes que atenderam aos critérios de inclusão na pesquisa foram

convidados a participarem do estudo, sendo entrevistados após leitura do Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE A) e consentimento formal por meio da

assinatura do termo de consentimento pós-esclarecido (APÊNDICE B).

A coleta dos dados foi realizada através de um roteiro semiestruturado voltado para

o discente, o qual conteve informações de identificação como: idade, sexo, estado civil, curso

e renda familiar, além das seguintes questões norteadoras: O que significa o PROUNI para o

entrevistado contemplado do programa? Qual a importância para a inclusão social de pessoas

beneficiadas? Qual perfil sociodemográfico dos estudantes contemplados com o programa?

Quais os impactos a longo e curto prazo podem surgir para a Educação Superior na visão dos

discentes entrevistados? Qual a visão dos contemplados do programa quanto às repercussões

em sua vida futura? (APÊNDICE E).

O período da coleta realizou-se no mês de outubro e novembro de 2016. A coleta

foi realizada sob consentimento dos entrevistados, sendo solicitada permissão para gravá-las

para posterior transcrição.

Os discentes foram abordados individualmente através de entrevista, em seu horário

livre da faculdade, com o intuito de não prejudicar o andamento das atividades letivas e

assegurar o sigilo. A entrevista segundo Gil (2009) é traduzida como um procedimento no qual

o investigador fica a frente ao entrevistado e elabora perguntas baseadas no que se pretende

investigar. Esta é uma forma de intercomunicação social, um diálogo, onde uma pessoa colhe

os dados e a outra é a fonte da informação.

Além disso, ressalta-se, que as gravações foram guardadas em arquivos e após

apresentação da dissertação e posteriormente publicação em artigos, serão deletadas.

Quanto à análise dos dados:

Os dados foram analisados após transcrição fidedigna com cunho de análise de

(21)

19

A Análise de Conteúdo será baseada em Bardin (2010, p. 40) que se apresenta como

um “[...] conjunto de técnicas de análise das comunicações que utiliza procedimentos

sistemáticos e objetivos de descrição de conteúdo das mensagens.”

A organização da análise de conteúdo partirá do segmento cronológico abaixo:

Como recomendações pela análise de conteúdo seguiram-se as seguintes etapas:

1ª etapa (pré-análise):

Foi feita a escolha, formulação e organização do material a ser estudado. As falas

foram transcritas e numeradas pela ordem em que estavam sendo realizadas, tendo com objetivo

manter o sigilo e anonimato.

2ª etapa:

Realizou-se uma leitura exaustiva do material adquirido na pré-análise, e uma

categorização das falas, por meio da codificação, em que as ideias parecidas foram agrupadas

sob um título comum, no qual os trechos priorizados foram destacados e agrupados de acordo

com as semelhanças. Essa identificação foi realizada mediante o uso de lápis coloridos e à

medida que se identificou palavras coincidentes, foram grifadas, resultando em melhor

visualização dos dados.

Pré-análise

Exploração do

Material

Tratamento dos

(22)

20

3ª etapa:

Nesta etapa final após a formulação das categorias os dados foram analisados com

base na literatura pertinente.

Utilizou-se para a discussão tomando como base nas leis previstas no Ministério da

Educação, além de informações contidas em literatura pertinente.

Realizou-se a leitura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE

A) sendo esclarecida aos participantes da pesquisa cada etapa do documento. Após foi

solicitado o consentimento formal por meio da assinatura do termo de consentimento

pós-esclarecido (APÊNDICE B). O TCLE (APÊNDICE A) foi assinado em duas vias, no qual uma

via fica com o entrevistado e outra com o pesquisador.

Com a finalidade de preservar a identidade dos sujeitos os mesmos foram

identificados pela letra E1, E2 e assim por diante conforme o número de sujeitos do estudo.

A presente pesquisa não possui riscos previsíveis, nem físicos, nem psicológicos ou

morais. Para tanto, a pesquisadora realizou uma entrevista de forma clara, objetiva e dinâmica,

tendo em vista obter respostas de fácil entendimento. Caso o pesquisado se recusasse a

continuar, isso seria compreendido tão logo pela pesquisadora que interromperia a entrevista

sem penalidades, permanecendo o anonimato do sujeito.

Destaca-se que não foram realizados procedimentos invasivos com os sujeitos

participantes. No que concerne à justiça, todos os sujeitos da pesquisa foram submetidos aos

mesmos procedimentos. A confidencialidade será garantida com o resguardo das informações

dadas de forma pessoal e a proteção contra a sua revelação não autorizada.

