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Palavras-chave: Interdisciplinaridade. Formação integral. Projetos sociais.

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Academic year: 2021

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A FORMAÇÃO ACADÊMICA POR MEIO DE PRÁTICAS PEDAGÓGICAS INTERDISCIPLINARES EM ESPAÇOS SOCIAIS INCLUSIVOS

Diva Spezia Ranghetti (Professora Centro Universitário-Católica Santa Catarina em Jaraguá do Sul (SC) e pesquisadora do GEPI/PUC/SP) Ana Paula Fliegner dos Santos (Assistente Social Núcleo de Projetos Comunitários (NPC) da Católica de Santa Catarina em Jaraguá do Sul (SC)

RESUMO

Este artigo apresenta dados parciais de uma pesquisa sobre a participação de acadêmicos do Centro Universitário Católica de Santa Catarina em Jaraguá do Sul em projetos sociais, realizados a partir do componente curricular Projeto Comunitário, implantado nas matrizes curriculares dos cursos da IES no ano de 2010. Nosso objetivo é analisar de que forma a vivência no projeto social “Conectando Gerações” afeta a formação dos acadêmicos e sua contribuição para a formação integral dos mesmos. Optamos por desenvolver uma pesquisa de metodologia qualitativa, por que esta tem por preocupação trabalhar com o mundo dos sujeitos e analisar os significados que estes atribuem às suas experiências cotidianas, sua linguagem, suas produções culturais e suas formas de interações sociais. A teoria que a subsidia é a interdisciplinaridade. A pesquisa vem sendo realizada desde o segundo semestre de 2013 com previsão de término em 2014. Os sujeitos envolvidos na pesquisa são os acadêmicos dos diversos cursos de graduação da Católica, que participaram como monitores no projeto. Esta pesquisa justifica-se, pois as ações desenvolvidas no projeto suscitam reflexões e análises em relação à formação dos acadêmicos na perspectiva da interdisciplinaridade uma vez que a formação integral perpassa pela ciência, pela experiência e pelos diferentes contextos de ação e interação dos acadêmicos. Nesse sentido, dados preliminares da pesquisa, revelam que a realização de ações sociais afetam os acadêmicos contribuindo no desenvolvimento e na aprendizagem de valores, atitudes, solidariedade, sensibilidade; além da competência e atitude para analisar, discutir e decidir sobre questões relacionadas à sua formação profissional e à sua condição de cidadão. Destacamos ainda que na medida em os acadêmicos aproximam-se dos sujeitos e deixam afetar-se por eles, modificam atitudes, valores e olhares em relação às representações que tinham/tem dos sujeitos, da a vida e do mundo.

Palavras-chave: Interdisciplinaridade. Formação integral. Projetos sociais.

INTRODUÇÃO

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A formação integral é um desafio para as universidades num mundo marcado pela especificidade do conhecimento, especialmente quando se olha o mercado de trabalho que estimula uma formação de profissionais para o mundo do conhecimento e da tecnologia. Para tanto deve-se considerar os sujeitos que se educam, suas relações com a sociedade em que atuam e na qual exercem múltiplas funções. A formação acadêmica para o mundo de hoje não pode restringir-se a capacitar o sujeito para entender a realidade; é preciso que seja também mobilizado a buscar alternativas e querer muda-la para melhor. Esse desafio está posto às universidades: formar o “novo” cidadão para ser protagonista na reestruturação da sociedade, trabalhando na realidade social em que se insere. Contudo, faz-se necessário o desenvolvimento de sensibilidade social, consciência da responsabilidade e elevada prática de cidadania para ter a percepção crítica dessa sociedade.

Com esse entendimento, no ano de 2010, ao reformular as matrizes curriculares e os Projetos Pedagógicos dos seus cursos, a Católica de Santa Catarina em Jaraguá do Sul instituiu o componente Curricular Projeto Comunitário. Este se materializa por meio de ações sociocomunitárias, oriundas de projetos desenvolvidos em parceria com entidades da sociedade, ou mesmo organizados pela própria Instituição de Ensino Superior, os quais visam despertar, na comunidade acadêmica, a cultura da responsabilidade, integração social e a formação integral.

