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Avaliação da função manual de pianistas

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Academic year: 2021

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Avaliação da função manual de pianistas

Letícia Fernandes MORAES1

Saulo FABRIN2

Edson Donizetti VERRI3

Resumo: No século XIX, surgiu o piano, procedendo outros instrumentos da mesma

base. Os primeiros estudos sistemáticos em músicos começaram a surgir na década de 1980, inicialmente através da medicina esportiva, até que as suas diferenças fo-ram estudadas e compreendidas. Na performance musical, a habilidade motora é mais complexa, combinando um lado artístico, expressivo e interpretativo com um elevado nível sensório-motor, destreza, precisão, capacidade muscular, agilidade e estresses ar-ticulares. Os pianistas têm uma grande sobrecarga em punho e dedos, devido ao tempo de prática das atividades pianísticas e dos movimentos exacerbados exigidos; por isso, tornam-se relevantes estudos que envolvem esse público. O objetivo deste trabalho é avaliar a força de preensão palmar de quinze pianistas (profissionais e alunos) através de um dinamômetro (em kgf) e verificar se existe diferença ao compará-los a um grupo controle de indivíduos sedentários da mesma faixa etária. Participaram da pesquisa in-divíduos de ambos os gêneros, com idade superior a 18 anos, divididos em dois grupos: grupo de praticantes da ação pianística de um conservatório musical situado na cidade de Batatais-SP, com tempo de prática superior a 3 anos, e grupo controle composto por sedentários da mesma faixa etária. A avaliação de força de preensão palmar foi reali-zada através de um dinamômetro da marca North Coast Medical fornecido pelo Labo-ratório de Biomecânica do Movimento (LABIM) do Claretiano – Centro Universitário de Batatais. Segundo a avaliação de força de preensão palmar, o grupo controle obteve média de 22,73 kgf, enquanto os pianistas tiveram 31,33 kgf, com desvio padrão de +/- e margem de erro 0 através do teste T, mostrando significância para a pesquisa. Foi comprovado que os pianistas têm maior condição de força de preensão palmar quando comparados a um grupo controle de sedentários.

Palavras-chave: Piano. Dinamômetro. Preensão Palmar.

1 Letícia Fernandes Moraes. Graduada em Fisioterapia pelo Claretiano – Centro Universitário Discente

do curso de Pós-graduação em Fisiologia do Exercício pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). E-mail: <moraes1805@hotmail.com>.

2 Saulo Fabrin. Graduando em Fisioterapia pelo Claretiano – Centro Universitário. E-mail: <saulo.

fabrin@gmail.com>.

3 Edson Donizetti Verri. Mestre em Biologia e Patologia Bucodental pela Universidade de Campinas

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Pianists’ hand function assessment

Letícia Fernandes MORAES Saulo FABRIN Edson Donizetti VERRI

Abstract: The piano was invented in the nineteenth century, when other similar

musical instruments were subsequently created. The first systematic studies on musicians began to emerge on the decade of 1980, initially in sports medicine until their differences were studied and understood. Musical performance motor skill is more complex, combining an artistic, expressive and interpretive side with a high sensorimotor level, dexterity, precision, muscle strength, agility and joint stress. Pianists have a great over-exertion on wrists and fingers due to the practice time of pianistic activities and the exacerbated movements required; therefore, studies involving this public are relevant. The objective of this study is to assess the grip strength of fifteen pianists (professionals and students) through a dynamometer (kgf) and check if there is a difference when comparing them to a control group of sedentary individuals of the same age. Participants were individuals of both genders, aged 18 years, divided into two groups: one of pianistic action practitioners from a music conservatory located in Batatais-SP, with over three years of practice time, and other of sedentary people of the same age, consisting of a control group. The grip strength measurement was performed by a North Coast Medical dynamometer provided by the Laboratório de Biomecânica do Movimento (LABIM), Movement Laboratory of Biomechanics, from Claretiano − Centro Universitário in Batatais. According to the assessment of grip strength, the control group had an average of 22.73 kgf, while pianists had 31.33 kgf, with a standard deviation of +/- and margin of error of 0 by t test, showing significance for the research. Conclusive proof was obtained, which showed that pianists have a greater grip strength condition when compared to a control group of sedentary people.