Visando alcançar os objetivos propostos na pesquisa a avaliação foi dividida em

quatro capítulos. Tendo em vista que esse é o primeiro capítulo, no qual consta a introdução,

com os objetivos e metodologia.

No segundo capítulo focou-se na Política Pública em estudo, descrevendo o que

significa o PROUNI, com subtópicos expondo toda a trajetória histórica para a elaboração do

programa; comentando toda a parte de estrutura prática para o desenvolvimento do programa,

demonstrando quem são os responsáveis pela fiscalização e avaliação do PROUNI, o perfil do

aluno para a aquisição das bolsas de estudo e os requisitos para a Instituição de nível Superior

aderir ao programa.

O terceiro capítulo descreveu sobre as Políticas Públicas e avaliação de Políticas

Públicas, destacando o referencial teórico, os conceitos abordados na literatura estudada, e teve

como subtópicos a definição de políticas públicas com suas fases para a implementação da

(23)

21

Públicas, enveredando para as fases avaliativas e sua importância. Deu-se ênfase a questão

histórica para a criação das políticas públicas.

O quarto capítulo comentou sobre a Educação Superior e Inclusão Social de pessoas

na educação, demonstrando toda sua trajetória histórica quanto aos incentivos do Estado para o

fortalecimento do ensino superior no Brasil.

O quinto capítulo se refereiu à análise das entrevistas realizadas, separando

categorias e expondo opiniões pessoais baseado nas falas dos alunos que possuem bolsa do

PROUNI em algumas faculdades privadas de Fortaleza. Dentro dos capítulos perfaço a análise

de dados da pesquisa, ressaltando os impactos relevantes quanto ao estudo. Apontando a

opinião dos entrevistados referente à democratização do Ensino Superior a partir do PROUNI,

bem como a opinião de estudiosos sobre o assunto.

Toda a parte de estruturação dos capítulos foi baseada na perspectiva da avaliação

em profundidade, onde perfaço todo o histórico da época e períodos anteriores que serviram

como base para a criação do programa, além disso, discutiu-se todo o contexto político sócio

econômico e cultural, além de seus atores envolvidos na criação, implementação e avaliação da

política do PROUNI.

Esta concepção de avaliação tem uma relação com Lejano (2006), pois o mesmo

diz ser fundamental considerar a conjuntura da situação política. O mesmo articula que o

pesquisador deverá fazer um estudo em profundidade da política. Lejano (2006) ainda enumera

os passos para uma análise de políticas públicas, quais são: colher diferentes aspectos,

perspectivas e dimensões da problemática da política, agregar as informações diferentes,

descrevendo o problema; e proferir recomendações, elaborando ações.

Ao final de toda a discussão foram realizadas as considerações finais sobre a

pesquisa e relatada as impressões do autor sobre o programa baseado no que obtive nas

entrevistas. Fiz um relato dos aspectos positivos e negativos segundo os entrevistados.

Com isso pretendeu-se avaliar o ponto de vista dos alunos usuários do programa

quanto à questão da democratização do acesso ao ensino superior e sua inclusão social,

(24)

22

3 UMA APRESENTAÇÃO DO PROUNI

A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 205, afirma que a educação é um direito de toda a população e um dever do Estado. Sendo incentivada com o apoio de toda a sociedade e fornecendo ao cidadão o preparo para exercer sua cidadania e o qualificando para o trabalho (CURIA et al., 2012).

Em torno de 1960 aconteceu a Guerra Fria, alinhando os países latino-americanos

à Aliança para o Progresso, onde o desenvolvimento era buscado para que ocorresse a segurança

da nação e contra a ameaça comunista. Para que o subdesenvolvimento fosse superado, a

acumulação de capital não era o suficiente, deveria haver também a escolarização da população.

Mas havia o entrave da baixa escolarização para nível técnico e superior, não havendo mão de

obra suficiente para operar a tecnologia importada e com isso, impedia o crescimento

econômico nacional (CARVALHO, 2006c).

A autora citada relata que o Ministério da Educação (MEC) realizou vários estudos

onde demonstrou que no Brasil não havia mão de obra qualificada. E isso objetivou durante o

regime militar a institucionalização do ensino superior brasileiro. Mas a insuficiência de vagas

em curso superior nesta época foi denunciada várias vezes em movimentos estudantis

representados pela União Nacional dos Estudantes (UNE).

Ainda é elucidado pela autora que desta conjuntura ocorreu o impulso para que

houvesse a Reforma Universitária com o intuito de aumentar o número de pessoas com nível

superior, principalmente nas áreas técnicas e tecnológicas, e por meio disso, alavancar o

desenvolvimento econômico e também devido às pressões exercidas pela classe média que

buscava o acesso ao ensino superior.