As ações praticadas por meio dos projetos sociais possibilita uma formação interdisciplinar que se constitui,

[...] não mais a partir de territórios disciplinares que efetivam formações divididas e isoladas em suas fronteiras, mas sim como projeto que articula ética, estética, conhecimento, valores, reflexão, crítica, verdades relativas, intenções provisórias num dado momento histórico-social e com ele se compromete, seja para mantê-lo, seja para transformá-lo. (BATISTA, 2001, p.136).

A formação profissional na perspectiva da interdisciplinaridade privilegia espaço à liberdade de constituição do sujeito, para formar-se em meio à objetividade da ciência, da técnica, das relações e interrelações que se estabelece com o outro e com o meio. Relações e interações que façam alterar, através da reflexão, a consciência, o modo de ser-no-mundo (RANGHETTI, 1999).

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Públicas mais próximas. Esse público, na sua maioria não tem acesso ao computador, ou quando tem, não há quem ensine a utilizá-lo.

O projeto é desenvolvido pelos acadêmicos após cumprirem 30% da carga horária da matriz curricular dos cursos em andamento, desde o ano de 2011. É ofertado nos laboratórios da Católica de Santa Catarina em Jaraguá do Sul, durante seis encontros de 3 horas, desde o segundo semestre de 2011 e atendeu 590 idosos até o ano de 2013.

O PROJETO SOCIAL COM OS IDOSOS: UMA AÇÃO INTERDISIPLINAR DE FORMAÇÃO

O Projeto “Conectando Gerações” intenciona auxiliar os cidadãos com mais de 55

anos, no uso e manipulação dos recursos do computador, contribuindo para construir sólidos conceitos de participação ativa e democrática, a fim de aumentar sua inserção social e ampliar a sua atuação como cidadão. A este objetivo específico, acrescenta-se a intenção de

aproximar a Instituição de Ensino Superior do seu entorno social e, pedagogicamente, contribuir para a formação humana e cidadã dos seus acadêmicos.

Poucos aspectos da evolução tecnológica atual atingem de forma tão direta e abrangente a sociedade como as Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs). Promover o acesso a essas ferramentas é anunciar possibilidades de inclusão social. Incluir o idoso no mundo digital, colocando em suas mãos a ferramenta da informática, faz com que ele supere os medos e lhe abre uma dimensão de futuro. Nesse sentido permite que o idoso sinta-se insinta-serido no contexto dos novos tempos, atualize-sinta-se e amplie a sua confiança tanto na perspectiva de novos trabalhos, quanto no acesso à informação. Também se observa benefícios em outras direções: a computação e a internet proporcionam cultura, entretenimento e estimulam novas amizades e a sociabilização.

A inserção dos acadêmicos nesse projeto suscita a participação na oficina de preparação, na qual são alertados e orientados sobre as peculiaridades do contexto e das pessoas com as quais vão interagir e ensinar. Há uma convivência e uma interação extremamente significativa ocorrendo no processo: jovens acadêmicos (faixa etária de 20 a 24 anos) ensinando maiores de 50 ou 60 anos. Há uma conexão de gerações. Há uma interação em que

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conflituosa com as rápidas e complexas mudanças tecnológicas, cuja progressão é geométrica. (KACHAR, 2003, p 52).

O ensino é praticamente individualizado, prevendo um acadêmico monitor para cada dois aprendizes. Os idosos, inseguros diante da máquina desconhecida, precisam do apoio e suporte mais direto e continuado para sentirem-se estimulados e confiantes na busca desta aprendizagem. A aprendizagem é facilitada quando o idoso cria vínculo com alguém que permanece ao seu lado. A prática com várias turmas tem mostrado que isso de fato acontece. Por isso, procura-se manter, para a mesma turma, o grupo de monitores do início ao final do curso.