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1. INTRODUÇÃO

No século XIX, surgiu o piano, procedendo outros instru-mentos da mesma base, porém com uma mecânica mais pesada. Para adaptar-se às transformações do instrumento e sua dimen-são em execução, tornou-se necessário o fortalecimento muscular (CHIANTORE, 2001). Em se tratando da prática instrumental, é de fundamental importância compreender como é dada a produção do movimento para que haja uma organização das estratégias de deslocamento à média e longa distância, em conjunto com a agili-dade na habiliagili-dade motora, objetivando, assim, a produção sonora (PÓVOAS, 1999).

A coordenação motora necessária para realizar os movimen-tos pianísticos engloba diversas formas de se manifestar, que podem influenciar na agilidade, envolvendo ações articulares e musculares simultaneamente (MOREIRA, 2000). Assim, controlar e diminuir o tempo de um movimento minimizando o gasto de energia depen-de diretamente da habilidadepen-de motora para que se tenha sucesso em sua realização (SCHMIDT e WRISBERG, 2001). Captar a realiza-ção musical com distância entre ambas as mãos e seus devidos mo-vimentos é uma difícil questão a ser resolvida devido à assimetria encontrada nas teclas (KOCHEVITSKY, 1967).

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Pode-se definir a força muscular como uma tensão que um grupo muscular exerce contra uma resistência em seu esforço má-ximo (VIDOLIN, 2004). Relacionado a isso, temos a força de pre-ensão palmar, que pode ser definida como uma força completa em atividades que geram ação de todos os dedos ao encontro da região palmar da mão, objetivando direcionar força a um objeto (MOREI-RA, 2003). A mensuração dessa força é útil para a avaliação do fí-sico, evolução na reabilitação e percepção do grau de incapacidade de um indivíduo (FERNANDES, 2003). Para realizar tal medida, usa-se o dinamômetro palmar, que apresenta a força em quilogra-mas, sendo um dos elementos básicos nas pesquisas das capacida-des manipulativas quando se diz respeito à força e aos movimentos da mão de forma confiável (GODOY, 2005).

O objetivo deste trabalho, considerando a sobrecarga a que os pianistas são expostos diariamente em suas funções manuais, é avaliar a força de preensão palmar de quinze pianistas (profissio-nais e alunos) por intermédio de um dinamômetro e verificar se existe diferença quando se compara esse grupo a um grupo controle de indivíduos sedentários da mesma faixa etária, mostrando que, talvez, o esforço exigido na prática musical traga benefícios quanto à força manual.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

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A avaliação de força de preensão palmar foi realizada através de um dinamômetro da marca North Coast Medical, utilizando a unidade de medida em kgf, fornecido pelo Laboratório de Biome-cânica do Movimento (LABIM) do Claretiano – Centro Universi-tário de Batatais. Os indivíduos foram posicionados sentados em uma cadeira com apoio para as costas e sem apoio para os braços; foi solicitado, então, que, na expiração, realizassem esforço máxi-mo de preensão no dinamômetro sem estímulo verbal. A coleta foi realizada três vezes em cada indivíduo, de modo que se considerou a maior medida para os resultados do lado dominante.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Segundo a avaliação de força de preensão palmar pelo dina-mômetro (em kgf) do lado dominante dos indivíduos, os valores obtidos estão representados na tabela a seguir por meio do Teste T, demonstrando: média, desvio padrão e margem de erro.

Tabela 1. Valores obtidos por meio do teste T.

N: 15 MÉDIA EM KGF PADRÃODESVIO MARGEM DE ERRO

Controle 22,73 +/- 3 0

Pianistas 31,33 +/- 3 0

De acordo com a observação ao avaliador, os dados estão, sim, corretos: segundo o Teste T, o desvio padrão e a margem de erro foram idênticos para ambos os grupos; isso é difícil de aconte-cer, mas não impossível.

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pianistas com prática superior a três anos passam por um processo de fortalecimento muscular durante o treino.

Se tanto a musculatura extrínseca (relacionada à força e agi-lidade) quanto a intrínseca (relacionada a movimentos delicados e precisos) estiverem em harmonia, não haverá desníveis e falta de coordenação, restabelecendo, também, a força, pois, na ação pia-nística, toda a musculatura manual é exigida devido aos movimen-tos realizados. Quando há o uso adequado desses dois grupos, a sonoridade do piano torna-se eficiente (TUBIANA, 2000).