Quanto à incidência de impostos sobre a instituição de ensino privado, Carvalho

(2006b, p. 4) comenta:

A Lei nº. 5.172/66, que instituiu o Código Tributário Nacional, em concordância com a Constituição Federal de 1967, determinava que não houvesse incidência de impostos sobre a renda, o patrimônio e os serviços dos estabelecimentos de ensino de qualquer natureza. Em outras palavras, os estabelecimentos privados gozaram do privilégio, desde a sua criação, de imunidade fiscal, não recolhendo aos cofres públicos a receita tributária devida.

Com a imunidade em alguns tributos, as instituições de nível superior tiveram

muitos benefícios. Quanto à isenção no Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), estas

instituições adquiriram uma maior quantidade de imóveis, podendo criar mais cursos e

(25)

23

Renda e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) levaram o progresso da atividade

educacional e a elevação financeira da instituição (CARVALHO, 2006a).

É relatado pela mesma autora que houve uma diminuição da arrecadação tributária

proveniente das instituições privadas, mas também uma redução com custos das universidades

públicas, podendo-se considerar como uma transferência de rendimento financeiro

indiretamente para o setor privado. Nos anos 80 houve uma recessão econômica, no qual gerou

a diminuição na procura pelo ensino superior, mas devido às isenções tributárias, os impactos

gerados foram amenizados, ocorrendo menos desemprego e quedas de salários, permitindo que

não ocorresse a falência das instituições de ensino privadas.

É prenunciado por Carvalho (2006b, p. 7) quanto às modificações no art. 20 da Lei

9.394/96 em relação à questão tributária das instituições de ensino superior:

Até 1996, praticamente todos os estabelecimentos particulares de ensino usufruíram imunidade tributária sobre a renda, os serviços e o patrimônio. O artigo 20 da Lei nº 9.394/96 de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) promoveu formalmente a diferenciação institucional intra-segmento privado. A partir deste momento, as instituições passaram a ser classificadas em privadas lucrativas e sem fins lucrativos (confessionais, comunitárias e filantrópicas). As primeiras deixaram de se beneficiar diretamente de recursos públicos e indiretamente da renúncia fiscal, enquanto que as demais permaneceram imunes ou isentas à incidência tributária. A mudança legislativa permitiu ampliar a arrecadação da União e dos municípios e aumentou os custos operacionais dos estabelecimentos de ensino.

Diante disso, a instituições privadas começaram arrecadar menos e ficarem com

muitas vagas ociosas. O Financiamento Estudantil (FIES) não conseguiu resolver o problema

dos déficits econômicos dos empresários sozinhos e o PROUNI surge neste contexto

socioeconômico.

De acordo com Oliveira et al. (2005), em meados de 2002, a universidade passou a

ser idealizada como uma empresa privada, visando os interesses do capital, direcionando a um

tipo de conhecimento. A ciência, educação e saber acadêmico adquirem o status de mercadoria

nos moldes de acumulação capitalista, perdendo a identidade de local de cidadania garantida

pelo Estado. Isto foi debatido pela Organização Mundial do Comércio em 2004, considerando

o ensino superior como um serviço que pode ser comercializado de forma global. Implantado

em 2005, o PROUNI se insere em um contexto no qual apenas 13% dos jovens de 18 a 24 anos

estão matriculados em IES, segundo dados da Pesquisa Anual por Amostra de Domicílios,

PNAD/2003 (IBGE, 2003). No conjunto dos países da América Latina, o Brasil apresenta um

dos mais baixos índices de acesso, comparado com a Argentina (cerca de 40%), Venezuela

(26)

24

toma como referência a meta definida pelo Plano Nacional de Educação de 2001, que propõe

prover até o final da década a oferta de educação superior para, pelo menos, 30% da faixa etária

de 18 a 24 anos.

Para Carvalho (2006c), o PROUNI surge em um contexto de justiça social, no qual

os seus principais beneficiários são estudantes carentes, que estudam em escolas públicas ou

privadas como bolsistas e com renda familiar baixa. Também se beneficiariam os deficientes

físicos, negros, indígenas e professores de ensino básico da rede pública. Mas houve um jogo

político, cujo o MEC teve que ceder aos interesses privados, mas estes não ficaram plenamente

satisfeitos.