No final da ação o acadêmico faz uma avaliação na qual registra percepções e aprendizagens realizadas. A análise parcial desses registros revela que os acadêmicos apreendem e são afetados diferentemente em seus modos de ser e agir. Assim, o relacionamento com pessoas experientes agrega valores tais como: verdade, compreensão, gratidão, solidariedade, empatia; o ser humano está sempre em processo de aprendizagem; agradecimento é uma atitude que precisa de sensibilidade, é uma atitude a ser aprendida para a vida; exercita-se a paciência, o cuidado, a sensibilidade em perceber o encantamento do outro ao descobrir o novo; pratica-se a valorização do saber e da experiência; ouve-se melhor o outro, compreende-se o sentido e o significado das relações pois todos tem o que ensinar e aprender; acadêmicos sentem deslumbramento com a gratidão manifestada pelos pequenos gestos dos idosos. Essas categorias evidenciam-se em seus depoimentos.

Outra contribuição para a formação de um profissional, em qualquer área, é a superarão de medos e limites em relação à comunicação com pessoas, como pode ser constatado no registro (R) dos acadêmicos: “Nunca havia falado em público dessa forma, sendo assim, foi uma experiência muito grandiosa para a minha formação pessoal.”(R1) “Me ajudou a superar meu limite de paciência para não chegar no computador e fazer pela pessoa, agora meus próprios pais em casa falam que mudei minha postura em relação a tudo” (R2). O acesso a uma aprendizagem nova gera autoestima, qualidade de vida, mais e melhor cidadania.

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CONSIDERAÇÕES PARCIAIS

A análise parcial da nossa pesquisa aponta que os projetos sociais permitem que o sujeito construa conceitos e desenvolva competências e atitudes para analisar, discutir e decidir sobre questões relacionadas à sua formação profissional e à sua condição de cidadão. As aprendizagens vividas naquele espaço afetam os acadêmicos modificando atitudes, valores e olhares em relação às representações que tinham/têm da vida, do mundo. Favorecem “[...] novas formas de aproximação da realidade social e nova leitura das dimensões socioculturais das comunidades humanas.” (FAZENDA, 2002, p. 17).

Desse modo, a formação profissional não consiste, apenas, na apropriação de técnicas e saberes específicos, mas na experiência vivida e refletida, nas afecções sofridas [...]. Uma formação que recupere o sentido do ser, sua inteireza. (RANGHETTI, 2005).

Destarte, aprender a relacionar-se com o outro numa nova dimensão de mundo, de vida, suscita a formação na perspectiva da interdisciplinaridade. Formação essa que que “cuida” também de fornecer experiências formadoras advindas dos diferentes contextos sociais, para que o acadêmico compreenda e apreenda a dinâmica desses contextos e consiga perceber a possibilidade de transformá-los. Esse “cuidado” está manifestado nas interações possibilitadas via projetos sociais.

REFERÊNCIAS

BATISTA, Sylvia Helena Souza da Silva. Formação. In: FAZENDA, Ivani. Dicionário em

construção: interdisciplinaridade. São Paulo: Cortez, 2001.

FAZENDA, Ivani. Diversidade cultural no currículo de formação de professores - uma dimensão interdisciplinar. In: ROSA, Dalva E. Gonçalves at al. (org.). Políticas

organizativas e curriculares, educação inclusiva e formação de professores. Rio de

Janeiro: DP&A, 2002. p. 206-212.

KACHAR, Vitória. Terceira idade: informática. São Paulo, Cortez, 2003

RANGHETTI, Diva Spezia. O conceito de afetividade numa educação

interdisciplinar. PUC: São Paulo, 1999.

RANGHETTI, Diva Spezia. Um design curricular interdisciplinar para a formação de

professores – a estampa de um design. 2005. 231 f. Tese (Doutorado em Educação:

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