Os movimentos articulados realizados no piano trabalham não apenas a força, como também a coordenação; a mão direita realiza um movimento, enquanto a esquerda fundamenta esse mo-vimento, trazendo a base musical na maioria das vezes. Na tentati-va de preparar ambas as mãos e deixá-las igualmente trabalhosas, existem métodos de livros com exercícios para fortalecer e coor-denar os movimentos; por isso, pode-se considerar o ato de tocar piano uma atividade física para as mãos.

Para uma realização pianística eficiente, são necessários al-guns conceitos, como: adequar a musculatura ao gesto, fazer mo-vimentos contínuos evitando exacerbá-los, evitar ações musculares prejudiciais e manter as articulações em estado funcional (GÁT, 1968; RICHERME, 1996; SANTIAGO, 2003). Esse estado fun-cional pode ser descrito como uma posição em repouso, na qual os músculos estão com seu tônus equilibrado, mantendo o punho a 20º de extensão e 10º de desvio ulnar, dedos levemente fletidos, sendo o segundo dedo o menos fletido, e o quinto dedo, o mais fletido, mantendo-se à frente da região palmar em oposição parcial (BUNNEL, 1948). Levando em conta os movimentos realizados, sabemos que os trinta e nove músculos atuantes são trabalhados.

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relação à sua saúde, principalmente pela sobrecarga à qual se im-põem no dia a dia.

4. CONCLUSÃO

Por meio deste estudo, podemos concluir que os pianistas apresentaram maior incidência de força, quando comparados a um grupo controle de sedentários, comprovando que os músicos têm uma grande sobrecarga em punho e dedos, devido ao tempo de prática das atividades pianísticas e dos movimentos exacerbados exigidos; por isso, tornam-se relevantes estudos que envolvem esse público.

Mostrar se existem alterações, sejam posturais, sejam de for-ça, faz-se importante para comparar as diferenças entre pessoas que praticam piano e indivíduos de outras classificações, tanto para direcioná-los para um tratamento, se necessário, ou para indicar um preparo físico que possa auxiliar e melhorar a sua capacidade pia-nística.

REFERÊNCIAS

BUNNEL, S.; TUBIANA, R. Anatomy of the hand and upper limb. In: TUBIANA, R.; AMADIO, P. C. (Eds.). Medical problems of the instrumentalist musician Martin Dunitz Ltd. London, 2000, p. 41.

CHIANTORE, L. Historia de la técnica pianística. Madrid: Alianza, 2001. GÁT, J. The technique of piano playing. Budapest: Athenaeum Printing House, 1968.

GODOY, J. R. P; BARROS, J. F. Avaliação da força de preensão palmar e composição corporal em portadores de trissomia 21 no Distrito Federal. Efdeportes – Revista Digital, Buenos Aires, 10(89), 2005.

KOCHEVITSKY, G. The art of piano playing: a cientific approach. New York: Summy-Birchard, 1967.

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MOREIRA, M. A coordenação. Ludens, Ciências do Desporto, Lisboa, v. 16, n. 4, 2000.

PATTERSON H, McLeod. Grip measurements as a part of the pre-placement evaluation. Industrial medicine and surgery, 34(7), p. 555-557, 1965.

PÓVOAS, M. B. C. Controle do movimento com base em princípio de relação e regulação do impulso-movimento: possíveis reflexos na ação pianística. Porto Alegre: UFRGS, 1999. (Tese de Doutorado).

QUARRIER, N. F. Performing arts medicine: the musical athlete. Orthop Sports Phys Ther, 17, p. 90-95,1993.

RICHERME, C. A técnica pianística – uma abordagem científica. São João da Boa Vista: Air, 1996.

SANTIAGO, P. F. An Exploration of the Potential Contributions of the Alexander Technique to Piano Pedagogy. London: Institut of Education – University of London, 2003. (Tese de Doutorado).

SCHMIDT, R. A.; WRISBERG, C. A. Aprendizagem e performance motora: uma abordagem de aprendizagem baseada no problema. Porto Alegre: Artmed, 2001.

STALLOF, R. T.; BRANDFONBRENER, A. G.; LEDERMAN, R. J. Textbook of per-forming arts medicine. New York: Raven Press, 1991.

TUBIANA, R. Anatomy of the hand and upper limb. In: TUBIANA, R. AMADIO, P. C. (Ed.). Medical problems of the instrumentalist musician Martin Dunitz. London, 2000.

VIDOLIN, D. M. A influência da hipnose sobre a força muscular aferida em dinamômetro de preensão palmar. Curitiba: PUC, 2004. (Dissertação de Mestrado).

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