A autora ainda relata que o programa interessou a adesão de muitas instituições,

devido a isenções de tributos federais. As instituições lucrativas e sem fins lucrativos e não

beneficentes tinham maior flexibilização quanto aos requisitos e era de adesão voluntária. No

ano de 2005 as faculdades privadas deveriam ofertar uma bolsa integral para cada nove alunos

pagantes ou bolsas parciais baseada no rendimento de até 10% da receita bruta. Em 2006 houve

uma mudança no texto da lei e a oferta ficou de uma bolsa integral para cada 10,7 alunos

pagantes ou uma bolsa integral para cada 22 alunos, com bolsas parciais de 25% e 50% até a

receita bruta atingir o índice de 8,5%.

Otranto (2006, p. 7) faz uma crítica à criação do PROUNI:

Os 25% de vagas iniciais caíram para “uma bolsa integral a cada nove estudantes

pagantes”, concedida a “brasileiros não portadores de diploma de curso superior, cuja

renda familiar per capta não exceda o valor de até um salário mínimo e meio”. Em 2006, a bolsa integral será concedida a cada 10,7 estudantes pagantes. Os demais terão que se conformar com bolsas de 25% ou 50%. Como pelo perfil social estes estudantes não terão como custear seus cursos, a solução encontrada pelo MEC foi repassar verbas públicas para o pagamento de mensalidades. Com esses recursos (perda de impostos e pagamento de mensalidades), direcionados para as universidades federais, novos professores poderiam ser contratados e todos os cursos de graduação poderiam ser oferecidos no horário noturno. A tendência seria de chegar em três ou quatro anos a 1 milhão de novas matrículas nas universidades públicas e não 120.000 bolsas como pressupõe o PROUNI. O mais grave é que o Programa não prevê mecanismos de controle sobre a qualidade dos cursos.

No decorrer de 2004, iniciou-se a reforma universitária na gestão do Presidente

Lula, por meio do Ministério da Educação. No que se refere à reforma universitária, além do

PROUNI, houve a ampliação das universidades federais e a criação do sistema de cotas para

alunos da rede pública de ensino. Esta reforma universitária baseou-se na reforma de Córdoba,

na Argentina, que tinha como missão a concepção de universidade com missão acadêmica,

(27)

25

O PROUNI, quando foi criado no governo Lula, tinha como discurso a questão da

inclusão das classes menos favorecidas, uma oportunidade que estava sendo oferecida,

conjuntamente com o Fundo de Financiamento Estudantil - FIES e outros incentivos para que

pessoas menos favorecidas fossem contempladas com a tão sonhada oportunidade de fazer uma

faculdade, de crescer como ser humano, melhorar de vida, ter mais oportunidades.

O Programa Universidade para Todos (PROUNI) foi criado em 2005 pelo Governo

Federal, com a finalidade de conceder bolsas de estudos em Universidades Privadas para alunos

que realizaram todo o ensino médio em escolas públicas ou em instituição particular, mas com

bolsa de estudos de forma integral e em contrapartida é ofertado isenções de tributos as

Universidades que aderem ao programa (BRASIL, 2015).

E10: “Eu entrei na faculdade pagando e depois de dois semestres ia trancar o curso devido a problemas financeiros. O semestre que eu ia trancar eu consegui a bolsa.

Então o PROUNI me permitiu continuar fazendo o curso do meu sonho”.

E14: “O PROUNI me deu uma chance que eu acredito que eu não iria ter se eu não tivesse a bolsa, que é a partir dele que eu pude realizar meu sonho desde criança

que é ser dentista. É uma política pública que me gerou muitas oportunidades”.

As falas dos entrevistados certificam que sem o programa hora em estudo não

conseguiriam cursar um nível superior, um destes realizou uma tentativa de estudar em uma

faculdade privada, mas não conseguiu dar continuidade, devido às condições financeiras. O

outro entrevistado atesta a questão do programa do Governo oferecer muitas oportunidades, o

que não teria se esta política pública não existisse.

De acordo com Carvalho (2006a), o PROUNI aparece como uma oportunidade de

facilitar as faculdades privadas ameaçadas pelo excesso no quantitativo de vagas, mantendo a

iniciativa proposta pelo Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD)

às empresas privadas.

Carvalho (2006b, p. 8) analisa a questão da facilitação quanto às exigências e

sanções em relação às instituições superiores privadas:

(28)

26

Estes atores manifestaram-se na forma de adesão antecipada. Nos debates no âmbito do Projeto de Reforma do Ensino Superior, estes têm enaltecido a importância do PROUNI, sob o argumento da democratização do ensino.

A criação do PROUNI é justificada por meio do Plano Nacional de Educação (PNE)

de 2001 a 2010, diz que se faz necessário a continuação das atividades de ensino, pesquisa e

extensão para que ocasione um maior desenvolvimento no campo tecnológico, científico e

cultural, mas só ocorrerá por meio da solidificação do setor público, paralelamente o setor

privado deve crescer, mas com um ensino de qualidade (UNESCO, 2001).

O PNE ainda elucida que as universidades são as maiores transmissoras de

experiências culturais e científicas acumuladas pela população e a partir disso consegue reduzir

as desigualdades sociais e regionais, além de favorecer com que haja cooperação internacional.

Nos últimos anos há uma pressão pelo crescimento do número de vagas na educação

superior e através disso, deve-se ter um planejamento para que essa expansão seja com

qualidade de ensino. O setor privado é fundamental neste crescimento, pois é onde se dá a maior

oferta de vagas de curso superior (UNESCO, 2001).

A Lei 10.172/2001 (PNE 2001-2011), citada no site do MEC (BRASIL, 2016)

enumera os objetivos e metas para a expansão da educação superior o que demonstra a

justificativa para a criação do PROUNI. Aqui são colocados os principais:

1. A promoção da expansão do ensino superior até o final da década, com uma

elevação da entrada de alunos na faixa etária entre 18 e 24 anos em 30%.

2. A diminuição das desigualdades entre regiões através da expansão

universitária.

3. A interação de educação à distância com cursos presenciais.

4. Solidificar a autonomia das universidades públicas na gestão financeira,

administrativamente, cientificamente e didaticamente.

5. Criar um amplo sistema de avaliação interna e externa das faculdades públicas

e privadas, visando uma melhor qualidade no ensino.

6. Realizar o credenciamento das instituições de forma continua, através do

sistema nacional de avaliação.

7. Formular a nível nacional as diretrizes curriculares que garantam uma

flexibilização dos programas e sua diversidade de acordo com as diferenças

(29)

27

8. Estimular a ampliação dos cursos de pós-graduação, duplicando em 10 anos o

número de pesquisadores com qualificação e ampliação do número de mestres

e doutores em 5%.

9. Incentivar a pesquisa na educação superior, incluindo os alunos nesta

participação.

10.Criar políticas públicas que assegurem os menos privilegiados, vítimas de

discriminação, o acesso à educação superior.

11. Estimular as faculdades de ensino superior a identificar, na educação básica,

estudantes com alto nível intelectual, onde as famílias apresentam renda

mínima a ofertar bolsas de estudo e ajuda financeira para prosseguir os estudos.

Oliveira et al. (2005) aduzem que a expansão e democratização da educação

superior são cada vez mais assumidas pelo setor privado. Isto causa preocupações, pois as

instituições de ensino com fins lucrativos não se interessam em articular o tripé ensino, pesquisa

e extensão, o que ocasionará um decréscimo na qualidade da educação superior.

Em 10 de setembro de 2004 foi decretada a medida provisória n° 213, no qual

instituía a criação do programa PROUNI. Em 15 de outubro de 2004 é criado o Decreto 5.245

no qual regulamenta a medida provisória n° 213, estabelecendo sobre a atuação de entidades

beneficentes de assistência social no ensino superior (BRASIL, 2015).

Em 18 de junho de 2005 foi criado o Decreto 5.493 no qual regulamentou a Lei

11.096 quanto aos critérios de concessão de bolsas, fiscalização das instituições de ensino

superior e o acompanhamento e o controle social dos procedimentos de concessão de bolsas,

no âmbito do PROUNI. Do ano de 2004 até os dias atuais foram estabelecidas várias portarias

que regulamentavam a lei 11.096, os assuntos sempre relacionados a prazos para a concessão

de bolsa, fiscalização das instituições de ensino superior dentre outros assuntos. Foram

confeccionadas com o objetivo de dirimir possíveis dúvidas relacionadas ao tema em debate. A

lei 11.096/2005 institui o PROUNI e altera a lei 10.891/2004 no qual instituía a bolsa atleta

(BRASIL, 2015).

Segundo dados do Sisprouni/2015 que se encontra no portal do Ministério da

Educação (MEC), quando surgiu o programa em 2005 foram ofertadas 112.275 bolsas e em

2014, foram ofertadas 306. 726 bolsas. Ainda não se sabe como ficará a distribuição das bolsas

por todo o ano de 2017 e os anos vindouros, pois no governo atual do Presidente Michel Temer

(30)

28

políticas públicas ligadas diretamente a este setor, mas no segundo semestre de 2016 foram

ofertadas 125.578, sendo 57.141 de forma integral e 68.437 de forma parcial (BRASIL, 2015).

A mesma fonte do MEC ainda aborda que a região Sudeste é a mais beneficiada

com 50% das bolsas, em um total de 55.889, seguida pela região Sul com 19% (281.826), região

Nordeste com 15% (229.865), região Centro Oeste com 10% (145.218) e Norte com 6%

(84.427). Estes dados foram atualizados em janeiro de 2015.

Gráfico 1 – Bolsistas por região

Fonte: Brasil (2015).

São Paulo é o Estado que mais recebeu bolsas do PROUNI em 2015, com um total

de 34.725, sendo 15.245 de forma integral e 19.480 de forma parcial.

Em relação ao número de bolsista por turno de estudo, em maior parte as bolsas

ofertadas foram no período noturno com um total de 74% (945.746), seguido pelo período

matutino com 19% (241.652), período integral com 4% (47.020) e vespertino com 3% (38.904)

(BRASIL, 2015).

BOLSISTAS POR REGIÃO

SUDESTE

SUL

NORDESTE

CENTRO OESTE

(31)

29

Gráfico 2 – Bolsistas por turno de estudo

Fonte: Brasil (2015).

Segundo o Sisprouni em 2015, o quantitativo de bolsas integral distribuídas no ano

de 2014 foram 1.049.645 (70%) e 447.580 (30%) parciais (BRASIL, 2015).

Gráfico 3 – Bolsistas por tipo de bolsa

Fonte: Brasil (2015).

De acordo com a distribuição de bolsas por sexo, em 2014 foram ofertadas 706.557

(47%) das bolsas para o sexo feminino e 790.668 (53%) para o sexo masculino. Dados

Sisprouni, 2015, obtidos no site do MEC (BRASIL, 2015).

BOLSISTAS POR TURNO DE ESTUDO

NOTURNO

MATUTINO

INTEGRAL

VESPERTINO

BOLSISTAS POR TIPO DE BOLSA

INTEGRAL

(32)

30

Gráfico 4 – Bolsista por sexo

Fonte: Brasil (2015).

O MEC ainda comenta que na região Nordeste a Bahia fica em primeiro lugar no

número de bolsas ofertadas, com um total de 83.275 o Ceará vem em terceiro lugar com 26.063

bolsas. E no primeiro semestre de 2016 o Ceará recebeu um total de 3.873 bolsas, sendo 1.960

integrais e 1.913 parcial (BRASIL, 2015).

No estado do Ceará, no ano de 2005, foram concedidas um total de 2.302 bolsas. Já

em 2015 no Ceará foi um total de 4.150 bolsas concedidas, demonstrando quase uma duplicação

do número de vagas no Ceará (BRASIL, 2015).

Na página para acesso do Ministério da Educação (MEC) é explicitado sobre a

concessão de bolsas de permanência aos alunos de cursos em tempo integral e orienta quanto

aos critérios para concessão e encerramento da bolsa.

O MEC ainda relata que o programa possui ações em conjunto com a Caixa

econômica Federal, Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN) e o Fundo de

Financiamento Estudantil do Ensino Superior (FIES) (BRASIL, 2015), facilitando ao bolsista

do PROUNI a financiar até 100% da mensalidade que não atingiu a cobertura do programa.

O PROUNI já atendeu desde que foi criado até os dias atuais, um total de 1,4 milhão

de estudantes, com um quantitativo de 70% de bolsas integrais. Este programa, conjuntamente

com o FIES, o sistema de seleção unificada (SISU), o Programa de Apoio a Planos de

Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI), a Universidade Aberta do

Brasil (UAB) e a expansão da rede federal de ensino em nível profissional e tecnológico,

ampliou o acesso de uma maior quantidade de jovens no ensino superior.

BOLSISTAS POR SEXO

MASCULINO

(33)

31

3.1 Responsáveis pela fiscalização e avaliação

Para a implementação e avaliação do programa muitas instituições são envolvidas

para que o PROUNI logre êxito e que não ocorram fraudes. Além disso, essas parcerias visam

também que as faculdades que o aderem ofereçam um ensino de qualidade, fiscalizando quanto

à estrutura de ensino, o corpo docente e o nível de aprendizagem.

O principal envolvido em todo o processo é o Ministério da Educação (MEC). O

mesmo ajuda às instituições de ensino superior, presta esclarecimentos aos bolsistas e realiza

fiscalizações através de secretarias subordinadas ao MEC (BRASIL, 2015).

Quanto à fiscalização, o MEC possui uma parceria com o Tribunal de Contas da

União (TCU), Ministério das Cidades, da Justiça, da Fazenda e do Trabalho objetivando

identificar a compatibilidade da renda declarada pelo estudante com sua real situação (MEC,

2016).

A Secretaria da Receita Federal troca informações com a Secretaria de Educação

Superior (SESU), do Ministério da Educação com o intuito de construir metodologias de

fiscalização dos bolsistas do programa e das instituições de ensino superior que se beneficiam

das isenções fiscais por aderirem ao PROUNI (BRASIL, 2015).

O MEC estabelece as funções da Secretaria de Educação Superior (BRASIL, p. 11

2015):

A Secretaria de Educação Superior (SESU) é a unidade do Ministério da Educação responsável por planejar, orientar, coordenar e supervisionar o processo de formulação e implementação da Política Nacional de Educação Superior. A manutenção, a supervisão e o desenvolvimento das instituições públicas federais de ensino superior (IFES) e a supervisão das instituições privadas de educação superior, conforme a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), também são de responsabilidade da SESU.

A Lei 10.861 de 2004 criou o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior

(SINAES), realizado através da SESU, subordinada ao MEC cujas funções são a avaliação das

instituições, dos cursos e do desempenho dos estudantes. Este realiza uma avaliação baseado

no tripé ensino, pesquisa e extensão. Busca avaliar a responsabilidade social e gestão da

instituição, o desempenho do aluno, o currículo dos docentes, as instalações físicas, dentre

outros aspectos (BRASIL, 2015).

O mesmo documento governamental ainda comenta que a Secretaria de Educação

Superior possui instrumentos de avaliação como: auto avaliação, avaliação externa, avaliação

(34)

32

informação como os censos e cadastros. Os resultados destas avaliações traçam o perfil da

qualidade dos cursos e instituições de educação superior em todo o Brasil. Todo o tramite de

avaliação é coordenado e supervisionado pela Comissão Nacional de Avaliação da Educação

Superior (CONAES) e a operacionalidade é de responsabilidade do Instituto Nacional de

Estudos e Pesquisas (INEP).

As instituições de ensino superior utilizam todas as informações obtidas com o

SINAES para direcioná-la quanto a sua eficácia e efetividade acadêmica e social. Os órgãos

governamentais também utilizam estes dados para a consecução de políticas públicas e os

alunos para orientá-los quanto à escolha do curso e da instituição (BRASIL, 2015).

Existem outras parcerias com o PROUNI, como a Fundação Nacional do Índio

(FUNAI) em suas administrações executivas regionais, os Centros de Integração Empresa

Escola (CIEE) e o Serviço de Atendimento ao Cidadão chamado Governo Eletrônico Serviço

de Atendimento ao Cidadão (GESAC) (BRASIL, 2015).

O CIEE é uma associação filantrópica de direito privado e sem fins lucrativos,

beneficente de assistência social que ajuda jovens estudantes brasileiros a se inserirem no

mercado de trabalho através de cursos de aperfeiçoamento e programas de estágio (BRASIL,

2015).

O GESAC é um programa do governo que oferta conexão de internet gratuita a tele

centros, escolas, unidades de saúde, aldeias indígenas, postos de fronteira e quilombos. O

Ministério das Comunicações coordena e direciona o programa para comunidades vulneráveis

socialmente, que de outra forma não teriam acesso às tecnologias de informação e comunicação

(BRASIL, 2015).

No início de criação do PROUNI, através de Medida Provisória, a competência para

a fiscalização era somente do MEC, mas este não tem corpo de pessoal técnico para fiscalização

contábil e fiscal. O Ministério de Estado da Previdência Social e Receita Federal

manifestaram-se na imprensa, na época, demonstrando o perigo de haver sonegação fiscal. Quando a lei foi

promulgada, o texto legal foi alterado, indicando que o MEC deveria verificar e comunicar aos

outros órgãos competentes a situação da instituição quanto ao cumprimento dos quesitos do

(35)

33

3.2 Perfil do aluno para a aquisição das bolsas de estudo e requisitos para a Instituição de nível superior aderir ao PROUNI

De acordo com a lei 11.096/2005, em seu artigo primeiro, parágrafo primeiro, será

concedida bolsa de estudos integral aos estudantes brasileiros que não tenham diploma de nível

superior e cuja renda familiar não ultrapasse a um salário mínimo e meio (BRASIL, 2005).

Com isto a lei reitera que as bolsas são concedidas uma única vez para apenas uma

única graduação.

Já o parágrafo segundo, comenta que as bolsas de estudo parciais de 50% (cinquenta

por cento) e 25% (vinte e cinco por cento), serão distribuídas a estudantes cuja renda de toda a

família não exceda três salários mínimos, conforme critérios do Ministério da Educação

(BRASIL, 2015).

O artigo segundo da lei do PROUNI, preleciona que o aluno deverá cursar todo o

ensino médio em escola pública ou instituições privadas com bolsa integral. Poderá também ter

direito ao programa estudantes portadores de deficiência física e professores da rede pública de

ensino, para os cursos de licenciatura, normal superior e pedagogia, com intuito de formarem

professores com magistério na educação básica (BRASIL, 2015).

É destacada ainda pela Lei 11.096/2005, em seu artigo quinto que a Instituição privada com ou sem fins lucrativos para aderir ao programa deverá assinar o termo de adesão, ofertando 1 (uma) bolsa integral a cada 10,7 (dez inteiros e sete décimos) estudantes que pagam regularmente e matriculados no período eletivo anterior. O seu parágrafo primeiro, esclarece que o termo de adesão terá uma vigência de 10 (dez) anos, que será contado a partir da data de assinatura. Podendo ou não ser renovado por iguais períodos (BRASIL, 2015).

A mesma lei (BRASIL, 2015) discrimina em seu parágrafo segundo, do artigo quinto que poderá haver permuta de bolsas entre cursos e turnos, havendo restrição de 1/5 (um quinto) das bolsas oferecidas em cada curso e turno. Em seu artigo quinto, parágrafo quatro descreve:

§ 4o A instituição privada de ensino superior com fins lucrativos ou sem fins lucrativos

(36)

34

As instituições de nível superior privadas, ao aderirem ao programa têm como benefício à isenção de pagamento de Imposto de Renda de Pessoa Jurídica, Contribuição Social sobre o lucro líquido, Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) e do Programa de Integração Social (PIS) (BRASIL, 2015).

Diante disso, as Instituições de Nível Superior privadas apresentam interesse em aderir ao programa, devido aos benefícios garantidos a estes entes.

(37)

35

4 POLÍTICAS PÚBLICAS E AVALIAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS

O governo apresenta um papel de maximizar o bem-estar social, visando um

conjunto individual de particularidades. As políticas públicas são criadas quando existem

lacunas geradas por situações de mercado. No entanto, essas hipóteses geram uma série de

problemas e questões a serem analisadas, devido ao modelo de escolha racional (LEITE, 2006).

É reafirmado por Rico (1999) que o Estado é ao mesmo tempo um sujeito de

acumulação, atuando nos setores de produção estatal e indiretamente em fundos públicos e

agente de distribuição, ofertando as rendas públicas entre os seus entes ou grupos ocupacionais.

O Estado tem um papel de avaliador, intervindo para oferecer mais eficiência e ter

o controle sobre o que considera ser qualidade. No caso da educação superior, fez-se necessário

o aumento da eficiência com menos gastos. E este pensamento do Estado avaliador fez com que

as avaliações se tornassem quase que com exclusividade externa, somativas e com foco nos

resultados e comparativas, causando a competitividade de acordo com a orientação do mercado

(DIAS SOBRINHO, 2004).

Quanto ao direito à educação de qualidade é tratado por Dias Sobrinho (2010, p.

1225):

O direito social à educação de qualidade é um aspecto essencial e prioritário da construção da sociedade, de consolidação da identidade nacional e instrumento de inclusão socioeconômica. Por isso, assegurá-lo adequadamente é dever indeclinável do Estado.

Rico (1999) explica que durante o regime militar as políticas públicas foram muito

criticadas, devido não ser consideradas sociais e a política social era classificada como não

política, devido à omissão do governo em priorizar a distribuição igualitária entre as classes

sociais.

Arretche (1996) explana que no Brasil, no período pós 64, o governo

caracterizava-se por uma forma de gestão centralizada, e com isso solidificou o período de crescimento do

Estado, fortalecendo a eficiência administrativa dos Estados e Municípios, embora de forma

desigual, fazendo assim com que abrisse uma porta para a descentralização. A partir de 1980,

houve uma descentralização das políticas sociais, havendo desigualdades de todos os tipos,

como a velocidade e resultados para a implementação da política, principalmente com os

serviços prestados com qualidade diversificada.

Políticas públicas são conjuntos de programas, ações e atividades realizadas pelo

Imagem

Gráfico 2 – Bolsistas por turno de estudo
Gráfico 4  –  Bolsista por sexo
Gráfico 5 – Sexo dos entrevistados
Gráfico 6 – Idade dos entrevistados
+3

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